segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

O PPS foi um grande vitorioso no segundo turno das eleições municipais, porque das sete cidades que disputou, venceu em cinco delas, reelegendo um prefeito de capital.

O resultado do segundo turno coroou o nosso desempenho nestas eleições. Parabenizo os vencedores e todos os candidatos que disputaram pelo PPS com dignidade e respeito às regras eleitorais e a democracia.

-----------------
Roberto Freire é deputado federal e presidente nacional do PPS,

2º turno consolida revés dos opositores de Temer

*Tucanos vão governar 24% do eleitorado *Para Planalto, resultados sepultam discurso petista de ‘golpe’ * Crivella (PRB) vence Freixo (PSOL) no Rio * Kalil (PHS) derrota candidato de Aécio (PSDB) em BH

O resultado das eleições fortaleceu o PSDB e outros partidos que se alinharam ao governo de Michel Temer. Das 18 capitais que tiveram segundo turno ontem, em cinco os candidatos vencedores são do PSDB. O PMDB venceu em três. A vitória mais significativa foi alcançada por uma sigla alinhada ao Planalto, mas de pouca expressão: a cidade do Rio de Janeiro será governada por Marcelo Crivella, do PRB, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. Ele derrotou Marcelo Freixo (PSOL), que foi contra o impeachment de Dilma Rousseff e faz oposição radical a Temer. Em Belo Horizonte, o empresário Alexandre Kalil (PHS), estreante na política, venceu João Leite (PSDB), candidato do presidenciável Aécio Neves. O Planalto comemorou. “Esta eleição sepulta qualquer tipo de contestação, seja sob o ponto de vista institucional ou de legitimidade (do governo Temer)”, disse o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil). Nas capitais, somente em Fortaleza, em São Luís e em Aracaju foram eleitos ontem candidatos de oposição a Temer.

Base de Temer vai comandar 81% do eleitorado do País

• Nas capitais, partidos alinhados ao Planalto conquistam 12 das 18 prefeituras onde ocorreu votação em 2º turno

- O Estado de S. Paulo

Os partidos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff e hoje formam a base do governo de Michel Temer vão comandar 81% do eleitorado do País. O resultado consolida uma ampla base municipal formada pelas legendas com assento na Esplanada e, ao mesmo tempo, revela a ampliação do espaço dos partidos nanicos.

Das 57 municípios onde houve segundo turno, siglas aliadas ao governo elegeram 46 prefeitos – sendo 12 em capitais. Ao todo, contando o resultado do primeiro turno, foram 4.446 eleitos. A conta inclui PMDB, PSDB, PSD, PP, PSB, PR, DEM, PTB, PPS, PRB e PV.

PSDB e PMDB se consolidam na maioria das capitais; PT só elege um prefeito

• Veja quem são todos os prefeitos eleitos nas capitais do País

Mariana Diegas e Matheus Lara, especial para o Estado
Coluna do Estadão

Com sete das 26 capitais conquistadas, o PSDB se consolidou como maior vencedor da eleição municipal. Dois dos sete tucanos foram eleitos ainda no primeiro turno. Em segundo lugar, vem o PMDB, que levou quatro capitais.

Em seguida, vêm o PDT, com três, e o PSD e o PSB com duas. O PT chegou ao segundo turno em apenas uma capital, Recife, mas perdeu. A sigla conseguiu eleger apenas um prefeito, assim como PRB, PHS, PMN, PCdoB, DEM e Rede. O PP e o PV não obtiveram vitórias.

Veja a lista de todos os novos prefeitos das capitais brasileiras:

Um em cada 4 eleitores será governado pelo PSDB

• Somados os resultados do primeiro e segundo turnos, tucanos vão administrar a partir do ano que vem 803 municípios, que reúnem 23,9% do eleitorado brasileiro

Daniel Bramatti, Rodrigo Burgarelli, Guilherme Duarte, Fabiana Cambricoli - O Estado de S. Paulo

O PSDB saiu do segundo turno como o maior vencedor da eleição municipal de 2016, se o critério observado for o número de eleitores que cada partido vai governar. Em seu conjunto, os prefeitos do partido vão administrar cidades que abrigam 23,9% do eleitorado - ou seja, para cada quatro eleitores, um será governado por um tucano.

Em relação à eleição de 2012, a faixa do eleitorado governada por tucanos quase dobrou - era de 13,1%. Já a parcela governada pelo PT, principal antagonista do PSDB, desabou de 19,9% para 2,9%.

A fatia alcançada pelos tucanos é a maior desde 2004, o primeiro ano para o qual o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulga dados de resultado eleitorais digitalizados. O recorde anterior pertencia ao PMDB, que em 2008 venceu em municípios que abrigavam 22,1% do eleitorado da época.

Para o governo, resultado sepulta discurso do golpe

• Ministro da Casa Civil diz que domínio dos partidos alinhados ao Planalto nas eleições municipais legitima a gestão de Michel Temer

Isabela Bonfim - O Estado de S. Paulo

/ BRASÍLIA - O Palácio do Planalto avaliou que o resultado das eleições municipais legitima o governo do presidente Michel Temer. Para o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, a ampla vitória de partidos da base aliada dá fôlego às medidas da equipe econômica do governo e “sepulta” as contestações à gestão que assumiu após o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Essa eleição sepulta qualquer tipo de contestação, seja sob o ponto de vista institucional, de legitimidade, ou de programa de governo”, afirmou Padilha ao Estado.

"Os partidos da base do governo vão fazer próximo a 90% dos votos nessas eleições municipais. Em que pese todo o discurso que os partidos de oposição utilizaram rebatendo as medidas do governo, o resultado diante da sociedade foi altamente negativo para eles e, por consequência, positivo para o governo", Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil

Pela 1ª vez, PT fica sem prefeituras no ABC

• Região onde o partido nasceu não terá representante da sigla nas sete cidades

Walmar Hupsel Filho, Marianna Holanda - O Estado de S. Paulo

Com o insucesso dos dois únicos candidatos do PT no ABC paulista, ambos prefeitos que tentavam a reeleição, o partido não vai administrar prefeituras no seu berço político a partir de janeiro de 2017 – um fenômeno que acontece pela primeira vez desde 1982. Dos quatro municípios da região que tiveram segundo turno, dois elegeram prefeitos do PSDB, um do PSB e um do PV. Nas outras três cidades que formam a região do ABC, São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o partido também não elegeu prefeitos.

PT é derrotado em todas as disputas de segundo turno

- Coluna do Estadão

Todos os sete candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT) que foram ao segundo turno no País foram derrotados por seus adversários.

Quem quase escapou da estatística foi o candidato do partido em Santa Maria (RS), Valdeci Oliveira, que foi derrotado por menos de 1% de diferença na votação.

O resultado confirma o pior retrospecto da sigla nas urnas desde 2004, quando o partido elegeu 411 prefeitos após a sigla chegar à Presidência da República. Dos 992 candidatos a prefeito que o partido colocou em disputa neste ano, apenas 254 foram eleitos. (Matheus Lara, especial para o Estado)


Luciano Rezende vence segundo turno e é reeleito em Vitória

• Atual prefeito, do PPS, recebeu 51,19% dos votos válidos e ganhou do adversário Amaro Neto (SD)

Lígia Morais e Luciana Almeida - O Estado de S. Paulo

VITÓRIA - Luciano Rezende (PPS) foi reeleito com 51,19% dos votos válidos na cidade de Vitória, no Espírito Santo. Rezende recebeu 95.458 votos, ultrapassando o adversário do Solidariedade, Amaro Neto, que ficou com 91.034. A eleição em Vitória teve 13,29% de abstenção. Os votos brancos somaram 2,42% e os nulos, 5,20%.

