terça-feira, 8 de julho de 2014

Opinião do dia: Aloysio Nunes Ferreira

A saúde das instituições é vital para que a gente tenha um país ordenado, desenvolvido, com um grau maior de civilização, tolerância, progresso material e cultural. Algo, aliás, que me preocupa no governo do PT. Sinto que há uma degradação da atividade política. O Congresso é mero apêndice do Executivo. Aqui só se tocam para a frente medidas provisórias. Os velhos vícios do patrimonialismo, da fisiologia - dos quais a presidente Dilma tinha tudo para se libertar -, acabaram enredando a presidente, principalmente agora, raspando o tacho do governo para conter aliados.

Aloysio Nunes Ferreira, senador (SP) e candidato a vice na chapa de Aécio Neves. Para vice de Aécio, desejo hoje é de mudança, Valor Econômico, 7 de julho de 2014.

Campanha no horário do expediente

• Em meio às atribuições como presidente, petista conversa com internautas sobre a Copa do Mundo. Enquanto especialistas defendem regras mais claras para punir uso da máquina, oposição não tem dúvidas sobre promoção pessoal da candidata

Grasielle Castro – Correio Braziliense

No primeiro dia de agenda oficial da presidente Dilma Rousseff como candidata, no exercício do cargo, a linha que separa a campanha e o comando do Executivo deu um nó. Logo pela manhã, a página pessoal da presidente no Facebook, administrada pelo PT, anunciou que ela responderia ali perguntas sobre a Copa do Mundo às 10h. A publicação foi apagada e, quase duas horas depois, a Secretaria de Comunicação do Planalto informou que a presidente conversaria com internautas na página do Palácio do Planalto. Especialistas dizem que o bate-papo institucional é controverso no aspecto da promoção pessoal e, assim, defendem regras claras sobre o uso da máquina pública.

No bate-papo, Dilma falou sobre vários aspectos do evento, considerou que o gol mais bonito da Seleção foi o do zagueiro David Luiz e que há um pessimismo que ronda a economia. Confirmou que entregará a taça no domingo, torce para que seja para o Brasil e que as vaias "são ossos do ofício". Ela também postou uma foto fazendo um "T" com os braços, de "é tóis" — uma variação de "é nóis", em referência ao jogador Neymar. A forma de comunicação pela internet foi anunciada ontem no vídeo de lançamento do site da campanha, como aposta para estreitar o diálogo com os eleitores. Pelo menos três ministros auxiliaram Dilma na conversa com os internautas.

Segundo o presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-SP, Alberto Rollo, o máximo que a presidente pode fazer é dar notícia. "Em alguns casos, a linha é tênue e difícil de dizer em caráter definitivo se ela deu informação ou fez promoção pessoal", argumenta. A Advocacia-Geral da União ressaltou, em nota, que a manifestação da presidente no página do Palácio do Planalto foi de natureza institucional. "Ela falou apenas sobre Copa do Mundo, sem nenhuma conotação político-eleitoral", pontuou.

Líder do PSDB na Câmara, o deputado Antônio Imbassahy (BA) considera a conversa com internautas sobre o evento uma maneira de tentar se promover e se alavancar nas pesquisas, aliando a imagem dela à Copa. "Ela opera a máquina governamental e usará todos os instrumentos à disposição para segurar a queda nas pesquisas. Esse é mais um exemplo disso", critica.

"O assunto é controverso e por isso há tanta divergência nos tribunais eleitorais. É preciso regras mais claras sobre o uso da máquina", defende o advogado constitucionalista Erick Pereira.

"Ela (Dilma) opera a máquina governamental e usará todos os instrumentos à disposição para segurar a queda nas pesquisas"
Antônio Imbassahy, deputado federal e líder do PSDB na Câmara

Janot faz representação contra Dilma e PT por propaganda antecipada

Maíra Magro – Valor Econômico

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entrou nesta segunda-feira com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e o Partido dos Trabalhadores (PT).

Janot, que também atua como procurador-geral eleitoral, pede que Dilma e sua sigla sejam condenados a pagar multa por propaganda eleitoral antecipada, ou seja, feita antes do dia 6 de julho, a partir de quando a lei permite a promoção de candidaturas.

A propaganda citada ocorreu em inserções destinadas ao PT, em âmbito regional, nos dias 21, 23 e 26 de maio. A peça publicitária apresentou números relativos às conquistas de governo e, ao final, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma fizeram participações.

Para o procurador, o espaço partidário foi apresentado para fazer promoção pessoal de Dilma, então pré-candidata. “A propaganda partidária do PT, em forma de inserção, evidencia nítido desvirtuamento das finalidades do espaço partidário, impregnando-o de caráter eleitoral”, diz a representação. Pela legislação eleitoral, os representados estão sujeitos a multa que varia de R$ 5 mil a R$ 25 mil, ou o valor da propaganda, caso seja maior.

TSE manda Petrobrás, MEC e ANS suspenderem propagandas

• Medida atende representação do PSDB levando em conta a restrição de publicidade no período eleitoral; em São Paulo, Alckmin mandou retirar conteúdo do site do governo estadual

Ricardo Brandt e Erich Decat - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mandou nesta segunda-feira, 7, a Petrobrás, o Ministério da Educação (MEC) e a Agência Nacional de Saúde (ANS) suspenderem imediatamente propagandas veiculadas pelos órgãos, após representação feita pela coligação "Muda Brasil", do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB), no domingo, 6.

"O MEC divulga o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa:formação professores e alfabetização de crianças até os oito anos; a ANS divulga o papel da ANS e a importância de as pessoas se informarem sobre os contratos de planos de saúde; a Petrobrás divulga a exploração do pré-sal, dando destaque à alegada extração diária de 500 mil barris de petróleo e ao suposto crescimento ocorrido nos últimos oito anos", diz trecho da representação. Para a coligação de Aécio, a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer são beneficiários das propagandas institucionais.

A decisão do TSE se baseia especificamente no artigo da Lei Eleitoral que restringe apenas às situações de "urgência" a publicação de propagandas governamentais a partir do último dia 5 de julho, três meses antes das eleições.

São Paulo. Enquanto o PSDB questiona na Justiça a divulgação dos órgãos do governo federal, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) determinou a retirada do ar de todo conteúdo de publicidade oficial do site do governo do Estado.

FHC acusa o PT de ter maltratado o Plano Real

• Durante evento de turismo em São Paulo, ex-presidente criticou, ainda, uso político da Copa do Mundo

Renato Onofre – O Globo

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criticou, na manhã desta segunda-feira em um evento de turismo em São Paulo, o uso político da Copa do Mundo e minimizou o crescimento da presidente Dilma Rousseff (PT ) na última pesquisa Datafolha divulgada na semana passada. Questionado por um programa humorístico se o PT teria “cuidado bem” do Plano Real, FH afirmou que o plano monetário que estabilizou a eleição foi “maltratado”:

— Não se deve misturar a emoção da Copa com a política. O povo sabe distinguir (que são coisas diferentes). Todos nós torcemos para o Brasil. Pode ser que haja algumas pessoas usando politicamente o sucesso da Copa. Eu não acho que se deva fazer isso. Acho que a Copa é um evento nacional e a torcida do Brasil é de todos nós. Depois da Copa vamos discutir eleições. O povo, agora, não tá preocupado em discutir eleição não. São os políticos e jornalistas que estão. O povo está querendo é que o Brasil ganhe — afirmou FH.

A pesquisa Datafolha encomendada pelo jornal 'Folha de S. Paulo', e divulgada sexta feira, aponta que a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff, do PT, cresceu de 34% para 38%. Aécio Neves, do PSDB, variou de 19% para 20%, e Eduardo Campos, do PSB, oscilou de 7% para 9.

— Havia tanta crítica a tudo que quem está no governo sofre consequência. seja quem for: prefeito, governador ou presidente sofre consequência. E depois que diminui a crítica é natural (a subida) — comentou afirmando que há espaço para o crescimento da oposição.

— Temos espaço para fazer muitos gols e comemorar e ela vai perder as eleições — sentenciou.

Mais uma vez, FH criticou a condução da política econômica durante os governos petistas. Questionado se o PT estava “cuidando bem do seu filho”, que seria o Plano Real, o ex-presidente respondeu:

— Até um certo momento, mas, quando chegou a adolescência, eles (petistas) maltrataram. A partir da crise de 2007 e 2008, eles passaram a maltratar o filho — disse.

Para FH, é necessária uma mudança nos rumos da economia.

— Houve um abuso das finanças públicas. O endividamento do governo é muito elevado. Houve um esforço de combater a inflação controlando preços, como o da gasolina, que vai ter consequências. Houve um esforço parecido com a eletricidade que não adiantou e acabou tendo um aumento ontem. Então, houve um mal manejo das finanças públicas. É isso que (o PT) tem culpa, e precisa corrigir esse rumo — criticou FH.

Campos diz que Dilma tem de sair de ‘trás do marqueteiro'

• Marina Silva também participou de caminhada e aparentou ser mais conhecida que o companheiro de chapa

Júnia Gama – O Globo

ÁGUAS LINDAS (GO) – Em seu segundo ato de campanha, o candidato à Presidência da República Eduardo Campos visitou o município de Águas Lindas de Goiás, ao lado de sua candidata à vice, Marina Silva, na manhã desta segunda-feira. Ainda pouco conhecido do eleitorado, ele caminhou pelas ruas da cidade apresentando-se e conversando com as pessoas. Seus assessores diziam que ele era o candidato à Presidência e pediam votos para ele.

