quinta-feira, 24 de julho de 2014

Opinião do dia: Rubens Bueno

O relatório aprovado pelo TCU é fundamentado porque reconhece que o valor pago pela refinaria de Pasadena estava acima do valor de mercado, que havia sobrepreço no fechamento do negócio e o manifesto interesse de favorecimento da Astra, empresa que repassou o empreendimento a Petrobras. Mas os membros do Conselho Administrativo da petroleira não poderiam deixar de ser responsabilizados pelo péssimo negócio,

Pelo fato de o conselho de administração ser a última instância de decisão da Petrobras , seus membros não poderiam deixar de ser responsabilizados, sob pena de precedentes para outros casos que possam isentar gestores públicos de suas obrigações previstas na legislação, como a Lei das SAs,

Rubens Bueno é deputado federal (PR) e líder do PPS na Câmara.

Pasadena:TCU isenta Dilma e bloqueia bens de Gabrielli, Cerveró e Costa

• Ministro José Jorge coloca responsabilidade em antiga diretoria e outros funcionários da Petrobras e calcula em US$ 792,3 milhões recursos que deveriam ser devolvidos

Eduardo Bresciani – O Globo

BRASÍLIA – O Tribunal de Contas da União (TCU) isentou, por unanimidade, da responsabilidade a presidente Dilma Rousseff e os demais integrantes do Conselho de Administração da Petrobras no processo que analisa prejuízos causados pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. A decisão manteve como responsáveis apenas os integrantes da antiga diretoria da companhia, entre eles José Sérgio Gabrielli, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, que passarão a ter os bens indisponíveis. O processo foi transformado em tomada de contas especial para avaliar a necessidade de devolução de US$ 792,3 milhões aos cofres da Petrobras.

O processo sobre a compra foi aberto em fevereiro de 2013. Em 2006, a Petrobras adquiriu, da belga Astra Oil, a primeira metade da refinaria. Dilma presidiu a reunião do Conselho de Administração que autorizou o negócio. Os sócios, então, divergiram sobre os investimentos para modernização da refinaria. Após uma disputa na Justiça dos Estados Unidos, na qual sofreu seguidas derrotas, a Petrobras fez um acordo para adquirir os 50% restantes. Ao todo, a estatal gastou US$ 1,25 bilhão. Em 2005, a Astra comprou Pasadena por US$ 42,5 milhões.

Dilma sustentou que aprovou o negócio tendo como base um parecer técnico e juridicamente “falho” elaborado pelo então diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró. O mesmo argumento foi usado pelos demais conselheiros. Não constavam no documento as cláusulas que garantiam rentabilidade mínima à sócia e obrigavam a compra da outra metade em caso de desacordo comercial. O relator do caso, ministro José Jorge, deu razão a eles destacando que o resumo apresentado pelo ex-diretor apontava apenas pontos positivos do negócio a ser fechado.

— Entendo, por esse motivo, que o vínculo de causalidade entre a autorização da aquisição da refinaria e essa parcela do dano presumidamente incorrido pela Petrobras é muito tênue — disse o relator.

Apenas o ministro substituto, André Luiz de Carvalho, questionou a retirada dos integrantes do Conselho da lista dos responsáveis:

— Sou pela inclusão do conselho de administração no rol. Ao longo de toda a leitura do seu voto, consultei a lei 6.404, das Sociedades Anônimas, e se diz na lei que compete ao Conselho de Administração eleger e fiscalizar a atuação diretores. Então, o fato de não ter acesso a uma informação permite excluir a responsabilidade criminal, mas na questão civil não é afastado — defendeu Carvalho.

Ao fim da sessão, porém, ele concordou que o tema poderá ser analisado novamente na tomada de contas especial, que será aberta, e registrou seu voto acompanhando a posição de José Jorge.

Para o relator, a Petrobras concordou em pagar mais pela refinaria do que seu valor real, levando em conta os investimentos que ainda seriam feitos para modernizá-la.

— Seria como se dado investidor resolvesse oferecer por um restaurante com instalações obsoletas e situado em prédio que demanda reforma preço que tal restaurante valeria depois de ser completamente modernizado e reformado — comparou José Jorge. — Embora afronte o senso comum e, por certo, o ordenamento jurídico vigente, o negócio objeto desse processo foi conformado segundo essa lógica distorcida — complementou.

Divergências no valor a ser devolvido
O cálculo do valor a ser devolvido também provocou questionamentos. O ministro Benjamin Zymler chegou a pedir vista por entender que o montante era muito alto. Após argumento de outros colegas, de que este tema também continuará a ser discutido, o ministro retirou o pedido de vista e acompanhou José Jorge.

O relator calculou em US$ 580,4 milhões os recursos que devem ser devolvidos pela celebração do negócio em si, e apontou como responsáveis a diretoria na época, composta por Gabrielli, Cerveró, Costa, Almir Barbassa, Renato de Souza Duque, Guilherme Estrella e Ildo Sauer, e o então gerente da área internacional Luís Carlos Moreira. Destes, apenas Barbassa permanece em um cargo de comando na refinaria, como diretor financeiro.

