quarta-feira, 9 de maio de 2012

OPINIÃO DO DIA – Fernando Henrique Cardoso: valores e economia.

É preciso contrapor os temas morais ao predomínio do econômico. Há uma demanda crescente de respeito por parte dos cidadãos. Estes aderem a valores não como decorrência automática de serem patrões, empregados, ricos, pobres, pertencerem a esta ou àquela organização, mas por motivos morais e culturais. Com essa perspectiva, Touraine responde categoricamente que não é com os partidos que a política ganhará outra vez legitimidade. As instituições estão petrificadas. Só os movimentos sociais e de opinião, movidos por um novo humanismo expresso por lideranças respeitadas, pode despertar a confiança perdida. Só assim haverá força capaz de se opor aos interesses institucionais do capitalismo financeiro-especulador, que transformou o lucro em motor do cotidiano. Daí a importância de novos atores, de novos "sujeitos sociais", portadores de uma visão de futuro que rejeite o status quo.

CARDOSO, Fernando Henrique, sociólogo, foi presidente da República, em Política e moral. O Globo, 6/05/2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Grécia à deriva força Europa a apostar no crescimento já
Brasil vai desistir de novas usinas nucleares
A Copa suíça e a Copa carioca
Meirelles, ex-BC, assumirá cargo na ‘nova Delta’
Bancos se retratam após ação de Dilma
‘Linhão’ de Belo Monte abastecerá Rio e Minas

FOLHA DE S. PAULO
Processo que pode cassar Demóstenes é aberto por 16x0
Gasto com diárias no exterior triplica na gestão de Cabral no Rio
Governo quer facilitar troca de dívida para outro banco
Crise política na Grécia derruba Bolsas no mundo

O ESTADO DE S. PAULO
Bancos vão baixar juros e indicam apoio a Dilma
Governo intervém e assume Copa
PF: Cachoeira operou na CGU
FAB vai destruir pistas ilegais em áreas indígenas

VALOR ECONÔMICO
Congresso pode abrir terras indígenas para a mineração
Senado apressa outro Código Florestal
Investidores migram para títulos privados
Nova safra de IPOs pode alcançar R$ 6 bi

CORREIO BRAZILIENSE
TJ bloqueia fortuna de ex-senador do DF
Desvios: Izalci na mira do MP
Trabalho escravo: Grito Contra a exploração
Delegado lança suspeita sobre a PGR
Processo para cassar senador começa a andar

ESTADO DE MINAS
Esquentou
Caso Cachoeira: Aberta ação para cassar Demóstenes

ZERO HORA (RS)
Empresa de Cachoeira cobra R$ 22,8 milhões do Estado por Lotergs
Sindical: Negociação direta volta ao debate em Brasília

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Copa das Confederações em Pernambuco, diz CBF
Delta é vendida e presidente será Meirelles
Térmicas serão ligadas e deixarão a luz mais cara

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Bancos vão baixar juros e indicam apoio a Dilma

Os dois maiores bancos privados do País, Itaú e Bradesco, preparam novas reduções de juros cobrados de empresas e pessoas físicas. A medida é uma forma de demonstrar convergência com a agenda da presidente Dilma Rousseff, um dia depois de mais uma polêmica entre o governo e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Um documento assinado pelo economista-chefe da entidade, Rubens Sardenberg, colocou em dúvida se a queda de juros resultaria em ampliação de crédito."Você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber água", escreveu. A nota causou estranheza no governo, e ontem banqueiros se esforçaram para desfazer o mal-estar - a Febraban disse que a opinião de Sardenberg não era oficial

Bradesco e Itaú vão cortar taxas de juros

No Itaú, devem ser contemplados o crédito pessoal e o financiamento de automóveis

Leandro Modé

Os dois maiores bancos privados brasileiros, Itaú e Bradesco, preparam novas reduções das taxas de juros cobradas de empresas e pessoas físicas. No dia seguinte à eclosão de nova polêmica entre o governo e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ambos procuraram demonstrar convergência com a agenda da presidente Dilma Rousseff para baixar o custo do dinheiro no País. "Revisamos nossas taxas de juros de empréstimos, fizemos ajustes e somos competitivos. Continuaremos ajustando à medida que a Selic (taxa básica de juros) caia", afirmou ao Estado o presidente do Itaú, Roberto Setubal. O banco prepara uma nova rodada de queda de taxas de juros. As duas próximas áreas que devem ser contempladas são financiamento de automóveis e crédito pessoal. "Nós compartilhamos as preocupações da presidente Dilma com a estrutura de juros do País. Às vezes existem cobranças, que absorvemos com naturalidade. Estamos trabalhando, analisando as opções e caminhos", disse ao Estado o presidente do Bra-desco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. "Nosso esforço está endereçado na meta de reduzir o peso da estrutura do custo de capital para consumo e investimentos."

Há exatamente três semanas, os dois bancos anunciaram, no mesmo dia, cortes de taxas de juros em algumas modalidades de financiamento. O processo foi detonado no início de abril pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal. Aos poucos, os bancos privados aderiram ao movimento. Mas, até agora, o BB e a Caixa já
implementaram três reduções, enquanto os privados fizeram apenas um comunicado. Alguns analistas observaram também que os bancos privados foram menos agressivos que os públicos em seus cortes. O tom de Setubal, ontem, foi mais suave do que o adotado na sequência do primeiro corte do banco. "Estamos procurando expandir a oferta de crédito para acelerar e fortalecer a recuperação da economia. A inadimplência vai se reduzir com a queda dos juros e a recuperação da economia." Há três semanas, ele afirmara que o Itaú Unibanco "gostaria de poder reduzir mais as taxas". "Mas, neste momento, identificamos um cenário de inadimplência mais elevado que o normal. É desejável diminuí-la para que tenhamos juros mais baixos."

Poupança. O Itaú prepara uma campanha publicitária para ir ao ar a partir do próximo fim de semana sobre a caderneta. A ideia é dizer que a tradicional aplicação financeira continua sendo uma ótima opção de investimento. "A solução que o governo deu para o rendimento da poupança foi tecnicamente adequada e bem recebida pelos poupadores. Vamos fazer campanhas para ajudar a população entender as novas regras." Trabuco também elogiou as mudanças adotadas pelo governo. "As novas regras na poupança são corajosas e coerentes com esse cenário de união e esforço pela redução dos juros e ampliação do crédito", afirmou. "O melhor é que a poupança mantém-se como investimento s eguro, rentável e com liquidez."

Trabuco foi um dos banqueiros que ligaram ontem para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para desfazer o mal-entendido criado após um relatório do economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg. Em um texto em que analisava o potencial efeito dos juros mais baixos sobre a oferta de crédito, Sarden-berg escreveu que "você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber água". A frase foi recebida com estranheza no governo e os bancos correram para explicar que não era uma provocação, mas apenas uma análise técnica que não expressava a opinião do setor sobre a agenda de Dilma.

Desde o início do processo, os bancos têm sido cautelosos nas declarações públicas sobre as demandas do governo. O único que destoou no processo foi o presidente da Febraban, Murilo Portugal, que, após uma reunião com autoridades em Brasília, disse que a bola estava com o governo. Ele se referia às propostas apresentadas pela entidade para permitir uma queda sustentada dos juros bancários no País.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Meirelles, ex-BC, assumirá cargo na ‘nova Delta’

A J&F Holding, do frigorífico JBS, assumirá o controle da Delta Construções, investigada na CPI do Cachoeira. Henrique Meirelles, da J&F Holding, ex-presidente do BC, deve presidir o Conselho de Administração da Delta. O Conselho de Ética do Senado abriu processo contra Demóstenes Torres

Holding assume controle da Delta; Meirelles, ex-BC, integrará Conselho

CGU já identificou indícios de corrupção em outros contratos da empreiteira

Gustavo Uribe, Roberto Maltchik

Tentáculos da contravenção

SÃO PAULO e BRASÍLIA. A J&F Holding, grupo que controla o frigorífico JBS, irá assumir o controle da Delta Construções, empresa alvo de investigação na CPI do Carlinhos Cachoeira. A informação é de agentes envolvidos na negociação, segundo os quais um comunicado sobre a operação deve ser divulgado hoje. Em um primeiro momento, antes da aquisição completa da empreiteira, a J&F Holding irá administrar o fundo que controla a Delta Construções, para avaliar a situação financeira da empresa. A expectativa é de que um novo presidente assuma a construtora, atualmente a sexta maior empreiteira nacional.

As negociações para a venda da Delta se estendem desde a semana retrasada e foram conduzidas, segundo pessoas que participaram da negociação, por Joesley Batista e Henrique Meirelles, da J&F Holding, e por Fernando Cavendish, presidente licenciado da Delta. O ex-presidente do Banco Central deve, inclusive, assumir a presidência do conselho de administração.

