terça-feira, 20 de maio de 2014

Opinião do dia: Antonio Gramsci

Alguns pontos característicos do economicismo histórico: 1) na busca das conexões históricas, não se distingue entre o que é “relativamente permanente” e o que é flutuação ocasional, e se entende por fato econômico o interesse pessoal e de pequeno grupo, num sentido imediato e “sordidamente judaico”. Ou seja: não se leva em conta as formações de classe econômica, com todas as relações a elas inerentes, mas se assume o interesse mesquinho e usurário, sobretudo quando coincide com formas delituosas contempladas nos códigos criminais; 2) a doutrina segundo a qual o desenvolvimento econômico é reduzido à sucessão de modificações técnicas nos instrumentos de trabalho.

Antonio Gramsci. Cadernos do cárcere, v. 3 , p. 50. ‘Alguns aspectos teóricos e práticos do “economicismo”. Civilização Brasileira, 2007.

Juiz federal alerta que doleiro da Lava Jato pode fugir do país

• Sérgio Fernando Moro informa ministro do STF que Alberto Youssef ‘mantém contas no exterior com valores milionários’

Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

O juiz Sérgio Fernando Moro, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, enviou nesta segunda feira, 19, ofício ao ministro Teori Zavazcki, do Supremo Tribunal Federal (STF) em que informa sobre o risco de fuga do doleiro Alberto Youssef, alvo maior da Operação Lava Jato – investigação sobre lavagem de dinheiro que pode ter alcançado R$ 10 bilhões.

Nesta segunda, Teori mandou soltar todos os investigados que foram presos pela Lava Jato, acolhendo reclamação da defesa do engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás. O ministro também mandou que todos os outros processos da Lava Jato sejam enviados ao STF.

O juiz ressalta que seu objetivo é unicamente esclarecer o total alcance da decisão. “A fim de evitar que os processos, a ordem pública e a aplicação da lei penal sejam expostas a riscos por mera interpretação eventualmente equivocada de minha parte.”

O juiz informa o ministro que já mandou expedir alvará de soltura do engenheiro, mas consulta Teori para que esclareça sobre o “alcance da decisão, já que não foram nominados os acusados que devem ser soltos e os processos que devem ser remetidos ao Supremo Tribunal Federal”.

O juiz assinala que outros processos no âmbito da Lava Jato não têm Paulo Roberto Costa como denunciado. São investigações sobre tráfico de 698 quilos de cocaína e lavagem de dinheiro produto de tal crime. Ele cita o investigado René Luiz Pereira, acusado de ser o mandante de remessa de 55 quilos da droga apreendidos em Valência, na Espanha.

“Há indícios de que (René) compõe grupo organizado transnacional com diversas conexões no exterior e dedicado profissionalmente ao tráfico de drogas”, observa o juiz federal.

Ele destaca que esta ação penal também tem por acusados Sleiman Nassim El Kobrossy, Maria de Fátima Stocker, Carlos Habib Chater, André Catão de Miranda e Alberto Youssef este o alvo principal da Lava Jato.

“Um deles, Sleiman, que não foi preso preventivamente, já está foragido”, informa o juiz no ofício ao ministro Teori Zavascki. “Outro está preso na Espanha. Assim, muito respeitosamente, indago à V.Ex.ª o alcance da decisão referida, se este feito de tráfico de drogas e lavagem também deve ser remetido ao Supremo Tribunal Federal e se devem ser colocados soltos os acusados neste feito, entre eles Renê Luiz Pereira, preso por risco à ordem pública pelo indícios de envolvimento em organização criminosa responsável por tráfico de cerca de 750 kg de cocaína.”

O juiz federal também observa que “entre os outros feitos originados na assim denominada Operação Lava-jato, encontram-se as ações penais 5026243-05.2014.404.7000, 5026663-10.2014.404.7000 e 5025699-17.2014.404.7000 que têm por objeto crimes financeiros e de lavagem de dinheiro envolvendo três grupos distintos dirigidos por supostos doleiros, um dirigido por Carlos Chater, outro por Nelma Kodama e o terceiro por Alberto Youssef.”

O juiz anota que se estas três ações penais também devem ser remetidas ao Supremo Tribunal Federal e se devem ser colocados soltos os acusados neste feito, entre eles Carlos Chater, Nelma Kodama e Alberto Youssef.
“Informo por oportuno que há indícios, principalmente dos dois últimos, que eles mantêm contas no exterior com valores milionários, facilitando eventual fuga ao exterior e com a possibilidade de manterem posse de eventual produto do crime.”

O juiz observa, ainda, que a doleira Nelma Kodama foi presa em flagrante nas vésperas da operação Lava Jato, em tentativa de fuga do país quando portava, no aeroporto de Guarulhos, 200 mil euros escondidos na roupa íntima.

Juiz alerta para risco de fuga de acusados na operação Lava-Jato

• Ministro do STF, Teori Zavascki, suspendeu as investigações e determinou soltar os acusados

• Entre os beneficiados pela decisão estão o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa

- O Globo

BRASÍLIA - Em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal, o juiz Sergio Moro, responsável pelos processos judiciais da operação Lava-Jato, alerta para o risco de fuga dos doleiros que podem ser soltos com base na decisão do ministro Teori Zavascki. Na mensagem endereçada ao ministro do STF, Moro afirma que os acusados mantêm contas no exterior, o que pode facilitar uma tentativa de fuga do país. Ele alerta ainda que um dos acusados está envolvido com tráfico de drogas.

“Assim, muito respeitosamente, indago à V.Ex.ª o alcance da decisão referida, se estas três ações penais também devem ser remetidas ao Supremo Tribunal Federal e se devem ser colocados soltos os acusados neste feito, entre eles Carlos Chater, Nelma Kodama e Alberto Youssef. Informo por oportuno que há indícios, principalmente dos dois últimos, que eles mantêm contas no exterior com valores milionários, facilitando eventual fuga ao exterior e com a possibilidade de manterem posse de eventual produto do crime. Nelma Kodama, aliás, foi, na véspera da operação policial, presa em flagrante em tentativa de fuga do país quando portava, no aeroporto de Guarulhos, subrepticiamente 200 mil euros", diz o juiz no despacho.

O juiz pede que o ministro do STF esclareça se a liminar que determinou a suspensão dos inquéritos e determinação de soltura do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa também atinge os doleiros.
Zavascki decidiu suspender as investigações e soltar os acusados a partir de uma reclamação do advogado Fernando Fernandes, responsável pela defesa de Paulo Roberto Costa. No despacho, assinado no domingo, o ministro argumenta que o caso deve ser remetido ao STF porque na investigação aparecem os nomes dos deputados André Vargas (Sem partido-PR), Luiz Argôlo (SDD-BA) e Cândido Vaccarezza (PT-SP). Para ele, cabe ao STF e não ao juiz da primeira instância decidir se deve ou não desmembrar os processos.

O ministro do Supremo tomou a decisão em caráter liminar – ou seja, provisório. Quando os inquéritos e processos da Lava Jato chegarem ao STF, os ministros decidirão, em plenário, sobre a conveniência de manter todos os investigados sob os olhos da Corte, ou se transfere para a primeira instância casos referentes a pessoas sem direito ao foro especial, mantendo no STF apenas parlamentares. Também caberá ao plenário do Supremo manter ou anular em definitivo os atos praticados nas investigações, inclusive as prisões revogadas pelo ministro.

Uma Crise a jato - Ex-diretor da Petrobras e doleiro na mira da CPI .

• Oposição quer convocar Paulo Roberto Costa, que deixou o presídio, e Alberto Youssef para prestarem depoimento no Congresso

Amanda Almeida, Paulo de Tarso Lyra, Étore Medeiros – Correio Braziliense

Menos de cinco horas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir soltar o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, a oposição avisou que vai convocá-lo para a CPI Mista, que deve ser instalada amanhã no Congresso. Réus do processo derivado da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, Costa e o doleiro Alberto Youssef — que também será chamado para depor — são considerados peças centrais no esquema de corrupção desencadeado na estatal ao longo dos últimos 10 anos, o que pode trazer mais dor de cabeça para o governo. Juntos, os dois são acusados de participar de esquema que movimentou R$ 10 bilhões.

Como diretor de Refino e Abastecimento, Costa participou de todas as operações da Petrobras questionadas recentemente, a exemplo da compra das refinarias de Pasadena (Estados Unidos) e de Okinawa (Japão), bem como a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que tem indícios de superfaturamento. "Ele era diretor na época. É necessário saber mais do envolvimento com o doleiro (Alberto Youssef). Foram movimentados bilhões de reais no esquema de lavagem de dinheiro. De onde vieram esses recursos?", questiona o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (SP).