Os integrantes da diretoria teriam ainda de devolver US$ 92,3 milhões pela decisão de alongar, em 2008, a disputa judicial com a Astra, após a derrota na corte arbitral. Além deles, são citados nesse caso Carlos César Borromeu de Andrade, gerente jurídico internacional, e os ex-dirigentes da Petrobras América, Gustavo Tardin Barbosa e Renato Tadeu Bertani.

Cerveró e Gabrielli teriam ainda de devolver US$ 79,8 milhões pela carta de intenções apresentada à Astra, após a crise entre os sócios, propondo a compra da metade restante. Outros U$39,7 milhões teriam de ser ressarcidos por Costa e os ex-dirigentes da Petrobras América, Gustavo Tardin Barbosa e Renato Tadeu Bertani, por terem ignorado, no fechamento do negócio, uma dívida de US$ 39,7 milhões que a Astra tinha com a Petrobras por passivos trabalhistas e tributário.

Os gerentes citados terão um prazo 15 dias após a publicação do acórdão para apresentar sua defesa. Eles também serão chamados para participar de uma audiência pública para debater o tema.

Dilma e conselheiros poderão ser responsabilizados no futuro
Relator do processo no Tribunal de Contas da União (TCU) que analisa prejuízos causados pela compra da refinaria de Pasadena, o ministro José Jorge afirmou que a presidente Dilma Rousseff e os demais conselheiros da Petrobras poderão ainda ser responsabilizados no futuro. O processo foi convertido em tomada de contas especial e a responsabilidade, até então, ficou restrita à antiga diretoria, comandada por José Sérgio Gabrielli, e outros funcionários da companhia.

— O processo passou pelo Conselho de Administração. Se incluísse agora, não seria nenhum absurdo, mas achei que nesse momento deveria colocar concentrada a responsabilidade naqueles que tiverem maior envolvimento — disse — Mas isso não é definitivo, é um processo. Hoje foi uma etapa, na TCE (tomada de contas especial) serão investigados especialmente os citados, discutidos os valores e terá um novo relatório com condenações ou absolvições e pode alterar valores, pode tirar citados e incluir outros a partir dos depoimentos e dos exames detalhados — complementou.

O ministro disse não ter se sentido pressionado mesmo após o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), pedir seu impedimento de atuar no caso. Ele também ironizou um pedido de suspeição feito durante a sessão pelo advogado Edson Ribeiro, que defende o ex-diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró.

— Serviu para eu tomar um café — disse José Jorge.

TCU aponta prejuízo de US$ 792 mi na compra de Pasadena e isenta Dilma

• Texto de relator do processo no Tribunal de Contas da União que tira responsabilidade do conselho de administração da Petrobrás na aquisição de refinaria é aprovado por unanimidade pela corte; ex-diretores têm bens bloqueados

Fabio Brandt e Beatriz Bulla - O Estado de S. Paulo

RIO - O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou nesta quarta-feira, 23, por unanimidade, relatório que aponta prejuízo de US$ 792,3 milhões à Petrobrás pela compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, e isenta de responsabilidade a presidente da República Dilma Rousseff, que presidia o conselho de administração da estatal na época em que o negócio foi aprovado, em 2006.

Para o TCU, os possíveis responsáveis pelo prejuízo são o ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrielli, o ex-diretor internacional Nestor Cerveró e o ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa, alvo da Polícia Federal na Operação Lava Jato, e outros oito dirigentes da estatal.

O tribunal, porém, não foi acertivo quanto à culpa dos ex-dirigentes. Os 11 tiveram os bens bloqueados até que os ministros da corte cheguem a uma conclusão a respeito das responsabilidades. Isso ocorrerá numa nova fase do julgamento do processo. Se confirmadas as culpas, o tribunal pedirá que os ex-dirigentes ressarçam os cofres públicos pelo prejuízo.

Gabrielli, Cerveró e Costa compunham a cúpula, segundo o tribunal, que produziu documentos para embasar a aprovação da compra de Pasadena pelo conselho de administração. O ministro José Jorge, autor do relatório acatado por seus colegas, disse que não incluiu os integrantes do conselho entre os possíveis responsáveis porque, “neste momento”, quer focar a investigação nas “pessoas que realmente fizeram o negócio” com a empresa Astra, de origem belga.

O conselho de administração da estatal, afirmou Jorge em seu relatório, está em “situação distinta” da diretoria executiva porque tomou a decisão em 2006 com base em um resumo feito pela diretoria internacional, à época dirigida por Cerveró.

Tomada. O tribunal, agora, abrirá uma Tomada de Contas Especial para seguir as investigações. Esse procedimento não tem prazo definido para terminar, mas de acordo com o presidente da corte, Augusto Nardes, servirá para “aprofundar” o caso e chegar aos culpados pelo mau negócio.

O prejuízo apontado pelo TCU, de US$ 792,3 milhões, é maior do que aquele admitido pela Petrobrás, que falava em perdas de US$ 530 milhões.