O mercado já vinha apostando em um acordo para esta semana entre a construtora e a holding, com a divulgação de fato relevante aos investidores. Em abril, o colunista do GLOBO Ancelmo Gois antecipou que a empreiteira estava à venda, após passar por problemas de caixa em virtude da divulgação de irregularidades em contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

A aquisição da empreiteira pela holding representa a expansão dos negócios da J&F para o ramo da construção civil. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) possui cerca de 30% do capital do grupo JBS. Na semana retrasada, a construtora deixou o consórcio responsável pelo projeto da Transcarioca, após ter se retirado das obras de reforma do estádio do Maracanã.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, já afirmou que o Ministério do Planejamento estava se preparando para uma eventual saída da Delta das principais obras do governo federal, em especial as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Um diretor de uma das cinco maiores empreiteiras do País, ouvido pelo GLOBO, avaliou que a venda tem caráter mais político que econômico, uma vez que, por meio dos atuais contratos firmados, a empresa não quebraria a curto prazo. O executivo ponderou, contudo, que há risco de o patrimônio da empreiteira "derreter" com o passar do tempo, sobretudo com o aprofundamento das investigações no âmbito da CPI do Cachoeira.

CGU pode declarar construtora inidônea

A Delta é alvo de investigações também na Controladoria Geral da União (CGU), que identificou indícios de possível tráfico de influência e corrupção de servidores públicos em contratos firmados entre o governo federal e a empresa em diferentes estados, nos quais já foram detectadas irregularidades como superfaturamento e pagamentos por serviços não executados.

A relação de indícios, ainda em apuração, está no processo sigiloso aberto para determinar se a empresa será ou não declarada inidônea. A CGU ainda deverá instaurar novo processo contra a Delta, após receber do Supremo Tribunal Federal (STF) o conteúdo da Operação Monte Carlo. Os documentos já foram solicitados em ofício remetido ao STF.

Por ora, o processo de declaração de inidoneidade está fundamentado na Operação Mão Dupla, da Polícia Federal, que, em 2010, desbaratou um esquema de corrupção em obras tocadas pela Delta no Ceará, com o apoio de servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

De acordo com as conclusões da operação, esses funcionários, incluindo o superintendente do Dnit no Ceará, teriam recebido propina e outras vantagens da construtora. Porém, a Corregedoria elencou indícios de práticas similares em outros estados.

Os indícios de práticas similares às encontradas no Ceará têm como origem extenso levantamento que apontou irregularidades em 60 contratos firmados entre o Dnit e a Delta em 19 estados.

Como os processos administrativos disciplinares e de inidoneidade são sigilosos, a CGU não comenta o assunto.

A Delta já foi notificada sobre o processo de inidoneidade, que deve ser concluído até o final de junho. A empresa está em fase de elaboração da defesa, que será remetida ao governo federal. A empresa informou que se manifestará no curso do processo e que "reafirma a lisura e correção em todos os processos".

Fonte: O Globo

Gasto com diárias no exterior triplica na gestão de Cabral no Rio

Gasto com diárias no exterior triplica no governo do Rio

Despesas atingiram recorde no ano passado e somam R$ 20 milhões desde a posse de Sérgio Cabral em 2007

Assessoria afirma que aumento de gasto se deu para atração de "negócios e eventos", como a Olimpíada

Ítalo Nogueira 

RIO - Sob administração do governador Sérgio Cabral, o governo do Rio gastou desde 2007 mais de R$ 20 milhões em diárias no exterior, segundo dados da Secretaria Estadual de Fazenda.

O gasto vem crescendo ano a ano, batendo o recorde em 2011, quando R$ 5,6 milhões foram usados para custear viagens oficiais internacionais de funcionários do governo.

Entre as viagens com diárias custeadas pelo Estado está a missão a Paris em setembro de 2009, na qual secretários e Cabral foram fotografados confraternizando com empresários que têm contratos com o Estado, como Fernando Cavendish, dono da Delta.

O governador afirma que a festa na qual as imagens foram feitas foi paga pelo barão francês Gerard de Waldner.

Os números mostram que o governo Cabral quase triplicou os gastos com viagens ao exterior, em comparação com os de sua antecessora, Rosinha Garotinho (2003-2006).

Enquanto a administração anterior gastou R$ 4,9 milhões nos quatro anos, a gestão do peemedebista consumiu, de 2007 a 2010 (seu primeiro mandato), R$ 13 milhões com diárias no exterior, em valores atualizados.

O governo disse, por meio da assessoria de imprensa, que as missões oficiais servem para "atração de negócios, eventos e turismo" e citou como exemplos a Rio +20 e a Olimpíada.

Cabral recebeu diretamente do governo R$ 148 mil em diárias desde 2007, quando assumiu o governo. Esse valor foi usado nos 127 dias em que, segundo sua assessoria, ele esteve em missões internacionais. O gasto médio diário é de R$ 1.116.

Para sua assessoria, é "compatível com despesas de uma viagem internacional".

As diárias podem ser usadas para gastos com alimentação, estadia e locomoção urbana.

A assessoria do governo afirma ainda que os funcionários recebem o valor antes da viagem, com base em estimativa de gasto. Não há prestação de contas posterior.

Constam ainda da lista de beneficiários de diárias do Estado secretários presentes na festa com empresários.

Régis Fichtner (Casa Civil) recebeu R$ 72 mil desde o início do governo. Já Sérgio Cortês (Saúde) e Julio Lopes (Transportes) ganharam, respectivamente, R$ 41 mil e R$ 65 mil. Wilson Carlos (Governo) obteve apenas R$ 3 mil, segundo a Fazenda.

No ano passado, o governo do Rio criou um cartão corporativo, semelhante ao usado no governo federal. Segundo a assessoria, o objetivo foi dar "agilidade e facilidade na prestação de contas de despesas". Até o momento, apenas a Secretaria da Casa Civil tem o cartão.

Fonte: Folha de S. Paulo

Não há motivo para Cabral ser convocado, diz Temer

Para vice-presidente, jantar de governador com empreiteiro não é "ilegal"
Oposição quer que peemedebista explique proximidade com dono da Delta, associada ao esquema de Cachoeira

Fernando Rodrigues
BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer, principal líder do PMDB, disse ontem não ver motivos para que o governador do Rio, o peemedebista Sérgio Cabral, seja convocado pela CPI do Cachoeira.

Para ele, as viagens e o jantar do colega de partido com o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, não configuram crime.
Embora Temer tenha tido o cuidado de ressaltar que não deseja influir na investigação do Congresso, trata-se de uma declaração de peso. O vice é presidente nacional licenciado do PMDB.

Temer falou em entrevista à Folha e ao UOL. Seu recado sobre Cabral reforça a estratégia do governo de proteger os governadores de partidos aliados. Outro citado nas investigações é o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT).

Deputados e senadores pró-governo querem impedir a convocação de Cabral e de Agnelo. Ao mesmo tempo, tentarão forçar um depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

Cabral aparece em viagem ao exterior confraternizando com Cavendish em imagens divulgadas pelo deputado Anthony Garotinho (PR-RJ). Para Temer, esse fato "pode ser apurado".

Indagado se o governador deveria se explicar melhor sobre seu relacionamento com Cavendish, Temer disse que ele poderá fazer isso "não necessariamente na CPI".

"Me me parece que chamar o Sérgio Cabral porque ele jantou com um empreiteiro, ou jantou com secretários ou o que seja... Só se a ilegalidade for jantar com um empreiteiro. Se isto for ilegal, muito bem. Não me parece."
Ele frisou, porém, que a convocação de governadores "é uma decisão da CPI".
Câmara

Na entrevista, o vice-presidente negou que a relação pouco amistosa da presidente Dilma Rousseff com o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN), seja um óbice para o peemedebista presidir a Casa a partir de 2013.
"A proximidade com a presidente não é o fator determinante para a decisão", disse.

PT e PMDB têm acordo para que haja um rodízio entre as siglas no cargo de presidente da Casa.

Segundo Temer, Dilma pode se aproximar do PMDB na discussão sobre a reforma do Código Florestal. Se ela vetar texto na íntegra e baixar uma medida provisória no lugar, o partido poderia trocar de posição e ajudá-la.
"Na opinião dele, "se houver uma nova formulação legislativa, ainda que por medida provisória, não é improvável acordo dessa natureza. E o PMDB vai colaborar".
Fonte: Folha de S. Paulo

PF: Cachoeira operou na CGU

Inquérito da Polícia Federal sugere que o contraventor Carlinhos Cachoeira operou na Controladoria-Geral da União para prejudicar um concorrente da empreiteira Delta, pivô do escândalo. A CGU deve instaurar sindicância. Ontem, o conselho de ética do Senado abriu processo contra Demóstenes Torres por sua relação com Cachoeira

Esquema de Cachoeira tinha "infiltrado" na CGU

Corrupção e CPI. Araponga Dadá, ligado ao contraventor, foi flagrado pela Polícia Federal em diálogos com ex-diretor da Delta Construções referindo-se a um "amigo da CGU" que poderia defender interesses do grupo; órgão de controle interno abrirá sindicância

Alfredo Junqueira

BRASÍLIA - A organização criminosa liderada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, operou dentro da Controladoria-Geral da União (CGU) para prejudicar um concorrente da Delta Construções. Investigações da Polícia Federal mostram que a empreiteira quis usar um funcionário ligado ao araponga Idalberto Matias Araújo, o Dadá, para atingir a Warre Engenharia e Saneamento – empresa envolvida em irregularidades em obras em Goiânia. A CGU já requisitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) cópia do inquérito da Operação Monte Carlo e deve instaurar sindicância interna.