Atual prefeito da cidade e candidato à reeleição, Luciano Rezende votou no colégio São Domingos, no bairro Bento Ferreira, pontualmente às 9h30. Como no primeiro turno, estava acompanhado da esposa e dos filhos, cumprimentou eleitores, bebeu água em um bebedouro em frente à sala onde fica a sua sessão eleitoral, e entrou para votar com os filhos Davi e Arthur.

Rezende disse que estava confiante no resultado das eleições, e apontou que durante o seu mandato como prefeito da capital do Espírito Santo, fez muito pela cidade com poucos recursos
.
"Trabalhamos durante a campanha inteira mostrando o muito que fizemos com poucos recursos. Todos sabem que Vitória tem um prefeito trabalhador, experiente e absolutamente confiável. Durante essa campanha para o segundo turno, prestamos conta daquilo que apresentamos para a cidade nesses últimos quatro anos. Estou muito animado e muito feliz", disse o candidato à reeleição.

São Gonçalo elege José Luiz Nanci, do PPS

• Em seu segundo mandato como deputado, candidato venceu por diferença de 30 mil votos

Wilson Mendes* - O Globo

O médico e deputado estadual José Luiz Nanci (PPS) é o prefeito eleito de São Gonçalo. Depois de uma campanha marcada por conflitos entre os candidatos, o político recebeu 53,63% dos votos válidos (221.754). O somatório dos votos em branco, nulos e das abstenções ultrapassou a votação de Nanci: foram 272 mil. Dejorge Patrício (PRB) ficou com 46,37% (191.699).

Após declarada a vitória, Nanci — que já cumpriu cinco mandatos como vereador e está em seu segundo como deputado estadual — desfilou pelo Centro com o vice, Ricardo Pericar. Ele garantiu que está preparado para assumir o comando de uma das maiores cidades fluminenses e o segundo maior colégio do Estado do Rio:

— Estou muito feliz. Foi uma campanha difícil, mas o povo honrou seu voto, confiou no meu trabalho. Os gonçalenses escolheram a experiência para traçar um novo caminho para São Gonçalo. Tenham certeza de que vou trabalhar muito por vocês. Obrigado por me deixarem trabalhar por São Gonçalo.

Apesar de derrotado com uma diferença de cerca de 30 mil votos, Dejorge interpretou sua votação como um desejo de mudança:

— Tenham a certeza de que continuarei trabalhando para São Gonçalo. Apesar de não termos alcançado a vitória, vejo nossa campanha como grande conquista, com quase 200 mil pessoas com o mesmo objetivo: a renovação.

Niterói mantém Rodrigo Neves no cargo com 58,19% dos votos

• No 2º turno, cidade foi a única do Grande Rio que optou pela continuidade de governo; prefeito disse que seu primeiro ato será oferecer ajuda à Polícia Militar

Renato Grandelle - O Globo

Após uma campanha marcada pela troca de ofensas entre os candidatos, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PV), reelegeu-se ontem, numa vitória folgada sobre Felipe Peixoto (PSB). No início da apuração, a diferença entre eles chegou a ser de apenas seis votos, mas, quando foi encerrada a contagem, Rodrigo superou o adversário em mais de 38 mil votos: teve 58,59% dos válidos. Felipe ficou com 41,41%. Com isso, Rodrigo foi o único prefeito do Grande Rio reeleito neste segundo turno.

Rodrigo atribuiu a vitória à política de responsabilidade fiscal promovida desde o início de seu mandato, em 2013. De acordo com ele, o saneamento das contas públicas permitiu conciliar o pagamento de servidores com o investimento em obras. Entre as principais vitrines de sua gestão está a construção do túnel Charitas-Cafubá, cuja inauguração está prevista para 15 de dezembro.

— É uma obra esperada há 40 anos, já tinha virado lenda urbana — ressaltou Rodrigo. — Conseguimos nos destacar num contexto econômico adverso. Todos os outros prefeitos da Região Metropolitana que disputaram o segundo turno foram derrotados. Agora, faremos outros reajustes financeiros para cumprir metas, como criar escolas de horário integral, principalmente nos bairros com menor índice de desenvolvimento, e pavimentar todas as ruas da Região Oceânica até 2018.

O primeiro ato do governo, no entanto, está voltado para a área de Segurança Pública. Numa reunião com o comando-geral da Polícia Militar, Rodrigo oferecerá recursos materiais e financeiros para que o 12º BPM dedique suas atividades exclusivamente a Niterói — hoje, o batalhão também é responsável pelo patrulhamento de Maricá.

— A Segurança é o principal problema da Região Metropolitana — avaliou. — O estado tem cometiApós do equívocos nesse setor. Vou oferecer R$ 4 milhões, 5 (milhões), 6 (milhões), o que for necessário.

O vice-prefeito Axel Grael (PV) assumirá a secretaria-geral do novo governo, que terá como objetivo coordenar o trabalho das principais pastas. Na próxima gestão, o cargo dele será ocupado por Comte Bittencourt (PPS). A três semanas do primeiro turno, Comte assumiu o posto de candidato a vice na chapa, porque Axel foi considerado inelegível devido a um processo por improbidade administrativa, por conta de despesas supostamente irregulares da época em que atuou como presidente da Fundação Instituto Estadual de Florestas.

Festa tucana PSDB vai governar 34 milhões em 803 cidades

• Partido vence em sete capitais, enquanto petistas perdem todas as disputas no segundo turno

Bernardo Mello e Gabriel Cariello - O Globo

A conclusão da disputa eleitoral nas grandes cidades brasileiras confirmou o roteiro que havia começado a se desenhar no primeiro turno das eleições municipais, no início do mês. Dos 57 municípios que tiveram segundo turno, ontem, o PSDB saiu vitorioso em 14 — o que garante aos tucanos uma influência recorde na história recente do país. O partido terá um eleitorado governado de 34 milhões de eleitores, um em cada quatro no país — maior índice na série histórica analisada pelo GLOBO, desde 2004. O recorde anterior pertencia ao PMDB, que somava 28 milhões de eleitores com suas vitórias no pleito de 2008. Para analistas políticos, o resultado fortalece a posição do PSDB para as eleições estaduais e presidenciais, em 2018.

Já o PMDB do presidente Michel Temer manteve, ontem, uma de suas principais características, segundo os analistas: a capilaridade. O partido conquistou nove prefeituras no segundo turno e vai administrar 1.038 municípios, número maior do que qualquer outra sigla. O PSDB vai administrar 803. Em terceiro, o PSD estará à frente de 540.

No entanto, a influência do PMDB sobre o eleitorado continua em queda. Depois do recorde em 2008, os peemedebistas governarão, agora, cidades cujos colégios eleitorais somam 20,9 milhões de votantes. O número corresponde a pouco mais da metade dos tucanos, seu principal aliado no governo federal.

Tucanos e peemedebistas ampliaram, ainda, suas prefeituras nas cidades com mais de 200 mil eleitores. O PSDB saltou de 15 para 28 municípios; o PMDB, de nove para 14.

— Enquanto o PMDB fica mais ou menos estável, e agora concentrado principalmente em pequenos e médios municípios, o PSDB cresce amparado pelo seu desempenho nas grandes cidades, onde foi muito vitorioso — aponta o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio. — No caso do PMDB, ter um grande número de prefeituras é importante para as eleições legislativas em 2018, que exigem muitas bases eleitorais. Já a conquista das grandes cidades, para o PSDB, faz a diferença para lançar candidatos aos governos estaduais e à Presidência. Qualitativamente, foi um resultado melhor para os tucanos do que para os peemedebistas.

