Em dois dias de debates, o “Reage, Rio!” traçou caminhos para o estado virar o jogo, conseguindo reverter o quadro de violência, retomar o ritmo de crescimento econômico, melhorar a circulação viária e garantir transparência e eficiência das instituições. As cinco dezenas de sugestões concretas nas áreas de segurança, mobilidade urbana, economia, políticas públicas (educação e saúde), ética e turismo foram analisadas por uma equipe de repórteres, que indicam o que precisa ser feito para que saiam do papel e sejam, de fato, implementadas. Algumas delas dependem da aprovação de emendas constitucionais ou de leis ordinárias; outras de investimentos públicos. Há ainda aquelas que precisam de ações isoladas ou conjuntas da União, do governo estadual e das prefeituras da Região Metropolitana. O GLOBO e o “Extra” vão acompanhar os avanços de cada ideia apresentada por especialistas, entre empresários e representantes do setor público e da sociedade civil, e o resultado dessa checagem será publicado em ambos jornais.
SEGURANÇA
1 Torquato Jardim, ministro da Justiça:
Proposta: Repactuar a federação para o combate seguro aos crimes em geral, com ênfase em dar mais espaço à participação municipal e reequipar a Polícia Militar. Execução: Depende de emenda à Constituição para alterar competências na área de segurança pública. Há uma PEC nesse sentido em tramitação na Câmara.
2 Proposta: Integração também operacional, com tecnologia (mais drones, satélites e computadores), começando pela fronteira. Execução: Depende de investimentos previstos no Orçamento elaborado pelo governo federal e aprovado pelo Congresso.
3 Proposta: Criar um sistema único de segurança pública, nos moldes do SUS, com divisão de tarefas e sem contingenciamentos. Execução: Depende da aprovação de emenda à Constituição ou de lei ordinária no Congresso.
4 Proposta: Institucionalizar a Força Nacional de Segurança Pública. Execução: Depende da aprovação de emenda à Constituição no Congresso. Até agora pelo menos duas propostas não avançaram.
5 Robson Rodrigues, coronel da PM e ex-coordenador das UPPs: Proposta: Investir em inteligência para investigar o tráfico de drogas. Eficiência e criatividade para recuperar e otimizar recursos, além de ter prioridades e plano de ação. Execução: Depende da ação dos governos federal e estadual, e da realocação de recursos para áreas de inteligência.
6 Michele dos Ramos, do Instituto Igarapé: Proposta: Priorizar a prevenção e a investigação dos crimes contra a vida, com estratégias focadas em grupos, locais e comportamentos mais vulneráveis à violência. Priorizar políticas baseadas em evidências e orientadas por resultados. Execução: Ação do governo estadual para priorizar o setor de investigação da Polícia Civil e a prevenção por meio da Polícia Militar.
7 Proposta: Repressão qualificada e modernização da política criminal e penitenciária. Execução: A repressão qualificada depende dos setores de inteligência. E a modernização da política criminal e penitenciária, de mudança no Plano Nacional de Política Nacional e Penitenciária, feita por um conselho de mesmo nome do Ministério da Justiça.
8 Proposta: Discutir o problema do consumo de drogas como questão de saúde pública, rever a política de drogas e consolidar a regulação responsável de armas e munição. Execução: A descriminalização das drogas, ou apenas da maconha, pode ser feita pelo Congresso ou pelo Supremo Tribunal Federal. A consolidação da regulação de armas, prevista no Estatuto do Desarmamento, depende do Congresso.
9 Proposta: Disseminar dados e informações sobre políticas públicas e programas que funcionam. Execução: Depende de ação conjunta entre estados e governo federal.
10 Hugo Acero, especialista em segurança e sociólogo:
Proposta: Maior cooperação entre países na luta contra as principais máfias, não apenas do tráfico de drogas, mas de pessoas, contrabando, comércio ilegal de armas e terrorismo. Execução: A cooperação entre países pode ser promulgada por decreto do presidente da República, após a política ser elaborada pelo Ministério das Relações Exteriores.