segunda-feira, 30 de julho de 2018

FAP Entrevista: Maria Alice Rezende

Não há propriamente uma partidarização do Judiciário e sim a ocupação de um vazio deixado pela fraqueza do sistema político no encaminhamento de soluções para a crise política e social do país, diz Maria Alice Rezende

Por Germano Martiniano | FAP

Nesta segunda-feira (30) será lançado, no Rio de Janeiro, o livro “Diálogos gramscianos sobre o Brasil atual”, de Luiz Werneck Vianna, que é uma coletânea de entrevistas realizadas com o sociólogo desde o inicio do governo Lula, em 2003, até os dias atuais. O prefácio da obra ficou a cargo da também socióloga Maria Alice Rezende, a entrevistada deste deste domingo da série FAP Entrevista, que a Fundação Astrojildo Pereira está publicando, aos domingos, com intelectuais e personalidades políticas de todo o Brasil, tem o objetivo de ampliar o debate em torno do principal tema deste ano: as eleições.

Licenciada em História pela PUC do Rio de Janeiro (1975), Mestre em História Social pela UNICAMP (1983) e Doutora em Sociologia pelo IUPERJ, Maria Alice escreveu, em conjunto com Werneck Vianna, há vinte anos, o livro “Corpo e alma da magistratura brasileira”. Questionada na entrevista à FAP sobre o atual momento do judiciário brasileiro, ela foi enfática: “Não há propriamente uma partidarização do Judiciário e sim a ocupação de um vazio deixado pela fraqueza do sistema político”.

Em relação ao livro de Werneck, Maria Alicia considera que o autor, apesar do momento político brasileiro e todas as dificuldades inerentes a ele, valoriza a democracia como uma conquista superior da sociedade brasileira. “Werneck Vianna aponta para o fato de que nesse cenário político brasileiro, aparentemente desolador, há algo que a sociedade conquistou irreversivelmente: a democracia política”, destacou a socióloga.

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista de Maria Alice Rezende de Carvalho:

• FAP Entrevista – Werneck tem se consolidado como uma referência clássica dos estudos sociais no nosso país e é também um intelectual público. Por que este tipo de intelectual parece ausente no Brasil de hoje?

Maria Alice Rezende – A reflexão social no Brasil obedeceu a um processo de institucionalização universitária, que conhece permanente e crescente especialização. Tal fato parece estar na origem disso que você identifica como uma diminuição da presença do intelectual público no Brasil. De fato, o intelectual público singular, como Werneck Vianna, capaz de intervir na vida nacional, escasseia. Mas esse tipo de intelectual vem sendo substituído por intelectuais coletivos, por agências intelectuais que, inclusive, extrapolam o ambiente universitário, tendo como objeto o país, suas vicissitudes, suas potencialidades.

• As entrevistas de Werneck, agora reunidas em livro, que lugar ocupam na obra deste intelectual?

Penso que o livro “Diálogos gramscianos …” é particularmente interessante para a divulgação do pensamento de Werneck Vianna, pois ele combina a erudição do autor, a perspectiva histórica de que sempre faz uso em suas análises, com a sensibilidade dos grandes analistas de conjuntura. Além disso, as entrevistas resumem a original combinação que Werneck instituiu entre Antonio Gramsci e Alexis de Tocqueville, sobretudo na valorização das associações da sociedade civil – os chamados grupos intermediários, em Tocqueville, e as agências privadas de hegemonia, em Gramsci.

• Quais respostas o livro de Werneck poderia dar para o atual momento político brasileiro?

Uma resposta abrangente – a democracia como forma superior de luta e como via nobre para a construção de uma sociedade cada vez mais justa e livre, que mire o socialismo. Penso que nesse livro, Werneck Vianna aponta para o fato de que nesse cenário político brasileiro, aparentemente desolador, há algo que a sociedade conquistou irreversivelmente: a democracia política.

• A linha de estudos sobre o Judiciário, da qual a senhora também participou junto com Werneck, credencia muito a ambos na cena atual. Estamos, afinal, diante de uma “revolução dos santos” protagonizado pelos operadores do Direito? Em que medida há abusos e interferências em outras esferas?

Há vinte anos, o livro “Corpo e alma da magistratura brasileira”, de autoria dele e minha, cumpriu o importante papel de apresentar um novo ator da democracia: o juiz de Direito. A análise que empreendemos naquele contexto nos credenciou a produzir, agora, uma outra pesquisa, novamente a pedido da Associação dos Magistrados Brasileiros, sobre o perfil da magistratura atual, em que alguns de seus quadros se comportam orientados por uma perspectiva ativista e salvacionista. Estamos tentando traçar um quadro mais preciso dessa nova geração de magistrados, respeitando sua diversidade e os elementos constitutivos da identidade daquele grupo profissional.

• Terá avançado a partidarização do Judiciário além de um ponto tolerável?

Não há propriamente uma partidarização do Judiciário e sim a ocupação de um vazio deixado pela fraqueza do sistema político no encaminhamento de soluções para a crise política e social do país.

A senhora é uma grande estudiosa do fenômeno histórico das cidades brasileiras. O Brasil urbano que se construiu a partir do século XX é um bom lugar para se viver ou necessita de reformas profundas dentro do contexto de democratização? Quais seriam as reformas?

É claro que as cidades brasileiras necessitam de profundas e urgentes reformas, principalmente aquelas voltadas à superação da imensa desigualdade reinante no mundo urbano brasileiro. As cidades em que vivemos expõem a tragédia de uma história de exclusão e de subjugação das classes subalternas. É ali que se joga o futuro da democracia brasileira.

• Por que o comunismo democrático brasileiro das décadas de 60, 70 e 80 esgotou-se, não conseguindo ser um vetor para as instituições brasileiras? E qual o destino daquilo que se chama pós-comunismo?

Penso que a experiência do “comunismo democrático” não se esgotou simplesmente. Houve, por parte dos setores dogmáticos do PCB, um alijamento das vanguardas que lutavam pela democracia política. Mas o que se pode dizer é que há consenso na esquerda moderna quanto à necessidade de deslocamento do horizonte do comunismo, pois o que se impõe à cena contemporânea é a luta anti-capitalista, socialista. Fica para a história a resolução dos dilemas para a construção de uma sociedade comunista…

• Sobre os movimentos sociais, por que eles foram se despolitizando e se afastando da política, assim como, a política se afastou deles?

Sob a égide dos governos do PT, os movimentos sociais, tal como aponta Weneck Vianna em suas entrevistas, foram estatalizados, perderam sua autonomia e luz própria.

Marco Aurélio Nogueira: A reflexão política de Luiz Werneck Vianna

Autores como Luiz Werneck Vianna dispensam apresentações. Suas intervenções são sempre esclarecedoras, especialmente quando se debruçam sobre os fatos da conjuntura. Valendo-se de uma ciência social rigorosa e de uma visão abrangente da vida brasileira, ele trata os fatos sempre a partir da compreensão crítica dos processos e ritmos da estrutura, da história. Por esse caminho, edificou uma completa teoria de nossa formação como Estado nacional e como comunidade política.

Em Diálogos Gramscianos sobre o Brasil Atual, que acaba de ser lançado pela Verbena Editora e pela FAP, podemos encontrar o sociólogo em plena forma. É um livro composto por entrevistas, que se estendem por um longo período (2007-2018) e vão além de meras análises de conjuntura. Nelas, o esforço recorrente é para captar a política em pleno voo e decifrar o enigma brasileiro.