Vaivém o ganha e perde rumo a 2018

• Resultado do segundo turno pelo país consolida vitória de Alckmin e perda de poder de Aécio

Júnia Gama - O Globo

-BRASÍLIA- Apesar de faltar ainda dois anos para as eleições presidenciais, o resultado deste pleito municipal estabelece a posição de largada dos principais personagens e partidos que sonham com 2018. E, nessa disputa, poucos foram os que se fortaleceram. O PSDB saiu como grande vencedor, com o comando de sete capitais, e outros 21 prefeitos eleitos em municípios com mais de 200 mil habitantes. Mas, internamente, o presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), sai alvejado com a derrota em Belo Horizonte, seu colégio eleitoral. E passa a dividir a liderança tucana com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que elegeu o “outsider” João Doria no primeiro turno e conseguiu colocar aliados em várias cidades importantes do estado mais populoso do país.

PSDB vai governar 24% da população brasileira, índice recorde desde 2000

André Monteiro, Felipe Bächtold – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A eleição de 2016 transformou o PSDB no partido com a maior população governada no país neste século.

Com vitória em 28 das 92 cidades do país com mais de 200 mil eleitores, prefeitos tucanos vão administrar municípios que somam 23,7% da população brasileira —o cálculo não inclui o Distrito Federal, onde não há eleição para prefeito.

É o maior índice para um partido em eleições municipais desde 2000.

Além de São Paulo, onde elegeu João Doria no primeiro turno, os tucanos venceram também em outras 2 das 10 cidades mais populosas do país: Manaus e Porto Alegre.

O PSDB terá no total 803 prefeitos. Em números absolutos de prefeituras, no entanto, permanece atrás do PMDB, que venceu em mais de mil municípios.

Com maior população governada, o partido obtém uma área de influência maior, o que pode facilitar o caminho para a campanha à Presidência de 2018. Os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin ambicionam a indicação do partido.

O PSDB vai ainda administrar as maiores receitas do país: serão R$ 158,5 bilhões anuais, somando as prefeituras conquistadas.

Na eleição municipal de 2012, impulsionado pela vitória conquistada por Fernando Haddad em São Paulo, o PT havia sido o partido com a maior população governada, com 19,9%.

Globo reluta diante da vitória de Crivella e só divulga depois da Record

Nelson de Sá – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A cobertura da Rede Globo não se mostrou preparada para a vitória de Marcelo Crivella (PRB). Ao anunciar a pesquisa de boca de urna do Ibope, apontando o sobrinho de Edir Macedo, dono da Rede Record, como novo prefeito do Rio, não sabia o que comentar.

O âncora William Bonner até postergou, ao apresentar o comentarista Heraldo Pereira: "Começando por Goiânia, né, Heraldo?". Só depois Bonner permitiu: "Vamos para o Rio de Janeiro". E Pereira, comentando sem comentar:

"Os números do Rio refletem a evolução das pesquisas. As pesquisas que nós vimos aí nas últimas semanas, o candidato Crivella à frente de Freixo. Esta era uma tendência que as pesquisas já mostravam."

Para ser mais preciso, ao noticiar a pesquisa do dia anterior, o "Jornal Nacional" havia destacado que "a vantagem [de Crivella] vem recuando, a diferença caiu seis pontos". Já em Goiânia "o Ibope aponta a vitória de Íris Rezende", que tinha os mesmos 57% de Crivella.

Crivella vence em eleição com recorde de abstenção

- O Globo

*Senador derrotou Freixo por 59,36% a 40,64% dos votos *Vitorioso diz que não cairá na ‘praga maldita da vingança’ *Conheça os principais desafios que o novo prefeito enfrentará

Líder da Igreja Universal, o senador Marcelo Crivella (PRB) foi eleito prefeito do Rio em eleição marcada pelo alto índice de abstenção, votos em branco e nulos. Tanto Crivella quanto Marcelo Freixo, candidato derrotado do PSOL, tiveram menos votos do que o total de eleitores que não optaram por nenhum dos dois (mais de 2 milhões). Com vitória expressiva na Zona Oeste, o senador obteve 1,7 milhão de votos, ou 59,36% dos válidos. Já Freixo, que venceu apenas na Zona Sul e em parte da Zona Norte, teve 40,64%. No discurso da vitória, ao lado de Clarissa Garotinho, Carlos Osorio, Indio da Costa e Flávio Bolsonaro, o bispo agradeceu a eleitores de todas as religiões e disse que não cairá na “praga maldita da vingança”. “O processo eleitoral termina aqui”, afirmou. Freixo, que se negou a cumprimentar o adversário, disse que a eleição é “só o começo de uma luta muito grande”.

Nova ordem

• Com recorde de abstenção, Rio elege Crivella, bispo licenciado da Universal

Um Rio de desafios espera por Marcelo Crivella (PRB), eleito para suceder a Eduardo Paes no comando da cidade. Depois de um segundo turno intenso, um dos mais agressivos de sua História, os cariocas escolheram ontem o primeiro representante da Igreja Universal a comandar um cargo executivo de grande estatura no país. Foi a opção por um caminho novo, após oito anos de comando do PMDB.

Marcelo Crivella venceu em 71 das 98 zonas eleitorais

• Candidato eleito à prefeitura do Rio foi soberano na Zona Oeste da cidade e ainda conquistou votos em reduto de Marcelo Freixo

O DIA

Rio - O mapa da apuração por seções eleitorais no Município do Rio comprova o amplo domínio de Crivella neste segundo turno. O candidato do PRB venceu em 71 das 98 zonas da capital. Foi dele, ainda, a vitória por maior percentual: 77,82% na 241ª, que engloba os bairros de Cosmos, Paciência e Santa Cruz. Em 41 seções, Crivella conseguiu pelo menos 60% dos votos. E somente ele venceu em todas as regiões da cidade.

Freixo, por sua vez, levou 26 seções — a maioria na Zona Sul e na Grande Tijuca, nenhuma na Zona Oeste. Seu melhor desempenho foi na 16ª ZE, de Cosme Velho e Laranjeiras, onde ficou com 67,09%. Em somente oito zonas a diferença foi superior a 20 pontos percentuais — o que prova que Crivella, mesmo no reduto eleitoral do psolista, teve desempenho razoável.

Isso fica ainda mais latente ao observar que, em plena Zona Sul, Crivella venceu em duas seções: a 165ª, em Ipanema, e a 211ª, da Gávea, Rocinha, Vidigal e São Conrado. A do Catumbi, Estácio e Rio Comprido (252ª ZE) também foi uma exceção.

Redesenho Fora da capital, PMDB mantém poder no interior

• Partido terá o maior número de prefeituras do estado; no Grande Rio, fragmentação

Leonardo Cazes - O Globo

Enfraquecido, mas nem tanto. O PMDB do Rio perdeu o controle da capital fluminense, mas continua à frente do maior número de prefeituras do estado. No segundo turno, o partido ganhou em Duque de Caxias, com Washington Reis; em Petrópolis, com Bernardo Rossi; e em Belford Roxo, com Waguinho. Assim, a partir de 2017 o PMDB comandará 21 municípios do estado. No primeiro turno, a legenda já tinha vencido em outras cidades importantes, como Macaé e Teresópolis.