Chamado pelo araponga de "amigo lá da CGU" e "companheiro da CGU", o suposto servidor do órgão de controle interno do governo federal teria atuado para incluir a Warre em auditoria realizada no ano passado para apurar desvios cometidos em convênios firmados pelo Ministério do Turismo com ONGs. As fraudes já haviam sido alvo de outra investigação da PF, batizada de Operação Voucher, realizada no dia 9 de agosto do ano passado, mas que não colocou a empreiteira no radar da PF.

Em conversa telefônica gravada horas depois da ação dos agentes federais no Ministério do Turismo, Abreu pediu que Dadá plantasse informações que ligassem a construtora concorrente, sediada em Goiânia, com as irregularidades identificadas na pasta. Entre as 36 pessoas presas na Operação Voucher estava o então secretário executivo do ministério, Frederico Silva da Costa. Segundo Abreu, "o ex-número dois" era ligado à Warre. "O pessoal da Warre Engenharia é aqui da cidade. O dono dela é o Paulo Daher e o filho dele, o Ricardo Daher. (...) Eles são amigos de infância. E esse cara que foi preso aí (Frederico) arrumou dinheiro pra eles e direcionou as obras", explicou Abreu a Dadá. "Então, dá pra plantar isso aí? Os caras fazerem a ligação com eles?", questiona o empreiteiro. O araponga, então, responde: "Dá. Se não der, a gente coloca na mídia, né? Que aí os caras se interessam. Vou falar com aquele amigo lá da CGU", diz Dadá.

Auditoria. O impacto das revelações da Operação Voucher levou a presidente Dilma Rousseff a instaurar uma auditoria em todos os convênios do Ministério do Turismo. Dois dias após a ação da PF, o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, editou a portaria n.º 1.596. O objetivo era designar equipe específica para verifi-car a execução de convênios celebrados pelo ministério.

No fim de semana seguinte, revista semanal de grande circulação publicou reportagem mostrando a ligação entre o ex-número dois da pasta e os sócios da Warre, com destaque para irregularidades em obra de revitalização do Parque Mutirama, em Goiânia. Orçada em R$ 80 milhões, era financiada por convênio com o ministério e executada pela empresa da família Daher. Em dezembro, a CGU apresentou a s conclu-sões da auditoria. Além das fraudes em convênios com 22 ONGs já identificadas pela Operação Voucher, o documento incluiu um anexo exclusivo sobre as irregularidades cometidas pela Warre no Parque Mutirama.

Blindagem. A citação das obras do Parque Mutirama em reportagens e a investigação da CGU acabaram preocupando Cachoeira. No dia 15 de agosto do ano passado, o contraventor procurou Dadá para tentar blindar a Warre. Em conversa gravada pela PF, o bicheiro revelou ao araponga que era "sócio" do empreendimento no parque goiano e que receberia 30% dos R$ 80 milhões investidos. "Eu tenho 30% e eles têm 70%. Então, eu quero blindar eles, senão pinga em mim", diz Cachoeira ao auxiliar. Mas a operação de "desgaste" já tinha sido desencadeada. A Warre informou que não tem relações com Cachoeira nem com a Delta. Apesar de ser citada 15 vezes no relatório de dezembro da CGU, a empresa nega ter sido alvo de qualquer procedimento do órgão de controle. A Delta disse desconhecer o assunto.

Ligações

9/8/2011
6h. PF desencadeia a Operação Voucher. Objetivo é acabar com esquema de desvio de recursos públicos do Ministério do Turismo, a partir de convênios com ONGs. Foram presas 36 pessoas em Brasília, São Paulo, Macapá e Curitiba, entre elas o secretário executivo da pasta, Frederico Silva da Costa

22h11. Dadá e Cláudio Abreu (Delta) falam sobre a operação. Abreu pede que Dadá faça com que a empresa Warre Engenharia e Saneamento, que teria conexões com Silva da Costa, passe a ser investigada:

Cláudio: O cara que tinha a força e esse número dois que foi preso disse que não ia liberar a grana enquanto os amigos deles não terminassem o lote deles, a obra deles. Aí ele acaba daqui três ou quatro anos ou quando esse bosta caísse. Então, dá pra plantar isso aí? Os caras fazerem a ligação com eles?

Dadá: Dá. Se não der, a gente coloca na mídia, né? Que aí os caras se interessam. Vou falar com aquele amigo lá da CGU, né? Cláudio: Pois é, é o pessoal da Warre Engenharia, é aqui da cidade, Warre Engenharia, o dono dela é o Paulo Daher e o filho dele, o Ricardo Daher. (...) Eles são amigos de infância. E esse cara que foi preso aí arrumou dinheiro pra eles pra c... e direcionou as obras pra eles, entendeu? (...)

Cláudio: Os caras são muito escrotos. Só querem o negócio na boa lá e não são de confiança. Não cumprem porra nenhuma, não faz nada. Só querem o "venha a nós". O "nosso reino", foda-se. Dadá: Não, pode deixar que eu vou falar com o companheiro lá da CGU e um colega de lá do órgão também que ele vai se interessar por isso aqui.

11/8/2011
Ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, edita a portaria que desig-na equipe específica para verifi-car a execução de convênios celebrados pelo Turismo

13/8/2011
Revista semanal revela irregula-ridade na obra do Parque Mutira-ma, em Goiânia, realizada pela Warre Engenharia, e as ligações da empresa com o ex-número dois do Ministério do Turismo

15/8/2011
Cachoeira pede a Dadá que blinde a Warre, pois é sócio oculto –tem 30% – da empresa na obra do Parque Mutirama

Dezembro de 2011
CGU apresenta relatório de audi-toria no Turismo. A investigação apura desvios cometidos por 22 ONGs e inclui um capítulo exclu-sivo sobre as irregularidades cometidas pela Warre Engenha-ria no Parque Mutirama

10/2/2012
Apesar da tentativa de Cachoei-ra de blindar a Warre Engenha-ria no Parque Mutirama, a PF realiza nova operação e prende seis pessoas

Fonte: O Estado de S. Paulo

Oposição tenta evitar nomeação de Collor

BRASÍLIA - Os integrantes da CPI do Cachoeira avançam nas negociações para a definição de quem será o vice-presidente da comissão. A base aliada quer manter sob seu controle o cargo, cujo ocupante será responsável pela condução das sessões na ausência do presidente do colegiado, Vital do Rego (PMDB-PB). Integrantes da oposição já dão como certo que o vice-presidente será governista, mas começam a se articular para tentar evitar que seja nomeado o senador Fernando Collor (PTB-AL).

Collor, que já foi alvo de uma CPI e sofreu um impeachment quando foi presidente da República, tem atuado de acordo com os interesses do PT na CPI do Cachoeira: ataca alas da imprensa e a Procuradoria-Geral da República. A CPI foi criada para investigar o suposto esquema ilegal de jogos de azar chefiado pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e suas conexões com agentes públicos e privados.

O discurso de parlamentares petistas e de que a definição do vice-presidente deve ser uma escolha pessoal de Vital do Rego e, por isso, o partido apoiara qualquer que seja a sua opção. Outro nome cotado é o do senador Vicentinho Alves (PR-TO). Por enquanto, contudo, o senador tem dito que não pretende assumir tal responsabilidade. Ele justifica que está envolvido com outras atribuições no Senado, como a presidência da subcomissão que discute um novo marco regulatório para a aviação civil.

Para evitar que Collor assuma a vice-presidência da CPI, o PSOL sugerirá que a função seja assumida por um deputado, mesmo que do PMDB ou PT. (FE)

Fonte: Valor Econômico

Movimento suprapartidário pressiona para incluir a imprensa na apuração

Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - Poucos admitem publicamente, mas existe entre integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso que apura relações de Carlos Augusto Ramos com agentes públicos e privados um movimento suprapartidário a favor da investigação das relações do empresário de jogos de azar - conhecido como Carlinhos Cachoeira- com a imprensa, ou, mais precisamente, com a revista "Veja".

Em reação, um grupo de parlamentares se mobiliza para evitar a convocação de jornalistas. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) aponta a existência de impedimento legal para o depoimento de jornalista. E também o risco de rompimento do princípio da "proteção constitucional da atividade jornalística, que inclui o sigilo da fonte, mas não só ele".

Além do senador Fernando Collor (PTB-AL), autor de requerimento convocando Policarpo Júnior, redator-chefe da revista da Editora Abril, para depor na CPI - "com o propósito de esclarecer eventuais ligações e troca de informações" com Cachoeira e seu grupo -, setores do PT e do PMDB também defendem que a investigação chegue à imprensa.

Para pessoas contrariadas com reportagens da "Veja", transformar a revista em alvo de investigação poderia servir como uma espécie de "acerto de contas". Escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal em operações de investigação de Cachoeira sinalizam que ele pode ter sido fonte de reportagens da revista.

