segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Fernando Gabeira - O ‘pintou um clima’ de Jair Bolsonaro

O Globo

A frase do presidente é importante porque revela a distância entre sua vida real e o papel que procura encarnar

Gostaria de discutir as mudanças climáticas. No entanto tenho de analisar a frase de Bolsonaro segundo a qual pintou um clima entre ele, sexagenário, e refugiadas venezuelanas de 14/15 anos.

No Brasil, os escândalos se sucedem, há o perigo de perder a sensibilidade ou mesmo perder o rumo, transitando, desordenadamente, entre um e outro.

A frase de Bolsonaro é importante porque revela a distância entre sua vida real e o papel que procura encarnar: defensor da religião, da família e dos valores tradicionais.

Não é a primeira vez que um homem mais velho confessa sua atração por meninas. A literatura tem um exemplo célebre, o romance “Lolita”, de Vladimir Nabokov.

No entanto o personagem do romance, Humbert Humbert, que escandalizou sua época, não é um presidente da República, não se define como um baluarte da família tradicional nem grita “Deus acima de todos” diante da multidão.

Bolsonaro, segundo Alexandre de Moraes, não pode ser incriminado por pedofilia. Tudo bem. Mas pode ser acusado de hipocrisia, porque, embora não tenha realizado um ato, confessou emoções de um pedófilo.

Miguel de Almeida -Os evangélicos contra-atacam com ‘Messias’

O Globo

Na época da ditadura militar, um censor, furibundo com alguns diálogos de uma peça teatral, convocou o autor a dar explicações. Por razões conhecidas, Shakespeare não pôde comparecer.

Nestes tempos michelenescos, o afável arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, se viu obrigado a explicar por que usa vestes vermelhas. O inquisidor ouviu algo mais ou menos assim:

—É a cor dos cardeais, meu filho.

No Twitter, dom Odilo cravou:

— Conheço bastante a História. Às vezes, parece-me reviver os tempos da ascensão ao poder dos regimes totalitários, especialmente o fascismo. É preciso ter muita calma e discernimento nesta hora!

Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, buscou inspiração em trecho de “Irmãos Karamazov”, de Dostoiévski, para cravar sua incredulidade diante da terra arrasada pelo Bolsolão:

— Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras chega ao ponto de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo.

É possível que algum eleitor de Damares ou um pastor que prega nos cultos contra os homossexuais venha a chamar os Karamazov de comunistas, mas, vá lá, é da vida: o chefe deles já disse que -5% + 4% são 9% positivos. Perdoai-o, mas com Oscar Wilde na cabeça:

—Os loucos às vezes se curam; os imbecis, nunca.

Míriam Leitão - A granada explodiu no colo de Bolsonaro

O Globo

O Exército teria que ter revogado a CAC de Jefferson e a Polícia tomado as armas dele, para começo de conversa

O Exército tem a obrigação, segundo suas próprias normas, que ter cancelado as licenças de "Colecionador, Atirador, e Caçador", de Roberto Jefferson. E não fez isso. Recebi a cópia das normas internas do Exército que diz em, seus artigos 26 e 23, que quem responde a inquérito policial ou processo criminal tem o registro do CAC cassado. E as normas se baseiam em decreto de 2019, do próprio governo Bolsonaro. Portanto, o Exército descumpriu suas próprias normas.

Esse caso revela muitos erros do governo Bolsonaro, mas principalmente é um exemplo claro do que é um CAC: uma pessoa que tem arsenal em casa e que não hesita em atirar contra a própria Polícia Federal no cumprimento de uma ordem judicial. Portanto é uma milícia. Roberto Jefferson jogou granadas. Ele tinha treze armas, fuzil com mira a laser, como admitiu na conversa com o negociador que foi prendê-lo, e granadas.

Vamos parar de fingir no Brasil que quem se arma a esse ponto é um colecionador, ou um desportista de tiro, ou um caçador num país que proíbe a caça. Eles se transformaram numa milícia de Bolsonaro.

Malu Gaspar - Roberto Jefferson negociou indulto com aliados de Bolsonaro

O Globo

Depois que o presidente deu o perdão judicial a Silveira, Jefferson enviou emissários ao Palácio do Planalto para tentar conseguir o mesmo benefício

Depois que Jair Bolsonaro concedeu indulto ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), em abril passado, o ex-deputado Roberto Jefferson tentou por alguns meses conseguir do presidente da República o mesmo perdão judicial.

Segundo relatos de duas fontes, uma ligada ao petebista e uma próxima do presidente, Jefferson enviou emissários para falar com interlocutores de Bolsonaro, incluindo ministros.