Encontramos, nesses diálogos com seus entrevistadores, a marca da visão que Werneck elaborou sobre o Brasil, na qual ressoa forte o conceito gramsciano de revolução passiva: o desenvolvimento capitalista brasileiro seguiu caminhos não-lineares, nos quais a modernização teve sua marcha ralentada e condicionada por resistências e movimentos de conservação empreendidos pelas elites dominantes. Houve mudança, e ela foi expressiva, mas também muita conservação. Os fatos foram se impondo quase que com autonomia em relação aos sujeitos. Mas os atores não desapareceram, nem ficaram submetidos o tempo. Nos momentos de maior avanço, conseguiram de algum modo “dirigir” aquilo (e aqueles) que bloqueavam o progresso (a democratização, o desenvolvimento, a ascensão social). O processo se fez mediante reformas e avanços moleculares.

Para Werneck, o Brasil é um país sufocado pela centralidade do Estado, que modelou a modernização de modo a prolongar a subalternização das classes populares e a dificultar a marcha do próprio moderno. Tratou-se de uma “estatalização” que não foi organizada tão-somente pelas elites dominantes, mas também pelos atores que buscaram se apresentar como expressão da esquerda. A tutela do povo combinou-se ou com o autoritarismo dos tempos da ditadura, ou com políticas de clientela e assistencialismo em tempos de democracia.

Werneck procura acompanhar os desdobramentos mais recentes desse processo, olhando em detalhe a atuação do PT no governo, antes de tudo marcada pelo abandono da ideia de organizar e autonomizar as classes populares e pela concentração de esforços no prolongamento do poder conquistado, para o que entregou-se parte importante do governo a forças políticas tradicionais. Os movimentos sociais foram assim submetidos ao Estado, tornando-se dele dependentes, inclusive em termos de recursos. Fechou-se assim um círculo a mais no processo de “estatalização”.

Hoje: Encontro com Luiz Werneck Vianna


Marcus André Melo: Coalizões e perversão

- Folha de S. Paulo

Controles fortes são condições para o bom funcionamento de um sistema político

“Os ingleses detestam coalizões”, afirmou o premiê conservador britânico Disraeli (1804-1881). Mas a afirmação mais contundente é de Willy Brandt, ex-premiê alemão (1969 a 1974), em relação à “Grande Coalizão”, o acordo entre social-democratas e democratas cristãos que o antecedeu: “soa como ato sexual pervertido”.

Não arriscaria conjecturas sobre o que Brandt diria em relação às alianças que estão sendo forjadas para as eleições presidenciais.

A rejeição a coalizões faz parte de uma forte tradição para a qual o melhor desenho institucional é o modelo de Westminster, cujas bases são o parlamentarismo e o voto em distritos uninominais, o qual produz o bipartidarismo.

Para seus defensores, este modelo produz governos responsáveis perante o parlamento, com clareza de responsabilidade, “identificabilidade”, e accountability: o eleitor sabe a quem culpar se algo der errado, quem está no comando, e a queda do gabinete é automática na ausência de apoio parlamentar.

Entretanto, os governos de coalizão são atualmente a forma modal de arranjo governativo: quase 80% dos países parlamentaristas e 52% dos presidencialistas têm coalizões multipartidárias.

Fica para outra coluna a discussão das patologias do modelo de Westminster. Interessa-nos aqui apenas um ponto: o quase consenso histórico em torno deste modelo inverteu-se. O arranjo que caracterizaria a boa governança para a maioria dos especialistas desde a década de 1970 é o chamado modelo consensual de democracia, representado pelos países escandinavos e por Holanda, Bélgica, Alemanha, Áustria.

Fernando Gabeira: Museu do Eclipse

- O Globo

Depois da Copa, começa a campanha eleitoral no Brasil. O momento é de composições, alianças, escolha de vice. Costumo defini-lo como um momento em que os jogadores ainda estão no vestiário, antes de saírem para o campo aberto sob o olhar da plateia.

Mas as notícias que vêm do túnel indicam um personagem que parece rivalizar com os candidatos: o centrão.

Participei de quase todas as campanhas até 2010. Estou procurando entender esta e vejo o papel do Congresso mais explícito. O Congresso provou o gosto de sangue através dafr agilidade dos dois últimos governos, Dilma e Temer. Ambos precisaram muito dele para sobreviver. E o centrão ganhou força evai usá-lapara que tudo continue o mesmo, sobretudo a ocupação partidária da máquina, a troca de votos por verbas; enfim, o velho fisiologismo.

O centrão, com afortunado Fundo Partidário, preservará seu número de deputados e enfraquecerá o presidente eleito com sua bomba fiscal.

É uma forma mais articulada do que no passado. Mas também eles têm mais medo do que no passado.

Enquanto os times não entram em campo, fora do túnel, no mundo real observe também algo mais novo nas eleições brasileiras.

Como no passado, algumas figuras da sociedade pensam em se candidatar e desistem. Desta vez, o número foi um pouco maior, e observe um grande peso das famílias na desistência dos possíveis candidatos. Sempre foi assim. Mas, no passado, a condição de político não repercutia tanto na vida da família, e a resistência era mais pela perda da proximidade do ente amado.

Agora pesa também, creio eu, além da ausência, o fato de que apessoava i transitar num universo ético desprezado, e isso repercute demais no cotidiano familiar. Até os bancos brasileiros têm um pé atrás e classificam os parentes também como pessoas politicamente expostas.

Aproveitando que ainda estou no vestiário, cuido de alguns detalhes. É ope rí odo também em que surgem as denúncias. Uma delas me interessou não pelo conteúdo, mas pela palavra: museu do eclipse.

Fernando Limongi: Efeito colateral

- Valor Econômico

Financiamento público alimenta a fragmentação

Nas últimas semanas, o noticiário político foi dominado pelas convenções partidárias. A atenção se voltou para os acordos de última hora e para seus efeitos na distribuição do horário eleitoral. São decisões que cabem exclusivamente às lideranças partidárias. O comportamento dos eleitores entra no cálculo, mas não tem influência direta sobre tais decisões. Assim, quando chamados a fazer suas escolhas, cidadãos são confrontados com um menu restrito, resultado do acerto feito entre os líderes partidários.

Como consequência dessas negociações, a maioria dos partidos se retira da competição direta pelo poder executivo. Nas eleições majoritárias, ao contrário do que ocorre nas proporcionais, coligações contribuem para reduzir o número de partidos que disputam as eleições. A Presidência e os governos estaduais são para poucos. Nas eleições de 2014, para todos os efeitos, só o PT, o PSDB, o PSB e o MDB participaram dessas disputas. As vinte e tantas siglas restantes se restringiram a disputar cadeiras legislativas. Assim, a ideia de que o Brasil tem muitos partidos pede qualificação. Isso só é verdade para as eleições legislativas.

A quase totalidade dos partidos políticos brasileiros - os pequenos e os médios - jogam todas as suas fichas nas eleições proporcionais. É ali que sobrevivem. O sucesso dessa estratégia passa pela possibilidade de "emprestar" aos candidatos ao Executivo a fatia que detêm no horário eleitoral. Por meio dessa troca se beneficiam com a transferência de votos no interior das coligações proporcionais, o que lhes garante as cadeiras legislativas e a sobrevivência.

Ricardo Balthazar: Ponte para o passado

- Folha de S. Paulo

Plataforma eleitoral minimiza dificuldades que novo governo encontrará e defende políticas duvidosas

A economia brasileira ainda está longe de se recuperar da recessão em que afundou quando Dilma Rousseff estava no poder, mas quem buscar na nova plataforma eleitoral do PT uma explicação para o que aconteceu ficará decepcionado.