"As gravações envolvendo Policarpo mostram não uma relação nos marcos legais entre um jornal e uma fonte. E sim um indicativo de atividade criminosa, de espionagem policial e espionagem empresarial", afirma o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Ele diz ser "defensor radical" da liberdade imprensa, mas, acha que a prática não pode ser confundida com crime. "Invasão de domicílio, espionagem e estar mancomunado com o crime organizado não é jornalismo."

O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), avalia que, depois de analisados "os fatos e os dados", deve ser analisada a conveniência de convocar ou não o jornalista para depor na CPI. "Se chegarem à conclusão de que precisamos chamá-lo, não há porque ter medo. E, se houver elementos que caracterizem crime, a CPI pode remeter [o caso] para investigação de outra instância judicial", diz Pinheiro.

O deputado Sibá Machado (PT-AC) afirma que "pessoas da revista estão no centro do debate" da CPI e, portanto, devem ser convocadas. "O envolvimento com Cachoeira é forte e ele é responsável por gravações e vídeos [usados pela revista]. Há áudios deles com Cachoeira muito comprometedores." Para ele, se a CPI não convocar Policarpo, perde um pouco o sentido.

O impedimento legal, segundo Miro, é o artigo 207 do Código de Processo Penal, segundo o qual "são proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho". Para o deputado, uma CPI pode até convocar jornalista, mas o profissional não pode depor. Miro não acredita que a CPI tomará esse caminho.

"Há votos de ministros do Supremo Tribunal Federal dizendo que jornalista tem que investigar. É o direito do povo à informação. O que é inerente à atividade é o dever de investigar. Então, por isso, o jornalista não pode nem chegar aqui e dizer que abre mão de falar. Isso aqui não está à disposição do jornalista."

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) acha que não há limitação formal jurídica para que um jornalista deponha, mas considera haver "impedimento político". O foco da CPI, segundo ele, é outro, ou seja, apurar as relações de Cachoeira com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), com governadores e com a construtora Delta.

"Mesmo que tenha tido algum contato de jornalista com Cachoeira, isso é tangencial. Pode até ser função do jornalista. Ele está proibido de fazer uma ligação para Fernandinho Beira Mar, se quiser uma informação dele? O jornalista tem que estar perto [das fontes], inclusive de contraventores", diz Randolfe.

O diretor de redação da "Veja", Eurípedes Alcântara, afirmou ser uma "afronta à democracia" a convocação de um jornalista para depor em um tribunal político. "É assombroso que na semana seguinte às comemorações do Dia Mundial da Liberdade de imprensa, um senador peça a convocação de um jornalista para depor diante de um tribunal político e, com isso, envergonhe o Brasil, colocando-nos na má companhia de nações atrasadas e repudiadas pela comunidade internacional", disse.

Segundo ele, "a imprensa não está acima da lei, mas não pode ser colocada ao desamparo dela. Um jornalista acusado, como qualquer cidadão, tem o direito de saber o que pesa contra ele no âmbito da justiça. Colocá-lo diante de um tribunal político com o objetivo de "esclarecer eventuais ligações" com quem quer que seja é um despropósito e uma afronta à democracia".

Fonte: Valor Econômico

Imprensa no alvo da CPI

A parcela governista da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com o submundo da política elegeu seu primeiro e favorito alvo: a imprensa. A estratégia equivale a culpar o mensageiro pelo conteúdo indigesto da notícia. É a velha obsessão do PT por calar seus críticos.

No primeiro depoimento colhido pela CPI, o principal assunto, segundo mostram os jornais de hoje, não foram as ligações entre a contravenção e o desvio de recursos públicos, como seria de se esperar. A base governista no Congresso lançou-se mesmo foi na jugular dos meios de comunicação.

Quem comanda o ataque são a bancada do PT e o ex-presidente Fernando Collor, que 20 anos atrás sofreu processo de impeachment e foi afastado do cargo por suspeita de corrupção. A aliança entre aquela e este, que seria impensável no passado, hoje rola soltinha no Congresso, irmanada no espírito predador que ambos demonstram ter em comum.

Com a CPI fortemente blindada pelo governo, seu comando tem feito de tudo para torná-la o menos transparente possível. O acesso a documentos é cerceado, controlado e filmado, como se criminosa fosse a investigação e não os ilícitos que se investiga. Até mesmo os depoimentos - como o do delegado da PF Raul de Souza, ontem - são feitos a audiências restritas.

O PT, que no passado viveu, abjetamente, da violação alheia, hoje se apressa a erigir muros em torno das atividades de um criminoso preso por ter lesado o patrimônio público em milhões- quiçá bilhões - de reais. Mas o melhor desinfetante para lambanças desta natureza continua sendo a luz do sol, não as sombras.

A atitude firme da imprensa foi decisiva para revelar e bloquear assaltos ao interesse público nos últimos anos. Se o que ela desnudou mostrou-se até agora verdadeiro, por que colocá-la no banco de réus? Será porque os meios de comunicação atrapalham e incomodam um projeto de dominação política de longa duração?

Fato é que a investida liberticida dos petistas no Congresso não é ato isolado. Está articulada com um desejo mais amplo do partido de Dilma e José Dirceu de silenciar os opositores do regime. Em recentes e reiteradas declarações, Rui Falcão, presidente do PT, não tem dado margem a dúvidas: o objetivo é botar o cabresto nos meios de comunicação.

Na última sexta-feira, ele voltou à carga, num encontro com a militância petista na Grande São Paulo. "(A mídia) é um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do Lula. Esse poder nós temos de enfrentar", disseFalcão, logo após anunciar que, em breve, o governo Dilma pretende apresentar a proposta de um marco para regular os meios de comunicação.

A esta proposta, acalentada desde os primórdios do primeiro governo Lula, o PT dá o pomposo nome de "controle social da mídia". Trata-se, na realidade, de um eufemismo para o que não passa, simples e objetivamente, de censura. Como o governo controla os chamados "movimentos sociais", o círculo se fecha: o que se pretende é o controle dos meios de comunicação pelo governo.

Falcão, assim como boa parte da militância e dos líderes do PT, tem outra ideia fixa na cabeça: turvar a percepção da opinião pública sobre o mensalão, o maior escândalo de desvio de dinheiro público para compra de apoio parlamentar da história brasileira. O sonho dos petistas é transformar a CPI no instrumento desta vingança.

Boa parte do PT e de quem hoje está no governo federal comunga do apreço aos velhos regimes totalitários que, no século passado, trucidaram a liberdade em nome de uma ideologia de bem-estar comum que só serviu para privilegiar uns poucos. É este modelo que está na raiz da ojeriza do partido a instituições que vivem da transparência.

Não é só a imprensa que o PT detesta. Os partidários de Lula, Dilma e José Dirceu também têm horror a órgãos que têm obrigação constitucional de fiscalizar, controlar e zelar pelo patrimônio público. Quem não se lembra da ira do ex-presidente contra o Tribunal de Contas, que teimava em reprovar a reiterada malversação de recursos do contribuinte na gestão passada?

Seja na CPI, no julgamento do mensalão ou na investida contra a imprensa, o que está em jogo é o desejo hegemônico do PT. Mas esta farsa eles não vão conseguir perpetrar. À sociedade brasileira interessa mais, e não menos, liberdade: esta é a batalha que vale a pena ser travada, dia após dia.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Delegado lança suspeita sobre a PGR

Ao depor na CPI, delegado da PF diz que investigação da Operação Vegas foi engavetada pela Procuradoria Geral da República (PGR), ao constatar a participação de Demóstenes e de deputados goianos no caso. Na CPI, aumenta a pressão para que o procurador-geral. Roberto Gurgel, seja convocado.

Um “míssil” em direção ao procurador-geral

OPERAÇÃO MONTE CARLO

Delegado da PF afirma que Ministério Público interrompeu a investigação contra parlamentares suspeitos de envolvimento com a quadrilha de Cachoeira. Integrantes da CPI defendem a convocação imediata de Roberto Gurgel e da mulher dele, subprocuradora da República

João Valadares, Diego Abreu

O depoimento do delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques de Souza, responsável pela investigação da Operação Vegas, prestado na tarde de ontem na CPI do Cachoeira, complicou de vez a situação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Nas entrelinhas, o investigador deu um recado claro: a Vegas foi interrompida e engavetada, em setembro de 2009, pela Procuradoria-Geral da República (PGR), no momento em que se constatou a participação do senador Demóstenes Torres (sem partido) e dos deputados federais Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO) na organização criminosa. Após o depoimento, que terminou às 22h40, até mesmo parlamentares que desde o início do escândalo se posicionaram contra a convocação de Gurgel, agora, acreditam que é impossível a comissão não chamá-lo para depor.

Bastante discreto e sem utilizar adjetivos, o delegado da PF comunicou que uma ordem da Justiça Federal de Goiás determinou que a investigação fosse remetida à PGR porque esbarrava em investigados com foro privilegiado. Um mês após encaminhar todo o inquérito à subprocuradora criminal da PGR, Cláudia Sampaio, mulher de Roberto Gurgel, o delegado esteve com ela e recebeu a resposta de que não havia provas contundentes contra os parlamentares. Resultado: o inquérito nem foi devolvido para realização de novas diligências nem seguiu para o Supremo Tribunal Federal (STF) para abertura de investigação em relação aos parlamentares citados.