Ontem, a única — mas significativa — derrota do PMDB fluminense foi a de Nelson Bornier, que perdeu a reeleição para Rogério Lisboa (PR) em Nova Iguaçu — quarto maior colégio eleitoral do estado — por 36,67% contra 63,33%. Bornier foi prefeito de Nova Iguaçu entre 1997 e 2002 e se elegeu novamente em 2012. Neste mesmo ano, Lisboa se candidatou pela primeira vez e obteve apenas 9% dos votos no primeiro turno.

O candidato do PR chegou a ter a candidatura suspensa pela Justiça Eleitoral no primeiro turno e seus votos não foram validados. Contudo, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) reverteu a decisão e Lisboa pôde enfrentar Bornier.

PSDB cresce em meio à pulverização partidária

Por Ricardo Mendonça e Sergio Lamucc – Valor Econômico

SÃO PAULO - Sob o impacto da crise econômica, dos mais de dois anos da Operação Lava-Jato e de regras eleitorais inéditas, como o encurtamento das campanhas e o fim do financiamento de pessoa jurídica para candidatos e partidos, a primeira eleição pós-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff terminou com quatro marcas fortes: um considerável crescimento do PSDB, um visível enfraquecimento do PMDB, a ruína do PT e uma notável dilatação da participação de partidos médios, pequenos e nanicos nas administrações municipais.

Além de eleger o estreante João Doria em São Paulo, a maior e mais rica cidade do país, o PSDB conquistou outras 805 prefeituras do país, um crescimento de 16% na comparação com 2012. Com isso, prefeitos tucanos irão administrar receitas orçamentárias municipais que somam R$ 160,5 bilhões em cidades que concentram 34,6 milhões de eleitores (24,1% do total). Em receitas e eleitorado sob sua influência, o PSDB cresceu 140% e 91% em relação a 2012, respectivamente.

Nunca tantos deixaram de fazer suas escolhas partidárias – Aécio Neves

- Folha de S. Paulo

Entre vencedores e vencidos, as eleições que se encerraram ontem apontam para um resultado consensual: há uma evidente crise da representatividade política no elevado número de votos nulos e brancos, considerando as duas etapas do pleito. Nunca tantos deixaram de fazer suas escolhas partidárias para expressar o inconformismo com a política tradicional. Este voto de negação precisa ser entendido para que possamos acelerar o esforço para reconquistar a confiança dos cidadãos.

O desgaste da democracia representativa não é um fenômeno brasileiro. Muitos países enfrentam essa crise, o que faz emergir, na cena pública global, personagens e grupos que se projetam por ostentar o discurso da antipolítica. Isso é particularmente grave no Brasil, onde a nossa jovem democracia vive suas primeiras décadas de amadurecimento.

O que de fato importa - Ricardo Noblat

- O Globo

“Não podemos jamais cair na praga maldita da vingança. O processo eleitoral termina aqui” MARCELO CRIVELLA, prefeito eleito do Rio

Nada vai superar o que a Lava-Jato nos reserva. De volta à Lava-Jato, que há dois anos e meio não sai de cena, mas que nos últimos quatro meses dividiu o protagonismo com a Olimpíada, a Paraolimpíada e, por último, as eleições municipais, encerradas ontem com a mais avassaladora derrota já colhida pelo PT em todos os seus anos de vida, a vitória do PSDB nas maiores cidades do país e o fortalecimento, por ora, do governo de Michel Temer.

TUDO O MAIS de previsível que possa acontecer pelo menos nos próximos seis meses dificilmente será capaz de superar o que a Lava-Jato nos reserva em termos de fortes emoções. O destino de Lula, por exemplo, será definido até o fim do ano ou início de 2017. O juiz Sérgio Moro, na segunda quinzena de novembro, tomará o depoimento de quem delatou Lula por corrupção.

PT saudações - Vera Magalhães


- O Estado de S. Paulo

• Derrota do partido é tão avassaladora que não permite nenhuma leitura atenuante

Se alguém ainda acreditava na possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva ser candidato novamente à Presidência da República em 2018, mesmo depois da Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff, o eleitor brasileiro tratou de dizer de forma clara e cristalina: não vai acontecer.

A derrota do PT é tão avassaladora que não permite nenhuma leitura atenuante. Não se salvou nada nem ninguém no partido. Mesmo o rosário da renovação da sigla, que começou a ser desfiado por Tarso Genro e outros, não sobrevive a uma constatação dura: não há candidatos aptos à tarefa.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, citado como opção na terra de cegos que virou o partido, não quer assumir a missão nem seria um nome com trânsito suficiente para desbancar os caciques de sempre e enterrar de vez o lulismo – do qual, diga-se, foi um dos últimos produtos exitosos.

Mau exemplo dos derrotados nas eleições – Valdo Cruz

- Folha de S. Paulo

Talvez nada simbolize melhor a situação dos derrotados nesta eleição municipal de 2016 do que a decisão dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff de não votarem no segundo turno. O primeiro, pela idade, não precisava ir. A segunda justificou a ausência.

Numa eleição de elevada abstenção, uma forma de protesto e desencanto do eleitor com a política, os dois petistas deram um mau exemplo. Deles esperava-se o contrário, o de mostrar a importância de uma eleição. Decidiram desprestigiá-la.

Os dois têm lá seus motivos para não terem comparecido às suas seções eleitorais em São Bernardo do Campo e Porto Alegre. Seus candidatos ficaram de fora do segundo turno. Mas isso não seria, com certeza, o que eles defenderiam se ainda estivessem no comando do país.

PSDB e PMDB levam a melhor - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• Um aspecto importante foram as dificuldades dos prefeitos candidatos à reeleição, como Luciano Rezende(PPS), em razão da crise econômica

O segundo turno das eleições municipais confirmou uma tendência de fortalecimento da base do governo nas eleições. Isoladamente, o PSDB foi o grande vitorioso do segundo turno, com a reeleição dos prefeitos Arthur Virgílio Neto, em Manaus (AM); Zenaldo Coutinho, em Belém (PA); Rui Palmeira, em Maceió (AL); e a eleição dos tucanos Marchezan Júnior, em Porto Alegre (RS), e Dr. Hildon, em Porto Velho (RO). Ainda nas capitais, o PMDB venceu em Goiânia (GO), com Iris Rezende; Florianópolis(SC), com Gean Loureiro; e Cuiabá (MT), com Emanoel Pinheiro.

Os dois partidos se enfrentaram em Porto Alegre, Cuiabá e Maceió, mas foi chumbo trocado. Nas demais capitais, houve pulverização partidária: Rafael Grega (PMN) venceu em Curitiba (PR); Alexandre Kalil (PHS) em Belo Horizonte (MG); Luciano Rezende (PPS) em Vitória; Marquinhos Trad (PSD) em Campo Grande; Edvaldo Nogueira (PCdoB) em Aracaju (SE); Geraldo Julio (PSB) em Recife (PE); Roberto Cláudio (PDT) em Fortaleza (CE); Edvaldo Holanda Júnior (PDT) em São Luiz (MA); e Clécio Veras (Rede) em Macapá (AP).

O impasse do financiamento da democracia - Marcus Pestana

- O Tempo (MG)

O esgotamento do sistema político é consenso na sociedade brasileira. As últimas eleições, acrescidos os fatos revelados pela Lava Jato, demonstraram que o atual modelo partidário e eleitoral se exauriu. Não só em relação à fragilidade do vínculo entre o eleitor e a representação política, à excessiva fragmentação e ao enfraquecimento do sistema partidário, mas também no aspecto do financiamento das atividades políticas e eleitorais.