Após a caminhada, que durou cerca de duas horas, ele deu entrevista e defendeu que a presidente Dilma Rousseff “saia de trás do marqueteiro”.

- Chegou a hora da presidente Dilma Rousseff sair de trás do marqueteiro e vir para as ruas e dizer o que ela fez nesses quatro anos. A gente procura no Brasil real e não encontra esse governo de quatro anos.

Durante a caminhada, muitas pessoas chamavam por Marina, e a grande maioria afirmou desconhecer o presidenciável. A estratégia da campanha de Campos é que ele ande sempre ao lado de Marina nas primeiras viagens para se tornar conhecido do eleitorado.

O candidato minimizou o fato de as pessoas não saberem ainda quem ele é.

- As pesquisas dizem que somente 25% das pessoas me conhecem. Vamos fazer campanha para isso, para mostrar nossas ideias.

A maioria das pessoas de Águas Lindas com quem Eduardo conversou eram nordestinos. Apesar de serem da mesma região do candidato, a grande maioria não o conhecia. Esse é o caso do comerciante José Alves, 45 anos, que veio da Bahia. Ele cumprimentou Marina, que o informou que seria vice de Campos.

- A Marina eu já conhecia, o Eduardo ainda não. Mas se ela é a vice acho legal, já dá mais peso – disse.

Campos parou para tomar caldo de cana em uma barraca na rua, carregou uma criança no colo, e conversou principalmente com os vendedores ambulantes no local.

Aécio faz apelo para eleitores irem às urnas em outubro

• Coordenação de campanha tucana acredita que as chances de vitória de Aécio crescem quanto maior for o número de votantes

Silvia Amorim – O Globo

SÃO PAULO — Após a primeira reunião com a coordenação geral de sua campanha, em São Paulo, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, fez nesta segunda-feira um apelo para que as pessoas não abram mão de votar neste ano. A campanha tucana acredita que as chances de vitória de Aécio crescem quanto maior for o número de eleitores.

— O que eu quero é que as pessoas votem, façam coro àquilo que o TSE divulgou e propôs ao Brasil. Vamos à urna — disse o candidato.

Com direito a participação surpresa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a primeira reunião de Aécio com a cúpula da campanha no comitê central da campanha, na capital paulista, durou cerca de duas horas e, entre outros assuntos, serviu para definir funções entre os coordenadores. Uma das estratégias discutidas foi a necessidade de se buscar apoio de grupos setoriais. A primeira iniciativa nesse sentido foi colocada em prática hoje mesmo, com uma visita de Aécio a um encontro de pastores evangélicos em São Paulo. O compromisso não foi divulgado pela campanha.

— Da minha parte tudo que faço é absolutamente público — justificou o candidato.

Na eleição presidencial de 2010, a busca pelo voto evangélico causou muitos constrangimentos entre os presidenciáveis. Temas como legalização do aborto e união homossexual acabaram dominando o debate eleitoral. Coordenador-geral da campanha de Aécio, o senador José Agripino Maia (DEM) defendeu a busca do apoio do voto evangélico, mas disse que os demais grupos religiosos também serão procurados.

— São grupos da sociedade que pensam e merecem ser ouvidos e que serão buscados. Evidentemente, que sem discriminação porque os grupos religiosos são múltiplos e você tem que respeitá-los na sua multiplicidade.

Nesta primeira semana há confirmada, até agora, uma viagem para o Espírito Santo e Queimados, no Rio de Janeiro, na quinta-feira. Amanhã, Aécio estará em Belo Horizonte.

Aécio afirma que campanha de rua só depois da Copa

Ana Fernandes e Pedro Venceslau - Agência Estado

O candidato a presidente e senador Aécio Neves (PSDB) disse nesta segunda-feira, 7, após a primeira reunião com a coordenação de campanha, em São Paulo, que as ações de rua começarão, efetivamente, apenas após a Copa do Mundo. "Depois da Copa, as pessoas vão estar mais conectadas na eleição. A partir da semana seguinte é que as pessoas vão estar efetivamente acompanhando", disse.

Perguntado sobre a possibilidade de assistir à semifinal entre Brasil e Alemanha nesta terça-feira, 8, em Belo Horizonte, no Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, Aécio fez mistério. "Não decidi ainda (se vou ao jogo). Por enquanto, estou em São Paulo." Assessores dele dizem, porém, que Aécio embarca nesta segunda para a capital de Minas Gerais, mas que não deve assistir à partida no estádio.

O candidato do PSDB a presidente tem dois compromissos agendados nesta semana, na quinta-feira, 10. Pela manhã, vai a Vitória para participar de um ato político ao lado do candidato a governador do Espírito Santo Paulo Hartung (PMDB). À tarde, vai a Queimados, no Grande Rio, onde participa de uma plenária com o grupo apelidado de "Aezão" - que reúne apoiadores de Aécio e do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), candidato reeleição.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi um dos principais incentivadores da campanha do candidato do PSDB, apareceu de surpresa na reunião da coordenação. Pela manhã, Fernando Henrique havia dito que falaria com Aécio no horário do almoço, mas que não participaria do encontro tarde.

"FHC vai desempenhar o papel que ele quiser na campanha. Ele veio aqui num gesto simbólico, de surpresa. Vai estar sempre ao meu lado como conselheiro", disse Aécio. O ex-presidente saiu sem dar declarações.

Vitória da seleção na Copa não impede derrota de petista, diz FHC

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reforçou, nesta segunda-feira (7), o discurso do senador Aécio Neves, candidato a presidente pelo PSDB, de que há uso político da Copa pelo governo.

Também afirmou que há espaço para que o Brasil ganhe o torneio e a atual presidente perca as eleições.

Sem citar nominalmente Dilma Rousseff (PT), FHC afirmou que "pode ser" que "algumas pessoas estejam usando politicamente a Copa".

"Eu não acho que se deva fazer isso. A Copa é um evento nacional, de todos nós", disse, após receber homenagem da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, em SP.

Ao ser questionado sobre se está preocupado com a possibilidade de aumento de popularidade da presidente após o Mundial, o ex-presidente disse que "tem espaço para fazermos muito gol, comemorarmos e ela [Dilma] perder a eleição".

No domingo (6), primeiro dia de campanha eleitoral, Aécio já havia acusado o governo de usar politicamente o Mundial. "Alguns acham que podem confundir Copa do Mundo com eleição. Não, o brasileiro está suficientemente maduro e consciente para perceber que são coisas absolutamente diferentes", afirmou o senador mineiro.

Segundo a coluna "Painel", da Folha, para não ficar na contramão do noticiário positivo sobre a Copa, Aécio decidiu adotar um tom mais cauteloso e diminuiu as críticas ao torneio.

Plano Real
Na palestra que o ex-presidente fez no evento, ele disse que o turismo avançou no Brasil nos últimos anos, mas "não o suficiente". Ele evitou comentários políticos durante a fala, mas, em entrevista coletiva após o evento, fez críticas ao governo.

Segundo FHC, o PT cuidou bem do "seu filho", o Plano Real", "até um certo momento". "Quando chegou a adolescência, a partir da crise de 2007/2008, eles passaram a maltratar o filho."

As razões de Eduardo para investir no DF

Naira Trindade, André Shalders – Correio Braziliense

Depois de escolher a comunidade do Sol Nascente, em Ceilândia, como ponto de partida da campanha no último domingo, o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) permaneceu no Planalto Central ontem com a candidata a vice Marina Silva. Em meio à poeira das ruas de terra vermelha de Águas Lindas de Goiás (GO), Campos aproveitou para alfinetar a ausência do corpo a corpo da candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT). Para o presidenciável, "chegou a hora de Dilma sair de trás dos marqueteiros e vir às ruas dizer o que fez em quatro anos, porque a gente procura e não vê", criticou. Apesar de não ser um grande colégio eleitoral, Eduardo investe no Distrito Federal para se beneficiar tanto do palanque montado pelo candidato do PSB ao governo local, o senador Rodrigo Rollemberg, quanto da popularidade de Marina, que, em 2010, foi a postulante à Presidência mais votada na capital, com 41% dos votos válidos. O Distrito Federal tem pouco menos de 2 milhões de votantes.

Pelas ruas de Águas Lindas, Eduardo pôde confirmar o que as pesquisas mostram: seu nome ainda é desconhecido por grande parte dos eleitores. "As pesquisas dizem que só 25% da população me conhece e por isso vamos fazer campanha para mostrar nossas ideias, nossa história", afirmou. Para quem não o reconhecia, Marina Silva fazia o papel de apresentá-lo. Ao contrário dele, ela foi tratada pelo nome pelos anônimos que a encontravam na caminhada. "Nunca pensei em ver Marina ao vivo", emocionou-se a comerciante Francisca Maria de Alencar, 56 anos. Eduardo deixou Brasília no fim da tarde, em direção ao Recife. O candidato realizará atividades de campanha na capital pernambucana hoje, antes de iniciar um périplo pela Região Nordeste: amanhã irá para Fortaleza e, na quinta, ao Maranhão, onde visitará as cidades de São Luís e Bacabal. A semana se encerra com uma viagem a Natal, na sexta.