Os oposicionistas observam Costa desde a eclosão do escândalo. A comissão externa criada pela Câmara para examinar as denúncias de pagamento de propina à empresa holandesa SBM Offshore chegou a aprovar um requerimento para ouvir o ex-diretor no presídio de Londrina, na modalidade convite. O juiz do caso, Sérgio Moro, deferiu o pedido, mas os advogados de defesa de Costa usaram a prerrogativa de negar a audiência. Na CPI, entretanto, ele será obrigado a comparecer, por se tratar de uma convocação. O que não significa que a base governista — maioria tanto na CPI do Senado quanto na mista — não vá usar de todas as táticas protelatórias possíveis para evitar isso.

"Costa e Youssef sabem muita coisa. Veja que ninguém mexeu uma palha para tirar os dois da cadeia", disse um senador aliado, há uma semana. "Tentei também entrar com um requerimento para ouvir o Paulo Roberto Costa e ouvi deles mesmos (base aliada): "Nem tente, porque nós não vamos aprovar"", revelou o tucano Cyro Miranda (GO), integrante da CPI do Senado.

Para o senador, a CPI na Casa é uma farsa. "Vamos concentrar esforços na CPMI, onde talvez tenhamos mais chances, por termos sete integrantes. E contamos também com uma parte da base do governo que está descontente", completou Miranda, em uma referência ao blocão, composto por 250 deputados insatisfeitos com o Planalto e capitaneados pelo PMDB de Eduardo Cunha (RJ).

À espera
No Planalto, a ordem, por enquanto, é esperar os desdobramentos das ações da oposição. "Não há uma estratégia definida após a libertação (de Costa)", admitiu um interlocutor governista. "Por enquanto, nossa única preocupação é esclarecer todos os fatos colocados e evitar que a oposição use a CPI — qualquer que seja ela — com caráter eleitoreiro", emendou.


Outro aliado próximo à presidente desdenhou da possibilidade de revelações bombásticas por parte de Costa e Youssef. "Eles são réus em um processo. Duvido que tenham alguma disposição de falar algo que possa incriminá-los posteriormente", ponderou o interlocutor governista.

"Retaliação"
O presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE) considerou "retaliação" política a inclusão da investigação em torno do Porto de Suape na CPI da Petrobras no Senado. "(Suape) é uma empresa estadual bem gerida, com as contas aprovadas, sempre gerida por quadros técnicos", defendeu, em entrevista à Rádio Bandeirantes. "É óbvio que sim, é uma retaliação." O ex-governador de Pernambuco também desferiu críticas à atual gestão da Petrobras e sugeriu que, em um futuro governo, sejam respeitados quatro princípios: escolher diretores por competência, blindar a empresa da corrupção, cumprir os planejamentos estratégicos e estabelecer uma regra clara para os preços dos combustíveis.

Policiais ameaçam parar em 14 Estados

• Polícias Federal, Rodoviária Federal e Civil prometem paralisação de 24 h nesta quarta (21); aeroportos devem ser poupados

• Ato reivindica política de segurança que inclua carteira de identidade única e banco de dados criminal interligado

Marco Antônio Martins – Folha de S. Paulo

RIO - As polícias Federal, Rodoviária Federal e policiais civis de 14 Estados, entre eles São Paulo e Rio, vão parar nesta quarta-feira (21).

O ato reivindica uma política de segurança pública para o país como a criação de uma carteira de identidade única e um banco de dados criminal interligado.

Os policiais federais também pedem reajuste e plano de carreira, entre outras reivindicações. O governo ofereceu 12% agora e 3,8% em janeiro --proposta que foi rejeitada pela categoria.

Não está prevista paralisação nos aeroportos.

Outras polícias civis devem aderir ao movimento. Até esta terça (20), policiais de mais cinco Estados e do Distrito Federal se reúnem em assembleia para definir a participação no movimento.

Apesar do apoio da Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais ao movimento, não está prevista a paralisação de policiais militares.

"Você sabe qual será o legado da Copa do Mundo para a segurança pública? Nenhum. Os índices de criminalidade vão reduzir em todo o país durante o evento, mas depois tudo voltará", disse Jânio Gandra, presidente da Cobrapol (Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis).

O movimento de paralisação, por 24 horas, é organizado pela Cobrapol, pela Fenapef (Federação Nacional de Policiais Federais) e pela Fenaprf (Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais). Em Brasília, os policiais pretendem caminhar até o Ministério da Justiça ou a praça dos Três Poderes (o trajeto ainda será definido).

No Rio, os policiais civis farão caminhada da Cidade da Polícia, onde se concentram as delegacias especializadas da cidade, na zona norte, até a Tijuca, onde no fim do dia haverá assembleia.

"Vamos definir os rumos da categoria. Temos propostas e vamos analisá-las", disse o inspetor Francisco Chaos, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Rio.

Em São Paulo, os policiais não chegaram a um acordo com o governo estadual. Está sendo preparada uma passeata para o sábado (24).

Os policiais civis do Amapá, do Maranhão, do Rio Grande do Norte, do Rio Grande do Sul e de Roraima, além dos do Distrito Federal, realizam assembleia até esta terça (20) para definir se também param por 24 horas.

Os sindicatos da PF nos Estados realizaram videoconferência nesta segunda (19). Eles também pedem a anistia dos agentes que respondem a processo administrativo por causa da greve de 2012.

Para evitar dissidência, Dilma abre as portas do Planalto para aliados

• Presidente tem série de encontros com os presidentes do PR e PRB; nos próximos dias terá reuniões com líderes do PTB e PP

Tânia Monteiro e Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff iniciou nesta segunda-feira, 19, uma reaproximação com partidos da sua base aliada após a queda nas recentes pesquisas de intenção de voto. Dilma conversou com os presidentes do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), e do PRB, Marcos Pereira. Nos próximos dias, a presidente terá encontros com integrantes do PTB e do PP.

A ideia é assegurar a presença dos partidos na campanha à reeleição e garantir o tempo de TV das siglas na propaganda eleitoral.

O apoio a Dilma, porém, enfrenta resistências internas nas legendas. Após o encontro no Palácio do Planalto, Nascimento disse que, se "tivesse que tomar a decisão pelo partido", decidiria pelo apoio à reeleição.

"Mas quem decide é a convenção", ressalvou, reconhecendo que existe uma grande divisão interna no PR. "O partido está totalmente indefinido. Tem uma dissidência muito forte. Não posso me antecipar e, assim, não dá para fazer um prognóstico agora."

Apesar de ser da base do governo federal e ocupar o Ministério dos Transportes, com César Borges, uma parte do PR, capitaneada pelo líder do partido na Câmara, Bernardo Vasconcellos (MG), divulgou no fim de abril um manifesto - apoiado por 20 dos 32 deputados federais - defendendo a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes do encontro com Dilma, o presidente do PRB, Marcos Pereira, afirmou que o partido deve apoiar formalmente a reeleição, mas também ponderou que a decisão só será tomada na convenção nacional.

O problema, segundo ele, se concentra nas coligações com o PT para cargos proporcionais nos Estados. Conforme Pereira, as pesquisas "não vão influenciar" a decisão da sigla. "É um retrato momentâneo e temporário e ela (Dilma) já estancou a queda", disse.

PMDB pede a intervenção de Lula

Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense

A cúpula do PMDB no Senado foi ontem à sede do Instituto Lula, em São Paulo, pedir ao ex-presidente que interceda para resolver as pendências nos palanques regionais da legenda. Cada um dos presentes falou em nome do conjunto do partido, mas tinham também interesses específicos: o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), quer o apoio do PT ao filho na disputa pelo governo estadual; Eunício Oliveira quer resolver o imbróglio no Ceará; Eduardo Braga busca apoio do PMDB amazonense; e Romero Jucá, apoio ao filho Romero Jucá Júnior.

No encontro do PT realizado no início do mês, Lula avisou que não respeitaria os acordos fechados pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão. "Por isso, os peemedebistas foram ao instituto falar com quem resolve", disse um interlocutor do partido. Apesar de todos nutrirem uma simpatia pelo ex-presidente, ninguém ousou insinuar um movimento "Volta, Lula". "A presidente tem dado sinais de que não vai desistir de disputar a reeleição e Lula está pouco à vontade para assumir o desgaste", confidenciou uma integrante da cúpula do partido.

Câmara
A ausência das lideranças do PMDB da Câmara também tem justificativa. "O líder Eduardo Cunha (RJ) comanda o blocão; o presidente Henrique Eduardo Alves (RN) será candidato ao governo e excluiu o PT da aliança; e o PMDB baiano vai apoiar Aécio Neves (PSDB-MG). São eles quem estão se excluindo", explicou um aliado do vice-presidente, Michel Temer.