A democracia tem custos. O dilema a decifrar é o da inviabilidade, no curto e médio prazo, das doações eleitorais por pessoas jurídicas. Além de declaradas inconstitucionais pelo STF, elas ficaram fortemente marcadas como tradução de relações pouco republicanas entre as esferas pública e privada. Até mesmo as despesas contabilizadas na forma da lei, o “caixa 1”, foram desmoralizadas. Por outro lado, não há, na cultura brasileira, tradição de participação das pessoas físicas nas doações eleitorais.

A nova geração da política - Marcos Nobre

- Valor Econômico

• O futuro do país está também nas escolas ocupadas

Terminada uma eleição, a primeira pergunta que se faz é pelas chances que teriam figuras já conhecidas para as eleições seguintes. As chances de Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Lula, Marina Silva, Ciro Gomes, Fernando Haddad e por aí vai. O problema desse tipo de foco é o imediatismo, limitado à próxima eleição. É um raciocínio que pensa que política é apenas eleição.

Tentar entender política envolve saber distinguir movimentos políticos de lógica partidária e de estratégia eleitoral. Quadros políticos são construídos ao longo de décadas. Não surgem nem desaparecem apenas em momentos de eleição. Nem são formados apenas dentro de partidos. Suas trajetórias de vida determinam o que são e onde estão para além da política oficial. Temos de nos perguntar como se politizaram e como tomaram a decisão por um caminho e não por outro.

É importante não reduzir a pergunta pela nova geração da política à pergunta pela geração nova da política. Para conseguir pensar o que será a política nos próximos 20 anos. E o que se quer que se ela seja. Para tentar sair da armadilha imediatista e pensar adiante, vale lembrar, por exemplo, onde estavam figuras da nova geração 20 anos atrás.

Incra, nova fase - *Denis Lerrer Rosenfield

- O Estado de S. Paulo

• A realidade mudou completamente, abre-se o caminho para a pacificação nacional

O noticiário político está tão voltado para questões urgentes – como a aprovação da PEC 241, do teto do gastos públicos, e a reforma da Previdência – que iniciativas importantes terminam por ser relegadas a segundo plano. Nesse caso se encontram mudanças importantes no Plano Nacional de Reforma Agrária que estão sendo implementadas, mostrando outra face do governo Temer. A reforma fiscal tem, aqui, uma contraparte essencialmente social.

O presidente tem dado orientações explícitas a esse aspecto social de sua atuação, enfatizando todo um novo processo de aprimoramento dos instrumentos de obtenção de terras, de titulação dos assentamentos, de novo processo de seleção dos beneficiários e de regularização de terras cultivadas, sem a anuência do Incra. No dizer do presidente desse órgão estatal, Leonardo Góes, “o governo federal busca dar maior segurança jurídica àqueles que têm terra e produzem, além de promover o acesso à terra a quem quer produzir alimentos”.

Retomada trabalhosa – Editorial / Folha de S. Paulo

A despeito da alta dos indicadores de confiança em vários setores, ainda não se vislumbra recuperação da atividade econômica. Os dados relativos a produção e vendas indicam nova queda do PIB no terceiro trimestre, e as notícias sobre o mercado de trabalho continuam particularmente ruins.

No trimestre encerrado em setembro, a taxa de desemprego atingiu 11,9% (descontados efeitos sazonais). São 12 milhões de pessoas que procuram trabalho e não encontram—alta de 963 mil em relação ao trimestre anterior e de nada menos que 3 milhões em um ano.

O crescimento só não foi maior porque muitas pessoas param de procurar emprego e, com isso, deixam de fazer parte da população economicamente ativa (PEA).

O direito de greve – Editorial /O Estado de S. Paulo

O direito de greve definido pela Constituição de 1988 foi regulamentado no ano seguinte pela Lei 7.783, no que diz respeito ao setor privado, mas desde então o Poder Legislativo tem fugido à responsabilidade de regulamentar a greve também no setor público. Consequentemente, tem cabido ao Poder Judiciário, ao longo de quase três décadas, decidir sobre questões relativas ao direito de greve de funcionários do governo. Foi o que fez mais uma vez o Supremo Tribunal Federal (STF) ao estabelecer, em sessão plenária realizada na quinta-feira passada, por 6 a 4, que servidores públicos em greve deverão ter os dias parados descontados de seus salários. Fica aberta, porém, a possibilidade de pagamento dos dias não trabalhados, desde que haja acordo entre as partes ou que o motivo da greve tenha sido o não pagamento de salário.

Os congressistas, geralmente movidos por uma noção precária das responsabilidades implícitas em seus mandatos de representação popular, têm verdadeira aversão a se expor no debate público de questões controvertidas que possam contrariar seu eleitorado. Não é por outra razão que existe um sólido consenso sobre as “enormes dificuldades” que o governo terá que enfrentar para aprovar no Parlamento propostas essenciais, mas impopulares, como a reforma da Previdência. Os ditos representantes do povo preferem se omitir e, com a cabeça enterrada na areia e o resto da anatomia na clássica posição das emas, ainda se julgam no direito de reclamar de que o STF “usurpa” atribuições do Congresso Nacional.

Na máquina do tempo – Editorial / O Globo

• Sequer a Petrobras tinha como atender ao modelo monopolista criado para ela

Comparem-se frases, slogans, chavões, construções de raciocínio petistas contra as imprescindíveis mudanças na regulação da exploração do pré-sal, enfim executadas pelo Congresso, com frases, slogans, chavões e construções de raciocínio da época da campanha do “petróleo é nosso”, nas décadas de 40 e 50 do século passado, cujo desfecho foi a criação da Petrobras, em 1953, e a conclusão é que nada mudou na ideologia nacionalista brasileira, de esquerda ou direita, em todo este tempo.

Cabe dizer, então, que o nacionalista nativo nada aprendeu e também nada esqueceu. Se já era delirante a ideia da proteção de “nossas riquezas”, hoje ela soa descabida, além de retrô. Não bastasse a constatação de que os contratos de risco estabelecidos a contragosto pelo nacionalista presidente-general Ernesto Geisel, em 1975, e o fim do monopólio da estatal em 1997, por meio de FH, foram essenciais para a própria descoberta do petróleo do pré-sal, sempre se soube que a empresa não tinha a mínima condição financeira para explorar de forma monopolista esta nova fronteira geológica de produção.

Mapa de anatomia: o olho – Cecília Meireles

O Olho é uma espécio de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globobrilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.

Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são invetadas.

O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.

Santa Morena - Trio Madeira Brasil

domingo, 30 de outubro de 2016

Opinião do dia – Alberto Aggio

Mas, ao contrário de Laclau, pelo menos até agora, o que se pode anotar é que o populismo dos dias que correm é visivelmente uma força regressiva no político. Hoje, no interior da moldura do bolivarianismo, nele predominam o autoritarismo, a intolerância e o antipluralismo. Onde é possível, afronta os direitos humanos, suprime as liberdades, reprime opositores, persegue juízes e jornalistas. Onde a ordem constitucional democrática é mais legitimada, a resistência é maior.

-------------------------
Alberto Aggio é historiador e professor titular da UNESP. ‘As múltiplas vigências do populismo’, Revista Será?, 28/10/2016

Crivella tem 58% no Rio; em BH eleição está indefinida

Crivella lidera com 58% no Rio, mas vantagem sobre Freixo diminui

Italo Nogueira – Folha de S. Paulo

RIO - O senador Marcelo Crivella (PRB) continua na liderança de intenções de voto para a Prefeitura do Rio, mas com vantagem menor, de acordo com pesquisa divulgada nesta sábado (29) pelo Datafolha.

A um dia da votação no segundo turno, ele tem 58% das intenções de votos válidos contra 42% do deputado Marcelo Freixo (PSOL).