No começo da tarde, Eduardo se reuniu com os presidentes dos diretórios estaduais do PSB na sede da legenda, na Asa Norte. O encontro detalhou o andamento da campanha nos estados. "É uma reunião com os presidentes do PSB de todo o país para que eles possam compor a coordenação da campanha em seus estados, acompanhar o nosso programa e sugerir agendas", disse o presidenciável, que aproveitou para negar qualquer dificuldade na montagem dos palanques regionais. "Essa discussão já passou (...) O partido está unido e coeso em torno do nosso projeto nacional". Durante o encontro, o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, disse que a campanha de Eduardo deverá incorporar uma inovação lançada por Marina Silva em 2010: a utilização das casas de militantes como minicomitês de campanha, com as Casas de Eduardo e Marina. "É uma forma de popularizar os comitês de campanha, de termos comitês em todas as cidades do Brasil", disse.

Em pouco mais de duas horas de caminhada por Águas Lindas, Eduardo e Marina ouviram comerciantes, conversaram com moradores, fizeram fotos com crianças, visitaram salões de beleza, loja de colchões, tomaram café na padaria. "Não se pode fugir do debate, como em 2010. O Brasil clama por um novo governo, que não entregue pedaços do estado brasileiro aos partidos políticos em troca de tempo de televisão", criticou Campos. "Existem duas formas de politizar a campanha, uma é atacando os adversários e a outra é atacando os problemas que, de fato, o Brasil tem, enfrentando-os com profundidade", disse Marina. "Tem um Brasil colorido do marketing, e outro preto e branco, com lixo nas ruas, sem saúde e educação, que o marketing não mostra", acrescentou.

Primo distante
Na Avenida do Comércio, Eduardo Campos conheceu até mesmo um primo distante. Filiado ao PDT, o eletricista Ângelo Fábio Braga Arraes, 42 anos, explicou o parentesco. "O pai dele é primo do meu pai", contou o piauiense de olhos azuis e traços semelhantes ao do candidato. Mais tarde, Campos confirmou a relação. "Basta olhar para ele que você enxerga o meu avô, é meu primo mesmo", disse. Apesar do descompasso no ritmo da caminhada — Eduardo precisava esperar Marina, que andava mais devagar — o discurso dos candidatos parece mais afinado. Campos encorpou a ideia de defender a sustentabilidade e os programas sociais, e Marina completava as frases do presidenciável nos diálogos com a comunidade.

Conflitos em Minas
Após a reunião ontem em Brasília, representantes da Executiva Estadual do PSB em Minas desautorizaram as declarações do prefeito de Belo Horizonte, o socialista Márcio Lacerda. Na semana passada, Lacerda, que é aliado do presidenciável tucano Aécio Neves, chegou a emitir nota pedindo que a seção mineira do PSB reavaliasse a decisão de lançar o nome do prefeito de Juiz de Fora, Tarcísio Delgado, ao governo estadual. "Ele não faz parte da Executiva Estadual", minimizou o secretário-geral da sigla, Carlos Siqueira. Lacerda apoiará o tucano Pimenta da Veiga na corrida ao Palácio da Liberdade, em detrimento do correligionário Delgado.

41%
Percentual de votos válidos de Marina Silva na capital nas eleições de 2010

Campos diz que PT quis tirá-lo do páreo

Vandson Lima – Valor Econômico

BRASÍLIA - Os dois primeiros dias da campanha de Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República deixaram muito clara a mudança de estratégia do candidato. Com a leitura de que tanto PT quanto PSDB querem polarizar a disputa - e por consequência, anulá-lo -, Campos escolheu bater duro na gestão da presidente Dilma Rousseff e não falar no candidato tucano, de quem se afastou e vinha criticando, além de mostrar como o próprio governo federal e o PT articularam intensamente para evitar sua entrada na disputa.

Em visita a Águas Lindas, cidade goiana no entorno do Distrito Federal, Campos disse que o governo de Dilma lhe ofereceu uma série de acordos para que não concorresse ao Planalto em 2014. "A nós foram tentadas várias promessas, de participação no governo, participação em chapa, promessa para [a eleição de] 2018", afirmou, quando questionado se não era incoerente o PSB concorrer com um governo do qual fez parte.

"Nós, em nome do que estávamos vendo, fizemos o caminho que muitos brasileiros fizeram. Muitos votaram em Dilma na eleição passada e não vão votar mais. Foi dada a ela a chance, ela não soube ou não quis usar e precisamos agora cuidar do Brasil", defendeu. "Quando vimos que o projeto tinha inconsistências, fizemos a crítica interna. E fizemos o que não é comum na política, saímos do governo. Saímos pela porta da frente", continuou. Quando lhe foram pedidos detalhes das propostas para desistir, sobretudo quem as fez, o ex-governador apontou: "O que passou está registrado nos veículos de comunicação e cada um tire a lição desse processo".

Ao abordar o esforço em tirá-lo do páreo, Campos procura mostrar que o próprio governo reconhece que ele tem chances de chegar ao Planalto. A nova estratégia é, ainda, um antídoto para a pecha de "traidor" que "cospe no prato que comeu" que a direção da campanha da reeleição da presidente Dilma já está propagando contra ele.

"Chegou a hora de a presidente Dilma sair de trás do marqueteiro e vir para as ruas, falar com o povo e dizer o que ela fez nestes quatro anos. A gente procura no Brasil real e não encontra esse governo", atacou. No domingo, o candidato esteve na Comunidade Sol Nascente, distante 40 km da Esplanada e considerada a maior favela da América Latina. "Foi para mostrar que tão próximo existe uma realidade desconhecida do governo".

Ao lado de sua vice, Marina Silva, o candidato andou pelo comércio local de Águas Lindas. Poucos o reconheceram. "Prazer, Eduardo", prontificava-se a se apresentar, pacientemente. A comerciantes e vendedores ambulantes, Campos, de camisa branca e tênis verde e amarelo, sempre perguntava: "Você tem sentido o preço das coisas aumentar? E as vendas, caíram?"

Sabendo que estava em uma cidade com grande número de migrantes, principalmente do Norte e Nordeste, Campos sempre perguntava de que cidade era o interlocutor. Ao ouvir a resposta, fazia comentários sobre a cultura e a economia local. "Tu é de Jabitacá [PE]? Terra da festa de poesia, dura 14 dias", disse a um comerciante local.

"Deixa eu pegar na mão da futura presidente. Vou votar na senhora", pediu uma mulher a Marina, sempre muito requisitada para fotos. "Eu agora sou vice dele", respondeu a ex-ministra, apontando para o candidato. Um assessor não perdeu a deixa: "Vota 40, tá?".

A coletiva com repórteres revelou uma dinâmica insólita na chapa. Após cada resposta de Campos, Marina expunha também sua opinião, mesmo com as perguntas não sendo direcionadas a ela. "Aqui é o Brasil onde o marketing não resolve", disse Campos, pontuando que o município tinha altíssima taxa de homicídios, em torno de 120 a cada 100 mil habitantes. "Tem o Brasil colorido do marketing e o Brasil em preto e branco, com lixo na rua, sem saúde, sem educação", completou Marina.

Na caminhada, Campos encontrou até um primo distante, que não conhecia. Com os mesmos olhos claros e traços parecidos com o do candidato, o piauiense Angelo Fabio Braga Arraes, de 42 anos, filiado ao PDT, era dos poucos que sabia que ali estava um candidato a presidente. "Conversamos, dei meus telefones. Ele sabe quem é meu pai", disse o parente do ex-governador pernambucano.

Ontem, no primeiro ato oficial de campanha em seu Estado natal, Campos participou de uma plenária com a militância do PSB de Pernambuco. Para manter a hegemonia política local, o partido começou a campanha com uma verdadeira blitz. Nas primeiras horas do domingo, primeiro dia permitido para campanha, a capital pernambucana já estava repleta de material dos candidatos do PSB.

Sem a presença constante de Campos, em campanha nacional, o PSB de Pernambuco está preocupado com a disputa contra o senador Armando Monteiro Neto (PTB), candidato ao governo que conta com o apoio do PT e, principalmente, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é pernambucano.

Em caso de derrota na campanha presidencial, Campos não pode abrir mão da hegemonia de seu grupo em Pernambuco, motivo pelo qual seu partido - amparado por um amplo leque de alianças - já encheu de militantes as ruas do Recife. (Colaborou Murillo Camarotto, do Recife)

Cúpula petista intervém na Paraíba e no Amazonas

Cristian Klein – Valor Econômico

SÃO PAULO - A comissão executiva nacional do PT entrou com representações no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da Paraíba e do Amazonas para mudar decisões tomadas pelas convenções do partido nestes Estados.

Na Paraíba, o PT nacional interveio para que seja desfeita a coligação com o PSB, para reeleger o governador Ricardo Coutinho (PSB), e que a legenda apoie a candidatura do senador Vital do Rêgo (PMDB) ao governo estadual.

No Amazonas, a cúpula petista pretende retirar o deputado federal do partido Francisco Praciano da chapa majoritária encabeçada pelo senador e ex-governador Eduardo Braga (PMDB). Praciano é candidato ao Senado, mas a direção nacional da legenda tem um acordo com o ex-governador Omar Aziz (PSD), segundo o qual o PT não lançaria um nome na disputa. Aziz também concorre ao Senado.