Antecipado pela Folha na semana passada, o programa evita discutir as origens da crise, minimiza as dificuldades que o próximo governo enfrentará e defende políticas que alcançaram resultados duvidosos mesmo quando as circunstâncias pareciam mais favoráveis do que hoje.

Os petistas prometem um plano de emergência para retomar investimentos públicos e criar empregos no primeiro ano do novo governo, mas não há previsão de custos, nem indicação clara da origem dos recursos que financiariam o projeto.

Bancos públicos seriam convocados a aumentar a oferta de crédito e baixar os juros de seus empréstimos, numa tentativa de forçar os bancos privados a fazer igual. Dilma experimentou a mesma ideia em seu governo, com resultados efêmeros.

Trabalhadores e empresários teriam assento no Conselho Monetário Nacional e voto nas discussões sobre a meta de inflação. Parece novo? Empresários participavam das reuniões do órgão durante a ditadura militar e dois sindicalistas puderam entrar com o retorno à democracia. Os patrões sempre levaram a melhor.

Demétrio Magnoli: O PSOL e o PT diante de Ortega

- O Globo

O filósofo Guilherme Boulos, um lulista próximo do PT, tornou-se o candidato presidencial do PSOL. A filósofa Marcia Tiburi deixou o PSOL e tornou-se candidata do PT ao governo do Rio. As portas giratórias da filosofia borram a fronteira entre a extrema-esquerda e a esquerda. Haverá, ainda, alguma diferença de fundo entre os dois partidos? Daniel Ortega indica que sim: enquanto o PT declarava seu apoio à repressão na Nicarágua, o PSOL a condenava. A diferença, porém, não é o que parece — como indica Nicolás Maduro.

A Venezuela aboliu as prerrogativas da maioria parlamentar oposicionista eleita em 2005. O regime chavista cassou os direitos políticos dos líderes da oposição e encarcerou centenas de oposicionistas. Apesar de tudo, em notas oficiais, PT e PSOL ofereceram solidariedade incondicional a Maduro. Por que, tal como o PT, o PSOL perfilase à ditadura venezuelana, mas repudia as violências cometidas pelo governo nicaraguense?

Sociologicamente, o PSOL é diferente do PT. O partido de Lula nasceu do movimento dos trabalhadores do ABC. Já o PSOL, dissidência do PT, organizou-se como condomínio de facções esquerdistas. O PT estabeleceu-se como grande partido parlamentar e lançou extensas redes na direção do alto funcionalismo público e do empresariado. O PSOL, em contraste, segue circunscrito à periferia do sistema político. Não por acaso, seu candidato ao Planalto é um forasteiro, recém-filiado, que acalenta o projeto de criar um novo partido, nos moldes do espanhol Podemos. Entretanto, na esfera do discurso político, PSOL e PT rezam pela mesma Bíblia —ou quase.

Celso Rocha de Barros: Bolsonaro Não será Trump

- Folha de S. Paulo

Sem um pé no sistema partidário, candidato não será como presidente dos EUA

Em artigo publicado na última edição da Época, o jornalista americano Brian Winter, editor da revista Americas Quarterly, fez um aviso aos brasileiros: não subestimem Bolsonaro como os americanos subestimaram Trump.

Durante toda a campanha de 2016, os analistas políticos americanos apostaram que os mecanismos institucionais e as normas de civilidade tradicionais da política americana cedo ou tarde interromperiam a ascensão de Trump. Não funcionou.

O alerta é bem-vindo, e deve ser levado a sério. Mas o risco Bolsonaro mudou de cara na última semana. Não há mais como Bolsonaro vencer como Trump venceu.

Na onda global de radicalismo político que se seguiu à crise de 2008, um padrão parece claro: os radicais que venceram conseguiram colocar um pé dentro do sistema político tradicional.

Trump foi candidato do partido republicano, uma das maiores máquinas políticas do mundo. Se o Partido Conservador britânico não tivesse tentado roubar eleitores do Ukip propondo o plebiscito do Brexit (em que o governo contava que o "Remain" venceria), a proposta nunca teria saído da franja radical da política britânica. No mesmo Reino Unido, Jeremy Corbyn liderou uma revolta de esquerda por dentro do Partido Trabalhista, como Sanders tentou fazer entre os democratas americanos.

O pé dentro do sistema que Bolsonaro pretendia colocar era o centrão. Nunca teve chance de atrair o PSDB ou o PMDB. Oferecia, entretanto, a possibilidade de promoção do baixo clero à primeira divisão. Diga o que quiser, nenhum presidente brasileiro até hoje foi vagabundo o suficiente para oferecer um cargo importante a Magno Malta. Bolsonaro seria.

Cida Damasco: Compasso de espera

- O Estado de S.Paulo

Na mesa, alianças e vices. Mas persistem dúvidas sobre os rumos da economia

Pode ser que, em cima da hora, esse enorme exército de indecisos captado pelas pesquisas eleitorais acabe comparecendo aos locais de votação e escolhendo um candidato. Pode ser que consumidores e empresários, no momento de partir para uma compra ou para um investimento, também acabem superando a hesitação e resolvam assumir riscos. Mas é inegável que, nos dois universos, a tendência das pessoas, no momento, é adiar decisões. O quadro político e econômico induz o cidadão, esteja ele no papel de eleitor, consumidor ou empresário, a simplesmente esperar.

Segundo as pesquisas eleitorais mais recentes, cerca de um terço dos eleitores se diz sem candidato, ameaçando reproduzir mais ou menos o que aconteceu nas eleições suplementares para o governo do Tocantins, no mês passado, em que abstenções, votos nulos e em branco somaram mais de 50% dos números totais do Estado. No front econômico, sondagens sobre o astral de empresários, executivos e consumidores, relativas ao período junho/julho, também indicam incertezas e uma certa paralisia -- com base em indicadores elaborados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Confiança empresarial baixa, tanto na indústria como no comércio, intenção de investimentos idem, incerteza de economia alta, sob efeito da desordem provocada pela parada dos caminhoneiros e principalmente do confuso cenário eleitoral. Em resumo tudo convergindo para deixar empresas e cidadãos em compasso de espera.

Angela Bittencourt: Recesso termina; política sobrecarrega economia

- Valor Econômico

Decisões pendentes sobre empresas minam estabilidade

Na terça termina o recesso de julho e, na quarta, 1º de agosto, Congresso e Judiciário retomam suas agendas. A volta ao trabalho de deputados, senadores, procuradores, juízes e ministros de Tribunais Superiores deve orientar decisões que evitem atropelos e compensem vacância inevitável neste período pré-eleitoral.

Partidos políticos têm até 15 de agosto para registrar seus candidatos às eleições de outubro. Em 31 de agosto começa o horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. Em poucas semanas, o Brasil estará de frente para a urna. E, para não fugir à regra, terá esperança de que, desta vez, um país melhor estará em construção e a economia sairá do buraco.

Agosto e setembro serão meses voltados à disputa por vagas na Câmara dos Deputados, Senado Federal, governos estaduais e Presidência da República. Cerca de 90% dos deputados pretendem concorrer à reeleição. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, será um deles. Maia desistiu, na semana passada, de concorrer ao Palácio do Planalto. Pretende ser reeleito à presidência da Câmara. Mas, antes disso, deve se reeleger deputado.