A diferença entre os dois caiu 10 pontos percentuais em relação à última pesquisa, divulgada na terça-feira (25), quando o senador estava 26 pontos percentuais a frente do rival.

A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. O Datafolha ouviu 2.384 eleitores na sexta-feira (28) e neste sábado (29). A pesquisa foi encomendada pela Folha em parceria com a TV Globo.

Quando considerados os votos totais, os dados mostram que 19% dos entrevistados declaram votar nulo e branco, enquanto outros 8% afirmam estar indecisos -mesmos percentuais do levantamento anterior. Neste cenário, Crivella tem 43% e Freixo 30%.

Rio decide hoje como serão seus próximos quatro anos

• Freixo reduz diferença de oito a dez pontos, mas Crivella segue em vantagem

Candidato do PSOL tirou votos do adversário entre as mulheres, enquanto o senador do PRB se recuperou entre os jovens, evitando uma queda maior; de acordo com as pesquisas, a distância de Crivella para Freixo varia de 14 a 16 pontos

Após uma campanha marcada no segundo turno pela agressividade, o Rio escolhe hoje o seu futuro entre os candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL). Crivella lidera a disputa, mas, num período curto, a vantagem sobre o adversário diminuiu dez pontos, segundo o Datafolha, e oito, pelo Ibope, tornando o resultado de difícil previsão. De acordo com ambos os levantamentos, Freixo roubou votos do senador entre as mulheres. Crivella, por sua vez, recuperou apoio entre os jovens, evitando uma redução maior da vantagem. O sucessor de Eduardo Paes (PMDB) enfrentará um cenário mais desfavorável, com queda na arrecadação e nos recursos disponíveis para investimentos. Resultado no Rio alça PRB ou PSOL a novo patamar. Segundo turno ocorre em outras 17 capitais

Na última parada da eleição municipal no Rio, a única certeza é que o resultado de hoje apresentará à cidade uma nova linha de comando para os próximos quatro anos. E serão longos anos para o novo prefeito. O vencedor da disputa terá de administrar uma cidade que, apesar de inegáveis avanços recentes, ainda possui grandes problemas e terá menos recursos do que a atual gestão.

Para os dois Marcelos, Crivella (PRB) e Freixo (PSOL), participar do segundo turno já era uma novidade. E se a vitória parecia se encaminhar para Crivella, que sustentou ampla vantagem nas últimas semanas, as pesquisas divulgadas ontem fizeram ressurgir o grau de incerteza de um pleito que já começou diferente, com o veto ao financiamento de empresas e o uso maciço das redes sociais.

Base de Temer pode dominar até 90% do eleitorado do País

• Partidos que integram o primeiro escalão do governo federal já conquistaram 4.400 prefeituras; PSDB será, potencialmente, o grande vitorioso nas disputas municipais

- O Estado de S. Paulo

O resultado do segundo turno das eleições deste ano vai confirmar a consolidação de uma ampla base municipal formada pelos principais partidos alinhados ao governo Michel Temer e, ao mesmo tempo, a ampliação do espaço ocupado pelas chamadas legendas nanicas. Levando-se em conta apenas o PMDB e os partidos que têm assento na Esplanada dos Ministérios, a base de Temer elegeu 4.400 prefeitos no primeiro turno e pode comandar de 72% a até mais de 90% do eleitorado do País após a votação de neste domingo, 30.

Os dados do primeiro turno e as pesquisas indicam que o PSDB será, potencialmente, o grande vitorioso nas disputas municipais e o PT, o maior perdedor. A sigla tucana tem chance de governar mais de 20% dos eleitores no Brasil – a maior proporção entre as 31 legendas que conseguiram eleger algum prefeito em 2016.

Eleição vai consolidar triunfo do PSDB

• Em 2017, 1 em cada 5 cidades poderá ser governada por prefeito tucano; sigla deve comandar quase duas vezes mais eleitores do que o PMDB

Daniel Bramatti | Rodrigo Burgarelli - O Estado de S. Paulo

O maior vencedor das eleições municipais deste ano já é o PSDB. A partir de janeiro do próximo ano, um em cada cinco brasileiros deverá viver em uma cidade administrada pelo partido – a maior proporção entre as 31 siglas que conseguiram eleger algum prefeito em 2016. Mas a vitória tucana pode ser ainda mais impressionante caso as urnas confirmem o resultado das últimas pesquisas do Ibope do segundo turno.

Se o PSDB vencer nas sete grandes cidades em que é favorito ou está empatado dentro da margem de erro, a legenda concentrará a maior fatia do eleitorado já governada por prefeitos de um mesmo partido desde 2004, o primeiro ano para o qual o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulga dados de resultados eleitorais digitalizados. Será o melhor desempenho da própria sigla desde aquele ano, que foi a última vez em que o PSDB conquistou a maior fatia do eleitorado em comparação com os demais partidos.

PSDB e PMDB lideram disputas nas capitais

O PSDB, que disputa em oito capitais e lidera as pesquisas de intenção devoto em quatro, pode se tornar o grande vencedor deste segundo turno. Em seguida, surge o PMDB, com três dos seus seis candidatos também na frente. Já o PT concorre em apenas uma capital, onde está em segundo lugar. Ao todo, o país terá eleições hoje em 57 cidades.

Voo tucano PSDB lidera pesquisas em 4 capitais

• PMDB está na frente em três; PT só concorre em uma, mas seu candidato está atrás de prefeito do PSB

Isabel Braga e Eduardo Bresciani - O Globo

-BRASÍLIA- O PSDB poderá sair como grande vitorioso das eleições municipais deste ano nas capitais. O partido lançou candidatos em 13, elegeu dois no primeiro turno — um deles, João Doria, governará a cidade mais populosa do país — e neste segundo turno lidera, segundo as pesquisas, em quatro das oito capitais em disputa. Em 2012, os tucanos elegeram quatro prefeitos de capital. O PMDB apresentou candidatos em 18 capitais, elegeu um no primeiro turno e está na frente em três das seis onde concorre.

O cenário é de incerteza em pelo menos sete das 18 capitais onde haverá eleição hoje. Segundo as últimas pesquisas divulgadas pelo Ibope, os candidatos estão tecnicamente empatados em Belo Horizonte, Curitiba, São Luís, Vitória, Belém, Fortaleza e Aracaju.

Baque PT disputa apenas 7 cidades grandes

• Em 5, petistas largaram atrás no 2º turno; após derrota em São Bernardo, Lula anuncia que não vai votar hoje

Sérgio Roxo - O Globo

SÃO PAULO - Com candidatos em sete cidades grandes do país, o PT tentará atenuar hoje o desempenho negativo do partido nas eleições municipais deste ano. Mas os resultados do primeiro turno e as pesquisas de intenção de voto indicam um cenário pouco favorável para a legenda. Em cinco dos municípios, os candidatos da sigla ficaram em segundo lugar na disputa de 2 de outubro e largaram atrás no segundo turno.

Apenas em Anápolis (GO) e Santa Maria (RS), os representantes petistas venceram no turno inicial, mesmo assim por uma margem pequena. É justamente nessas duas cidades que a sigla tem as suas maiores esperanças de vitória.

Mas, independentemente do resultado de hoje, o partido amargará uma perda substancial de força nas grandes cidades do país — aquelas que possuem mais de 200 mil eleitores. No primeiro turno, o partido venceu em apenas um desses municípios: Rio Branco, capital do Acre. Num cenário improvável de vitórias hoje em todas as disputas, a legenda chegaria a oito prefeituras. Em 2012, o partido havia conquistado o poder em 15 desses municípios. A cúpula petista já imaginava que teria uma dificuldade adicional nas cidades grandes por causa da conjuntura nacional. Mesmo assim, um novo fracasso hoje deve acirrar ainda mais a crise interna. As correntes de esquerda cobram mudança imediata da direção.