Nos dois "imbróglios", como define o secretário nacional de organização do PT, Florisvaldo Souza, sua orientação é para que as seções regionais não resistam no campo jurídico. Ou seja, que não recorram caso os TREs decidam a favor da direção nacional.

No campo político, no entanto, Souza afirma que os diretórios locais têm suas razões e que, em sua opinião pessoal, "deveríamos deixar como está". Isso demonstra que a cúpula petista não tem uma posição irreversível e pode contemporizar, se os tribunais não atenderem o pedido.

Na Paraíba, o entendimento é o de que o maior culpado pela confusão é o PMDB. O nome do partido ao governo estadual era Veneziano do Rêgo, ex-prefeito de Campina Grande, que desistiu de concorrer. A candidatura foi encampada pelo irmão, o senador Vital do Rêgo que, por sua vez, também desistiu, por dois dias, antes de retomá-la. Nesse meio tempo, o PT local fechou acordo com Coutinho, pelo qual o governador se comprometeu, por escrito, a ficar neutro na disputa ao Planalto e não fazer campanha para o presidente de seu partido, Eduardo Campos. O PT indicou para a vaga ao Senado Lucélio Cartaxo.

Souza conta que o PMDB nacional "brigou muito pela Paraíba" - o que motivou a representação do PT no TRE -, mas que os pemedebistas, na convenção estadual, já ocuparam a vaga ao Senado, que é uma prioridade dos petistas.

No Amazonas, a Executiva pode relevar já que Aziz "está sendo abraçado" por PSDB, DEM e PPS - partidos de oposição ao governo federal - e diz não ser mais contrário à candidatura de Praciano.

Serra apresenta Aécio a grupo evangélico

• Tucanos participam de reunião com líderes da Assembleia de Deus fora da agenda oficial

Pedro Venceslau e Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo

No segundo dia oficial da campanha presidencial, o ex-governador José Serra, candidato do PSDB ao Senado em São Paulo, apresentou o senador Aécio Neves, candidato da sigla ao Planalto, aos pastores da Assembleia de Deus no Estado. O encontro, que reuniu cerca de 2.000 pessoas em um templo na bairro do Belém, zona leste da capital, foi organizado por Serra e pelo senador Aloysio Nunes Ferreira, candidato a vice na chapa nacional tucana. A atividade durou cerca de meia hora e não constou da agenda oficial de Aécio.

Os tucanos foram recebidos pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Aliado de Serra na campanha presidencial de 2010, o religioso indicou sua filha, Marta Costa (PSD), como segunda suplente de Aloysio na disputa pelo Senado em 2010. Questionado sobre o motivo de não ter incluído o compromisso em sua agenda, o senador desconversou. "Tudo que faço é absolutamente público."

Na semana passada, Aécio foi com a filha Gabriela ao Maracanã ver o jogo entre Alemanha e França também sem divulgação. Postou, horas depois, uma foto tirada dentro do estádio.
A passagem de ontem de Aécio pela Assembleia de Deus foi revelada também só depois, quando o pastor Bezerra divulgou uma foto em rede social.

Quatro anos atrás, quando Serra disputou a Presidência contra Dilma Rousseff, a questão religiosa pautou boa parte da disputa no 2.º turno. Temas caros aos evangélicos, como o aborto, foram bastante explorados.

A dobradinha entre Serra e Aécio, que até pouco tempo eram rivais internos no PSDB, faz parte de uma estratégia traçada pelos coordenadores da campanha presidencial tucana. Segundo o ex-governador Alberto Goldman, coordenador da campanha de Aécio em São Paulo, a ideia é colar a agenda do senador mineiro nas de Serra e do governador Geraldo Alckmin (PSDB) sempre que o Aécio tiver agenda no Estado.

No domingo passado, primeiro dia oficial de campanha, a iniciativa deu resultado e Alckmin, Serra e Aécio foram juntos a um evento da comunidade japonesa na capital paulista. A ideia era mostrar união no maior colégio eleitoral do País.

Estratégia. Durante o período de pré-campanha, Aécio aproximou-se de aliados de Serra e Alckmin para garantir o engajamento dos tucanos em sua campanha em São Paulo. Aliados históricos de Serra, Goldman e o vereador Andrea Matarazzo foram chamados para comandar a campanha no Estado e na capital, respectivamente. Apesar da aproximação, Aécio angariou apoios entre deputados estaduais, prefeitos e vereadores e costurou uma estrutura independente de Alckmin para fazer campanha no interior do Estado.

Pimenta da Veiga que Lula e Dilma 'são arrogantes'

Suzana Inhesta - Agência Estado

O candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSDB, Pimenta da Veiga, rebateu as críticas feitas pelo seu principal adversário, Fernando Pimentel (PT), no início da tarde desta segunda-feira, 7, de que a sua proposta seria de um governo centralizado, de "gênios". "Ninguém é mais autoritário, mais dono da verdade, do que os governantes do PT, tanto de alguns Estados quanto a nível nacional. A arrogância dos governantes do PT é conhecida por todos, quanto de Lula quanto de Dilma, por isso querer transferir isso para nós é uma vã tentativa"'', disse Veiga, após sua visita de cortesia à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Seção Minas Gerais.

Segundo ele, os governos do PSDB são sempre voltados para a participação popular. "Eu mesmo estou rodando o Estado inteiro para levar as minhas ideias e discuti-las para conseguir construir um programa de alta participação popular. Essa é a minha vida, quando fui prefeito foi a minha marca.

Então são alegações vazias", enfatizou, explicando-se que só fez referências à Lula e Dilma como autoritários, donos da verdade, por conta da alegação feita pelo Pimentel. "Espero que a campanha possa se dar de forma mais construtiva, mais positiva, cada um dizendo o que pretende fazer, sem ficar com essa preocupação de denegrir o concorrente. Isso não leva a nada", completou.

Ele comentou que foi a OAB hoje e que se encontrou com o presidente da entidade, Luiz Cláudio da Silva Chaves, para estabelecer formas de ações e discutir Minas Gerais. "Sou filiado à OAB-MG há anos. (...) Tenho aqui grandes amigos. Minha família tem a marca do Direito. (...). Portanto era dever meu vir aqui e ouvir a demanda da ordem que representa setores tão importantes da sociedade e que ela possa se integrar nesse esforço e momento especial para Minas Gerais", falou.

Sobre os próximos passos da campanha, o candidato do PSDB nesta terça-feira, 8, juntamente com o seu vice, Dinis Pinheiro (PP) farão uma caminhada pelas ruas de Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e depois assistirá o jogo entre Brasil e Alemanha pelas semifinais da Copa do Mundo. 

"Depois da Copa vamos continuar as viagens pelo interior e aprofundar as visitas na região metropolitana. No interior já fomos a mais de 100 municípios, mas nessa semana ainda iremos a Montes Claros, na semana que vem, Nepomuceno", informou.

Ele ainda disse que se encontraria com o candidato à Presidente da República pelo PSDB, Aécio Neves hoje à noite e que amanhã em Ibirité não sabe se o candidato vai poder ir junto fazer a caminhada.

Merval Pereira: Alhos com bugalhos

- O Globo

O sucesso da Copa do Mundo está subindo à cabeça da presidente Dilma, que agora mistura alhos com bugalhos para dizer que, da mesma maneira que “os pessimistas” erraram ao prever problemas que não aconteceram no campeonato de futebol, também errarão ao serem pessimistas em relação ao crescimento da economia brasileira neste ano eleitoral.

A fala sinaliza, sobretudo, uma perigosa ausência de autocrítica e um abuso de poder ao utilizar a Copa do Mundo como indicativo de sucesso de seu governo, o que absolutamente não acontece. A única realização genuinamente original e vitoriosa de uma instituição pública nacional foi a atuação da Polícia Civil do Rio, juntamente com a Polícia Federal, no desmantelamento da quadrilha que atuava já há quatro Copas na venda ilegal de bilhetes para os jogos do campeonato do mundo.

Mesmo o clima de segurança que vivemos, tão elogiado pelos jornalistas estrangeiros, é absolutamente atípico, consequência do uso do Exército e das polícias num esquema de prontidão absolutamente impossível de ser mantido no dia a dia do país.

Até o trânsito, criticado pelos estrangeiros, está mil vezes melhor do que o usual em todas as capitais do país pela decretação de feriados nos dias de jogos. Estamos vivendo uma espécie de conto de fadas que se desvanecerá assim que a Copa do Mundo acabar, e tivermos de voltar ao nosso dia a dia de insegurança e imobilidade urbana nos grandes centros.

A Ilha da Fantasia em que se transformou o país da Copa mostra apenas o país que poderia ser e não é, com as pessoas andando alegres pelas ruas, sem receio de assaltos. Os estereótipos foram reforçados por esses dias, e até os indígenas tiveram seu lugar no folclore nacional realçado. Mas a presidente Dilma não aceita que o atraso nas obras previstas pelo PAC da mobilidade urbana tenha prejudicado a realização da Copa, e tem razão nessa visão estreita que só pensa nos benefícios eleitorais que pode tirar.