Nesse posto desde maio de 2016, Rodrigo Maia é forte aspirante à renovação de compromissos na Câmara, onde será de grande valia ao próximo presidente da República, inclusive, por não ser um neófito em Economia. Na última eleição, Maia representou MDB, PSDB, PP, PR, PSD, DEM, PRB, PTN, PPS, PHS, PV e PCdoB - 12 legendas que compõem o Centrão.

Ricardo Noblat: Lula candidato é fraude

- Blog do Noblat | Veja

Por que ele não pode cumprir pena como outro preso qualquer?

Que sinuca de bico está o Supremo Tribunal. Se mandar Lula para casa agora, se dirá que o fez a tempo de ele poder ser candidato. Se mandar imediatamente depois da eleição, se dirá que o manteve preso só para impedi-lo de ser candidato. Não seria o caso então de deixá-lo simplesmente cumprir a pena como outros presos?

O ex-governador Sérgio Cabral, do Rio, foi condenado e está preso. Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, também. Assim como está preso o ex-ministro Geddel Vieira Lima, sequer julgado, e o ex-ministro Antônio Palocci, empenhado em delatar para diminuir seu tempo de cadeia. Por que Lula, condenado três vezes, não pode?

Ele foi condenado pelo juiz Sérgio Moro. Apelou então para o tribunal de Porto Alegre. Ali, a sentença do Moro foi até aumentada, e por unanimidade. Lula então apelou de novo. E o mesmo tribunal confirmou a sentença ampliada. Todos os recursos de defesa para libertá-lo foram negados por tribunais superiores. Fazer o quê?

Quem acha que eleição sem Lula é uma fraude tem todo o direito de achar, mas, por coerência, não deveria participar das eleições para não coonestar com a fraude. Mas o PT participará, sim. Como participou de todas as fases do impeachment de Dilma mesmo dizendo que o impeachment era uma fraude. Ou melhor: um golpe.

O impeachment do ex-presidente Fernando Collor, liderado pelo PT, não foi considerado golpe por Lula e os que o apoiaram. Lula liderou a chamada “Marcha dos Cem Mil” a Brasília para exigir o impeachment do então presidente Fernando Henrique Cardoso. O ex-ministro Tarso Genro publicou na Folha artigo a respeito.

Vida que segue. E para que siga com algum grau de ordenamento, cumpra-se a lei que deve servir igualmente para todos, e obedeça-se à Justiça, uma vez que nada de melhor foi inventado. Seria desejável que não se tentasse enganar as pessoas com falsas promessas – mas aí é cobrar demais a muita gente.

No próximo dia 15, quando requerer o registro da candidatura de Lula, o PT não mandará o documento que deveria informar se ele já foi ou não condenado pela Justiça. É o que basta para o registro ser negado. Quer dizer: para tirar vantagem, o PT está empenhado em frustrar milhões de brasileiros com essa história de Lula candidato.

Fazer o quê?

Cacá Diegues: Anjos e demônios

- O Globo

Nem nas ruas de Manágua hoje conseguiremos escolher tranquilamente o nosso lado, o lado que deve ser o certo

Como é natural que aconteça, o demônio tem muitos inimigos. Mas nem sempre os inimigos do demônio são bons sujeitos, e muito menos santos. Ou anjos. Muitas vezes, os inimigos do demônio são piores que o próprio. Não temos, portanto, que escolher entre um e outros, não há como coloca-los numa tabela de valores. A não ser que estejamos fazendo política, e aí, como de hábito, entram em jogo interesses que não têm nada a ver com princípios.

Daniel Ortega foi um dos líderes da revolução socialista e democrática sandinista que, vitoriosa em 1979, libertou a Nicarágua de uma ditadura de quatro décadas. Depois de ocupar a Presidência do país por alguns períodos pós-revolucionários, Ortega voltou ao poder em 2007, impondo uma reforma previdenciária exigida pelo FMI e uma lei que eliminava o limite de mandatos. Os estudantes saíram às ruas se opondo ao autoritarismo do governo e foram seguidos pelo resto da população nicaraguense. Já foram contabilizados mais de 300 mortos, vítimas da polícia e dos paramilitares a serviço do governo, além de prisões e torturas como nas piores ditaduras latino-americanas.

A esquerda do continente se dividiu diante do que acontece na Nicarágua. Tabaré Vázquez e Pepe Mujica, heróis da esquerda uruguaia, denunciam a traição de Ortega à Revolução Sandinista. Evo Morales, presidente boliviano de origem popular, acusa os rebeldes de estarem sob o comando do imperialismo americano. Assim como os líderes cubanos e venezuelanos tratam o movimento espontâneo como um golpe articulado pela “ultradireita local”, o contrário do que afirmam os membros do Partido Socialista do Chile e a Frente Ampla da Costa Rica.

Arbítrio à solta: Editorial | Folha de S. Paulo

Inquérito aberto contra professor da UFSC por causa de uma entrevista evidencia que apuração de desvios descambou para intimidação inaceitável

Não vinham sendo poucos, nem insignificantes, os indícios de abuso de autoridade na Operação Ouvidos Moucos, que investiga supostas irregularidades na Universidade Federal de Santa Catarina.

Como se sabe, a investida policial levou à prisão, em setembro de 2017, do reitor da instituição, acusado de tentar obstruir o esclarecimento dos fatos. Libertado depois de 18 dias, Luiz Carlos Cancellier encontrou a própria morte, ao atirar-se do sétimo andar de um shopping de Florianópolis.

Tendo deixado um bilhete no qual se declarava inocente de qualquer delito e responsabilizava a operação por seu ato, o reitor foi naturalmente visto, na comunidade acadêmica e por setores da opinião pública, como uma vítima da sanha persecutória que estaria a predominar entre os órgãos voltados as a combater a corrupção.

Se havia ainda alguma dúvida quanto aos exageros e ao comportamento arbitrário nesse caso, os últimos acontecimentos são suficientes para dissipá-la em definitivo.

Face a modestas manifestações ocorridas na universidade, por ocasião de seu aniversário de 57 anos, a Polícia Federal passou a agir contra um docente da instituição, tornando-o suspeito de cometer crime contra a honra da principal encarregada da Ouvidos Moucos.

Ilusões populistas podem agravar a crise em 2019: Editorial | O Globo

A fragmentação no Congresso continuará, daí as dificuldades adicionais para as reformas

Os partidos têm até domingo para definir alianças e confirmar candidaturas às eleições de outubro. Seria desejável que, a apenas nove semanas da votação, o horizonte político estivesse menos nebuloso, pautado pelo debate de propostas sobre a condução do país a um ciclo de desenvolvimento.

Até agora, porém, a maioria dos candidatos à Presidência parece exercitara retórica como arte de ocultar pensamentos. Como fatos não deixam de existir somente porque são ignorados, restam algumas certezas. Uma delas é que, em janeiro, haverá no Planalto alguém eleito em circunstâncias de fragilidades.

O próximo presidente deverá contar com menos apoio no Congresso do que seus antecessores, num ambiente de extrema fragmentação político-partidária.

Corre risco devir a percorrer 75% do mandato gerenciando contas públicas no vermelho. Porque o endividamento é recorde (próximo de 85% do Produto Interno Bruto), a capacidade de investimento estatal está reduzida à metade, e as despesas na Previdência tendem a ser 30% maiores do que são hoje.

Assiste-se, no entanto, a vários candidatos, principalmente os de esquerda, arrogando-se o direito aos próprios fatos, em negação da realidade. Há até quem negue o déficit nas contas da Previdência.