Em meio às conversas, seu advogado, Luis Gustavo Cunha, chegou ainda a redigir uma minuta de decreto e mandou para o Palácio do Planalto. O rascunho chegou ao presidente, mas nunca houve resposta.

Jefferson achava que Bolsonaro devia a ele o mesmo benefício que deu Silveira porque considerava que as duas situações eram semelhantes.

Dizia que sua prisão era tão ilegal quanto a do parlamentar, e tinha a ver com atos que ele fizeram em favor do governo.

Bruno Boghossian - Ataque cola marca de violência a plataforma de Bolsonaro

Folha de S. Paulo

Presidente se aproveitou da ação de extremistas e agora faz jogo duplo para conter danos

O esforço de contenção de danos montado após o ataque do ex-deputado Roberto Jefferson a policiais federais dá a dimensão que o episódio representa na campanha de Jair Bolsonaro (PL). O caso cola uma marca de violência a um dos principais itens da plataforma política do presidente.

Pouco depois que o político atirou e lançou granadas contra agentes que preparavam sua prisão, Bolsonaro declarou repúdio à ação armada do ex-parlamentar. Na mesma frase, no entanto, o presidente reclamou da existência de "inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição".

Foi o início de uma tentativa desastrada de se desvincular do aliado, mas sem abandonar o ambiente de enfrentamento com o STF (Supremo Tribunal Federal). Bolsonaro tenta se equilibrar nessa corda bamba porque precisa manter a visibilidade do conflito institucional que fabricou, sem absorver muitos danos de uma só vez.

Celso Rocha de Barros - Lula é o Brasil contra a máquina

Folha de S. Paulo

Bolsonaro está usando a máquina pública como nenhum candidato jamais fez

Curiosamente, o currículo de Jair Bolsonaro, que inclui o assassinato de centenas de milhares de brasileiros por asfixia durante a pandemia, a montagem de um orçamento secreto no valor de vários petrolões, diversas tentativas de se tornar ditador para roubar para si e para seus filhos encostados, quatro anos sem aumento real do salário mínimo enquanto o preço da comida disparava, a concessão de mais poder ao centrão do que ele jamais teve, a confissão de que entre ele e meninas de 14 anos já "pintou um clima" e a recente revelação do plano de Paulo Guedes para não aumentar salários nem aposentadorias, não foi suficiente para tornar o atual presidente da República o favorito para ganhar as eleições de 2022.

Para reverter esse quadro, Jair está usando a máquina pública como nenhum candidato até hoje jamais fez. Mudou a Constituição três meses antes da eleição para poder gastar mais dinheiro. Distribuiu bilhões adicionais pelo orçamento paralelo. Antecipou o pagamento de auxílios para antes da eleição (afinal, ele quer cortá-los logo depois). Em apenas três dias, liberou R$ 2 bilhões para empréstimos consignados do Auxílio Brasil, para pobres que não terão como pagá-los; e criou um mecanismo de incentivos para mulheres empreendedoras com prazo de inscrição que acaba pouco depois da eleição.

Marcus André Melo* - O presidente e o orçamento

Folha de S. Paulo

Em tese, quem assumir em 1º de janeiro poderia contingenciar o orçamento, mas a questão é se terá condições políticas de fazer isso

O "orçamento secreto" é produto da metamorfose radical que o governo Bolsonaro sofreu no segundo ano do mandato, e que decorreu de uma dupla ameaça: o espectro do impeachment e da paralisia decisória do governo. A encruzilhada crítica ocorreu entre abril e maio de 2020. É nela que o presidencialismo plebiscitário se transmuda —sem que a transformação se complete— em presidencialismo de coalizão. Nela o STF, então sob ataques, participou do "pacto".

A crônica desta transformação pode ser recuperada pela voz dos protagonistas. Luiz Eduardo Ramos, à frente da Secretaria de Governo, em junho de 2020, revelou o isolamento do governo: "Até abril, eu nunca tinha conseguido reunir todos os líderes de partidos no Palácio do Planalto. Eles se encontravam na casa do Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Agora mudou". "O ‘pacto’ funcionou", declarou Toffoli em agosto.

Ana Cristina Rosa - 'Mentiras sinceras' não interessam

Folha de S. Paulo

A pátria onde hoje 33 milhões passam fome faz lembrar a canção Miséria

Do uso da máquina pública à disseminação de fake news, da violência política de gênero passando por reiteradas denúncias de assédio eleitoral, o cotidiano brasileiro parece ter sido sequestrado pelo realismo fantástico de maneira a causar inveja a muito roteirista de ficção (e dos bons) nestas eleições. A sucessão de absurdos é tamanha que está cada dia mais difícil de saber se "a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida", como disse o escritor irlandês Oscar Wilde, ou se é exatamente o contrário.