PT deve perder no Recife e ficar sem nenhuma grande cidade do NE

Daniel Carvalho – Folha de S. Paulo

RECIFE - Partido que já foi o mais forte do Nordeste, o PT tem neste domingo (30) sua última chance de fazer um prefeito em uma das 17 cidades com mais de 200 mil eleitores da região nestas eleições.

Os petistas disputam o segundo turno no Recife e em Vitória da Conquista (BA). Nas duas cidades, contudo, seus candidatos aparecem atrás dos adversários nas pesquisas de intenção de voto.

No primeiro turno, o PT elegeu 256 prefeitos no país, sendo 113 no Nordeste. A Bahia é o Estado da região com mais prefeitos petistas, com 39 –queda de 58% em relação a 2012. O único Estado onde houve crescimento foi o Piauí, com 38 prefeitos. Os dois Estados, além do Ceará, são governados por petistas.

Segundo turno deve consolidar triunfo do PSDB

João Pedro Pitombo – Folha de S. Paulo

SALVADOR - No ano em que o PT deixou o governo federal com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o PSDB deve sair das urnas neste domingo (30) como protagonista nas capitas brasileiras.

Os tucanos, que venceram em São Paulo e Teresina no primeiro turno, disputam o segundo turno em outras oito capitais. São favoritos em, pelo menos, quatro: Porto Alegre, Manaus, Maceió e Porto Velho.

Também têm chances em Belo Horizonte e Belém, segundo pesquisas Datafolha e Ibope que apontam, respectivamente, João Leite e Zenaldo Coutinho em empate técnico com os seus adversários.

Caso os candidatos que lideram as pesquisas confirmem o favoritismo, os tucanos repetirão o desempenho de 2004, melhor resultado de sua história, com a conquista de seis capitais.

As múltiplas vigências do populismo – Alberto Aggio

Revista Será?

Foi Isaiah Berlin que, em maio de 1967, numa conferência proferida em Londres, chamou atenção para o fato de que o “complexo de Cinderela” rondava o conceito de populismo. Mobilizando os componentes da fábula, Berlin afirmava que a essência do populismo, seu núcleo fundamental, não se encontrava na realidade, mas no comportamento intelectual de se buscar, por toda a parte, o chamado “populismo puro, verdadeiro, perfeito”, tal como o príncipe que, naquela estória, sapato em punho, vagueava errante em busca do pé da donzela que o encantara. Mesmo que sua ocorrência se tivesse dado em um único lugar, não importando sua vigência no tempo, o que se buscava pelo nome de populismo era, na verdade, a realização de um “ideal platônico”. Por ser assim, o populismo “realmente existente” seria sempre uma versão incompleta ou uma perversão. Apesar desse imenso déficit analítico, o populismo continuou a ser, nas ciências sociais ou na linguagem política, uma referência conceitual para caracterizar lideranças, movimentos ou regimes políticos, da mesma forma que, sem assumir-se como tal, correntes políticas diferenciadas continuariam a expressar a perspectiva de sua realização por meio de estratégias variadas de ação política.

Se entrega, Corisco - Fernando Gabeira

- O Globo

Renan Calheiros, no passado, perdia cabelos mas não perdia a cabeça. Agora, ele ganhou cabelos mas perde a cabeça, com frequência. Recentemente, disse que o Senado parecia um hospício e afirmou que ajudou a senadora Gleisi Hoffman no seu embate com a Lava-Jato. Hoje, sabemos que ordenou varreduras em vários pontos estratégicos ligados aos senadores investigados pela roubalheira na Petrobras.

E Renan perdeu a cabeça de novo, chamando um juiz federal de juizeco e o ministro da Justiça de chefete de polícia. Sua polícia legislativa funciona como uma espécie de jagunços de terno escuro e gravata, a serviço de alguns coronéis instalados no Senado. Quando combatemos Renan e o obrigamos a deixar o cargo de presidente, os jagunços já estavam lá. Como o Brasil vivia num estado meio letárgico, tivemos de enfrentar a braço os jagunços de Renan para garantir a transparência de uma reunião sobre seu destino.

Rebeldes tateando em busca de uma causa - *Bolívar Lamounier

- O Estado de S. Paulo

O sangue do adolescente esfaqueado em Curitiba na última segunda-feira já seria motivo mais que suficiente para tentarmos entender melhor o movimento de ocupação de escolas deflagrado por estudantes secundaristas, apoiados, em alguns casos, por docentes e universitários. Mas a amplitude do movimento suscita questões importantes sobre a presente situação brasileira.

O objetivo declarado, bem o sabemos, é protestar contra a reforma do ensino médio proposta pelo governo Temer. A reforma é uma tentativa de modernizar o currículo, tornando-o mais flexível. Pretende reduzir o número de matérias obrigatórias a fim de aumentar a concentração em Português, Inglês e Matemática. Isso é bom ou ruim? É óbvio que essa pergunta interessa a todos os cidadãos brasileiros, a todas as comunidades de que se compõe a nossa sociedade, não apenas às comunidades diretamente envolvidas no processo educacional.

Novo pacto partidário - Merval Pereira

- O Globo

As eleições municipais chegam hoje ao seu desfecho reafirmando um novo pacto político que dá, ao governo de Michel Temer, respaldo que se reflete no predomínio de sua aliança partidária nas prefeituras brasileiras e no número de vereadores eleitos. Essa nova configuração político-partidária já teve consequência na aprovação, com folga, na Câmara, do teto de gastos, que agora vai para o Senado com amplas condições de ser aprovado.

O PMDB manteve-se como o partido com maior número de prefeituras e vereadores do país, embora tenha crescido apenas residualmente, de 1015 prefeituras em 2012 para 1028 no primeiro turno. O PSDB também manteve o segundo lugar em número de prefeituras, crescendo 15% — de 686 eleitos em 2012 para 793 nesse primeiro turno —, foi o vencedor das eleições se levarmos em conta o número de capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores, que concentram quase 38% da população do país.

O silêncio das urnas - Dora Kramer

- O Estado de S. Paulo

• Reza o mito, mas não é verdade, que votos nulos e brancos anulem eleições

No primeiro turno das eleições municipais havia dois polos de atenção: o desempenho do PT e o resultado em São Paulo. Ambos surpreendentes. O primeiro pela escassez e o segundo pela abundância de votos obtidos pelo candidato que da maneira mais completa encarnou o repúdio ao petismo.

Hoje, dia de escolha em cidades com mais de 200 mil habitantes, entre as quais 18 capitais, a estrela da companhia é a eleição no Rio, onde concorrem dois candidatos cuja rejeição é assunto em qualquer roda que reúna mais de dois cariocas.

As pesquisas apontam um aumento substancial de intenções pelos votos em branco e nulos, confirmando o que se ouve em toda parte: estamos numa sinuca de bico. Sim, nós, porque estou entre aqueles cujo título de eleitor obriga o comparecimento à urna para escolher entre Marcelo Crivella e Marcelo Freixo, dois opostos extremos que subtraem de boa parte do eleitorado a motivação positiva ao voto.