As transformações no campo: Editorial | O Estado de S. Paulo

Aumento do número de tratores, maior emprego de defensivos e insumos, crescimento de mais de 50% no número de estabelecimentos que utilizam irrigação e notável busca de acesso à internet (aumento de 1.790% no total de produtores que utilizam a rede mundial de computadores) estão entre as mudanças no campo que explicam o espetacular crescimento da produção agropecuária nos últimos anos mesmo com um aumento muito mais modesto da área cultivada e a redução da mão de obra empregada. Dados preliminares do Censo Agropecuário 2017 que acabam de ser divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam que se produz proporcionalmente muito mais por área plantada e por trabalhador empregado. São esses avanços que asseguram posições cada vez mais destacadas do Brasil na produção e no comércio mundial de produtos agropecuários e saldos comerciais expressivos para o País.

O Censo identificou até agora 5.072.152 estabelecimentos agropecuários no País. Eles ocupam uma área de 350,25 milhões de hectares, extensão 5% maior do que a ocupada em 2006, quando foi realizado o censo anterior. Isso significa que a área destinada à agropecuária avançou 16,57 milhões de hectares no período, o que corresponde aos territórios de Portugal, Bélgica e Dinamarca somados.

Da área total desses estabelecimentos – que corresponde a 41% do território nacional –, 63,37 milhões de hectares eram utilizados para lavouras permanentes ou temporárias, com aumento de apenas 3% em relação à área utilizada por essas culturas em 2006. Nesse período, a produção de grãos calculada pelo IBGE saltou de 117,2 milhões para 240,6 milhões de toneladas, com aumento de mais de 100%.

Investimentos diretos caem com a demora nas concessões: Editorial | Valor Econômico

Os investimentos diretos no país (IDP) caíram no primeiro semestre, devido à quase ausência de grandes operações. As incertezas econômicas e políticas deste ano eleitoral provavelmente estão levando ao adiamento de planos de multinacionais que pretendem ingressar ou aumentar a sua presença no país. Mas os atrasos na agenda de concessões e privatizações também contribuíram para a queda do fluxo de capitais estrangeiros de boa qualidade ao Brasil.

Dados divulgados pelo Banco Central na semana passada registram um ingresso líquido de US$ 29,878 bilhões de investimentos diretos no país no primeiro semestre de 2018, o que significa uma queda de 17,5% em relação ao volume apurado em igual período do ano passado.

O desempenho mais fraco fez o Banco Central rever as suas projeções para o investimento direto. Inicialmente, a aposta era que pudesse ocorrer uma aceleração, dos US$ 70,7 bilhões apurados em 2017 para US$ 80 bilhões em 2018, em virtude da expectativa de uma retomada mais firme da economia e de uma execução mais acelerada do programa de concessões e privatizações.

Agora, o BC prevê que os investimentos diretos fiquem estáveis, em US$ 70 bilhões, neste ano. Dado o ingresso mais fraco de IDP apurado no primeiro semestre, essa projeção parece otimista. Se for mantido o fluxo médio mensal dos seis primeiros meses do ano, os aportes devem chegar, no máximo, a US$ 60 bilhões neste ano. Os analistas econômicos privados consultados na pesquisa Focus de expectativas de mercado, conduzida pelo BC, já reduziram para US$ 67,5 bilhões a sua projeção de entradas para 2018.

Alckmin: “Vamos fazer muito e melhor em benefício da nossa população”

O presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, participou neste sábado das convenções Nacional do PTB, em Brasília, e Estadual do PSDB-SP, na capital paulista. No primeiro evento, os trabalhistas oficializaram a decisão da Executiva do partido, anunciada no dia 18, de apoiar a pré-candidatura de Alckmin. Já a convenção tucana oficializou o ex-prefeito João Doria como candidato do PSDB ao governo do Estado.

Ao discursar em São Paulo, Alckmin ressaltou o legado do PSDB no Estado, cuja missão de ampliar o partido delegou a João Doria. “O PSDB lidera as grandes mudanças. E São Paulo é um caso ímpar: sem aumentar um imposto, o Estado colocou as contas em ordem e recuperou sua capacidade de investimento”, afirmou.

“A mudança é a lei da vida, e estamos em uma nova etapa. João Doria foi convocado para liderar esse trabalho. É o homem da inovação, da parceria, da capacidade de trabalho. Tenho certeza de que São Paulo vai brilhar novamente. João, você vai administrar o melhor IDH do Brasil, a melhor rede de educação do país, a maior rede de transporte sobre trilhos da América do Sul”, disse Alckmin. “São Paulo é a terra das oportunidades, da miscigenação. Juntos, vamos fazer muito e melhor em beneficio da nossa população”, prosseguiu.

Mais cedo, presidenciável abriu seu discurso em Brasília lembrando o apoio de primeira hora que recebeu do PTB: “Não há nada mais urgente que agradecer o primeiro partido que declarou que trabalharia pelo apoio à nossa candidatura”. E prosseguiu: “Aqueles que veem alianças com olhar mesquinho estão totalmente enganados. Estamos unidos aqui para servir ao Brasil. O país precisa dessa união”. Alckmin disse ainda que “o PTB não apenas tem historia, ele faz história”. Também formalizaram apoio ao presidenciável do PSDB neste sábado o Solidariedade e o PSD.

Mais três partidos fecham apoio a Geraldo Alckmin

- Portal do PPS

Os partidos têm a até o próximo domingo (5) para realizar convenção eleitoral nacional
PTB, PSD e SD realizaram convenções neste sábado (28) e decidiram apoiar a pré-candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência da República nas eleições de 7 de outubro (veja abaixo).

Os partidos têm a até o próximo domingo (5) para realizar convenção eleitoral nacional e decidir como vão se posicionar na corrida presidencial. O PPS realiza convenção no próximo sábado (4), em Brasília. O prazo para pedir registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se encerra dia 15 de agosto.

Campanhas
A partir das convenções, os partidos podem adotar medidas práticas para desencadear a campanha eleitoral. Por exemplo, podem assinar contratos para instalação física e virtual dos comitês dos candidatos e dos partidos. Mas o pagamento de despesas só é permitido após a obtenção do CNPJ do candidato e a abertura de conta bancária específica para a movimentação financeira de campanha e emissão de recibos eleitorais.

O CNPJ é solicitado à Secretaria da Receita Federal depois da apresentação das candidaturas à Justiça Eleitoral. Emitido o CNPJ os partidos políticos e os candidatos devem enviar à Justiça Eleitoral, para divulgação na internet, os dados de arrecadação para financiamento da campanha eleitoral, observado o prazo de 72 horas após o recebimento dos recursos.

PTB, PSD e SD decidem apoio a Alckmin
Tucano participa, em Brasília, da convenção nacional do PTB que o chancela como candidato ao Planalto. PSD, em São Paulo, também fica com ele e tira Afif Domingos da disputa. Outro apoio é do SD, que retira Aldo Rebelo

Renato Souza – Correio Braziliense

O cenário político para a disputa presidencial deste ano começa a ganhar definição com a realização das convenções nacionais dos partidos. Em Brasília, o PTB declarou apoio ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB. A decisão foi anunciada pelo presidente da legenda, Roberto Jefferson, durante convenção realizada na manhã de ontem. No encontro, estava também a deputada Cristiane Brasil, que lançou críticas ao Judiciário.
Ao discursar ao lado de Alckmin, no evento que ocorreu no Setor Hoteleiro Sul, Roberto Jefferson comparou o tucano a outros estadistas, como Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas. “Alckmin tem história na política. Ele não é um aventureiro. Eu o conheço há 30 anos. É um homem honrado”, afirmou. “É Geraldo Alckmin que o PTB vê como líder capaz de tudo, como Moisés no deserto a nos guiar à Terra Prometida”, afirmou.