Viadutos que caem ou que simplesmente não serão construídos, transportes urbanos deficitários, aeroportos com puxadinhos para dar conta do movimento, nada disso prejudica a realização dos jogos.

Mesmo os estádios superfaturados e inaugurados em cima do laço, muitos sem nem mesmo uma vistoria, não impediram que os jogos da Copa do Mundo fossem fascinantes, mesmo que a grama de alguns deles tenha sido criticada, ao contrário do que disse o ex presidente Lula, que atribuiu a desclassificação da seleção da Inglaterra à excelência de nossos gramados.

Mas não houve nenhuma demonstração da capacidade de realização deste governo que tenha sido diferente da África do Sul, por exemplo, o que mostra que, de uma maneira ou de outra, as Copas do Mundo sempre se realizam.

As obras atrasadas, na verdade, são as mais importantes para as cidades envolvidas na organização de uma Copa do Mundo, e interessam aos seus habitantes, não à Fifa, que sairá do país com os bolsos cheios e sem compromisso nenhum com nosso desenvolvimento. E nem era para ter.

Nós, que aqui vivemos e que temos de conviver com a gestão indigente de nossos governos, é que teríamos que exigir mais responsabilidade pelas promessas não cumpridas e menos regozijo por fatos que nada têm a ver com os governantes. Como as belas praias e o povo caloroso destacados nos depoimentos dos jornalistas estrangeiros.

O comentário da presidente Dilma, além do mais, faz pensar que a direção equivocada de nossa economia não será revertida caso ela consiga se reeleger. Apesar de a economia ter crescido apenas 0,2% no primeiro trimestre do ano, a presidente disse confiar na “força da economia brasileira”.

Pela sexta semana seguida, a projeção para a alta do PIB em 2014 foi rebaixada pela média dos economistas que participam da pesquisa Focus, sendo fixada agora a 1,07%. O governo fechará, assim, seu quatriênio com uma média de crescimento do PIB abaixo de 2%, o que caracteriza o terceiro pior comportamento da economia na nossa História republicana — o que, convenhamos, não é um marco fácil de ser batido.

Dora Kramer: Não há eleição grátis

- O Estado de S. Paulo

O início oficial da campanha eleitoral neste domingo não trouxe nada de novo no tocante à movimentação dos candidatos. Isso devido à revogação, na prática, do marco legal da largada, dada muito antes.

Portanto, o que temos é só a continuidade do mesmo até o começo da propaganda em rádio e televisão e dos debates. Os candidatos registraram seus programas de governo, que tampouco revelam inovações.

As previsões de gastos, como sempre, em trajetória ascendente. Desta vez, chegam à casa do bilhão de reais considerados todos os 11 candidatos. Aumento de 50% a 60% em relação a 2010.

Não tendo havido inflação correspondente no período, resta a conclusão de que os partidos recorrem a instrumentos e estruturas cada vez mais sofisticadas e por isso mesmo dispendiosas. Quanto menos convincente é o conteúdo, mais sedutora aos olhos precisa ser a forma. E isso custa muito dinheiro.

Por enquanto, na maior parte de origem privada, embora em boa parte de natureza pública: Fundo Partidário, renúncia fiscal decorrente da cessão do horário das emissoras para a propaganda política, custeio de parcela do conteúdo dos programas de candidatos à reeleição ou doações de pessoas físicas cujos salários sejam pagos por governos.

O grosso do financiamento das campanhas é sustentado por doações de pessoas jurídicas que, como sabem o senhor e a senhora, está para acabar.

De um lado o Supremo Tribunal Federal já formou maioria de 6 a 1 para tornar inconstitucional essa regra e, de outro, o Senado já aprovou projeto de lei proibindo empresas de custearem campanhas.

Sem entrar no mérito sobre a contribuição dessa providência para a moralização do sistema, temos uma questão prática: não existe eleição grátis. Alguém terá de pagar por ela.

Não temos tradição de grandes mobilizações de pessoas físicas dispostas a pôr a mão no bolso em prol de partidos. Como tradições não se criam do dia para a noite nem a confiança da população na política é algo que se construa por decreto, algum jeito haverá de ser dado já para a eleição de 2016.

Isso significa que o jeito precisa ser encontrado até outubro de 2015 devido à obrigatoriedade de que as regras para uma eleição devem ser validadas até um ano antes do pleito seguinte.

O PT - muito amigo da atual direção da OAB, que apresentou a ação de inconstitucionalidade no STF - gostaria, e vai lutar para isso, que a solução fosse o financiamento público integral.

A regra preserva a igualdade? Não, não, ganha mais o partido mais forte, assim como na distribuição do Fundo Partidário e no tempo de televisão. De onde já se vê que o item isonomia não é o motivo da defesa da tese.

De qualquer modo, encerrada a eleição de 2014, estará aberto esse debate. Do qual é bom que não se exclua a seguinte questão: os partidos estarão dispostos a fazer campanhas mais modestas ou, no caso de financiamento público, esse aumento de gastos a cada eleição vai recair sobre o Orçamento?

Posto avançado. Desde a última sexta-feira o senador Francisco Dornelles passou a integrar como vice a chapa de Luiz Fernando Pezão, na disputa pelo governo do Rio de Janeiro. Dornelles é tio de Aécio Neves, homem de confiança e articulador da candidatura do tucano em várias frentes: estaduais (notadamente no Rio e em Minas), congressuais e partidárias.

Pezão continua declarando voto e empenho na candidatura à reeleição da presidente Dilma junto com o antecessor Sérgio Cabral e o prefeito, Eduardo Paes - todos do PMDB.
Nenhum deles deixa passar a oportunidade de renovar as juras de fidelidade e agradecimento a "tudo que o governo federal fez pelo Rio".

Enquanto isso, como se sabe, o partido dos três trabalha de modo explícito e assumido para o principal oponente da presidente, o sobrinho de Dornelles.

Eliane Cantanhêde: De taças e urnas

- Folha de S. Paulo

O jogo de hoje, entre Brasil e Alemanha, certamente será um dos mais tensos da Copa 2014.

Nos bares e nos lares, há duas perguntas que não querem calar. Uma é se a seleção, sem Neymar (e, de quebra, sem Thiago Silva nesta terça), tem fôlego para ser campeã. Outra é: se o Brasil levar a taça, Dilma se reelege e, se não levar, ela perde?

A equipe de Felipão não chegava a ser maravilhosa e emocionante nem com Neymar. Para os que ainda têm alguma dúvida, basta rever o zero a zero contra o México.

Há, porém, algo na alma dos campeões (de qualquer área ou esporte): a capacidade de se suplantar, superar desafios, surpreender na adversidade. A torcida reza por isso, o que se torna ainda mais forte diante da injustiça, da covardia contra o herói do time. E, afinal, a esperança é a última que morre.

Quanto ao efeito político-eleitoral da Copa, cada um fala o que quer --ou melhor, cada um torce de acordo com seu time. E não há certezas. Muito já foi dito sobre vitórias em campo que não reverteram em êxitos nas urnas, mas, em jogos e em política, cada caso é um caso.

Genericamente, bem-estar favorece o continuísmo, insatisfação trabalha a favor de mudança. Se o Brasil levar a taça, isso tende a acalmar parte daqueles mais de 70% que querem mudança e, assim, melhorar as condições da reeleição. Mas pode ser uma parte pequena --e pode ser momentâneo.

É óbvio que Dilma e o Planalto acendem velas para o Brasil ser campeão e aumentar a sensação de bem--estar geral, em especial agora que a presidente finalmente anunciou que irá entregar a taça.

Já Aécio (que adora futebol) e Eduardo Campos jamais poderiam ser contra a vitória do Brasil, mas devem estar torcendo para a Copa terminar logo e começar um outro campeonato: o dos erros da economia.

Crescimento em torno de 1%, com más notícias todo dia, não leva taça nem garante reeleição de ninguém.

Luiz Carlos Azedo: Depois da Copa...

• Todos os problemas nacionais foram varridos para debaixo do tapete, o país entrou em ritmo de carnaval. Dá até vontade de cantar a Aquarela Brasileira, aquele samba do Silas de Oliveira

- Correio Braziliense

A campanha presidencial começou muito chocha, quase como um acontecimento marginal, fora do tempo e de lugar, embora seja o que há de mais importante para o futuro imediato dos brasileiros. A ressaca do jogo de sexta-feira contra Colômbia, no qual Neymar fraturou uma vértebra ao levar uma joelhada nas costas do colombiano Zúñiga e ficou fora da Copa, ainda não acabou. O domingo e a segunda foram dias de grande expectativa para saber quem vai entrar no seu lugar na Seleção de Felipão.

Os candidatos bem que tentaram pôr seus times em campo, mas não deu. A presidente Dilma Rousseff (PT) começou a campanha com um vídeo nas redes sociais e despachos no Palácio do Planalto; o senador Aécio Neves (PSDB) foi à caça dos votos de São Paulo; e Eduardo Campos (PSB) saiu atrás dos eleitores de Marina Silva em Brasília e Entorno. O que fazer depois da Copa? Há dois cenários possíveis. Mas o povo estava se lixando para isso, não põe o carro à frente dos bois, só quer saber do jogo de logo mais, contra a Alemanha, que pode nos garantir um lugar na final da Copa do Mundo.