Nesta época, já se tinha a notícia de que Demóstenes teria recebido dinheiro do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para pagamento de um táxi aéreo. A Operação Vegas teve início em 2008 para apurar uma rede que lucrava com jogos de azar e foi paralisada em 15 de setembro de 2009. Ao todo, ocorreram 61 mil interceptações telefônicas.

Recado claro

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, alegou que não remeteu o inquérito ao STF na época porque haveria outra investigação, a Monte Carlo. No entanto, a operação só teve início mais de um ano depois. “Só um cego não enxerga o descontentamento do delegado durante o depoimento. Ele veio e deu, ao seu modo, bastante objetivo e discreto, um duro recado. O procurador-geral da República paralisou toda a investigação. A Monte Carlo nada mais é do que uma retomada daquilo que estava parado, um complemento do serviço que ficou pela metade”, avaliou um parlamentar oposicionista.

Para o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), que nunca defendeu a convocação de Gurgel, o depoimento agravou a situação do procurador-geral da República. “É verdade que a situação se complicou, mas não podemos perder o foco. Tenho medo de que isso aqui vire a CPI do Gurgel. Eu quero saber detalhes da rede da empresa Delta e todas as suas ligações.”

Já o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) afirmou que o delegado enviou um míssil Exocet contra a Procuradoria-Geral da República. “Eu defendo a convocação, agora, da subprocuradora criminal, Cláudia Sampaio. Convocar o procurador-geral é complicado porque ele vai atuar nesse caso. Ficou claro que, sem a PGR, todo o procedimento tinha sido continuado. Foi um Exocet que ele mandou”, ironizou. Randolfe Rodrigues informou que apresentará na próxima reunião administrativa, em 17 de maio, um requerimento para convocar a subprocuradora Cláudia Sampaio.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) informou que o interrogatório do delegado, embora não traga grandes novidades, foi bastante esclarecedor para entendimento de todo o processo. “Uma coisa ficou muito clara: Demóstenes, Leréia e Sandes Júnior não foram interceptados diretamente porque a Procuradoria-Geral da República paralisou a investigação. O delegado deixou isso muito claro.”

No início da sessão, houve bate-boca e muita confusão. Alguns integrantes queriam que o depoimento fosse aberto, no entanto, por 17 votos a 11, o interrogatório foi fechado. Inicialmente, o delegado leu um relatório explicando todo o histórico da Operação Vegas. Depois, 26 integrantes da comissão se inscreveram para fazer perguntas. O delegado, tranquilo segundo os parlamentares, respondeu absolutamente tudo aquilo que foi perguntado. Na próxima reunião administrativa, requerimento que pede o fim do sigilo dos documentos vai ser votado pela CPI.

Inquérito

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ao Correio que quando recebeu as informações da Operação Vegas constatou que o material não continha indícios jurídicos suficientes para justificar a abertura de um inquérito contra Demóstenes no Supremo Tribunal Federal. “Estaríamos diante de um inquérito absolutamente inviável, cuja finalidade seria a de revelar as investigações que estavam em curso. Não ocorreria a Monte Carlo nem a revelação de nada o que está acontecendo agora”, disse Gurgel. “Tivemos uma estratégia de atuação extremamente bem-sucedida, porque permitiu que esses fatos fossem apurados”, completou.

Sobre a possibilidade de ser convocado pela CPI, o procurador-geral destacou que há um impedimento processual absoluto dele para comparecer à comissão, uma vez que, segundo ele, as investigações referentes a Demóstenes e a outros parlamentares estão sob a sua atribuição. “Se eu comparecesse, ficaria impedido de continuar atuando nesses feitos. Ou seja, a insistência na minha convocação significa a pretensão de afastar o procurador-geral da República da atuação nesses casos se o depoimento viesse a ser efetivado. Não há como eu ser compelido a comparecer à CPI”, frisou.

Fonte: Correio Braziliense

Elis Regina - Deixa

Manobras:: Merval Pereira

Mais uma manobra para atrapalhar o julgamento do mensalão acaba de ser superada pelo Supremo Tribunal Federal, que recusou retirar do processo Roberto Salgado, diretor do Banco Rural, utilizado no esquema dos mensaleiros.

Se a manobra do advogado Márcio Thomaz Bastos tivesse prevalecido, o argumento de que o banqueiro não tem foro privilegiado beneficiaria também réus como o ex-ministro José Dirceu, acusado pela Procuradoria Geral da República de ser o chefe da quadrilha do mensalão e que, por ter sido cassado, não tem mandato. Os processos voltariam à primeira instância da Justiça, e começariam do zero.

Outra manobra está em curso, com a tentativa de levar a imprensa tradicional a ser julgada pela CPI do Cachoeira, criando um clima político que favoreça a aprovação de uma legislação de controle da mídia, como sempre quiseram setores radicais do PT.

Ainda bem que o presidente do PT Rui Falcão é um trapalhão que antecipa as estratégias políticas em declarações açodadas, que servem para advertir a sociedade do que seu grupo político radical está tramando por baixo dos panos, contra a democracia.

Quando se transformou no primeiro petista a fazer uma ligação explícita entre a criação da CPI do Cachoeira e a tentativa de "melar" o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, Rui Falcão provocou irritação no ex-presidente Lula, que tramava a jogada política mas não queria revelá-la antes do tempo, e da presidente Dilma Rousseff, que não queria saber de confusão no seu governo.

"A bancada do PT na Câmara e no Senado defende uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão. É preciso que a sociedade organizada, movimentos populares, partidos políticos comprometidos com a luta contra a corrupção como é o PT, se mobilizem para impedir a operação abafa e para desvendar todo o esquema montado por esses criminosos, falsos moralistas que se diziam defensores da moral e dos bons costumes", conclamava Rui Falcão na ocasião, para ser desmentido por políticos de seu próprio partido, que tentaram disfarçar o fato que o presidente do PT tornou indesmentível: setores do petismo queriam usar a CPI do Cachoeira para pressionar o STF.

A primeira tentativa foi transformar a gravação do suborno de um diretor dos Correios em ação do grupo de Cachoeira, para atingir o então chefe da Casa Civil José Dirceu.

Não deu certo, pois mesmo que a gravação tenha sido feita a mando de Cachoeira, quem acusou Dirceu de comandar um esquema de corrupção dentro do Palácio do Planalto foi o então deputado Roberto Jefferson, acusação, aliás, que acabou sendo acolhida pela Procuradoria Geral da República.

O atual procurador, Roberto Gurgel, por sinal, caiu em desgraça com o PT quando apresentou a denúncia e por isso mesmo está sendo ameaçado de convocação na CPI, embora seja inconstitucional tal convocação, pelo fato de que é ele quem deverá fazer a denúncia dos casos já levantados pela Polícia Federal envolvendo o senador Demóstenes Torres e outras autoridades com foro privilegiado.

O constrangimento da convocação provocou mal-estar entre os ministros do Supremo, que entenderam o gesto como uma afronta ao Judiciário.

A segunda trapalhada de Falcão veio em seguida, quando anunciou, como se fosse uma decisão de governo, que o próximo alvo seria a imprensa. Segundo suas palavras, "este é um governo que tem compromisso com o povo e que tem coragem para peitar um dos maiores conglomerados, dos mais poderosos do país, que é o sistema financeiro e bancário. E se prepara agora para um segundo grande desafio, que iremos nos deparar na campanha eleitoral, que é a apresentação para consulta pública do marco regulatório da comunicação". E por que o governo faria isso? Segundo Rui Falcão, por pura vingança, pois a mídia "é um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do (ex-presidente) Lula, e não contrasta só com o projeto político e econômico. Contrasta com o atual preconceito, ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a campanha contra a companheira Dilma (nas eleições presidenciais de 2010)".

A própria presidente já mandou dizer por meio do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que esse projeto de controle social da mídia não está em suas prioridades.

E, segundo ela, o único controle admissível é o controle remoto da televisão, com o qual cada cidadão é o juiz de sua decisão de ver este ou aquele canal.

O mesmo raciocínio vale para os jornais e revistas, que os cidadãos têm à disposição e compram ou deixam de comprar de acordo com sua vontade, e por razões pessoais. Este é o verdadeiro controle social da mídia numa democracia.

Por falar nisso, uma pesquisa da Associação de Jornais dos Estados Unidos (NAA, na sigla em inglês) mostrou mais uma vez que os jornais tradicionais são marcas confiáveis para as quais o leitor corre quando algo importante está acontecendo.

Pesquisas das universidades Stanford e Cornell, já mencionadas aqui na coluna, já mostravam que estava errada a tese de que as novas tecnologias, como a internet, os blogs, o Twitter e as redes sociais de comunicação, como o Facebook, seriam elementos de neutralização da grande imprensa.

Ao contrário, a internet seria como a "caixa de ressonância" da grande imprensa, de quem precisa para se suprir de informação e para dar credibilidade às informações.

Os sites e blogs mais acessados tanto nos EUA quanto no Brasil são aqueles que pertencem a companhias jornalísticas tradicionais, devido à credibilidade.