Ao agradecer o apoio, Alckmin rebateu críticas lançadas por adversários. “Eu nunca tive cargo público a não ser pelo voto do povo. Política não se obriga, política se conquista”, afirmou. Ele rebateu acusações de que será uma continuidade do governo do presidente Michel Temer. “Quem elegeu o Temer foi o PT”, disse. Alckmin defendeu a reforma da Previdência, trabalhista e tributária, e discursou sobre problemas econômicos, afirmando que é necessário trazer estabilidade ao país.

Maia não garante palanque do DEM a Alckmin nos Estados

Presidente da Câmara diz que candidatos do partido não vão deixar a disputa e poderão apoiar outros presidenciáveis

Constança Rezende /O Estado de S. Paulo.

RIO - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ontem que candidatos a governador de seu partido não vão abrir mão de suas candidaturas por causa da aliança do Centrão com o précandidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin. Se um candidato do DEM tiver de “construir um palanque” com outro presidenciável, isso será feito, disse Maia, após participar da convenção regional do partido, no Rio. Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso são os Estados em que há mais divergências.

“A gente vai ter candidato de qualquer jeito. Não abrimos mão de jeito nenhum. Eu disse isso ao (ex-) governador Geraldo Alckmin, quando estive com ele nessa semana. O DEM tem projeto de fortalecimento de seus palanques em todos os Estados que tivermos condições”, afirmou Maia.

Segundo o presidente da Câmara, Minas Gerais é o Estado que “dá mais problemas”. Na disputa pelo governo mineiro estarão o deputado federal Rodrigo Pacheco pelo DEM e o senador Antonio Anastasia pelo PSDB. O parlamentar ponderou que, “infelizmente”, as eleições estaduais são misturadas com a federal, o que, segundo ele, acaba gerando conflito.

“Em Minas, temos uma candidatura que representa inovação, um quadro preparado (Pacheco), que mostrou isso na Comissão de Constituição e Justiça (da Câmara). Se, por algum motivo, a nossa candidatura no Estado tiver de construir um palanque com outro candidato a presidente, o governador Geraldo Alckmin sabe disso e certamente vai respeitar.”

Em Goiás, Ronaldo Caiado (DEM) é adversário de Marconi Perillo (PSDB). O caso de Mato Grosso é semelhante. “Em Goiás, não vamos estar com o PSDB nunca. Não posso obrigar o nosso futuro governador, se Deus quiser, Ronaldo Caiado, a apoiar Geraldo Alckmin. Em Mato Grosso, temos um candidato muito forte, que está em primeiro lugar nas pesquisas e o adversário dele é do PSDB.
Como é que eu faço? Se a eleição for só regionalizada não tem problema, não vamos misturar com nacional”, disse Maia.

Rio. O presidente da Câmara aproveitou a convenção regional do DEM para lançar a candidatura do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes ao governo fluminense. Paes deixou o MDB e migrou para o DEM após uma reconciliação com Rodrigo Maia e o pai dele, César Maia, ex-prefeito, hoje vereador.

A eleição no Rio é outra em que haverá divergência, embora menor do que em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Paes terá o apoio do MDB, cujo candidato a presidente é o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

Paes repele Cabral mas acena para Crivella

Por André Ramalho | Valor Econômico

RIO - O DEM confirmou ontem o lançamento da candidatura do ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM) a governador do Estado. Durante a convenção, na sede do partido, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, Paes adotou um tom conciliatório com políticos de diversos partidos e esferas de governo - do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) ao prefeito do Rio Marcelo Crivella (PRB) - e fez afagos ao vereador Cesar Maia (DEM), a quem sucedeu na prefeitura e do qual era desafeto desde a campanha municipal de 2008. A cerimônia marcou a aproximação pública entre os dois. Cesar Maia será candidato ao Senado da ampla coligação que está sendo montada por Paes. "Se há 20 anos [na disputa de 1998], o Cesar Maia tivesse vencido a eleição para o governo do Estado, estaríamos vivendo outro momento fiscal do Rio", discursou. Ao Valor, Cesar Maia disse que o apoio a Paes será pragmático e que as rusgas fazem parte do passado.

Paes afirmou que o maior desafio, se eleito, será "arrumar a casa" da gestão do Estado. No pronunciamento, evitou tocar em assuntos como corrupção e Lava-Jato, mas ao ser questionado por jornalistas sobre sua ligação política com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), preso na Operação Lava-Jato, disse que não responde pelos atos de seu ex-aliado. O ex-prefeito se desfiliou do MDB neste ano e migrou para o DEM - a convite do filho de Cesar, Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados e do diretório estadual - para desvincular sua imagem do grupo de Cabral.

"Eu respondo pelos meus atos, meu CPF é outro. Fui prefeito do Rio por oito anos, a população sabe como governo. Sempre fiz alianças, me dei com os partidos, e nem sou a pessoa mais partidária do mundo… Meu compromisso é com a população, eu respondo pelos meus atos à frente da Prefeitura do Rio", disse Paes, que chegou ao auditório ao som do hit "Mal Acostumado", da banda Araketu.

O ex-prefeito afirmou que uma de suas principais bandeiras será a segurança pública, área sob intervenção federal. "Precisamos recuperar o direito de ir e vir, reassumir a segurança pública. Não tem essa de ser a favor ou contra [a intervenção]. Era uma necessidade", disse.

Paes lança-se ao governo do Rio sem citar corrupção, Lava Jato e Cabral

Anúncio foi feito ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e de seu pai, o vereador do Rio, Cesar Maia (DEM), em um prédio comercial na Barra da Tijuca, zona oeste da capital

Constança Rezende | O Estado de S.Paulo

RIO – Sem mencionar a Lava Jato ou a corrupção no estado, o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), lançou-se candidato ao governo do Rio, na manhã deste domingo, 29. O anúncio foi feito ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e de seu pai, o vereador do Rio, Cesar Maia (DEM), em um prédio comercial na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

Paes foi o último a falar e, em seu discurso, enfatizou as crises na economia e na segurança que atingem o estado, mas não falou da corrupção e da Operação da Lava Jato Fluminense, que prendeu três governadores do estado, Anthony Garotinho (PRP), Rosinha Garotinho e o seu ex-aliado e ex-colega de partido, Sérgio Cabral (MDB).

O ex-prefeito do Rio preferiu ocupar a maior parte de seu discurso fazendo elogios à família Maia, da qual estava rompido e se reaproximou depois que se filiou ao DEM para se candidatar ao governo. Ele destacou o acordo de recuperação fiscal do estado obtido em Brasília, do qual Maia teve influência.

"Rodrigo teve um papel fundamental nos últimos tempos, no Brasil, e no Rio. Se não tivéssemos ele, estaríamos em uma situação pior do que a que vivemos hoje. Não estaríamos conseguindo pagar o salário dos servidores. Rodrigo é o senhor estabilidade", exaltou.

Já o presidente da Câmara disse que aliança com Paes tem o objetivo de "refundar o estado do Rio". "O estado não parou graças ao trabalho articulado pela nossa bancada no projeto de recuperação fiscal. Não acho que a situação do estado é tranquila. Temos um déficit previdenciário muito grande. Precisamos de um gestor de qualidade e de pessoas que já mostraram, por onde passaram, que têm experiência e capacidade", disse, referindo-se ao ex-prefeito do Rio.