É difícil tratar da política num dia como hoje, no qual todos os olhos estão voltados para um campo de futebol, mais precisamente o Mineirão, em Belo Horizonte. Será uma festa cívica, como os mineiros gostam de fazer, pois afinal foram eles que fizeram a Inconfidência e produziram o maior herói nacional, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Também engrossaram o Partido dos Brasileiros, que lutou nas Cortes de Lisboa e no Brasil contra a volta do príncipe regente D. Pedro a Portugal e, depois, pela Independência.

Até então havia baianos e paulistas, que não se bicavam desde a Guerra dos Emboabas; pernambucanos e gaúchos, republicanos e separatistas, depois fizeram a Confederação do Equador e a Revolução Farroupilha, respectivamente. E os portugueses, que eram a "elite branca" do Maranhão, do Pará, da Bahia e da Corte, o Rio de Janeiro. Os escravos não contavam, não tinham direito a nada. Na verdade, o brasileiro foi uma invenção dos mineiros contra o Estado colonial português. A nossa Nação formou-se bem mais tarde.

A Copa do Mundo parece ressuscitar o velho Partido dos Brasileiros. Há uma briga de foice no escuro pelo poder, mas todo mundo torce pela Seleção e considera o evento um sucesso. Aquele clima de pessimismo e a falta de consenso que havia na abertura dos jogos, quando a presidente Dilma Rousseff chegou a ser vaiada e xingada na Arena Corinthians, em Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, desapareceram. Sumiram nos braços de Julio César, contra o Chile, e no pé de David Luiz, contra a Colômbia.

Somente uns gatos pingados ainda protestam nas imediações dos estádios contra a realização dos jogos. Parecem masoquistas que não conseguem dormir sem apanhar da PM. Todos os problemas nacionais foram varridos para debaixo do tapete, o país entrou em ritmo de carnaval. Dá até vontade de cantar a Aquarela Brasileira, aquele samba do Silas de Oliveira: "Vejam essa maravilha de cenário/ É um episódio relicário/Que o artista, num sonho genial/Escolheu para este carnaval".

Os críticos do governo estão acuados: os aeroportos deram conta do recado, os torcedores conseguem chegar tranquilamente aos estádios e a violência urbana foi relativamente contida pelo dispositivo de segurança. A presidente Dilma Rousseff subiu nas pesquisas, a vaia caiu em desgraça, a oposição calou-se nos estádios. Notícia ruim mesmo só a contusão de Neymar e a punição ao capitão da Seleção, Thiago Silva, suspenso por um jogo.

Nem a queda de um viaduto em construção em Belo Horizonte ou o espetacular assalto de ontem ao centro de distribuição da Samsung, de onde levaram 40 mil tablets e notebooks, tiram o foco do torcedor. A prisão de um funcionário da Fifa supostamente envolvido com uma máfia internacional de cambistas tem muito mais relevância. O Palácio do Planalto comemora a desconstrução do padrão de exigências da entidade, que azucrinou nossas autoridades e gerou a onda de notícias negativas na mídia internacional que antecedera os jogos.

Bom, voltando ao assunto que intitula a coluna, o que acontecerá com a política brasileira depois da Copa? Depende do jogo de hoje. Sou mais um torcedor brasileiro: o Brasil deve ganhar e ir para a final, no Maracanã, contra a Argentina ou Holanda. Prefiro uma disputa contra os holandeses. Os argentinos estão invadindo o Rio de Janeiro. Se passarem pela Holanda, vão querer fazer a mesma coisa que os uruguaios na Copa de 1950. Não gosto de pensar no risco de perder para "los hermanos" no Maracanã. Seria outra humilhação dolorosa. Nunca mais quereríamos ser a sede da Copa.

Raymundo Costa: Dilma "sentiu" a contusão de Neymar

• Presidente quer o hexa para animar sua campanha

- Valor Econômico

O golpe que tirou Neymar da Copa do Mundo teve impacto também no governo, que conta com uma vitória da Seleção em campo para animar a campanha da reeleição. A presidente Dilma Rousseff considera que seu governo já foi aprovado no que se refere à organização do maior evento esportivo do planeta. O hexa fecharia com chave de ouro a narrativa de uma Copa que há um mês parecia caminhar para o desastre.

Antes da Copa, o governo temia ser responsabilizado eleitoralmente por ter pecado na organização do campeonato. Tinha bons motivos para isso. Uma semana antes da partida de abertura, o Datafolha registrava a candidatura da presidente em baixa e o pessimismo nacional em alta. O esforço era para ao menos empatar um jogo que parecia perdido.

Com a bola rolando, Dilma se deu conta de que a Copa era um sucesso - reconhecido interna e externamente - dentro e fora do campo. A presidente, que estava na defensiva, partiu para o ataque à oposição e à imprensa, especialmente, acusando-os de fomentar o pessimismo por razões eleitoreiras.

Para manter a oposição sob fogo cerrado, é importante para a campanha da presidente que a Seleção brasileira conquiste a Copa pela sexta vez. Faz parte dos planos da campanha explorar eleitoralmente todo o potencial político de uma vitória. Não é à toa que Dilma reagiu imediatamente ao golpe sofrido por Neymar.

O atacante ainda se contorcia em dores no gramado do Castelão, quando a presidente saiu a campo em busca de informações sobre a gravidade da lesão. Dilma ligou para ministros e até secretários de governos estaduais aliados do Palácio do Planalto foram acionados para fornecer à presidente um quadro claro da situação. A contusão de Neymar, misturado com a questão eleitoral, virou assunto de Estado.

Nesse contexto é que foi redigida a carta que a presidente enviou a Neymar, na qual se refere ao atacante como "um grande guerreiro que não se deixa abater, mesmo ferido".

Ontem, Dilma confirmou que estará presente ao jogo final da Copa do Mundo e mais uma vez aproveitou para prestar solidariedade a Neymar. "Vou entregar a taça no domingo, e torço para que seja para o Brasil", disse em um bate-papo com internautas. Para não perder a viagem, como se diz no futebol, aproveitou a conversa para dar caneladas em quem dizia que não iria haver Copa. "Antes falavam que não ia ter Copa. Agora, muita gente boa quer mais Copa. Tudo com gosto de quero mais". Dilma até reproduziu o gesto que Neymar usa para comemorar seus gols.

A última pesquisa Datafolha sugere que Dilma pode ter razão ao apostar suas fichas na Copa do Mundo. Entre a pesquisa realizada uma semana antes da Copa e a divulgada na semana passada, o índice de intenções de votos na presidente cresceu quatro pontos. Melhoraram a autoestima do brasileiro e a aprovação dos eleitores à realização da Copa do Mundo no Brasil. No entanto, deve-se considerar que a presidente apenas recuperou espaço perdido, sendo duvidoso, portanto, que o sucesso da Copa represente um rendimento eleitoral significativo.

No Brasil, política e futebol costumam andar juntos. O mesmo não se pode dizer de futebol e eleição, apesar de o futebol ser uma paixão nacional e das tentativas de governo e oposição de pegar carona no êxito ou no fracasso da Seleção.

A história é farta de exemplos: é conhecido o slogan da ditadura, "onde a Arena vai mal, mais um time no Nacional". A Seleção perdeu a Copa de 1998, mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se reelegeu no primeiro turno. O pentacampeonato não segurou a campanha do candidato governista em 2002.

A Copa do Mundo de 2014, no entanto, tem uma característica que a diferencia das demais: o Brasil é o país-sede da competição. A organização fora das quatro linhas era o desafio e o teste principal do governo. A exploração eleitoral em torno da Copa também era inevitável: a oposição surfou nos atrasos das obras e no alto custo dos estádios; o governo, agora que a Copa entra na reta final sem nenhum grande problema de organização, reage atacando a oposição. Há um mês tentava "vitidilmar" a presidente, vaiada e ofendida pela torcida no jogo de abertura da Copa.

Para analisar os efeitos eleitorais de um mês que arrebatou o país, o paralelo possível é a Copa de 1950, também realizada no Brasil. A derrota da Seleção para os uruguaios, à época, traumatizou um país que já dava a conquista do campeonato como fava contada. Nem por isso pode-se dizer que a Copa contribuiu significativamente para a derrota do candidato governista Cristiano Machado do PSD (dessa eleição surgiu o termo "cristianizar" para designar candidatos abandonados à própria sorte por seus partidos).

O presidente Eurico Gaspar Dutra bem que tentou faturar a Copa politicamente. O comitê encarregado de administrar as obras de construção do Maracanã praticamente se transformou numa filial do PSD. A derrota da Seleção inviabilizou qualquer tentativa de capitalização política. Pelo contrário, animou uma oposição que se contivera enquanto a Seleção avançava na competição.

Nos 79 dias seguintes ao "maracanazo", até as eleições, o governo sofreu duras acusações de prática de corrupção na construção do Maracanã, a obra símbolo da Copa de 50. O Congresso chegou a investigar as denúncias, algumas reputações se perderam. Hoje o governo convive com acusações parecidas, mas há certo consenso de que o estrago que poderia ser feito pela Copa já foi contabilizado pelo governo.

O Ministério Público Federal eventualmente pode questionar alguns gastos, mais tarde, mas a atenção do governo e da oposição estará voltada para as duas CPIs do Congresso que investigam irregularidades na Petrobras. Esses inquéritos, mais que uma eventual derrota hoje ou no domingo, podem ter impacto na eleição presidencial. O hexa, no entanto, dará mais gás para a campanha de Dilma se apropriar do feito e atacar a "fracassomania" da oposição.