TSE recebe ação contra Lobão Filho
O PSDB entrou com uma representação de propaganda antecipada negativa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA). A ação reage ao pronunciamento do pré-candidato, feito em 3 de maio no Maranhão, no qual dizia que o presidenciável tucano Aécio Neves é contra o programa Bolsa Família.

Para o coordenador jurídico nacional da campanha, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), Lobinho constrói uma mentira e incute o medo nas pessoas. "Está claro que o senador Lobão está atendendo a uma orientação de cima", disse. O senador rebateu à denúncia alegando ter liberdade de expressar suas opiniões.

"Eu entendo que o Bolsa Família tem a cara do PT e também entendo que o PSDB vai contra (o programa)", disse Lobinho. (Naira Trindade)

Aécio ataca Lula e responsabiliza Dilma por ‘medidas impopulares’

• Ao falar de ex-presidente, em Curitiba, tucano diz que PT quer trazer agenda da censura para a discussão

Dimitri do Valle - O Globo

CURITIBA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência da República, reforçou a artilharia contra o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff durante sua passagem nesta segunda-feira pelo Sul do país. Em entrevista durante lançamento do livro sobre a vida do ex-governador do Paraná e um dos fundadores do PSDB José Richa (morto em 2003), Aécio criticou Lula por defender a regulação da mídia, negou ter dito que tomaria “medidas impopulares” e responsabilizou Dilma por já tê-las adotado, ao mencionar que todas resultaram em “crescimento pífio, baixo nível de investimentos, fuga de investidores estrangeiros e a volta da inflação”.

Ao comentar entrevista de Lula a blogueiros na semana passada, Aécio afirmou:

- É incrível que o PT, defensor da volta da democracia, queira trazer a agenda da censura para a discussão.

Segundo o senador mineiro, “a liberdade de imprensa é inegociável, é um valor inalienável” e não pode ser usada por um governo como “instrumento” de manutenção do poder.

Aécio ainda negou que tivesse dito num encontro com empresários em São Paulo que, se fosse preciso, tomaria “medidas impopulares” para recuperar a economia.

- Essa frase jamais foi dita. O que eu disse foi de que o Brasil precisa de um governo que fuja da demagogia, sem olhar os índices de popularidade. Quem tomou as medidas impopulares foi o atual governo - disse o tucano ao mencionar os indicadores econômicos negativos.

O tucano afirmou ainda que uma eventual conquista da Copa pelo Brasil não é um fator que irá prejudicar sua candidatura à Presidência da República.

- De forma alguma. Isso valia lá atrás. Vamos torcer para o Brasil ganhar a Copa e mudar isso que está aí. As duas coisas são importantes para o país.

No entanto, o senador disse que o legado da Copa será comprometedor para o governo.

- O Brasil é um grande cemitério de obras inacabadas por toda a parte. O governo não tem capacidade de planejamento. O que é lamentável é que grande parte do que foi prometido ficou no meio do caminho. Temos um governo que prometeu muito e entregou muito pouco.

Vice na chapa do PSDB
O senador mineiro informou que o vice de sua chapa será definido até o dia 10 de junho, quatro dias antes da convenção nacional, em São Paulo, para ratificar sua candidatura. Ele disse que será uma decisão “colegiada” de aliados e não apenas do PSDB ou dele. Aécio elogiou as especulações que citam como potenciais vices Henrique Meireles (ex-presidente do Banco Central no governo Lula), o ex-governador José Serra e a ex-ministra do STF Ellen Gracie.

- Fico feliz que existam nomes dessa dimensão.

PSDB abre fogo contra PT

• Sob o comando de Aécio Neves e com fortes críticas ao governo, tucanos oficializam a candidatura de Pimenta da Veiga e do vice Dinis Pinheiro (PP) ao governo de Minas e a de Antonio Anastasia ao Senado

Bertha Maakaroun e Isabella Souto – Correio Braziliense

BELO HORIZONTE — Com um discurso de campanha que mira os temas nacionais, faz críticas à "omissão do governo federal" em promover investimentos no estado e ataca a "ineficiência" administrativa do PT, foi lançada ontem, no ginásio do Cruzeiro Esporte Clube, a chapa majoritária do PSDB ao governo de Minas Gerais, em evento que reuniu, além do governador Alberto Pinto Coelho (PP) e o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, cerca de quatro mil pessoas entre prefeitos, vereadores, líderes regionais, deputados estaduais, federais e militantes dos 18 partidos que compõem a coligação.

Encabeçada pelo ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB), foram anunciadas as candidaturas a vice-governador de Dinis Pinheiro (PP), presidente da Assembleia Legislativa, e do ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) para a cadeira do Senado. A retórica discursiva da campanha estadual do PSDB está afinada com a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República: reforça os símbolos de "mineiridade" e dá um tom nacional ao debate dos problemas que afetam o estado.

Críticas
Os pré-candidatos aproveitaram o evento para enfatizar a capacidade tucana de gestão e a necessidade de investimentos em infraestrutura, saúde, educação e transporte. Antonio Anastasia foi enfático. "Chega de corrupção, ineficiência e descompromisso", disse, em referência ao governo federal. "É hora da saúde, da segurança, da educação e do bom transporte."

Na mesma linha, o presidenciável Aécio Neves, último a discursar, afirmou que Minas Gerais está ao lado da "ética, seriedade e trabalho" e que sua eleição para presidente significará o fim do "nefasto aparelhamento da máquina pública". Aécio voltou a criticar a propaganda partidária do PT, veiculada nas emissoras de rádio e televisão desde a semana passada. As peças publicitárias do PT fazem referência a indivíduos que prosperaram e se "veem no passado" em situação adversa, sugerindo que, se a legenda não for reeleita, haveria um retrocesso social. "O PT assume um atestado de fracasso. O partido está há 12 anos governando o Brasil e ao final não tem nada a mostrar, a oferecer. O que tem é apenas o pessimismo e o medo", afirmou.

"O partido está há 12 anos governando o Brasil e ao final não tem nada a mostrar, a oferecer. O que tem é apenas o pessimismo e o medo"

Aécio Neves (PSDB), pré-candidato à Presidência

Aécio sugere que PSB descumpre acordo de reciprocidade

Marcos de Moura e Souza – Valor Econômico

BELO HORIZONTE - Tudo parecia acertado entre os dois pré-candidatos da oposição à Presidência da República. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) enquadrava seu partido em Pernambuco e o colocava na base de apoio do candidato do PSB ao governo do Estado. E o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) poria seu partido para apoiar o candidato tucano ao governo de Minas. Esse era o caminho desenhado há alguns meses e que nos últimos dias começou a ruir.

O PSB está reavaliando a situação e a conveniência de lançar candidato a governador em Minas, base eleitoral de Aécio.

Ontem, ao ser perguntado por jornalistas sobre a situação do acordo, o tucano deu a entender que tem dúvidas em relação à capacidade de Campos de cumprir acordos. "Temos de respeitar as posições de outros candidatos. Eu não mudarei a minha estratégia e tampouco o entendimento, os acordos que firmei. Pelo menos da minha parte, eles serão honrados", disse Aécio em Belo Horizonte após discursar no lançamento da pré-candidatura ao Senado de Antonio Anastasia, ex-governador de Minas.

Perguntado sobre o comportamento do PSB, o tucano arrematou, soando um tanto contrariado: "Eu não posso dizer", disse. "Tem que perguntar para eles."

Presidente do PSDB de Minas, o deputado federal Marcus Pestana, acrescentou: "Para nós, rompimento de acordo é gravíssimo". Ele diz que até agora nem ele nem Aécio foram comunicados formalmente que o partido de Eduardo Campos vai lançar mesmo candidato em Minas para dar palanque a pessebista no segundo maior colégio eleitoral do país. O acordo entre Aécio e Campos de mútuo apoio em seus Estados de origem foi fechado na casa do então governador de Pernambuco, lembrou Pestana.

"A repercussão [de uma reviravolta] seria gravíssima. O PSDB fez um movimento muito claro de realinhamento político em Pernambuco, onde éramos oposição [a Campos]."

Depois das declarações de Aécio, o presidente do PSB em Minas, o deputado federal Julio Delgado, disse à reportagem que a situação mudou. "Não era um acordo, era uma simetria que foi concebida numa realidade política, num outro momento", disse. Segundo ele, Eduardo Campos voltou de sua visita a Minas no início do mês percebendo que a base do PSB no Estado não está confortável com a ideia de apoiar o candidato do PSDB ao governo de Minas, Pimenta da Veiga. E que se apoiar o candidato tucano, correrá o risco de passar a imagem de ser uma sub-legenda do tucano e que iria ter um espaço esvaziado em Minas.

Delgado compara o número de eleitores de Minas, 15 milhões, e de Pernambuco, 8 milhões, e provoca:

 "Que acordo era esse? Estavam achando que iriam menosprezar nossa inteligência?"