'Respondo pelos meus atos, meu CPF é outro', diz Paes sobre MDB do Rio
O ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), procurou desvincular-se de seu ex-partido, o MDB, durante o lançamento de sua candidatura ao governo do Rio. Ao ser questionado por jornalistas o motivo pelo qual não ter mencionado o tema da corrupção, nem os políticos do MDB presos pela Lava Jato, em seu discurso, Paes disse que responde pelos seus atos.

O ex-prefeito disse que trata do que é o seu procedimento dentro da vida pública e que sempre buscou agir com correção em suas ações. “Eu respondo pelos meus atos, meu CPF é outro. Eu sempre fiz alianças, sempre me dei com partidos. Mas meu compromisso é com a população. Eu respondo pelos meus atos como indivíduo, como homem público, e na Prefeitura do Rio”, disse.

Paes admitiu que a prisão de seu ex-aliado, o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), contribuiu para a crise do estado, mas não citou o desvio de recursos públicos, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF). “É obvio que, quando você tem uma perda de liderança, de comando, e isso vinha acontecendo há muito tempo, estimula a crise que a gente vive”, afirmou.

Paes também justificou, na entrevista para imprensa, que a corrupção é um tema que deve ser premissa de qualquer governo, mas culpou os órgãos de controle público. “A gente precisa rediscutir o tema do sistema de controle brasileiro que tem se mostrado extremamente ineficaz. Os controles formais de governo não tem dado conta desse desafio”, disse.

Maia afirma que Paes e Sérgio Cabral têm 'formas distintas'
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), disse que Eduardo Paes (DEM) e o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB), têm "formas distintas" de governar.

"Sergio Cabral é uma pessoa, Eduardo Paes é outra. Eles foram aliados políticos, mas um governou o estado e o outro a Prefeitura e, pelo que a gente tá vendo, as formas são distintas. Isso que a gente precisa deixar com muita clareza", disse.

Maia acrescentou que, apesar da aliança com o MDB na chapa estadual, o candidato a vice não virá desse partido. "Aqueles que vão aderir à nossa candidatura sabem que o estado do Rio precisa ser refundado e, se quiserem participar, será nessas condições", afirmou.

Paes lança candidatura ao governo do Rio sem atacar corrupção de ex-aliados

'Ninguém tem vergonha do que fez', diz ex-prefeito em ato

Italo Nogueira | Folha de S. Paulo

RIO DE JANEIRO - Tentando suceder um governador investigado, e um ex-governador preso, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM) oficializou neste domingo (29) sua candidatura ao governo sem atacar em discurso a corrupção no estado.

Aliado por dez anos de Sérgio Cabral (MDB), atualmente preso, Paes afirmou que não fará uma campanha “olhando para trás”.

“Ninguém aqui tem vergonha do que já fez, do que foi”, afirmou ele, em convenção do DEM-RJ num auditório na Barra da Tijuca (zona oeste).

O ex-prefeito focou os 21 minutos do discurso na retomada de investimentos, recuperação da capacidade financeira do estado e melhorias na segurança pública. Não mencionou nenhuma vez a palavra “corrupção”.

Além da aliança com Cabral, o ex-prefeito será alvo de ataques na campanha pela prisão do ex-secretário de Obras de sua gestão, Alexandre Pinto. Ele confessou ter recebido propina de empreiteiras enquanto comandava as inúmeras obras na cidade. As investigações já divulgadas não apontam envolvimento do Paes no caso.

“Busquei agir com correção no meu governo, e nas minhas ações. Esse é um tema que é premissa de qualquer governo. A gente precisa rediscutir os sistemas de controle brasileiros. Eles têm se mostrado extremamente ineficazes”, afirmou Paes em entrevista, ao ser perguntado sobre a ausência do assunto em seu discurso.

Também pesa contra o ex-prefeito o apoio dado para a eleição do governador Luiz Fernando Pezão (MDB), investigado pela Procuradoria-Geral da República e à frente de uma administração rejeitada.

“Quando você tem uma perda de liderança e comando, e isso vinha acontecendo, não é uma coisa recente, é óbvio que isso estimula e amplia a crise que a gente vive”, disse o ex-prefeito, também em entrevista, quando questionado sobre os efeitos da corrupção nas finanças do estado.

O candidato do DEM também foi citado como destinatário de caixa dois da Odebrecht em delação de executivos da empresa. Esse caso foi retirado das investigações no âmbito da Lava Jato. Ele nega ter recebido recursos ilegais.

A confirmação de sua candidatura ocorreu após uma longa indefinição pública sobre as intenções políticas de Paes nesta eleição. Ele saiu do MDB em março e foi para o DEM para tentar fugir da associação com a sigla marcada pela corrupção no estado.

O ex-prefeito fez, assim, sua quinta troca de partido desde que iniciou na política, há 26 anos. Ele afirmou que, no atual cenário, essa trajetória pode ser benéfica.

“Sempre fiz alianças. Não sou exatamente a pessoa mais partidária do mundo. Isso era uma crítica que faziam a mim, agora pode até caber como elogio”, afirmou.

Paes foi eleito e reeleito prefeito defendendo a aliança política com o então governador Cabral e os ex-presidentes Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT). Ele reeditou a defesa na boa relação institucional ao afirmar que procurará trabalhar bem, se eleito, tanto com os presidenciáveis Guilherme Boulos (Psol) como com Jair Bolsonaro (PSL).

A troca de partidos o colocou de volta ao lado do vereador César Maia (DEM), candidato ao Senado. Paes iniciou sua trajetória política ao lado do ex-prefeito, mas se afastou ao aderir ao grupo de Cabral.

Sem jingle definido, a convenção que oficializou Paes foi finalizada com a música “Volta”, do grupo de pagode Raça Negra, cujo refrão diz: “Então volta / Traz de volta meu sorriso / Sem você não posso ser feliz”.

Ao lançar candidatura, Paes ignora ex-aliados incômodos e diz priorizar Segurança

Com ex-desafetos, Paes ignora Lava-Jato e diz que segurança é prioridade

Candidato ao governo do Rio, ex-prefeito afirmou que não pretende 'falar mal de ninguém' durante a campanha

Waleska Borges | O Globo

RIO - O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes foi confirmado pelo DEM como candidato ao governo do estado na manhã deste domingo. O anúncio ocorreu durante a convenção do partido na sede da legenda no Rio, na Barra da Tijuca. O ex-prefeito Cesar Maia, padrinho político de Paes nos anos 1990 e seu antigo desafeto, além o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, estiveram no evento. Não foi anunciado o nome do candidato a vice de Paes.

Durante o seu discurso de 21 minutos na convenção, Paes não falou sobre corrupção ou sobre a Lava-Jato, que levou à prisão o ex-governador Sérgio Cabral, seu ex-aliado. Questionado quanto aos escândalos que envolveram seu ex-partido, o MDB, o candidato disse responder pelos seus atos: "meu CPF é outro". Paes mudou de partido para ser candidato ao Palácio Guanabara. O ex-secretário municipal de Obras de Eduardo Paes, Alexandre Pinto, está preso. Ele é suspeito de pedir 1% do valor das obras como propina.

— Ao longo da minha vida pública, busquei agir com correção no meu governo. Acho que esse é um tema que é premissa de qualquer governo. A gente precisa rediscutir os sistemas de governo brasileiro. Eles têm se mostrado extremamente ineficazes — disse Paes, ao ser questionado sobre a ausência do assunto corrupção no seu discurso.