Marco Antonio Villa: Os desiludidos da República

• Há um notório sentimento popular de cansaço, de enfado, de identificação do voto como um ato inútil, que nada muda

- O Globo

A proximidade das eleições permite uma breve reflexão sobre o processo de formação de uma cultura política democrática no Brasil. A República nasceu de um golpe militar. A participação popular nos acontecimentos de 15 de novembro de 1889 foi nula. O novo regime nasceu velho. Acabou interrompendo a possibilidade de um Terceiro Reinado reformista e modernizador, tendo à frente Isabel como rainha e chefe de Estado e com os amplos poderes concedidos pela Constituição de 1824.

A nova ordem foi edificada para impedir o reformismo advogado por Joaquim Nabuco, Visconde de Taunay e André Rebouças, que incluía, inclusive, uma alteração no regime de propriedade da terra. Os republicanos da propaganda — aqueles que entre 1870, data do Manifesto, e 1889, divulgaram a ideia republicana em atos públicos, jornais, panfletos e livros — acabaram excluídos do novo regime. Júlio Ribeiro, Silva Jardim e Lopes Trovão, só para recordar alguns nomes, foram relegados a plano secundário, considerados meros agitadores.

O vazio no poder foi imediatamente preenchido por uma elite política que durante decênios excluiu a participação popular. As sucessões regulares dos presidentes durante a Primeira República (1889-1930) foram marcadas por eleições fraudulentas e pela violência contra aqueles que denunciavam a manipulação do voto.

Os opositores — os desiludidos da República — passaram a questionar o regime. Se apontavam corretamente as falácias do sistema eleitoral, indicavam como meio de superação, como disse um deles, desses “governichos criminosos”, a violência, a tomada pelas armas do Estado. E mais: que qualquer reforma só poderia ter êxito através de um governo ultracentralizador, instrumento indispensável para combater os poderosos, os senhores do baraço e do cutelo, como escreveu Euclides da Cunha.

Assim, o ideal mudancista tinha no seu interior um desprezo pela democracia. Acentuava a defesa de um novo regime para atender as demandas da maioria, mas com características autoritárias. Alguns até imaginavam que o autoritarismo seria um estágio indispensável para chegar à democracia.

A Revolução de 30 construiu o moderno Estado brasileiro. Enfrentou vários desafios e deu um passo adiante no reformismo nacional. Porém, aprofundou as contradições. Se, de um lado, foram adotados o voto secreto, a Justiça Eleitoral, o voto feminino, conquistas importantes, manteve uma visão de mundo autoritária, como ficou patente desde 1935, com a repressão à rebelião comunista de novembro, e mais ainda após a implantação da ditadura do Estado Novo, dois anos depois.

A vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial deu alguma esperança de, pela primeira vez, caminharmos para o nascimento de uma ordem democrática. A Constituição de 1946 sinalizou este momento. O crescimento econômico, a urbanização, o fabuloso deslocamento populacional do Nordeste para o Sul-Sudeste, a explosão cultural-artística — que vinha desde os anos 1930 — foram fatores importantes para o aprofundamento das ideias liberal-democráticas, mesmo com a permanência do autoritarismo sob novas vestes, como no ideário comunista, tão influente naquele período.

O ano de 1964 foi o ponto culminante deste processo. A democracia foi golpeada à direita e à esquerda. Para uns era o instrumento da subversão, para outros um biombo utilizado pela burguesia para manter sua dominação de classe. Os que permaneceram na defesa do regime democrático ficaram isolados, excluídos deste perverso jogo autoritário. Um desses foi San Tiago Dantas.

Paradoxalmente foi durante o regime militar — especialmente no período ditatorial, entre os anos 1968-1978 — que os valores democráticos ganharam enorme importância. A resistência ao arbítrio foi edificando um conjunto de valores essenciais para termos uma cultura política democrática. E foram estes que conduziram ao fim do regime e à eleição de Tancredo Neves, em janeiro de 1985.

No último quartel de século, contudo, apesar das sucessivas eleições, a cultura democrática pouco avançou, principalmente nos últimos 12 anos. As presidências petistas reforçaram o autoritarismo. A transformação da luta armada em ícone nacional é um bom (e triste) exemplo. Em vez de recordar a luta democrática contra o arbítrio, o governo optou pela santificação daqueles que desejavam substituir a ditadura militar por outra, a do “proletariado”.

O processo eleitoral reforça este quadro de hostilidade à política. A mera realização das eleições — que é importante — não desperta grande interesse. Há um notório sentimento popular de cansaço, de enfado, de identificação do voto como um ato inútil, que nada muda. De que toda eleição é sempre igual, recheada de ataques pessoais e alianças absurdas. Da ausência de discussões programáticas. De promessas que são descumpridas nos primeiros dias de governo. De políticos sabidamente corruptos e que permanecem eternamente como candidatos — e muitos deles eleitos e reeleitos. Da transformação da eleição em comércio muito rendoso, onde não há política no sentido clássico. Além da insuportável propaganda televisiva, com os jingles, a falsa alegria dos eleitores e os candidatos dissertando sobre o que não sabem.

O atual estágio da democracia brasileira desanimaria até o doutor Pangloss. A elite política permanece de costas para o país, ignorando as manifestações de insatisfação. E, como em um movimento circular, as ideias autoritárias estão de volta. Vai se formando mais uma geração de desiludidos com a República. Até quando?

Marco Antonio Villa é historiador

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

O pós-Copa de Dilma
Depois de uma Copa do Mundo que foi antecedida de uma saraivada de críticas e virou um sucesso, a presidente Dilma Rousseff dá os primeiros passos no sentido de usar o mesmo mote para empacotar as avaliações negativas sobre o desempenho da economia do país este ano. O primeiro lance veio ontem ao responder as perguntas dos internautas sobre o Produto Interno Bruto (PIB). A ordem agora é bater nessa tecla enquanto der, comparando os indicadores do Brasil com os dos demais países que integram o G20. Como ali estão todas as grandes economias em crise, a expectativa dos governistas é de, até o fim da campanha, convencer o eleitor de que há muitas economias em situação muito pior do que a brasileira. Não será "a economia das economias" com o mesmo impacto da "Copa das Copas", mas a aposta do PT é de que deixará no eleitor alguma dúvida sobre o que dirão os adversários.

Foco tucano
A cada viagem pelo país, Aécio Neves deve dedicar outra ao estado de São Paulo. Entre os tucanos, há a certeza de que, se Aécio conquistar os eleitores paulistas, será ele a subir a rampa em janeiro de 2015.

Foco socialista
Depois de passar praticamente toda a pré-campanha em São Paulo, Eduardo Campos, do PSB, dedicará os próximos passos ao reforço no Nordeste. É dali que ele pretende tentar consolidar uma liderança capaz de melhorar os índices, enquanto Marina Silva percorre o Norte e o centro-sul onde obteve uma expressiva votação.

Conta de chegada
O argentino Diego Brandy apresentou ontem, durante reunião em Brasília, gráficos e cenários baseados nas pesquisas atuais para tentar provar por A mais B que o socialista derrotará Dilma Rousseff num segundo turno da sucessão presidencial. É a forma de tentar motivar os diretórios estaduais a se engajarem na campanha. Todos os estados mandaram representantes, exceto Sergipe. Epa! Lá, Garotinho teve dificuldades quando foi candidato a presidente pelo mesmo partido.

E a polícia, hein...
Não é só a presidente Dilma Rousseff que pretende tirar algum proveito da Copa do Mundo. A Polícia Federal e a Polícia Civil do Rio de Janeiro mostraram "padrão Fifa" nesse escândalo da máfia dos ingressos. O esquema funcionava a quatro copas e foi detonado no Brasil. Essa história certamente vai render.

Legislativo desmotivado
Paralelamente à Copa do Mundo, os parlamentares estão revoltados porque a maioria das emendas ao Orçamento deste ano ficou para novembro. Ou seja, depois da eleição. O problema é que, nesse caso, quem não se reeleger pode dar adeus à realização de obras aos municípios que indicou. Toda eleição é assim e é aí que o governo economiza e o Congresso joga aquela pauta bomba, para ver se o governo solta alguma emenda em troca do voto.

E o feriadão, hein.../ Os governistas planejam manter o feriado até o fim da semana. Tudo para não dar quórum à CPI Mista da Petrobras que tem reunião marcada para esta quarta-feira.

Cuidadosos.../ Depois que a Força Aérea Brasileira passou a registrar no site os voos de transporte especial de autoridades, muitos personagens de Brasília estão mais comedidos na hora de pedir um jatinho da FAB. Renan Calheiros, por exemplo, foi ao jogo na sexta-feira, mas não consta entre aqueles que pediram transporte para Fortaleza.

...E econômicos/ Os ministros que requisitaram (foram quatro), tinham alguma relação com os eventos, caso do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, o da Defesa, Celso Amorim (foto), e o do Esporte, Aldo Rebelo. E ainda dividiram o aeronave. Amorim, entretanto, seguiu direto para o Rio de Janeiro, onde tem residência, e foi mais cedo a Fortaleza porque tinha reunião sobre a segurança para a reunião dos Brics.