Delgado é um dos nomes cotados a ser o candidato do PSB em Minas e que teria as bênçãos de Campos; outro é o ambientalista Apolo Heringer. O deputado, no que parece um esboço de slogan, diz que Minas também é atingida pelos ventos que pedem mudanças no país. O PSDB governa Minas há 12 anos.

Em entrevista ao Valor publicada na sexta-feira, o próprio Eduardo Campos colocou no telhado o acordo de boa vizinhança com Aécio envolvendo Pernambuco e Minas. Disse que o PSB mineiro se empolgou com a ideia de ter um candidato próprio mesmo depois de o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda - o nome que era o mais forte da legenda para disputar o governo estadual - ter decidido que não iria se candidatar.

"Esse movimento que manteve o Marcio Lacerda na prefeitura quando ele desejava sair frustrou um time que começou a ficar animado por um ambiente que está gerado em Minas, de uma eleição que não é exatamente do jeito que se imaginava, polarizada desde agora [entre PT e PSDB]", afirmou. "Fiz uma reunião com o Rede para ver os caminhos. E o pessoal lá disse que vai colocar a candidatura do Apolo [Heringer] nos órgãos partidários. Não podemos impedir isso".

Ontem, o coordenador jurídico nacional do PSDB, deputado federal Carlos Sampaio (SP), disse que o partido estuda entrar com ações na Justiça contra candidatos que disserem que o presidenciável da legenda é contra a continuidade do programa Bolsa Família: "Vamos na Justiça reclamar sobre as inverdades que estão sendo ditas em todo o Brasil."

O partido fez representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela manhã contra o senador Edson Lobão Filho (PMDB-MA), pré-candidato ao governo do Maranhão com apoio do PT, que disse em evento na cidade de Barra do Corda (MA), em 3 de maio, que estava "preocupado porque o candidato à Presidência Aécio Neves já declarou, em todos os jornais e emissoras de TV, que era contra o Bolsa Família". O discurso foi gravado por um candidato a vereador do PSDB e enviado à direção nacional do partido. A representação feita contra Lobão Filho foi por propaganda antecipada negativa. (Colaborou Raphael Di Cunto, de Brasília)

Direção nacional do PSB decidirá sobre aliança em Minas, diz Lacerda

• Para o prefeito de Belo Horizonte, definição pode não atender acordos como o feito com o PSDB

Elizabeth Lopes - Agência Estado

SÃO PAULO - O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), afirmou nesta segunda-feira, 19, que as alianças regionais que o PSB negocia em Minas Gerais neste pleito serão definidas pela direção nacional da legenda e podem não levar em conta acordos tradicionais, como o do seu partido com o PSDB. "Isso cabe muito mais à direção nacional porque a Executiva é provisória, não tem autonomia. Lá será feito o que a direção nacional decidir."

Segundo Lacerda, existem hoje no partido posições divergentes sobre a manutenção da aliança com os tucanos. "Há os que acham que se deve ter candidatura própria (ao governo de Minas Gerais) e os que acham que se deve apoiar o PSDB, até porque o PSB tem uma aliança já firmada com os tucanos."

Ao falar dos que defendem candidatura própria, o prefeito citou o grupo ligado à Rede (partido que a ex-senadora Marina Silva, pré candidata a vice na chapa de Eduardo Campos, tentou criar). "É algo que só vai se resolver na convenção do mês que vem", frisou.

Indagado sobre sua opinião pessoal a respeito do tema, Lacerda disse: "Eu tenho uma tese de que prefeito de capital não se envolve em pré-campanha, pois o dia a dia (de um prefeito) é muito duro."
Lacerda participou nesta segunda de evento na capital paulista promovido pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP). Ele lembrou que foi convidado a ser candidato ao governo de Minas neste pleito, mas optou pela administração da cidade. "Optei pela gestão (de Belo Horizonte) e é esta posição que me induz a não tomar posição neste assunto."

PSB se distancia mais do PSDB

• Apesar de não ter participado do lançamento da pré-candidatura do tucano Pimenta da Veiga em Minas, socialistas preferem dizer que a posição do partido ainda não foi fechada

Rosália Rangel – Diário de Pernambuco

A direção nacional do PSB ainda resiste em assumir publicamente o distanciamento político com o PSDB, mas a postura adotada pelo diretório de Minas Gerais deixa bem claro que a “parceria” com os tucanos nos estados está cada vez mais distante. Ontem, a direção estadual mineira não compareceu ao lançamento das pré-candidaturas de Pimenta da Veiga (PSDB) ao governo do estado, do seu vice, o deputado Dinis Pinheiro (PP), e do ex-governador Antônio Anastasia (PSDB) ao Senado.

A decisão joga para longe a possibilidade de um acordo em Pernambuco e ainda cria precedentes para que o mesmo ocorra em outros estados.

Presidente estadual do PSB de Minas, o deputado federal Júlio Delgado foi bastante firme em defender a tese da candidatura própria. Chegou a dizer que um ou outro integrante do partido pode ter aparecido ao evento do PSDB, que contou com a participação do presidenciável da legenda, Aécio Neves, mas garantiu que eles não representam qualquer apoio ao projeto do PSDB. “Até porque os nomes apresentados (pelos tucanos) não empolgaram a nossa militância”, sentenciou.

Júlio Delgado reconheceu, no entanto, que chegou a existir um compromisso de reciprocidade entre os dois partidos, mas que a pré-candidatura de Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República e de Marina Silva (PSB/Rede) a vice, que é vista como uma terceira via na disputa presidencial, mudou o cenário. “Se novos ventos estão soprando para o Brasil, por que não pode soprar em Minas?”, questionou o parlamentar.

Júlio Delgado é um dos nomes cotados para a disputa. A outra opção seria Apólo Henriger (PSB/Rede). “Há uma grande tendência de termos candidatura própria (em Minas) e sempre houve pessoas que defendessem isso”, ressaltou o secretário-geral do PSB nacional, Carlos Siqueira, Ele negou, inclusive, qualquer acordo com os tucanos. “Eu nunca ouvi falar. Não sei de nada”, garantiu.

Na lista estados “parceiros” do PSB na campanha estadual, os tucanos pernambucanos ainda não têm uma definição sobre o apoio anunciado à pré-candidatura de Paulo Câmara (PSB) ao governo do estado.

“Vamos aguardar agora as orientações do PSDB nacional”, ponderou o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB), nome que o partido pode lançar para o governo do estado caso seja quebrado o acordo com PSB. Na próxima segunda-feira, Aécio Neves estará no Recife para receber o título de cidadão da cidade, quando se espera que ele trate do assunto com os aliados.

Já Eduardo Campos inicia hoje uma maratona de visitas a três estados do Nordeste: Bahia, Paraíba e Rio Grande Norte. Desde domingo no Recife, ele concedeu ontem, por telefone, entrevista a uma rádio de Jundiaí, São Paulo. Provocado a dizer com quem a disputa no segundo turno seria mais difícil, Dilma Rousseff (PT) ou Aécio, disse: “A gente está preparado para passar ao segundo turno. Agora, sinceramente, não sei quem a gente vai enfrentar”.

As vantagens e desvantagens do rompimento PSB/PSDB em Pernambuco

PSB
Vantagens
-Eduardo manterá o discurso alinhado com a Rede Sustentabilidade, grupo político de sua vice Marina Silva, de evitar aliança com o PSDB e a “velha política”.

- Reduz a concorrência para os candidatos na chapa proporcional

- O PSB fica com duas secretarias (Cidades e Trabalho) e um órgão público (Detran) para negociar futuros apoios com partidos que ainda não definiram seus apoios, a exemplo do PP e PDT

Desvantagens
- Perderá 3m30s do tempo de TV

- Ganha mais um concorrente que poderá tirar votos da chapa majoritária

- Haverá um palanque no estado para o adversário tucano de Eduardo Campos, o senador Aécio Neves

PSDB
Vantagens
- Garantirá palanque para o presidenciável tucano Aécio Neves

- Fortalecerá o partido, que terá mais visibilidade no estado

- Evidenciará o deputado estadual Daniel Coelho, caso esse venha realmente a ser o candidato a governador. Se o parlamentar pernambucano não for eleito, sairá do pleito com mais visibilidade para uma possível disputa à Prefeitura do Recife em 2016

Desvantagens
- Enfraquece a disputa proporcional, reduzindo as chances de eleger deputados federais e estaduais. O mais ameaçado é o deputado federal Bruno Araújo, que disputará a reeleição

- Caso não seja eleito, o deputado Daniel Coelho perderá o mandado, ficará sem cargo eletivo

- O partido ficará ameaçado de deixar as secretarias de estado que ocupa hoje (Cidades, com Evandro Avelar, e Trabalho, com Murilo Guerra) e o Detran, dirigido por Caio Mário Mello.