A pesquisa da NAA sobre o uso de multiplataformas mostra que ¾ de todos os usuários da internet têm os jornais como principal fonte de notícias, e os leem em várias plataformas.

Fonte: O Globo

Sem pai nem mãe:: Dora Kramer

Tantas campanhas ditas politicamente corretas e factualmente incorretas são difundidas pela internet e repercutem fora dela que não custava nada essa massa em estado de rebeldia à deriva abraçar um bom combate.

Há várias causas à disposição de soldados efetivamente interessados no aperfeiçoamento da nossa ainda imperfeita democracia. Um exemplo? O fim do voto secreto no Congresso, ao menos para os casos de cassação de mandatos comprovadamente incompatíveis com o decoro parlamentar.

O assunto de quando em vez volta à discussão no Parlamento. Sempre que há algum escândalo envolvendo deputados e/ou senadores ou quando assistimos a alguma absolvição escandalosa.

A última, em 2011, favoreceu a deputada Jaqueline Roriz, flagrada em vídeo recebendo dinheiro de origem desconhecida pelas mãos de um conhecido frequentador – Durval Barbosa, o delator e participante do esquema que resultou na queda do então governador do DF, José Roberto Arruda – de terrenos onde a política se mistura à corrupção.

Em 2006, em meio a renúncias e absolvições de parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão, a Câmara aprovou o fim do voto secreto. Foram 383 votos a favor, nenhum contra e quatro abstenções, em primeiro turno.

Na época houve muita animação e apoio à decisão. Mas o tempo passou, o clima de indignação arrefeceu e a coisa por ali ficou faltando completar o processo de votação na Câmara e remeter a proposta ao Senado.

Agora com o caso do senador Demóstenes Torres volta-se a debater o assunto, embora timidamente. É que a situação dele é tão grave, há tanta intolerância em relação ao disfarce de defensor da ética, são tantos os inimigos que o senador colecionou por causa desse papel e é tão inconsistente (senão inexistente) sua sustentação política, que o corporativismo dificilmente prosperará ao abrigo do voto secreto quando o processo for ao exame do plenário no Senado.

Portanto, ainda não será dessa vez que uma crise resultará em avanço e o voto secreto no Parlamento continuará servindo de salvaguarda a representantes da sociedade que não desejam dar satisfações aos seus representados.

Note-se, então, que esse assunto se inscreve entre aqueles passíveis de intervenção popular. Energia solta no ar há de sobra. Pena que em boa medida desajeitada e por isso desperdiçada.

Falta compreensão para distinguir o que realmente é importante para a melhoria do processo político daquilo que tanto serve para aplacar consciências de inocentes úteis quanto presta serviço ao (não raro remunerado) ofício da má-fé.

Roncos da reação. Há duas questões não respondidas pelas tropas de ataque à Veja: as denúncias divulgadas pela revista eram verdadeiras ou falsas? Ajudaram ou prejudicaram na elucidação de casos de corrupção?

Considerando a veracidade e o benefício (abertura de inquéritos, processos e demissões) resultante das reportagens e reveladores do compromisso com os fatos, resta a evidência de inequívoco desconforto com a vigência da liberdade de imprensa no país e o indisfarçável desejo de alguma forma de revogação da regra.

Certamente não se veem assim, mas esses grupos atuam à semelhança de setores conhecidos durante a ditadura como "bolsões radicais" contrários à retomada do Estado de Direito.

Revisão. Leitor pondera e tem razão: se Carlos Augusto Ramos é tratado na imprensa como chefe de um esquema criminoso, acusado em processo na Justiça de Goiás por diversos delitos entre os quais lavagem de dinheiro, não faz sentido nos referirmos a ele como mero "contraventor".

Ademais... É como já avisou doutor Márcio Thomaz Bastos: o homem silenciará na CPMI a fim de não se incriminar mais do que já está.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O segredo como patologia:: Fernando Rodrigues

Às vésperas da entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação, no próximo dia 16, a CPI do Cachoeira protagonizou ontem uma cena que se encaixaria à perfeição num filme do grupo de humor britânico Monty Python: uma sessão secreta (sic) na qual estavam presentes cerca de 50 pessoas, entre congressistas e servidores.

Em regra, não deve haver segredo no Congresso. É a "Casa do Povo". Na prática, querer manter em sigilo uma reunião com 50 participantes é tarefa inglória, patética ou as duas coisas juntas. Em CPIs anteriores era comum um deputado ou um senador deixar seu celular ligado e captando tudo para repórteres que ficavam do lado de fora.

Ontem, no início da sessão dita secreta, houve uma tentativa de obrigar todos os presentes a deixar seus celulares do lado de fora da sala. A exigência não vingou.

O depoente foi o delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques Souza. Ele comandou a chamada Operação Vegas, que precedeu e deu origem à Operação Monte Carlo. Ambas desvendaram o esquema de negócios comandado por Carlos Cachoeira, raiz da CPI.

Antes de serem entregues ao Congresso, documentos dessas operações vazaram copiosamente para a mídia. O delegado Raul, por dever de ofício, já colocou tudo o que sabe em seu relatório. A CPI tem acesso a esses documentos -bem como qualquer cidadão com alguma habilidade em navegar pela internet.

Nada além de uma obsessão patológica pelo sigilo justifica o depoimento secreto de ontem. Da mesma forma, é ilógico impedir cada integrante da CPI de ter uma cópia da documentação sobre o escândalo. Só assim todos teriam como formar convicção sobre o que se passou.

Ao perder tempo sendo bedel de deputados e de senadores, o comando da CPI desacelera o ritmo da investigação. Por tabela, ajuda quem deveria ser punido com rapidez.

Fonte: Folha de S. Paulo

Surrealismo & Cia:: Rosângela Bittar

Para fazer o que deseja a nova entidade Collor-PT, inimaginável há 20 anos, mas produzida agora em todos os seus contornos, à luz do dia, na CPI do Cachoeira, o inquérito implodiria antes mesmo do começo dos trabalhos. A entidade quer "pegar" o procurador-geral da República, Roberto Gurgel; a imprensa - a começar da revista "Veja" - e aproveitar a oportunidade para retomar com vigor a proposta de controle da mídia; e o PSDB, na figura do governador de Goiás, Marconi Perillo. Tudo com muito sigilo, o que é contradição evidente, mas Collor certamente quer evitar o que os seus acusaram o PT de fazer com ele na CPI do PC, quando passava à imprensa e ao Ministério Público as informações que ali transitavam.

Para o que tentar escapar desse roteiro, com texto e modo de operação prontos, em que a agressividade de Collor seja bem explorada pelo PT para substituí-lo em algumas ações, a ordem é atropelar.

Tanto o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), quanto o relator, Odair Cunha (PT-RS), dificilmente, por querer ou precisão, agirão fora do jugo da entidade. Quanto mais não seja, por intimidação.

A oposição já tem um código de conduta na CPI

Mas a oposição, numérica e politicamente fragilizada, não se considera aniquilada já de saída e prefere esperar ter os dados que lhe permitam definir se dá para participar da investigação ou não. Por enquanto, não quer desistir.

Numa reunião ocorrida esta semana, os senadores Alvaro Dias (PSDB), Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Randolfe Rodrigues (PSOL), debateram essa situação que se configurou na CPI, e o assunto que emergiu da conversa tem clareza objetiva. A CPI, constataram, pode realmente ficar incontrolável. Primeiro, é uma comissão que começa seus trabalhos ao contrário das outras, de início tomando conhecimento de inquéritos já feitos e já vazados para a imprensa. Há inquéritos concluídos e outros, não. Antes, as CPIs apresentavam sugestões de providências ao Congresso, ao Ministério Público e à Polícia Federal. Agora, a PF mandou o inquérito pronto à CPI.

Diante dessa inversão, a oposição acredita que um bom projeto de ação seria trabalhar em duas vertentes. Uma, para tentar saber a extensão do poder do Cachoeira, suas ligações com autoridades federais e estaduais, a pouco esclarecida mistura de suas atividades com as da empreiteira Delta, a relação com governadores. Outra, abrir a caixa preta da Delta. Se isto não for feito, de nada adiantará a tarefa da CPI, vez que as informações já foram prestadas à polícia nas duas operações investigadas.

Embora a Delta seja, as investigações concluídas mostram, uma expressão ponderável do PAC e de vários governos de Estado e grandes cidades, a oposição não quer, segundo diz, usar métodos do PT quando o partido era oposição. Sabem todos que há muitos outros governos envolvidos com a empreiteira além dos de Goiás, Distrito Federal e Rio, mas ponderam que, no momento em que houver transparência nos dados da empresa, será possível verificar que ela, em alguns lugares, não teve uma presença irregular, e em outros, ou até mesmo na maioria, agiu de maneira nefasta. O que é mais coerente com o que apontam as gravações de conversas divulgadas até agora.

A oposição se diz decidida a fugir do protesto juvenil, não quer de maneira alguma aproveitar a CPI para atingir a presidente Dilma ou o governo. Por isso defende que a Delta seja investigada não apenas com relação ao PAC, mas nas suas demais ações Brasil afora.