Por falar em Brics.../ A delegação russa aproveitou a precursora do presidente russo, Vladimir Putin, para conhecer melhor o Palácio do Planalto com direito a visita guiada ontem no fim da tarde. Putin chega ao Brasil no sábado, em tempo de acompanhar no Maracanã a final da Copa do Mundo. Oxalá nos proteja para que a nossa Seleção esteja em campo! Brasiiiiiilllllll!

Diário do Poder – Claudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Eduardo e Marina apostam em agendas separadas
Em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, Eduardo Campos (PSB) e a candidata a vice Marina Silva decidiram apostar em agendas separadas para otimizar a campanha contra a presidenta Dilma e o candidato Aécio Neves (PSDB). Em reunião com os presidentes estaduais do PSB, Campos pediu a criação de comitês nas maiores cidades, a divulgação do jingle e organização de eventos.

• Estratégia
De olho na transferência de votos, o PSB vai focar aparições de Marina e Eduardo juntos em locais onde ela teve votação expressiva em 2010.

• Após a Copa
Os primeiros materiais de campanha com Eduardo e Marina Silva estão previstos para chegar nos diretórios estaduais já na próxima semana.

• Na legalidade
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) apresentou projeto regularizando a exploração de jogo do bicho, cassinos, bingos e apostas on-line.

• Doce vida
A Presidência da República dispensa adoçante: pagará R$ 30,9 mil por cursos de confeitaria nas cozinhas do Planalto e do Alvorada.

• ‘IstoÉ’: Antonio Santos, da CNC, na mira da PF
Antonio de Oliveira Santos, que há 33 anos se agarra à presidência da Confederação Nacional do Comércio como carrapato, está na mira da Polícia Federal, no âmbito da Operação Ararath, segundo a revista IstoÉ desta semana. Ele e o secretário da Fecomércio-MT, Pedro Jamil Nadaf, estão envolvidos com Rodolfo Aurélio Campos na compra superfaturada de uma fazenda, em 2011, no valor de R$ 20 milhões.

• Suspeita grave
Segundo IstoÉ, suspeita-se que a fazenda superfaturada abasteceu o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro no Mato Grosso.

• Olhos bem fechados
O negócio passou pelo conselho fiscal, presidido por Carlos Gabas, nº 2 do Ministério da Previdência, para quem não caberia avaliar valores.

• Que contas?
No conselho fiscal, Carlos Gabas também ignorou rejeição de contas da diretoria do Sesc no TCU, o que tornaria Antonio Santos inelegível.

• Carroças caras
A Anfavea culpa a “sazonalidade” pela queda na venda de veículos. Não menciona má qualidade e os preços indecentes de suas carroças. É mais cômodo a indústria chantagear com o fantasma das demissões e ganhar do governo a renúncia fiscal, em prejuízo do País.

• Mais um naco
Michel Temer avisou ao PMDB que o Planalto ofereceu ao partido a vice-presidência corporativa da CEF, que era do PTB. Já indicaram o capixaba Antônio Carlos Ferreira, antes que o governo mude de ideia.

• Ê, vidão
Candidato ao governo do potiguar, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), decidiu cancelar as sessões deliberativas previstas para esta semana. Mas não se fala em devolver o dinheiro público que os malandros receberão mesmo assim.

• Loteamento Planalto
O PR avisou ao Planalto que não aceita Tarcísio Gomes Freitas para o lugar do general Fraxe, na direção-geral do DNIT, e indicou Anderson Cabral Ribeiro, ligado a Paulo Passos e a Valdemar da Costa Neto.

• Ministro hightech
O Supremo Tribunal Federal confirmou que Joaquim Barbosa debutou no twitter. O ministro, no entanto, não é seguidor do perfil do STF ou de qualquer outro magistrado. Até agora, ele só comentou sobre futebol.

• Sem lágrimas
País paralelo dentro do Brasil, a Fifa vetou o minuto de silêncio pelas vítimas da tragédia em BH, assim como o proibiu, no Beira Rio, pela morte de Fernandão. Mas o minuto de silêncio colorado foi garantido pela súbita avaria do sistema de som, que não tocou os hinos.

• Não foi encontrado
O comerciante de gado Júlio Gonçalves de Lima Filho, acusado de receber R$ 60 mil do doleiro Alberto Yousseff por negócios feitos com Argôlo, sequer foi notificado para testemunhar no Conselho de Ética.

• Tô fora
Chefe de gabinete do deputado Luiz Argôlo (SDD-BA), Vanilton Ribeiro, que teria recebido R$ 120 mil em nome do parlamentar, avisou ontem que não poderá comparecer no Conselho de Ética nesta quarta (9).

• Pensando bem…
…está na hora de investigar que fábrica de biscoitos forneceu o cimento da obra do viaduto que desabou em Belo Horizonte.

Painel - Bernardo Mello Franco (interino)

- Folha de S. Paulo

Folha corrida
Líder das pesquisas no Distrito Federal, o ex-governador José Roberto Arruda (PR) terá que dividir o tempo entre a campanha na rua e a defesa nos tribunais. Documentos entregues à Justiça Eleitoral mostram que ele responde a 12 ações penais ligadas ao mensalão do DEM, escândalo que motivou sua prisão em 2010. Arruda é acusado de corrupção ativa, associação criminosa, fraude a licitação, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falso testemunho. Ele nega tudo.

Assim é... No site que criou para rebater as denúncias, Arruda dá uma nova versão para a famigerada "oração da propina", o vídeo em que dois deputados que o apoiavam agradecem a distribuição de dinheiro vivo.

... se lhe parece Diz o ex-governador: "A oração da propina é contra mim, é uma prece ao Senhor para que me tire do caminho deles".

Peneira A Lei da Ficha Limpa só barra os políticos já condenados em segunda instância. Como ainda responde às ações, Arruda conseguiu se candidatar de novo.

Outro lado A assessoria do ex-governador atribui o grande número de ações a uma "estratégia do Ministério Público para desgastá-lo", fatiando em vários processos a denúncia original ao Superior Tribunal de Justiça. Ele nega todas as acusações e se diz alvo de "golpe" do PT.

Companhias No primeiro dia de campanha, a candidata do PT ao governo do Paraná, Gleisi Hoffmann, pediu votos ao lado do deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu.

Herança Acabou a disputa no PT paulista pelo número que era usado por Dirceu em suas campanhas. O 1368 ficou com o deputado estadual Adriano Diogo, que agora é candidato a federal.

Defesa A OAB indicou três pesos-pesados para defender o advogado Luiz Fernando Pacheco das acusações do ministro Joaquim Barbosa, do STF. A banca inclui Márcio Thomaz Bastos e José Roberto Batochio.

Ataque Defensor de José Genoino, Pacheco foi expulso do plenário do Supremo e é investigado por desacato, calúnia, difamação e injúria.

Veloz e furioso Fernando Collor (PTB-AL) trocou de Ferrari desde a última eleição: vendeu uma F-430, de R$ 459 mil, e comprou uma 612 Scaglietti, de R$ 556 mil. O senador declarou à Justiça Eleitoral ter 14 carros, entre eles uma BMW de R$ 714 mil.

O colecionador Candidato a suplente de senador, Ronaldo Cezar Coelho (PSD-RJ) registrou patrimônio de R$ 553 milhões. Listou quadros de Volpi (R$ 9,8 milhões) e Portinari (R$ 3,8 milhões), depósitos de R$ 180 milhões nas Ilhas Virgens Britânicas e duas cadeiras cativas no Maracanã.

Chapa preta O prefeito de Botucatu, João Cury (PSDB), usou o carro oficial para ir à primeira reunião da campanha de Aécio Neves. O automóvel ficou parado atrás do comitê, e não no estacionamento da casa. Cury faz a ponte entre o candidato e os prefeitos do interior paulista.

Pés descalços Na mesma reunião, Fernando Henrique Cardoso lembrou o dia em que perdeu a sola do sapato em caminhada da campanha de José Serra em 2010, no centro de São Paulo. O ex-presidente brincou que se esforçaria para não repetir a cena ao lado do mineiro.

Visita à Folha O senador Pedro Simon (PMDB-RS) visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Luiz Fonseca, assessor de imprensa, e Oswaldo Chade, advogado.

Tiroteio

"Os contratos são públicos. Em outros anos, já foi usada a estratégia de lançar injúrias, sem escrúpulo ou compromisso com a verdade."
DE SAULO DE CASTRO, secretário de Logística do governo de São Paulo, sobre cobrança de Paulo Skaf (PMDB) por mais transparência nas tarifas de pedágio.

Contraponto

O olé do banqueiro em FHC

Candidato a senador em 1978, Fernando Henrique Cardoso amargou uma escassez de recursos na reta final da campanha. O ex-ministro José Gregori, que ontem assumiu oficialmente o comitê financeiro de Aécio Neves, era quem cuidava das contas do sociólogo. Ele procurou um diretor do Unibanco e o levou a seu restaurante preferido, na esperança de uma doação salvadora.

Para a tristeza do tesoureiro, o executivo não liberou um centavo e ainda deixou a conta para a dupla. Quando ele deixou a mesa, FHC disse a Gregori, resignado:

--Nunca espere que uma só pessoa traga a solução...