Merval Pereira: Razão e emoção

- O Globo

No limiar do que promete ser a disputa mais acirrada para a Presidência da República dos últimos 20 anos, estamos entrando em uma campanha política em que os recursos da moderna propaganda serão usados à exaustão para explorar as descobertas mais recentes da neurociência, que já definiu que o eleitor vota mais com a emoção do que com a razão.

O sociólogo Manuel Castells, baseado também em estudos da neurociência, diz que o medo é a emoção primária fundamental, a mais importante de nossa vida a influenciar as informações que alguém recebe.

O livro de John Mearsheimer sobre o hábito de mentir dos governantes, da Editora Zahar, debruça-se sobre o que ele chama de “mentiras estratégicas”, e uma das muitas facetas dessas mentiras “para o bem da pátria” é a difusão do medo.

Está aí a raiz da recente propaganda partidária do PT, apelando para o receio do que classificam de retrocesso caso a sigla seja derrotada nas urnas. Para se contrapor à tendência à mudança que as pesquisas apontam como a principal motivação para o voto nesta eleição.

É interessante observar que, embora esteja na frente nas pesquisas, a presidente Dilma concorre à reeleição com dificuldades que a fazem dizer uma frase como a revelada por Renato Maurício Prado no GLOBO, num encontro da presidente com jornalistas esportivos recentemente no Palácio da Alvorada em Brasília: “É a minha hora. E vou até o fim. Perdendo ou ganhando”.

As primeiras campanhas propagandísticas com vistas à reeleição foram realizadas com o objetivo de evitar a derrota, o que indica uma fragilidade que não seria de se supor em uma presidente de posse de todas as forças inerentes ao cargo que ocupa. O que revela que ela não tem pleno controle dessas forças.

Não é de estranhar que esse tenha sido o caminho escolhido pelo marqueteiro João Santana, que já admitiu certa vez que, numa campanha, trabalham-se “produções simbólicas”, tentando captar “o imaginário da população”, não exatamente a verdade dos fatos.

Nessa guerra que se avizinha, como em todas as guerras, a verdade é a primeira vítima, na frase famosa atribuída geralmente ao senador americano Hiram Johnson. Em sua obra “A República”, Platão afirma que os governantes têm o direito de não dizer a verdade para os cidadãos, e até mesmo de mentir “no interesse da própria cidade”.

O governo Dilma leva essa permissão platônica ao pé da letra e cria um mundo de ficção que esbarra na realidade. É o caso dos aeroportos, que Dilma declarou ontem prontos para receber os milhões de turistas esperados para a Copa.

É por isso que estamos vendo um verdadeiro festival de traições nos bastidores da política, à medida que a campanha eleitoral vai se aproximando das datas marcadas pelo calendário oficial para a definição das candidaturas.

Quem mais sofre nessas situações é o governo, que tem mais a perder do que a depauperada oposição. A começar pelos minutos de propaganda oficial, que podem dar a Dilma quase três vezes o tempo do candidato em 2º nas pesquisas, o senador Aécio Neves, do PSDB.

Cada minuto retirado da principal oponente pode valer até o dobro para a oposição, e quem tem tempo de propaganda para negociar, como o PMDB (perto de 5 minutos) ou o PSD (cerca de 2 minutos), ganha dimensões políticas que a atuação parlamentar muitas vezes não justifica.

A vice-presidência da chapa tucana está na mesa de negociações, enquanto Michel Temer, do PMDB, o vice de Dilma Rousseff, precisa ser ratificado na convenção de junho para garantir aos governistas a hegemonia na propaganda partidária.

Correndo por fora, a dupla Eduardo Campos-Marina Silva joga com a rejeição aos políticos tradicionais para superar as barreiras logísticas impostas pela fragilidade de suas bases partidárias formais.

O que já desandou na estratégia política governista foi a realização da Copa do Mundo como instrumento galvanizador dos anseios nacionais. Ao contrário, as necessidades da população nos grandes centros urbanos do país contrastam com a orgia de gastos públicos nos 12 estádios, colocando em xeque, talvez pela 1ª vez na História do país tratando-se de futebol, as prioridades do governo, definidas em detrimento das mais prementes demandas da população.

A seleção não deixará de ser “a pátria de chuteiras”, na definição perene de Nelson Rodrigues, mas o patriotismo não servirá de refúgio para as deficiências do governo.

Dora Kramer: Ir a pé ou ir de trem

• Metrô nos estádios não é tolice. É anseio legitimo por mais conforto urbano

- O Estado de S. Paulo

Convenhamos: no que mesmo o ex-presidente Luiz Inácio da Silva ajuda a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff quando trata com menosprezo questões que têm o apoio da população?

A capacidade de Lula de dizer coisas desprovidas de sentido é conhecida, faz parte do seu show. A novidade é a tendência de fazê-lo em contradição ao manual do populismo, cuja regra de ouro é dizer coisas que soem agradáveis, sábias e lógicas aos ouvidos da maioria.

Nessa fase em que volta com força à cena política convenientemente protegido por plateias simpáticas ou por entrevista à imprensa estrangeira que nem sempre dispõe de todos os dados da realidade nacional para contestá-lo, o ex-presidente tem fugido à sua prática de não entrar em divididas com o senso comum.

Há três exemplos recentes. Comecemos pelo último por ser, do ponto de vista dessa mudança de comportamento, o mais eloquente.

Se não falasse a blogueiros reverentes, mas a um público eclético que encontrasse na rua (onde, aliás, não tem circulado), Lula teria a ousadia de dizer que considera uma tolice (em expressão mais grosseira) as pessoas quererem estações de metrô nos estádios de futebol? Na melhor das hipóteses seria educadamente contestado. Na pior, estrepitosamente vaiado.

Nem o mais insensível integrante da "zelite" seria capaz de um pouco caso desta ordem: "Nós (os brasileiros) não temos problema em andar a pé". Os torcedores, acrescentou, vão aos estádios de qualquer jeito: "descalço, de bicicleta, de jumento".

Sim, e também vão de ônibus lotados, em seus carros para serem extorquidos pelos guardadores. Mas, por que precisam ter desqualificado o natural anseio por um maior conforto urbano? Ou Lula está dizendo que o brasileiro deve se conformar com pouco? Se não quis, disse. Que transporte público de qualidade é luxo desnecessário, dispensável para quem anda sem sapatos e, se preciso for, se locomove no lombo de jumentos. Certamente não por escolha.

Lula, por boa contingência da vida, conta com transporte terrestre e aéreo à disposição, trata da saúde no Sírio-Libanês e não enfrenta desconfortos do cotidiano. Nada contra, desde que não faça pouco caso de quem se ache no direito de querer algo além de comida (cara) no prato, serviços públicos de péssima qualidade e apelos à gratidão eterna para um governo que se tem na conta de inventor do Brasil.

No terceiro caso o ex-presidente fez uma conta em entrevista a uma jornalista portuguesa: o julgamento do mensalão foi 20% jurídico e 80% político. Pois segundo as pesquisas, é mais ou menos este último o porcentual de brasileiros que consideram o resultado justo.

O apoio quase unânime da população às condenações feitas pelo STF significa reconhecimento de que houve um tratamento equânime no julgamento de crimes cometidos por poderosos, algo que vai ao encontro de uma aspiração civilizatória. As pessoas se sentiram bem.

Repetindo o raciocínio acima: o ex-presidente teria coragem de repetir - e mais, justificar - essa argumentação em discurso para público não selecionado previamente? Dificilmente.

Assim como seria de se ver para crer se Lula defenderia o controle dos meios de comunicação que, segundo ele, tratam com "desrespeito" a presidente Dilma Rousseff, diante das mesmas plateias que a têm recebido com vaias.

Ressurreição. Para o governo não é uma boa notícia a ordem do ministro Teori Zavascki para soltar os presos da Operação Lava Jato, notadamente o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

Até agora quem porventura teme o que teriam a dizer estava salvo. Soltos, serão alvo de pressão para falar no Congresso. Seja em alguma das CPIs para investigar a Petrobrás ou nas comissões da Câmara e do Senado. O assunto ganha novo gás.

Eliane Catanhêde: O estrago que Meirelles faria

- Folha de S. Paulo

José Serra demorou duas semanas, pelo menos, para dizer que "nunca" pensou em ser vice de Aécio Neves. Donde se conclui que a ideia animou círculos tucanos, mas não colou, provavelmente por não encantar o próprio Aécio.

O novo nome na roda é o de Henrique Meirelles, que vai seguindo assim o exemplo do "dono" do PSD, Gilberto Kassab, disputado a foice por tucanos e petistas.