Isto significa, e a oposição defende, a convocação dos governadores dos três Estados que se relacionaram com a empreiteira, segundo as transcrições dos grampos da polícia, sejam filiados ao PSDB, ao PT e ao PMDB (como é notório). Nenhum desses partidos pode resistir à chamada a seus governadores, segundo crê a oposição. Os três têm que ser convocados, se possível juntos, para evitar que um compareça e os demais consigam licença para a ausência.

A presença do senador Fernando Collor, o que, convenhamos, já dá uma aura de surrealismo a qualquer CPI; sua associação com o PT, que lhe resgatou a cidadania política, vez que a eleitoral tinha obtido sozinho, para transformar a comissão em campo de guerra contra os inimigos comuns, e a ação intimidatória que sua conduta exerce sobre o presidente - agressividade que empalideceu Vital do Rêgo várias vezes como já havia tirado a cor de Pedro Simon em plenário - transforma aquilo em um teatro. Do absurdo. Tanto que ainda há, na CPI e ao mesmo tempo nos autos da PF, o ex-delegado Protógenes Queiroz (PCdoB), autor da célebre Operação Satiagraha, supostamente para prender e tirar do mercado o "banqueiro bandido" Daniel Dantas, mas que cometeu tamanhas irregularidades que acabou se afastando léguas da Justiça enquanto se aproximava a passos largos de um mandato. Teatro sendo, vai ser muito difícil a oposição fazer o que articula nos bastidores.

A visão negativa tem lógica, e a decisão de dar caráter sigiloso ao primeiro depoimento, ontem, é prova disso. Mas, adverte-se, está tudo muito no começo. A oposição, com algumas de suas condutas comuns a um grupo de representantes de partidos governistas, está disposta, para não ser aniquilada de início ou ver implodida a CPI, a reunir-se, debater os assuntos, juntar-se, fazer um trabalho que está definindo como "objetivo, racional, cuidadoso".

Com isso acredita poder criar pelo menos algum constrangimento, não custa experimentar, à entidade Collor-PT, para conseguir realizar alguma investigação sobre a Cachoeira-Delta. Acha cedo, porém, para avaliar o que vai apurar, se vai se sair bem ou mal. Dar em nada ou dar em tudo. Em três semanas será possível observar o desdobramento disso e concluir se o trabalho é válido.

Na CPI da corrupção, Collor e PT, agressivos, querem transferir à imprensa a condição de ré. Já Dilma Rousseff declarou guerra aos bancos privados em tom acima de uma relação polida. Corre o risco de uma inspeção nos bancos oficiais mostrar que ela não tem exemplos a dar nas instituições do governo. Prepara-se para a Rio+20 incendiando a disputa de interesses, enquanto ameaça com veto total o trabalho do Parlamento. O ar em Brasília está carregado.

Fonte: Valor Econômico

'Carcará' e Falcão contra a liberdade de expressão :: José Nêumanne

Rui Falcão, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), e Fernando Collor de Mello, que há 20 anos renunciou à Presidência da República sob acusações de corrupção e atualmente é senador governista, exibiram publicamente seu desapreço comum pela liberdade de expressão.

Como registrou este jornal na editoria Nacional, no sábado, o petista deu uma informação inusitada em encontro realizado em Embu das Artes para discutir estratégias eleitorais do partido. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff "poderá" (atente para o verbo usado) pôr em discussão o marco regulatório da mídia depois de acertar as contas dos juros altos com os banqueiros. "Este é um governo que tem compromisso com o povo e que tem coragem para peitar um dos maiores conglomerados, dos mais poderosos do País, que é o sistema financeiro ou bancário. E se prepara para um segundo grande desafio, que (sic) iremos nos deparar na campanha eleitoral, que é a apresentação para consulta pública do marco regulatório da comunicação", pontificou.

Em teoria, a presidente da República tem poderes constitucionais para, por exemplo, declarar guerra aos Estados Unidos ou ao Paraguai. Ninguém acredita que o fará. Mas Falcão espera que ela declare guerra aos meios de comunicação. Ela pode desejar. Mas ele poderá influir ou mesmo informar a respeito, sendo presidente nacional do partido em que milita a presidente e ocupando uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo? Não consta que nenhum de seus cargos o torne porta-voz da presidente ou do governo federal, no qual é um zero à esquerda como o autor destas linhas e a quase totalidade dos que as leem. Como não consta que a presidente da República seja obrigada a cumprir o que determina o principal dirigente da legenda pela qual se elegeu, a autoridade dele para anunciar o que o governo dela fará é igual à de um marronzinho anônimo ou do bispo de Santo André.

Nada há, pois, a temer quanto às consequências de suas bravatas contra a liberdade de imprensa gozada nesta República, que, felizmente, não é uma republiqueta de bananas. Elas devem provocar idêntico susto (que ninguém sentiu) ao de quando Collor assumiu o encargo de atrapalhar a cobertura da imprensa na CPI de Carlinhos Cachoeira.

Há, sim, que esclarecer os motivos do desprezo de ambos pelo jornalismo. Falcão e Collor são profissionais de imprensa. O currículo do petista revela sua passagem por jornais importantes e por ele se constata que dirigiu a redação da Exame, revista que propaga e defende o capitalismo, que o deputado execra. Sabe-se lá que mágoas ele guarda de seus antigos patrões ou os dilemas de consciência que teve de ultrapassar para editar o noticiário e os artigos de uma publicação que nega todos os princípios do socialismo, que ele abraçou e seguiu depois de trocar a profissão de jornalista pela militância política num partido de esquerda. É possível entendê-lo, mas não dá para justificá-lo. A transposição de ódios pessoais para o ideário político não faz bem ao profissional nem ao cidadão.

Ao contrário dele, Collor foi apenas um "foca" (iniciante) que não chegou a seguir carreira, trocando-a pela atividade política, em que atingiu o posto máximo que alguém do ramo pode almejar, sem, porém, conseguir dar nenhuma amostra de mérito pela vertiginosa ascensão. Foi na carreira pública, e não no ofício jornalístico, que o ex-presidente encontrou seus motivos para, mais do que o outro, detestar os meios de comunicação em geral e, em particular, a liberdade de informação e opinião. Afinal, jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão revelaram à sociedade as estripulias da "República de Alagoas", que ele e seu anspeçada PC Farias aprontaram em Brasília.

O "Carcará Sanguinollento" nunca perde a oportunidade de se dizer inocente das acusações contra ele publicadas, usando como argumento o fato de nunca ter sido condenado pela Justiça. É verdade, contudo, que essa evidência não elimina outra: a de que ele deixou de ser o poderoso presidente de uma "República monárquica" e hoje não passa de um obscuro senador por Alagoas, Estado que governou depois de ter sido prefeito da capital, Maceió. Livre de cumprir condenação judicial e usufruindo sem restrições os bens que amealhou, ele é agora um acólito do baixo clero sempre disposto a fazer o serviço sujo para os novos patrões, por ironia do destino, seus mais brutais algozes, os principais responsáveis por sua derrocada. A ponto de se oferecer, sem que ninguém tivesse encomendado ou mesmo pedido, para atrapalhar a cobertura da CPI no Congresso Nacional

A pouca prática de Collor e a notória carreira de Falcão no jornalismo não bastaram para que ambos aprendessem uma lição elementar: o direito à livre informação e à opinião plural não é dos concessionários dos canais de rádio e televisão nem das empresas proprietárias de jornais e revistas, mas do cidadão. Comunicação não é um negócio como os bancos, mas um ofício que depende da aprovação de seu cliente, o cidadão, que exige ser bem informado para poder decidir sobre o próprio destino. Assim funciona o Estado de Direito.

Aliás, a página deste jornal que expôs o destampatório do deputado também publicou o anúncio feito pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, de que o Judiciário fará "até campanhas esclarecendo o conteúdo da decisão do Supremo (que derrubou a Lei de Imprensa em 2009), que foi pela plenitude da liberdade de imprensa". Para tranquilidade geral da Nação, que quer continuar a ter acesso à informação livre e à opinião plural, a presidente Dilma Rousseff tem feito reiteradas declarações no mesmo sentido desta. O ódio de Falcão, coerente com o sobrenome, mas contrário ao pedido de "luz" do poeta alemão Goethe, seu segundo nome, e de seu novel companheiro Collor terá, assim, o destino das iniciativas anteriores: o lixo da História.

Fonte: O Estado de S. Paulo

James Heckman: 'A nova economia exige mais do indivíduo'

Para Prêmio Nobel, educação terá que ser engajada, privilegiar novas habilidades e a formação de cidadãos

Lucianne Carneiro

O GLOBO: O senhor está participando de uma conferência chamada "Ciência para o desenvolvimento sustentável", da Academia Brasileira de Ciências. Como a educação deve mudar para se adequar a um mundo no qual a sustentabilidade tem um papel bem mais relevante? Deve haver um novo modelo de educação para um novo modelo econômico?

