O Globo
Com arcabouço fiscal parado por conta da
confusão política, governo pode até reclamar, mas taxa de juros deve ficar
inalterada por mais um mês
O governo e o comando da Câmara acharam que
seria viável instalar várias CPIs (uma mista), votar um Projeto de Lei (das
fake news) que mexe em pesados interesses econômicos e no nervo exposto da
polarização política e, ao mesmo tempo, votar em tempo recorde o Projeto de Lei
que muda toda a estrutura da política fiscal do país.
A batalha em que se transformou a
tramitação do PL 2.630 mostra que houve excesso de otimismo quanto à
possibilidade de matérias econômicas urgentes passarem ao largo da conflagração
política. E, com a instalação da CPI do 8 de Janeiro nos próximos dias, o
tumulto só crescerá.
Diante desse quadro, a expectativa
generalizada para o anúncio da taxa Selic pelo Copom hoje é a manutenção dos
13,75%, apesar das cobranças incisivas de Lula e de seus ministros e de o
clamor pela necessidade de o Banco Central começar a baixar a curva de juros
ter se espraiado para setores mais amplos da política, do pensamento econômico,
do setor produtivo e, aqui e ali, até de instituições financeiras.
O Projeto de Lei Complementar (PLP) do famoso arcabouço fiscal ainda é uma abstração que precisa ganhar concretude na discussão do Congresso. Acontece que, num sistema centralizado na figura do presidente da Câmara, como o instituído por Arthur Lira, quando estoura uma crise como a atual, que envolve Executivo, Supremo Tribunal Federal e grandes empresas e divide bancadas de praticamente todos os partidos, não sobra braço, horário na agenda e foco para tratar de outros assuntos.