Como Kassab, Meirelles ganha direito a promessas do poderoso Lula, entra na mira da campanha de Dilma, recebe elogios públicos de Aécio e conquista bom espaço na mídia.

Compare-se a reação do candidato tucano. Quando o nome de Serra vazou para a imprensa como opção, Aécio se fez de desentendido, elogiando Serra, mas escapulindo de admitir a possibilidade. Já quando o nome de Meirelles chega a público, Aécio não só o elogia como admite "conversar" a respeito.

Serra seria forte, pelo "recall", pela densidade. Mas Meireles, ex-BC, tem imensa vantagem: ele atinge o coração da campanha petista.

Maestro da política econômica na época da euforia com Lula, ele é um contraponto desconfortável para a era Dilma, que se debate com crescimento baixo, inflação alta, dúvidas e mau humor.

Aliás, uma sugestão: a leitura do artigo imperdível de Meirelles na Folha de 11/5, "Pecados nada originais". É uma crítica clara, assumida, contra a "nova matriz econômica" inventada no governo Dilma.

Meireles seria, pois, um troféu da dissidência que já ronda a candidatura Dilma. Não só mais um entre os mais de dez ministros lulistas que não votam na reeleição da presidente, mas "o" ministro. E poderia puxar a fila dos partidos que estão com Dilma, mas atentos às pesquisas.

Logo, Meirelles seria um vice fantástico para Aécio e devastador para Dilma. Por isso, Lulinha ex-paz e amor vai com tudo para segurar Meirelles e também Kassab, que nunca se divertiu tanto como em 2014.

Raymundo Costa: Tendência do PMDB é manter apoio a Dilma

• Moreira Franco ataca candidatura do PT no Rio

- Valor Econômico

O PMDB marcou para 10 de junho a convenção nacional do partido destinada a homologar a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer para presidente e vice-presidente da República. Apesar das dificuldades nas composições regionais com o PT, especialmente no Rio de Janeiro, a tendência é pela aprovação da aliança. Mais difícil será o apoio dos pemedebistas nos Estados, na campanha eleitoral propriamente dita.

Estados como Mato Grosso do Sul, por exemplo, devem apoiar a indicação de Michel Temer para vice, mas seus dirigentes não devem gastar sola de sapato para reeleger Dilma. O mesmo deve ocorrer em relação a Minas Gerais, onde os dois partidos caminham para um acordo eleitoral. E no Rio Grande do Sul. A situação mais difícil é a do Rio de Janeiro, onde a radicalização da campanha pode comprometer o apoio do ex-governador Sérgio Cabral e de seu sucessor, Luiz Fernando de Souza, o Pezão, à reeleição de Dilma.

Ministro da cota do PMDB no governo, Moreira Franco (Aviação Civil) defende a manutenção da aliança com Dilma e do projeto regional pemedebista. Diz que não são incompatíveis. "O PMDB é forte porque ao longo desses anos tem mantido uma base eleitoral que sustenta seus quadros nos poderes Legislativo e Executivo. Ele vive do voto. A disputa local sempre foi uma disputa em que o PMDB se empenhou desde a ditadura. Nós não podíamos disputar os governos estaduais, prefeitura de capital e de área de segurança nacional, então fomos disputar os pequenos municípios que nos mantêm até hoje como o maior partido do Brasil".

O ministro da Aviação Civil faz questão de ressaltar que "nunca houve uma negociação no plano eleitoral em que o PMDB colocou a conquista do poder nacional como mais importante do que o poder local - nós sempre preservamos o nosso direito de disputar a eleição". Ocorre exatamente o contrário com o PT, que sempre privilegiou a disputa nacional.

O PMDB aderiu ao governo do PT no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Primeiro fez uma aliança parlamentar, depois eleitoral apresentando o candidato a vice na chapa de Dilma. "O partido está engajado num projeto cujos pilares hoje são conquistas, como a redução das desigualdades, a geração de emprego, o aumento da renda do trabalhador, a recuperação da infraestrutura do país e o aumento da taxa de investimento em relação ao PIB".

O ministro defende inclusive o tom estabelecido pelo PT para o debate eleitoral, em seu último programa partidário, no qual entre outras coisas fala sobre a ameaça da volta dos "fantasmas do passado" para levar "tudo o que conseguimos". Diz Moreira Franco: "Não acho que a propaganda do PT foi de medo. Ela definiu o campo de luta. Existem conquistas econômicas e sociais que foram dadas e que não podem ser perdidas, as pessoas têm que discutir e avaliar sobre elas". E todos os que estão engajados nesse projeto, como é o caso do PMDB, segundo o ministro da Aviação Civil, "têm a obrigação de defendê-lo e não podem vacilar diante da possibilidade de se perder (a eleição)".

O ministro assegura que "o PMDB nacional não vai fazer o que fez o PT do Rio de Janeiro", quando lançou a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo estadual, rompendo a aliança que governa o Rio desde 2006. "Nós não vamos abandonar a aliança (com Dilma) que é responsável por esse projeto. Não é da nossa tradição, não é da nossa história fugir das dificuldades. O PMDB demora a entrar, mas depois que entra não abandona".

Para Moreira Franco, o fato local reflete muito fortemente no ambiente nacional. "E o Rio de Janeiro, para nós, é um caso importante. Causa maior irritação, constrangimento e dificuldades, primeiro o PT agir como agiu, lançando o senador Lindbergh Farias, depois, como consequência inevitável disso, o Lindbergh, em sua campanha, vai à região dos Lagos, e na região que é a base eleitoral mais importante do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Paulo Melo, vai lá e fala mal, de maneira desrespeitosa. Claro que isso gera consequências". Quais?

"Nós estamos trabalhando para evitar que essas consequência contaminem o apoio do Sérgio Cabral e do Pezão a Dilma. Nós já dissemos isso à sociedade. É evidente que eles têm de colaborar. O ideal seria a retirada da candidatura. Conflitos dessa ordem nós vamos ter em vários Estados. Nós precisamos encontrar soluções políticas eleitorais que permitam a convivência".

"Por cultura e convicção nós não criamos qualquer tipo de dificuldade à disputa local. Nós sempre protegemos os nossos, sempre garantimos as condições para que a disputa se dê. O ideal é a melhor solução política, o PMDB está no governo há oito anos, o PT esteve no governo. E a cultura deles não é essa, eles sempre colocaram a disputa nacional acima da disputa local. Já o PMDB não transige de garantir seu direito a suas condições de disputa eleitoral, daí é que vem a força dele".

Em 2010 havia um entendimento entre PMDB e PT sobre formas de procedimento nas eleições. Dilma e Lula, por exemplo, evitariam fazer campanha para os candidatos do PT onde o PMDB também disputava o governo do Estado. O caso mais flagrante de descumprimento do acordo foi na eleição para o governo da Bahia, onde Lula e Dilma empenharam-se a fundo na reeleição do governador Jaques Wagner.

O senador e pré-candidato do PSDB a presidente, Aécio Neves, efetivamente fez uma sondagem no PSD sobre a possibilidade de uma aliança entre os dois partidos, tendo o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles como candidato a vice na chapa tucana.

A aliança foi colocada em perspectiva desde que o ex-prefeito Gilberto Kassab abriu negociação com o governador Geraldo Alckmin para uma composição em outubro. O acerto Kassab-Alckmin é real, mas o próprio Kassab acha "difícil" a reversão da maioria do PSD, hoje favorável ao apoio à reeleição da presidente Dilma.

Arnaldo Jabor: Volto ou não volto?

- O Globo

"Volto ou não volto?" Fico aqui no meu banheiro pensando, diante de espelhos sem-fim. Quantos Lulas refletidos ao infinito! É como se fosse um povo de lulas. Isso! Eu sou o povo. Sou um fenômeno de fé. Quanto mais me denunciam, mais eu cresço. Eu desmoralizei escândalos, vulgarizei alianças, subverti tudo, inclusive a subversão. Eu tenho o design perfeito para isso. "Lula" é um nome doce, carinhoso, familiar. "Lula" é fácil de entender. Agora, aqui sozinho, Mariza está dormindo, posso me analisar. Volto ou não volto?

Ai, que saudades das mãos da rainha Elizabeth - eu beijei sua mão com um vago perfume de verbena. Ai, que saudades dos tempos em que eu posava com outros presidentes, com o Obama me puxando o saco, dizendo que eu era o "cara". Como era bom ver intelectuais metidos à besta me olhando com fervor, me achando o símbolo do futuro, como se eu tivesse uma foice e um martelo na mão. Comi várias professoras da universidade; eu era um messias para elas, que nunca tinham visto um operário, a não ser o encanador de seus banheiros. E os banqueiros e os empresários que tinham medo de mim, mas se ajoelhavam por grana do BNDES, enchendo o partido com dinheiro para campanhas?