JAMES HECKMAN: Em essência, escolas tendem a ser separadas do resto da sociedade. Esse é um processo muito peculiar. Não é natural à condição humana retirar, de certa forma, as crianças do resto do mundo ao mandá-las para a escola. Criar uma cultura adolescente no ensino médio, e até mesmo na universidade, que é desconectada do resto do mundo, da forma como o mundo funciona. Nós criamos esse tipo de adolescência prolongada em escolas que não treinam as crianças ou os jovens adultos numa série de habilidades sociais, emocionais e práticas que são úteis na vida. Há cerca de 150 anos, a maioria dos profissionais era treinada por outros profissionais, de forma que se via as habilidades serem aplicadas na prática, compreendiam-se todos os aspectos do trabalho. Não eram apenas os efeitos, como ser um advogado ou médico, mas como tratar um paciente, como interagir com o cliente etc. Ele aprendia as habilidades práticas e teóricas e também as estruturas da interação social. Isso foi totalmente dissociado. Hoje as pessoas são treinadas para ser uma coisa, ter uma profissão, dentro de um mundo artificial. E então são jogadas no mundo real sem um treinamento completo. Assim, considero benéfico integrar a educação com o ambiente social e econômico. Mas a educação precisa ser reconsiderada de uma forma mais profunda. Deve ser reconsiderada numa mudança na estrutura de capacidades que criamos. Educação é um conceito mais amplo, é mais que passar em uma prova; é mais um treinamento de caráter que começa muito mais cedo e se estende por muito mais tempo. Creio que, num ambiente sustentável, no qual se cultivam as habilidades humanas, incluindo saúde, cognição e tendências de personalidade, essas características, que nós chamamos de soft skills (termo inglês usado pela sociologia para designar inteligência emocional) devem ser o objeto de algo mais amplo que simplesmente "a escola". Deveria ser um tipo de "formação de habilidades", na qual a escola seria apenas uma pequena parte do processo.

Como essas soft skills são importantes para as crianças entenderem esse novo mundo?

HECKMAN: Por exemplo, a natureza da tecnologia está mudando. Há cem anos, o modelo padrão de desenvolvimento era a fábrica, pessoas fazendo trabalhos manuais na linha de montagem. Foi um enorme desenvolvimento que aconteceu cem anos atrás. Pessoas como Henry Ford e outros industriais criaram a linha de montagem, que foi tremendamente produtiva. Ela era uma ideia antiga, mas gente como Ford a elevou a uma escala massiva. Mas isso criou a ideia de seres humanos como apenas elementos numa linha de montagem, elementos que faziam uma tarefa específica e nem mesmo compreendiam a natureza do trabalho da pessoa a seu lado ou mais adiante na linha de fabricação. A economia de serviços está se tornando mais forte, maior, e ela demanda habilidades sociais, interação, habilidade para lidar com pessoas, características que não eram tão valorizadas no sistema de fábricas. Assim, é parte do processo de desenvolvimento econômico e social a demanda por soft skills. Vemos também que as habilidades cognitivas necessárias são diferentes. O sistema de fábricas, de linha de montagem, era melhor servido por pessoas obedientes, dóceis, que faziam seu trabalho mas basicamente não eram criativas. A nova economia exige muito mais a participação do indivíduo. Então, parte do processo de desenvolvimento, incluindo desenvolvimento social, é o indivíduo desempenhar um papel cada vez maior como pessoa, de forma que essas características pessoais são mais valorizadas em toda parte. Não é só você como uma máquina pensante, é a sua habilidade de organizar tarefas, de se adaptar e de inovar. Isso requer habilidades que não eram valorizadas no esquema de educação para o modelo de fábricas, de linhas de montagem.

E como isso se aplica à sustentabilidade?

HECKMAN: Parte do interesse da sustentabilidade vem do sentido de engajamento social. As soft skills hoje são consideradas muito produtivas para criar empatia, confiança e uma sensação de engajamento social. Se o seu trabalho é apenas ficar numa fábrica, ou desempenhar uma tarefa que é muito rotineira numa sociedade muito estratificada, uma ditadura, seu engajamento com questões mais amplas não é lá muito importante. Mas eu acho que o modelo mais amplo de desenvolvimento vai produzir pessoas mais criativas, com mais capacidade de se colocar no lugar do outro, pessoas que pensam mais nas gerações futuras, pessoas mais altruístas, com mais interesse em se juntar ao restante da sociedade e confiar nas pessoas. Assim, você tem um sistema de confiança que é fundamental para uma economia moderna e uma sociedade sustentável. E uma das grandes questões da sustentabilidade é "o quanto nos importamos com a próxima geração?". Isso inclui confiança e ativismo social. A habilidade de reduzir o consumo em prol da próxima geração, de pensar em um projeto social mais amplo, além de seu ganho individual. A educação não pode ser um sistema estreito para ensinar uma habilidade, mas sim algo para ajudar o indivíduo a se engajar mais numa sociedade mais ampla.

O senhor acredita que a educação sobre o consumo deveria estar no currículo escolar?

HECKMAN: O que deveria estar no currículo é entender as forças maiores da natureza, das escolhas que os indivíduos tomam, em termos de escolhas sociais e políticas. As pessoas deveriam entender melhor a natureza das mudanças climáticas, que as escolhas que fazemos hoje afetam o futuro das próximas gerações, de seus próprios filhos e netos. Hoje o entendimento é com relação a como aumentar a qualidade de vida. Ter crianças entendendo as grandes consequências das ações privadas, até ações de desenvolvimento econômico é algo que as escolas poderiam fazer. As escolas, pais e outras instituições da sociedade deveriam ser parte deste projeto de formar cidadãos. Então é muito diferente de dizer que queremos professores que sejam capacitados para que os alunos atinjam boas notas em provas, como o Scholastic Aptitude Test (prova aplicada em estudantes nos EUA), isso é uma das partes, mas não é o todo. É importante educar pessoas para que pensem mais no resto da sociedade, produzindo um senso de sociabilidade e inclusão.

Fonte: O Globo

Mais um pibinho?:: Celso Ming

O crescimento dos estoques de veículos, para os níveis mais altos em três anos e meio, e a derrubada das vendas em abril, de 14,2% sobre as de março, indicam que algo não se comporta como pretende o governo Dilma - que planeja avanço do PIB superior a 4,5% neste ano.

Há mais indicações de mudanças importantes nesse mercado. O volume de financiamentos novos de veículos tende a cair (veja o gráfico ao lado) e o nível da inadimplência está aumentando.

Em parte, esse fraco desempenho é consequência de situação artificial anterior. Entre janeiro de 2009 e março de 2010 o governo incentivou as compras com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Esse fator antecipou compras pelo consumidor. E o mercado financeiro contribuiu com a saturação do segmento, quando disputou o consumidor com financiamentos para compra de automóveis de até 90 meses sem entrada.

A queda dos preços dos carros usados vem sendo forte. Em dois anos, o veículo perde mais de um terço do seu valor de mercado - como mostrou matéria de Cleyde Silva, no Estado de 12 de fevereiro. Nessas condições, a garantia dada ao banco por ocasião do financiamento perde qualidade. Embora a reserva de domínio continue sendo considerada um dos melhores fatores de segurança para a instituição financeira e principal razão da prática de juros mais baixos no crédito, a forte queda dos preços dos carros usados tirou sua importância. Neste prazo (dois anos), o saldo da dívida contraída no financiamento se mantém mais alto do que o valor da garantia, que é o preço do automóvel no mercado. Nem o proprietário obtém bom preço para dar de entrada num veículo novo, nem o banco consegue recuperar com a revenda do veículo o saldo do financiamento. São razões fortes demais que atuam para desacelerar o crédito.

As exportações também não ajudam. Caíram 4,9% sobre igual período do ano passado. A crise global vem contendo as encomendas. Além disso, o made in Brazil padece da doença crônica já conhecida, que o impede de acessar os mercados: é caro demais, porque enfrenta o insuportável custo Brasil, que trava o resto da indústria.

Esse quadro indica que, mesmo avançando mais rapidamente do que o PIB; e mesmo se baseando na expansão do emprego e da renda; o crescimento acelerado do consumo total no País (e não só o de carros) começa a esbarrar em limitações naturais. A rápida elevação do endividamento familiar é uma delas. Diante do aumento da inadimplência, a falta de apetite dos bancos pela expansão dos financiamentos é outra. Não haverá o que os force a perder dinheiro.

Como já enunciado, esse é um quadro geral que torna mais difícil o cumprimento do projeto do governo de obter, neste ano, crescimento do PIB entre 4,0% e 4,5%. Provavelmente nem as projeções mais conservadoras do Banco Central (crescimento do PIB de 3,5%) terão condições de acontecer.

A mera redução dos juros, destinada a estimular ainda mais a economia brasileira, não parece suficiente para evitar mais um pibinho.

CONFIRA

O gráfico mostra como vem aumentando a inadimplência no segmento do financiamento de veículos.

Função dos juros. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não esconde que a estratégia do governo é a derrubada dos juros e, com base na redução dos custos do financiamento, provocar a expansão do crédito. Mas não é o que está ocorrendo. Os bancos se recusam a expandir o crédito num quadro de expansão da inadimplência. Nesta terça-feira, provocada pela imprensa, a presidente Dilma preferiu não comentar a nova atitude dos bancos.

Fonte: O Estado de S. Paulo