Com base num perverso estratagema eleitoreiro de exploração da vulnerabilidade social, a três semanas do segundo turno do pleito os beneficiários do Auxílio Brasil começaram a ser seduzidos com empréstimos consignados —e induzidos a se atolar em dívidas.

Felipe Moura Brasil - O mártir do bolsonarismo

O Estado de S. Paulo

O estímulo ao terrorismo ‘do bem’, agora sabemos, vai até a tentativas de homicídio de policiais

Em 13/8/2021, escrevi que Jair Bolsonaro “encobre o patrimonialismo, o fisiologismo, os acordões e a inépcia da família com o reacionarismo aloprado que resultou na prisão de Roberto Jefferson, o condenado no mensalão do PT promovido a mártir da liberdade bolsonarista de aloprar”.

O ex-deputado do PTB levou a sério seu papel.

“Reagi. Não vou me entregar. Só saio daqui morto”, disse Jefferson ontem, após dar tiros de fuzil e lançar granadas contra a PF, quando agentes chegaram à sua casa para levá-lo à cadeia, por ordem de Alexandre de Moraes.

O ministro do STF revogou a prisão domiciliar “em face do reiterado desrespeito às medidas restritivas” a visitas, orientação de correligionários, entrevistas, notícias falsas e redes sociais. Em vídeo publicado por sua filha e correligionária Cristiane Brasil no dia 21, o ex-deputado xinga Cármen Lúcia de prostituta arrombada, ao comentar a postura da ministra do TSE em decisão que concedeu, por 4 votos a 3, três direitos de resposta ao petista em emissora governista e proibiu o lançamento até dia 31 do filme de uma produtora sobre o caso Adélio.

Denis Lerrer Rosenfield* - Credenciais democráticas

O Estado de S. Paulo

Nem Lula nem Bolsonaro defendem a democracia como um fim em si mesma, mas apenas como um instrumento para a conquista do poder.

Pobre Brasil diante de uma escolha entre duas falsas credenciais democráticas, uma representada por Lula, outra por Bolsonaro. Nem um nem outro defendem a democracia como um fim em si mesma, mas apenas como um instrumento para a conquista do poder, após a qual as instituições da democracia são progressivamente minadas. Diferenças menores consistem em ser esses respectivos discursos mais ou menos explícitos, pois, para seus objetivos serem alcançados, devem ser velados.

Lula, atualmente, apresenta-se como uma espécie de redentor da democracia, em sua luta contra o autoritarismo bolsonarista. Constituiu-se uma dita “frente democrática” para dar guarida a essa narrativa, que se contrapõe à própria história do PT e aos governos petistas, seja com Lula, seja com Dilma. Sob os seus respectivos reinados, a democracia foi constantemente minada. Logo, tornar o “salvador dos pobres” em “salvador da democracia” é um salto ideológico dos mais perigosos. Antes, como agora, paira a ameaça da censura, encoberta pela proposta de regulação da mídia. O tombo pode ser enorme.

Alex Ribeiro - Guedes quebra liturgia nas reuniões do FMI

Valor Econômico

Em defesa do governo, ministro levantou uma dúvida sobre a continuidade do que descreve como momento favorável

O ministro da Economia, Paulo Guedes, quebrou a liturgia durante a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, adotando um tom político-partidário pouco comum nesses encontros de organismos multilaterais.

Chamou a atenção a linguagem crua usada em palestras com investidores estrangeiros, que estão pouco acostumados com o estilo do ministro. Ele também levantou dúvidas, em entrevistas coletivas e na carta entregue ao Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), sobre a continuidade da política econômica brasileira, dependendo do resultado das eleições presidenciais.

Gustavo Loyola* - Brasil, entre o risco e a oportunidade

Valor Econômico

O desleixo com a situação das contas públicas pode ser fatal para qualquer ambição de reduzir a enorme desigualdade que marca o Brasil

O segundo turno das eleições presidenciais brasileiras coincide com um momento de grandes mudanças no cenário global. Tais mudanças podem se mostrar benignas ou malignas para o Brasil dependendo basicamente das políticas de governo a serem seguidas pelos eleitos no pleito de outubro deste ano.