Mas está na hora de decidir. Tenho de ser cruel comigo mesmo. Vamos lá. Ninguém está vendo. Autocrítica: A verdade é que eu nunca me interessei pelo bem do povo. Essa visão de um operário pensando no País é uma imagem romântica de pequenos burgueses. Operário quer é subir na vida. Fui mestre nisso. Eu odiava o calor daqueles tetos de Eternit na fábrica, aquela cachaça morna na hora do almoço.

Aquele torno que cortou meu mindinho foi minha primeira grande sorte (tem gente que até acha que eu mesmo cortei...). Virei líder sindical. Foi a sorte grande. Sem dedo, descobri a massa. A massa operária se postava diante de mim e eu, com meus olhos em fogo, vi o mar de gente na greve dos metalúrgicos e tive a luz de berrar: "Vocês me dão o posto de comandante das negociações com os patrões?".

Foi um mar de vozes: "Sim! Lulaaa!". Naquele momento, eu vi que chegaria à presidência. Eu vi a facilidade de convencer o povão de fazer o que eu quisesse. Depois, os evangélicos descobriram o mesmo, mas eu fui pioneiro. Aliás, me baseei no Jânio Quadros, com vassoura e caspa artificial. Ele foi o criador da política do espetáculo. Eu era bonitinho, boas sindicalistas eu papei... Era fácil, não precisava nem cantar. Mas sejamos sérios. Ali, no espelho, me vejo multiplicado e tenho de decidir.

Que é melhor para mim? Os caras falam: "Volta, que o povo quer!". E eu? Será que me interessa?

Será que vai ser bom para minha imagem no futuro? Porque hoje minha imagem está joia. Ganho 400 paus por palestra, vou ao exterior e falo qualquer coisa, eles me amam a priori, eu, um herói operário.

Os franceses e outros babacas, bisbilhoteiros das "revoluções" tropicais, jamais entenderão o que tive de fazer para crescer no poder.

Jamais entenderão as sujeiras que tolerei para manter as mãos limpas, como me dei bem com os 300 picaretas que denunciei antes e que depois foram minha tropa de choque. Jamais entenderão que eu nunca soube de nada, sabendo de tudo...

Foi aí que se fez a luz! Eu entendi que se eu quisesse fazer reformas, mudanças radicais, eu perderia meu poder de messias. Eu vi que o verdadeiro Brasil é o PMDB e os corruptos todos. Tudo foi construído assim, por séculos, nesse adultério entre a grana pública e privada. Só a corrupção move o País. Mantive o legado do FHC e chamei-o de herança maldita... FHC não sabia falar com o povão... Ele fez tudo e não é nada, eu não fiz nada e sou tudo. Também nunca entendi por que os tucanos não defenderam o governo dele. Nem ele.

Quando vi que era a "estratégia do medo", caí matando.

Me aproveitei do Plano Real e depois disse que eu é que fizera a queda da inflação. E agora a p... está voltando.

Até o Roberto Jefferson me deu sorte, me ajudou muito, denunciando os babacas dos comunistas, que me atazanavam desde o início. A Mariza dizia: "Essa gente não presta...". E eu não ouvia... Veio o Jefferson (obrigado, Roberto...), expulsa os bolcheviques da minha cola e eu pude inventar a nova ideologia: um grande balé na mídia para manter o povo feliz. Eles pensavam: se ele chegou lá, nós também podemos... Ele é "nóis". Não entendo como o FHC não teve a grandeza nem de um "populismozinho".

Tudo tão simples; basta falar como eles, falar de futebol, fingir de vítima, injustiçado por ter origem humilde, dividir o mundo em ricos e pobres, mentir estatísticas numa boa, falar do futuro.

Depois, espelho meu, tive mais sorte. Começou o surto dos emergentes. Como entrou grana, aqui! Gastei tudo para consolidar meu poder. Mas chega de saudade; a realidade é: afinal, volto ou não volto?

O perigo é eu voltar e ter de lidar com a cagada que eles fizeram. Essa Dilma e o Mantega... P...

Já pensou? Ter de acordar cedo, beber meu uísque 30 anos só de noite... E aguentar o Berzoini, o Rui Falcão, falando como se morassem na URSS... E, pior, é que os comunas vão ficar mais assanhados, mais "aloprados" ainda. Vão querer mais "bolivarianismo". Já me aporrinharam e fu*&ram tudo com o mensalão... Eu bem que avisei: "Vão com menos sede ao pote!...". Só fizeram merda e depois tive de me virar, dizer que não sabia. Só me encheram o saco. Mofem na Papuda.

Se eu voltar, vou ter de satisfazer essa laia. Vou ter de reprimir a mídia. Disso até gosto, para assegurar minha bela imagem no futuro.

Será que vale a pena botar em risco minha imagem?

E tem mais: minha maior descoberta foi que o Brasil não tem conserto. É impossível governar. A política não rola mais. É um parafuso espanado. Se os tucanos ganharem, vão se fu*&er também.

Minhas imagens: quantos lulas refletidos nos espelhos...

"Lula! Que você está fazendo aí, trancado?" "Já vou, Mariza; p..., não posso nem ir ao banheiro?"

Isso, espelhos meus! Batam palmas para mim! Milhares de "eus" me aplaudindo! Obrigado, meu povo!

E aí? "Volto ou não volto?"

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

O cerco a empresários e prefeitos
Alguns movimentos indicam o grau de preocupação da pré-campanha da presidente Dilma Rousseff com o empresariado nacional e com prefeitos. Além do lançamento do Plano Safra 2014/2015, que será seguido de um jantar de Dilma com os empresários do agronegócio no Alvorada, houve ainda a presença do vice-presidente, Michel Temer, em palestra na Associação Comercial de São Paulo. O governo sabe que o empresário médio hoje está mais para a oposição do que para a reeleição. Daqui para frente, até fim de junho, a ordem no governo é buscar os empresários para tentar tirar parte deles do colo do tucano Aécio Neves e da órbita dos simpatizantes de Eduardo Campos (PSB).

Quanto aos municípios...
Para tentar aplainar a ausência da presidente Dilma na Marcha dos Prefeitos deste ano, vários setores do governo agora discutem benefícios para as administrações municipais. Não está descartado nem mesmo o aumento de repasses do Fundo de Participação dos Municípios para as prefeituras. Em tempo: há quem diga que, se Dilma tivesse feito esse gesto na marcha, teria sido aplaudida. Agora, o impacto será menor.

Facilitou
Os políticos de todas as matizes respiraram aliviados com a liberdade dos envolvidos na Operação Lava-Jato. Até quem deseja investigar a Petrobras vibrou. Isso porque, agora, ninguém precisará pedir autorização a juiz para chamar o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa a prestar depoimento na CPI.

O aliado
Na semana que vem, tem manifestação em Brasília. Nada a ver, entretanto, com Copa do Mundo ou algo parecido. Quem pretende agitar a Praça dos Três Poderes é o líder do MST, João Pedro Stédile. Ele promete uma caminhada até o Supremo Tribunal Federal (STF) para protestar contra a decisão do ministro Joaquim Barbosa de proibir o trabalho externo para o ex-ministro José Dirceu.

A luta continua
A turma do PMDB que não deseja seguir com Dilma Rousseff continua balançando o barco: "Não é pelo cargo de vice-presidente que o PMDB tem que estar na chapa presidencial, e, sim, por um projeto político. O PT não nos deu esse projeto", diz o deputado Danilo Forte (PMDB-CE), anunciando que não fará campanha para a presidente Dilma.

Por falar em Dilma...
Os parlamentares do PT avisam a todos que encontram pelo caminho que essa história de "Volta, Lula" acabou de vez. Agora, a energia deve ser direcionada a preservar os aliados que começam a buscar outros rumos. Uma das primeiras operações, capitaneadas por Lula, foi segurar Gilberto Kassab, do PSD. Deu certo.

CURTIDAS
Vice, eu?!!!! I/ No embalo do pré-lançamento da candidatura do ex-ministro Pimenta da Veiga ao governo de Minas Gerais, um emissário tucano ligou para o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) sondando para uma composição.

Vice, eu?!!!! II/ Júlio, que já está de cabeça feita para concorrer ao governo estadual foi direto: "Tem a vaga de vice, que está vaga". O emissário, então, respondeu que, se Delgado tinha interesse na vice, ele poderia conversar com Pimenta. Delgado, então, explicou: "Amigo, estou dizendo que a minha vice está vaga. Eu sou candidato a governador". A conversa terminou ali.

Mulheres unidas/ A presidente da CNA, Kátia Abreu (foto), senadora pelo PMDB do Tocantins, aproveitou o discurso ontem no Planalto para fazer altos elogios à senadora Gleisi Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil. As duas prometem agora fazer uma dobradinha no Congresso.