O escolhido para compor a chapa do DEM ao governo do Rio já esteve em seis legendas. Surgiu no PV e passou para o PFL. Fez oposição com duras críticas ao governo Lula na CPI dos Correios. Depois, foi candidato pela base aliada de Lula MDB. Paes foi prefeito do Rio por dois mandatos consecutivos, entre 2009 e 2016. Ao lado de Cabral e do presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, integrou o MDB fluminense por dez anos. Também deu apoio ao governador Luiz Fernando Pezão (MDB). "Ninguém aqui tem vergonha do que já fez, do que foi", disse o candidato.

Paes falou de segurança pública e recuperação de finanças do Estado do Rio como suas principais bandeiras:

- Nos temos duas crises bastante profundas. Uma é fiscal. Se a gente não tiver a casa arrumada, caixa em condições, dificilmente você consegue recuperar o básico do estado, serviços essenciais chamado de feijão com arroz. Há uma crise profunda na segurança, que está sob intervenção, o governador vai ter que assumir o comando dessa questão como sua principal missão. Com essas duas questões você consegue retomar o caminho do desenvolvimento do estado.

O candidato disse que, se eleito, mesmo após o fim da intervenção, contará com as Forças Armadas.

- No caso da segurança pública, há uma necessidade de comando do governador. A retomada dos territórios. Isso podemos fazer com as forças de segurança do estado e sem deixar de ter o apoio das Forças Armadas desenvolvendo uma nova forma de policiamento que permita devolver a paz para o cidadão fluminense - adiantou Paes.

O ex-prefeito disse ainda que não pretende "falar mal de ninguém" durante a campanha e que vai "trabalhar olhando para frente".

Desafeto de longa data do ex-prefeito Cesar Maia, Paes dividiu palanque com o candidato a senador pelo Rio. A convenção foi aberta por Cesar, que discursou para uma plateia de cerca de 500 pessoas. Falou que, nos últimos anos, "houve certa omissão" dos senadores do estado no acompanhamento da situação tributária. Deu conselhos aos candidatos a deputados.

Depois de discursar por cerca de 40 minutos, enquanto Paes e Rodrigo não chegavam, Cesar Maia ficou sentado em uma cadeira no palanque durante a fala de ambos. Maia levantou-se apenas uma vez e interrompeu Paes para falar da eleição de 1998 quando foi candidato a governador. Maia pegou o microfone e disse: "Nós perdemos para governador, mas ganhamos para deputado".

Paes fez questão de elogiar o antigo desafeto que, apenas ao final, levantou-se da cadeira para dar as mãos e posar para as fotos junto dos outros candidatos. Maia era o único que não usava o adesivo da campanha do Paes no peito.

No banner da campanha de Paes, foi apresentado o slogan "Um homem com a força do Rio". Citou "o velho Brizola" ao falar sobre educação. Também disse que vai priorizar a população mais pobre e sofrida.

Rodrigo Maia disse que Paes é "o melhor candidato com a melhor experiência":

- O Rio está precisando de políticos que tenham compromisso com a refundação do estado. Tenho certeza que o Eduardo pelos oito anos que passou na prefeitura está preparado. Tanto no ponto de vista da gestão como da capacidade política.

Sobre as alianças, Maia disse que será feita uma reunião na noite deste domingo, mas adiantou que "haverá um arco de aliança muito forte".

- Estamos conversando com PSDB, PR, PP, Solidariedade, PMDB, PTB, PHS.

O final do evento foi encerrado com uma música do grupo de pagode Raça Negra que o trecho diz "Então volta, traz de volta o meu sorriso".

Rio Grande do Sul mantém tradição histórica de ‘polarização’

Divisão entre progressistas e conservadores no Estado remonta aos tempos do Império

Filipe Strazzer | O Estado de S.Paulo

PORTO ALEGRE - O Rio Grande do Sul mantém uma tradição histórica de polarização na política que, segundo analistas, remonta aos tempos do Império e tem como símbolos mais distintos os chamados “chimangos” e os “maragatos”, grupos antagônicos durante a Revolução Federalista de 1893. Este ano, ainda que haja ao menos oito pré-candidatos ao governo gaúcho nas eleições 2018, das mais diversas colorações partidárias, a divisão ainda ocorre, só que rebatizada de “progressistas” e “conservadores”.

Segundo o professor e cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Aragon Dasso Júnior, a polarização da política gaúcha é uma “constante”, apesar de alguns discursos contrários pregando a “união” – o atual governador José Ivo Sartori (MDB), por exemplo, foi eleito em 2014 com o discurso de “união dos chimangos e dos maragatos”. “O fato de alguém vencer não associado à divisão não significa que a vitória dele não seja a vitória de um dos blocos polarizados. O que aconteceu foi um discurso retórico que tentou suavizar a polarização.”

Os principais postulantes ao governo gaúcho reconhecem que existe uma polarização histórica, mas mantendo a tradição, divergem sobre a força atual desse processo e como lidar com isso. Enquanto alguns afirmam que ela enfraqueceu, outros propõem “unir o Rio Grande” ou manter esse quadro.

Para Jairo Jorge, pré-candidato do PDT, “os gaúchos já sofreram muito com a polarização” e sua campanha será pautada pela convergência. Já Luis Carlos Heinze (PP) disse que o partido buscará alianças e trabalhará numa “linha de ação mais à direita”. Eduardo Leite (PSDB) afirmou que, para ele, “do ponto de vista histórico essa é a eleição menos polarizada”. O pré-candidato do PT, Miguel Rossetto, não respondeu à reportagem.

Partidos em Pernambuco abandonam Paulo Câmara para apoiar Armando Monteiro

PSL, PHS, PRTB e PSDC formalizam apoio à chapa do PTB

Kleber Nunes | O Estado de S.Paulo

RECIFE – Em convenção conjunta, PSL, PHS e PRTB formalizaram, sábado, 28, o apoio à coalizão liderada pelo senador e pré-candidato ao governo de Pernambuco pelo PTB, Armando Monteiro. O evento contou também com a presença de dirigentes do PSDC, que também aderiu à decisão do bloco. Com a decisão, as quatro siglas abandonaram aliança do governador Paulo Câmara (PSB), pré-candidato à reeleição, a quem manifestavam apoio anteriormente.

O petebista soma agora 12 partidos em sua coalizão enquanto o pessebista tem dez siglas na base de apoio.

“Não se trata apenas de um grupo numérico, mas qualificado. A gente vai ampliando a frente com trabalho e dialogando com os partidos. Acho que essa frente vai se encorpando com o sentimento de que Pernambuco quer mudar. Pode ficar certo de que até a data da convenção (4 de agosto) nós vamos registrar novos apoios”, declarou Monteiro.

Pela manhã, o petebista participou, na sede do PSDB pernambucano, do anúncio oficial do deputado federal Bruno Araújo, ex-ministro das Cidades do governo Michel Temer(MDB), como candidato a senador, que comporá chapa ao Senado com Mendonça Filho(DEM).

A última vaga na majoritária na chapa de Monteiro, a de vice-governador, é disputada entre o deputado estadual do PSC André Ferreira, e o deputado federal pelo PPS Daniel Coelho.

Chorinho de Gafiera - Paulo Moura-Zé da Velha e Silvério Pontes-Daniela Spielmann

Garcia Lorca: O poeta pede ao seu amor que lhe escreva

Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.

O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.

Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.

Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.