O Globo
Por ter “poder demais”, a Câmara pretende
impor ao governo suas vontades.
O cancelamento da reunião que os líderes
partidários teriam na casa do presidente da Câmara para discutir a votação do
arcabouço fiscal só confirma que Arthur Lira preside a Casa com mão de ferro e
tem, mesmo, muito poder, como comentara o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Lira teria ficado irritado com o comentário e mostrou sua força adiando uma
discussão de tema fundamental para o governo federal.
Haddad havia dito que a Câmara não podia
usar o poder que tem para humilhar o Executivo e o Senado, referindo-se ao fato
de a palavra final sobre o assunto agora estar com a Câmara, depois de votações
nas duas Casas. A Câmara está “com um poder que nunca vi na minha vida”, disse
Haddad em podcast do jornalista Reinaldo Azevedo divulgado ontem.
Tem razão o ministro da Fazenda e, justamente por ter “poder demais”, a Câmara pretende impor ao governo suas vontades. Quer aumentar o fundo eleitoral, já escandalosamente alto — cerca de R$ 5 bilhões — e que também as emendas de comissões, no valor de R$ 7,5 bilhões, sejam impositivas, como outras emendas. Mas quer também controlar o ritmo dos repasses, impedindo que o governo controle o fluxo de acordo com suas necessidades.