Duciomar, o retorno/ Começa a ganhar corpo uma possível candidatura do ex-prefeito de Belém Duciomar Costa, do PTB, ao governo do Pará em parceria com o PR.

Painel -Vera Magalhães

- Folha de S. Paulo

Volte duas casas
Delegados da Polícia Federal criticam reservadamente a decisão do ministro Teori Zavascki de soltar os 12 presos da Operação Lava Jato e remeter o inquérito ao Supremo Tribunal Federal. Os investigadores sustentam que as autoridades citadas não eram o foco original da apuração. Lembram que, na Operação Monte Carlo, a parte relativa à ligação do então senador Demóstenes Torres com Carlinhos Cachoeira foi para o STF, mas o contraventor foi condenado na primeira instância.

Efeito colateral Integrantes da PF dizem que o entendimento de Zavascki pode criar embaraços a novas investigações derivadas da Lava Jato que também esbarram em autoridades com prerrogativa de foro.

Ligações A Petrobras lançou no início do mês a pedra fundamental de uma obra de R$ 1,95 bilhão em Minas Gerais que será realizada pela Toyo-Setal, citada em anotações do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa como uma das empresas que fariam repasses a partidos.

Caixa Empresas ligadas aos administradores da Setal (Tipuana e Projetec) depositaram R$ 3 milhões na conta da MO Consultoria, do doleiro Alberto Youssef, em 2009, segundo um dos relatórios da Operação Lava Jato.

Outro lado Procurada, a Petrobras não quis comentar as informações referentes ao contrato. A Toyo-Setal não respondeu às perguntas encaminhadas pela coluna nesta segunda-feira.

Pelotão... Os secretários de Segurança Pública dos quatro Estados do Sudeste se reuniram na semana passada para traçar uma estratégia conjunta para tentar combater o aumento generalizado das estatísticas de roubo.

... de choque Eles irão juntos a Brasília entregar, ainda nesta semana, aos presidentes da Câmara e do Senado uma proposta de alteração na legislação penal que endureça a punição e facilite a apuração desse tipo de crime.

Escalada Em São Paulo, o crescimento dos índices de roubo varia de 20% a 30% todos os meses. O próximo balanço da criminalidade, a ser divulgado nos próximos dias, deverá mostrar novo salto nesse tipo de ocorrência.

Retranca O TSE mandou o Facebook retirar do ar a página "Queremos Aécio Neves Presidente", a pedido do PSDB. O partido diz que o perfil faz "propaganda eleitoral antecipada" e "rechaça qualquer tentativa de ser apontado como beneficiário".

Canja Dilma Rousseff precisou cancelar algumas reuniões no início da tarde. Quase sem voz desde quinta-feira, a presidente resolveu diminuir o ritmo para aguentar a agenda da semana.

Fila A campanha de Dilma conta com anúncios semanais de apoios à presidente. Nesta semana, o PRB deve confirmar que vai integrar a aliança à reeleição.

Lá e cá Governistas se irritaram com o requerimento de convocação de Lula apresentado por Cyro Miranda (PSDB-GO) e barrado na CPI da Petrobras, na semana passada. Ameaçam agora convocar José Serra (PSDB) para a CPMI do cartel do metrô.

Árido Em reunião ontem, a equipe de Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu testar em pesquisas qualitativas o discurso de que a oposição é "oportunista" ao explorar a crise de abastecimento de água. O discurso será o de que se trata de uma seca histórica.

Imagem Pesquisas internas animam o PMDB fluminense quanto às chances de Sérgio Cabral para disputar o Senado. Ele aparece tecnicamente empatado com Jandira Feghali (PC do B) na frente.

Tiroteio
"Todos os documentos que eu iria solicitar à Justiça Federal terei de pedir ao STF, o que é bem mais demorado, como vi no caso Dirceu."
DE JÚLIO DELGADO (PSB-MG), relator do caso André Vargas no Conselho de Ética, sobre a remissão do inquérito da Operação Lava Jato para o Supremo.

Contraponto
Aleluia, irmãos

Na comemoração do aniversário do pastor Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus Brás, no último sábado, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) se disse impressionado com a quantidade de políticos reunidos na igreja. Em seu discurso, o tucano brincou:

--O pastor ainda conseguiu a proeza de converter o Aloysio Nunes em evangélico --disse, diante da presença do senador tucano no palco.

Logo depois, coube ao ex-governador a leitura do Salmo 23. O pastor arrematou:

--Serra, acho que foi você que foi convertido!

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Nova jogada com MP favorece as seguradoras
Está na pauta da Câmara, nesta terça, a medida provisória nº 633, com penduricalhos como o que livra as seguradoras de pagar indenizações milionárias a mutuários do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Os lobistas a chamam de “MP dos R$ 17 bi” ou “MP da Sul América Seguros”. As seguradoras têm perdido na Justiça, mas, com a MP 633, a Caixa passa a intervir, deslocando as ações para a Justiça Federal, garantindo novo julgamento para tentar reverter o que hoje é perdido.

• Está no contrato
Mutuários do SFH ajuízam ações por falhas de construção (rachaduras, infiltrações etc), gerando indenizações bilionárias das seguradoras.

• MP dos R$ 17 bilhões
Somadas, todas as ações indenizatórias podem obrigar as seguradoras a pagar mais de R$ 17 bilhões aos mutuários do SFH.

• Baixo investimento
Somente a Sul América, “mãe” da MP 633, investe na sua aprovação para não ter de pagar indenizações que somam mais de R$ 7 bilhões.

• MP inconstitucional
A MP 633 trata de matéria processual civil, vedada pela Constituição. E a maioria dos deputados nem sequer desconfia do que está por trás.

• Submundo da corrupção faz festa com soltura
O submundo da corrupção, ferido de morte com a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, está em festas desde a decisão de soltar os 12 presos, e suspender a tramitação de inquéritos e ações penais. Inclusive pelo crime de obstrução da Justiça. Familiares e amigos dos meliantes presos deixaram seus afazeres, incluindo trabalho e escola, para começar a festejar antes mesmo da libertação deles.

• Incômodo
A prisão de Paulo Roberto Costa era considerada a mais “incômoda”. Não por acaso, até como autor do recurso, foi o primeiro a ser solto.

• Ele faz mágica
Advogado de Paulo Roberto Costa, Fernando Fernandes, jacta-se em seu site, de obter decisões que “inauguram linhas jurisprudenciais”.

• Velocidade da luz
O ministro Teori Zavascki, do STF, liberou os presos na Operação Lava-Jato. Ok. Agora é esperar que não sumam a jato também.

• Ministro da Vale
Apesar de nem sempre constar da agenda oficial, o CEO e presidente da Vale, Murilo Ferreira, é quem mais despacha com Dilma: esteve com ela mais do que qualquer ministro da Esplanada, este ano.

• Impacto zero
Estudo do banco suíço UBS relata que a Copa quase não tem impacto nas economias locais. Em 1998, na França, e 2006, na Alemanha, “nem sequer houve impacto positivo em turismo, emprego ou renda”.

• Barriga cheia
Lula e o PT reclamam da imprensa, mas ninguém explorou a imagem de Dilma discursando, no evento do PT, enquanto um petista exibia à frente um cartaz dizendo que meliantes presos estavam “presentes”.

• Sequelados
A Petrobras divulgou que a refinaria superfaturada em mais de R$ 1,4 bilhão, de Pasadena, ganhou “prêmio” por um ano sem acidentes de trabalho. Mas com sequelas nos contribuintes surrupiados.

• Capacete
Servidores da Rádio Senado podem ter que usar capacete. Pedaços de reboco caem do teto na entrada de um dos estúdios. Nesta segunda-feira, um deles quase foi atingido por um pedaço de tijolo com cimento.

• Prevaricação
Deveria existir um Procon para os Procons. No DF, empresas que rotineiramente desrespeitam o consumidor estão livres para atormentá-los ainda mais por três semanas. É o prazo fixado pelo Procon-DF de “suspensão do atendimento ao público” para realizar um “treinamento”.

• Top Secret
Até pintores e pedreiros são assunto de segurança nacional, para os arapongas da Agência Brasileira de Inteligência: atos no Diário Oficial omitem seus nomes, só exibem as matrículas.

• Padim Ciço
Eduardo Campos quer crescer no Nordeste. Marcou para 31 de maio e 1º de junho visita a Juazeiro do Norte (CE), onde visitará a estátua de Padre Cícero. Dirá que se sente cearense, como o avô Miguel Arraes.

• Pensando bem…
…foi uma verdadeira ideia de jerico de Lula mandar os torcedores irem até de jegue aos estádios por falta de metrô.