O direito do eleitor - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• A ideia de que a democracia representativa já era e que a democracia direta é a única alternativa para resolver os problemas da sociedade é falsa

O melhor da democracia brasileira, que atravessa a sua maior crise desde a redemocratização, é o eleitor. O cidadão que exerce o seu legítimo direito de voto, mesmo que seja para votar nulo. E nosso sistema de votação direta, secreta e universal, à prova de fraudes, que permite a apuração de seu resultado no mesmo dia, seja no mais longínquo município da Amazônia, seja na maior capital do país. Tanto nas eleições municipais, como as que se realizam hoje, como na disputa pela Presidência da República. Somos a maior democracia de massas do mundo, primeiro lugar em eficiência no quesito apuração.

No primeiro turno das eleições, em alguns estados e municípios, a presença das Forças Armadas foi necessária para garantir o exercício do voto pelos eleitores, por causa da ação de traficantes e, em raríssimos municípios, a violência de disputas locais. A novidade do segundo turno, em alguns dos 57 municípios onde ele ocorrerá, sendo 18 capitais, é a ocupação de escolas por jovens estudantes, nas quais funcionariam seções eleitorais. Em consequência, muitas dessas seções foram transferidas de local e os eleitores estão desorientados, sem saber onde votar, o que pode afetar o resultado da eleição devido ao aumento do índice de abstenção. Em alguns estados, houve acordo com a Justiça Eleitoral e as seções foram mantidas, mas se os estudantes interferirem no pleito haverá desocupação forçada, ou seja, um risco de tumulto maior ainda.

Cadê os ‘outsiders’? - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

• PT perde, PSDB ganha, PMDB estabiliza e ‘outsiders’ continuam fora

Ao contrário do alardeado desde o primeiro turno, esta eleição que termina hoje não consagrou nem privilegiou os “outsiders” da política. Os novos prefeitos de Norte a Sul serão políticos de carreira e a rejeição do eleitorado à política e aos partidos não se dá pelo voto a arrivistas, mas pelo não voto: abstenção, nulos e brancos.

A exceção que confirma a regra no segundo turno é Alexandre Kalil, empreiteiro que se fez à sombra do Estado, apresenta-se como antipolítico, xinga a política e concorre pelo inexpressivo PHS contra o tucano João Leite em Belo Horizonte, uma das três principais capitais do País e a grande indefinição de hoje. Mas, em vez de prejudicar a política, ele a ajuda.

STF e PEC do gasto mostram que crescimento virou prioridade – Samuel Pessôa

- Folha de S. Paulo

No último mês, o Supremo Tribunal Federal se pronunciou favoravelmente sobre três temas pendentes havia muito tempo: a execução da pena após condenação em segunda instância; a não permissão da revisão do benefício previdenciário após a aposentadoria de trabalhadores que permaneceram no mercado de trabalho; e a permissão do corte da remuneração dos dias parados de servidores públicos em greve.

As três decisões caminham na direção da responsabilização dos indivíduos pelos seus atos.

A execução após a segunda instância contrabalança o fato de que as quatro instâncias da Justiça (primeiro grau e três recursais) praticamente inviabilizam a responsabilização dos indivíduos, principalmente em crimes do colarinho branco.

Estes, em geral, envolvem pessoas com acesso ilimitado a recursos e a advogados. São crimes cuja responsabilização raramente se faz baseada em provas cabais, mas sim circunstanciais. A razão é que em geral esse tipo de crime não produz provas cabais, diferentemente dos crimes violentos.

Foco na saúde - Míriam Leitão

- O Globo

Os gastos federais com saúde estão estagnados desde 2013, em termos per capita. Não é a PEC 241 que ameaça o setor, mas a crise fiscal e a recessão. O aumento do desemprego, da inadimplência nos planos de saúde, e a menor filantropia das empresas nos hospitais estão sobrecarregando o SUS. Já a volta da confiança e a queda do dólar estão barateando o investimento em equipamentos importados.

O economista André Cezar Médici é especialista na área e edita o blog Monitor de Saúde. Ele apoia a aprovação da PEC 241 com um argumento bastante simples: é ilusão achar que a saúde vai bem enquanto a economia vai mal. Médici fez uma análise sobre os gastos federais per capita no setor e concluiu que os impactos na área começaram com a desaceleração do PIB.

O novo protecionismo - Celso Ming

- O Estado de S. Paulo

Ao longo da segunda metade do século 20, o protecionismo era discurso, prática e política dos países então chamados subdesenvolvidos.

O entendimento prevalecente entre as esquerdas nacionalistas era o de que as grandes potências usavam o comércio internacional como instrumento de dominação e, assim, alijavam os produtos dos países mais pobres do mercado mundial. A resposta convencionada a esse jogo desigual era a retranca na entrada de produtos industrializados.

As coisas mudaram radicalmente. Agora são os políticos, os empresários e até mesmo governos socialistas dos países mais avançados que pregam, se não o fim do livre-comércio, a imposição de fortes restrições a ele. Por toda parte, como na Alemanha, França, Bélgica, Canadá e Áustria, crescem as manifestações contra a facilidade de entrada de produtos estrangeiros.

A política caiu no vazio - Clóvis Rossi

- Folha de S. Paulo

Que os partidos políticos tradicionais estão há anos sofrendo fortíssimo desgaste no mundo todo não chega a ser novidade.

O Brasil, como é natural, não poderia escapar a esse fenômeno. O mais recente indício apareceu sexta-feira (28) na coluna da sempre excelente Mônica Bergamo, que mostra só duas instituições com menos prestígio que a Presidência da República: são exatamente os partidos políticos (só 7% dos pesquisados pela Escola de Direito da FGV-SP confiam neles) e o Congresso Nacional (com apenas poucos mais, 10%), que é a casa dos políticos.

O problema é que, se os velhos partidos estão em decadência, os novos tampouco parecem firmar-se como alternativas, ao contrário do que parecia possível não faz tanto tempo assim.

O caso talvez mais emblemático é o do Syriza (Coligação da Esquerda Radical), que governa a Grécia desde o ano passado.

O tamanho da herança maldita dos prefeitos – Editorial / O Globo

• A crise causa forte impacto nos municípios, cuja grande maioria sequer contava com renda própria para arcar com os gastos, mesmo no período de bonança

Uma previsão infalível para os prefeitos eleitos é que enfrentarão a mais difícil conjuntura de toda a sua vida pública. Os reeleitos já sabem do que se trata. A mais grave crise fiscal de que se tem registro na história do país explode de maneira especial nas prefeituras, a unidade administrativa mais próxima das pessoas. O impacto é semelhante nos estados, porém as prefeituras padecem do agravante de terem pouco ou nenhuma margem de manobra para enfrentar uma crise em que há movimentos em sentidos contrários e fatais no caixa da União, estados e municípios: enquanto as receitas caem, puxadas por uma recessão que em dois anos deverá ter pulverizado de 7%a8% do PIB e, em três anos, talvez 10%, as despesas sobem por força de mecanismos de indexação criados em gastos ditos sociais (aposentadorias, pensões e bolsas de todo tipo). O resultado é a falência fiscal. Daí a importância da PEC do teto.

Equilíbrio necessário – Editorial / O Estado de S. Paulo

É extremamente positivo constatar que o apoio do juiz Sergio Moro ao pacote de medidas anticorrupção formulado pelo Ministério Público Federal (MPF) – e atualmente em discussão na Câmara dos Deputados – não o impede de reconhecer a conveniência de o Congresso, após discussão do assunto, concluir pela não aprovação de algumas das propostas. Em audiência pública realizada na segunda-feira passada em Curitiba, Moro mencionou especificamente essa possibilidade em relação à proposta do MPF de utilizar no processo provas ilícitas obtidas com boa-fé. “Se o problema é esse, então tira essa parte”, disse o juiz.