Regulamentação da reforma tributária é urgente para o país
O Globo
Projeto apresentado pelo governo, com todos
os senões, deve ser encarado como prioridade no Congresso
Com a aprovação da reforma
tributária no ano passado, criou-se enfim consenso no
Parlamento para pôr fim ao manicômio tributário brasileiro. Ficou acertado que
três impostos federais (PIS, Cofins e IPI), um estadual (ICMS) e um municipal
(ISS) serão unificados em dois novos: CBS (federal) e IBS (estadual e
municipal). A mudança reduzirá o tempo inacreditável gasto pelas empresas para
administrar o pagamento de tributos, acabará com a cumulatividade que mina a
competitividade brasileira e contribuirá para diminuir o altíssimo nível de
judicialização, a infinidade de regras, exceções e guerras fiscais, com a
consequente má alocação de investimentos na economia. Embora a emenda
constitucional promulgada em dezembro tenha defeitos — entre eles um sem-número
de exceções e regimes especiais ainda mantidos —, ela coloca o Brasil numa nova
realidade tributária.
O Executivo apresentou nesta semana o primeiro de três projetos de regulamentação, com propostas de regras para o novo sistema. Em mais de 300 páginas e 500 artigos, o texto demandará atenção redobrada dos congressistas. Ideias ruins anunciadas anteriormente, como exceções e isenções raramente justificáveis, foram mantidas. Há também indícios de voracidade arrecadatória, apesar de o governo insistir que a intenção é apenas regulatória.