Na esfera geopolítica, o registro maior é o aumento da tensão entre as duas principais potências econômicas globais e o expansionismo russo no leste da Europa. A disrupção do fornecimento de gás pela Rússia aos países da Europa ocidental e as ameaças crescentes da cada vez mais autoritária China de Xi Jinping a Taiwan tem gerado temores generalizados quanto à excessiva dependência das economias dos países da OCDE em relação à China no que concerne a insumos estratégicos. Como exemplo da disposição das empresas europeias de reduzirem sua dependência da China, vale mencionar artigo divulgado no site do IFO Institute, uma instituição alemã de pesquisa econômica, indicando que cerca de 46% da indústria manufatureira alemã depende de insumos chave provenientes da China, sendo que metade delas pretende diminuir suas compras daquele país, diversificando suas fontes de fornecimento.

Bruno Carazza* - Segundo turno entre a lógica e a matemática

Valor Econômico

Quem terá maior poder de mobilização na reta final?

A foto se tornou um clássico da história política brasileira. Na noite de 26/10/2014, o olhar de perplexidade de políticos, celebridades e empresários diante da TV, entre surpresos e decepcionados, refletia o sentimento de quase metade do eleitorado.

Reunidos num amplo apartamento do tradicional Edifício Parque das Mangabeiras, Belo Horizonte, os convidados acompanhavam a apuração do segundo turno. Os 3.459.964 votos que faltaram para a vitória do irmão da anfitriã, Andrea, frustraram a expectativa da festa.

Era difícil imaginar que tão cedo teríamos uma votação tão apertada como aquela. Oito anos depois, contudo, há grandes chances de o destino do país ser decidido por uma margem ainda menor do que os 3,28 pontos percentuais que separaram Dilma Rousseff (51,64%) e Aécio Neves (48,36%).

Maria Cristina Fernandes - Com ataque a tiros, aliado desfere antifacada

Valor Econômico

Assim como Adelio Bispo ajudou a eleger Bolsonaro, Jefferson pode ajudar a derrotá-lo

Passaram-se cinco horas entre os dois pronunciamentos do presidente Jair Bolsonaro sobre Roberto Jefferson na tarde deste domingo. No primeiro, Bolsonaro, de cabeça baixa, leu uma nota dizendo repudiar tanto a fala de Roberto Jefferson contra a ministra Carmen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF quanto inquéritos “sem nenhum respaldo na Constituição”. Na segunda, ante um teleprompter, o presidente muda de postura. Tenta capitalizar a prisão do aliado e reparar as omissões de sua primeira declaração. Disse que quem atira em policial deve ser tratado como bandido e presta solidariedade aos policiais feridos.

A demora com a qual Bolsonaro mudou sua postura mostra o quanto o episódio desnorteou sua campanha. A guerra entre as alas do bolsonarismo nas redes sociais é apenas um aperitivo. Se a grosseria inominável de Jefferson com Cármen Lúcia já havia sido grave, os tiros de fuzil e as granadas lançadas contra policiais federais que foram cumprir a ordem de sua prisão têm o potencial de se transformarem na antifacada de 2022. Administrado com competência durante um mês, em 2018, o ataque a Bolsonaro foi decisivo para a vantagem colocada pelo presidente sobre Fernando Haddad no primeiro turno, que se mostrou irreversível no segundo.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

É cara a conta do uso da máquina na campanha

Valor Econômico

O Congresso, ao aprovar a chamada PEC das Bondades permitiu que Bolsonaro atropelasse a legislação eleitoral

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) falava a uma plateia de 22 prefeitos paraibanos e beneficiários de programas habitacionais, em março de 2013, quando proferiu uma frase que ficou famosa: “Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição, mas, quando se está no exercício do mandato, temos de nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto”. Neste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu nova dimensão à declaração.

Naquela ocasião, é preciso recordar, Dilma estava envolvida numa campanha antecipada. Em seu discurso, buscou destacar que seu governo sempre respeitara os políticos de partidos da oposição, a despeito das paixões eleitorais. Em mais um deslize verbal, no entanto, acabou dando munição a adversários.

Mas a ex-presidente não falou nada de diferente do que sempre ocorreu em disputas eleitorais. E, de fato, fez-se o diabo naquele pleito. Os impactos fiscais foram sentidos por vários anos.

Hoje, vive-se uma situação perigosamente semelhante. Foi o que mostrou o Valor Fiscal na semana passada. De acordo com a reportagem, as medidas lançadas pelo governo federal para aumentar despesas sociais em pleno período eleitoral tiveram impacto direto de pelo menos R$ 68 bilhões nos cofres públicos somente neste ano. E com um agravante: a tendência é que as medidas deixem um rombo para as contas públicas em 2023, num momento em que o país precisará rediscutir um novo marco fiscal.

Poesia | Fernando Pessoa - Aproveitar o tempo

 

Música | Seu Jorge - Burguesinha