Para a tomada de contas começar é preciso que a decisão seja publicada e que as partes se expliquem. Depois, a área técnica do TCU analisará os argumentos das defesas e apresentará um estudo para José Jorge produzir um novo relatório. Quando tudo isso terminar, o caso estará pronto, mais uma vez, para ser analisado pelo plenário. Aí sim haverá uma decisão final. Essa decisão será, posteriormente, encaminhada para o Ministério Público a fim de que medidas judiciais sejam tomadas.

O relatório apresentado por José Jorge surpreendeu a corte. Havia a expectativa de que ele recomendasse aos colegas a responsabilização da presidente. O Palácio do Planalto escalou o ministro José Múcio para convencer os colegas do TCU a votar pela isenção da presidente. Anteontem, o chefe da Advocacia-Geral da União, ministro Luís Inácio Adams, fez périplo por todos os gabinetes do tribunal em defesa da presidente. “Fui discutir com os ministros a questão da própria decisão. É uma decisão que faz justiça, porque o conselho de administração, de fato, não esteve envolvido, não foi o responsável pela decisão ‘negocial’”, afirmou Adams antes da decisão do plenário./ Colaboraram Andreza Matais e Fábio Fabrini

Parlamentares criticam relatório de ministro do TCU, que pode ser convocado para CPI

• Deputado diz que houve pressão sobre o ministro José Jorge para que isentasse a presidente Dilma Rousseff de responsabilidade

André de Souza – O Globo

BRASÍLIA - Enquanto a oposição reclamava, os parlamentares da base do governo comemoraram a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de isentar a presidente Dilma Rousseff e os demais integrantes do Conselho de Administração da Petrobras de responsabilidade no negócio que resultou na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo a oposição, ex-diretores da Petrobras foram sacrificados para salvar a presidente.

Dilma era presidente do Conselho de Administração da empresa em 2006, quando o negócio foi aprovado. Nos anos seguintes, a aquisição viria a trazer um prejuízo milionário à estatal. O relatório do ministro José Jorge aprovado pelo TCU nesta quarta-feira manteve como responsáveis apenas integrantes da antiga diretoria da companhia, entre eles José Sérgio Gabrielli, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, que passarão a ter os bens indisponíveis. O processo foi transformado em tomada de contas especial para avaliar a necessidade de devolução de US$ 792,3 milhões aos cofres da Petrobras.

- Entregaram a cabeça de Cerveró e Gabrielli - disse o deputado Fernando Francischini (SD-PR), reclamando que a presidente Dilma também deveria ser responsabilizada.

No começo da tarde, antes de o TCU aprovar o relatório de José Jorge, ele já havia afirmado que, caso isso acontecesse, estaria aberto um trem da alegria. Segundo Francischini, só seriam punidos gestores públicos que tiveram intenção de fazer alguma irregularidade. Aqueles que não tiveram, mas foram negligentes, seriam todos absolvidos.

- Aquele gestor mal preparado, que por desleixo não fiscaliza as contas públicas, que teria o dever de acompanhar seus secretários e que deixa acontecer um desvio como esse, eles numa mais vão ser responsabilizados. Porque no caso maior do país, que envolve a chefe da Casa Civil, que era presidente do Conselho de Administração, que era a grande gerente super preparada do nosso país, deixou acontecer isso, por que vamos fazer com prefeito lá na ponta? É um trem da alegria que vai ser convalidado hoje - disse Francischini.

Depois de participar da sessão fechada da CPI na tarde desta quarta, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) também criticou a decisão do TCU e o parecer vitorioso de José Jorge.

- O TCU julgou politicamente. O tribunal tomou uma decisão política contra o recurso público e querendo proteger a presidente e od demais integrantes do conselho. Sobrou para o Gabrielli e o Cerveró - disse Rodrigo Maia.

Tanto Francischini quanto Maia disseram que a decisão descumpre o Estatuto da Petrobras, obrigando que as decisões sejam tomadas pelo Conselho com base em parecer jurídico completo e não somente em resumos técnicos. Maia acredita que a decisão do TCU livrando o Conselho vai ser usada como exemplo até por empresas privadas, quando enfrentar problemas semelhantes.

Politicamente, integrantes da oposição acreditam que pesou, além da questão da presidente Dilma, o fato de o Conselho ser integrado por grandes empresários, como Jorge Gerdau Johannpeter.

Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), classificou como uma "ducha de água fria para a oposição" a decisão do TCU. O senador voltou a criticar o ministro José Jorge, que, segundo ele, deveria se considerar impedido de julgar questões ligadas à Petrobras, mesmo tendo apresentado relatório que isenta a presidente Dilma Rousseff de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena. Costa lembrou que José Jorge foi ministro de Minas e Energia na gestão de Fernando Henrique Cardoso e, por consequência, presidente do Conselho da Petrobras, sendo citados em processos sobre a compra da Repsol pela estatal.

- Eu acredito que hoje sem dúvida foi um dia de ducha de água fria para a oposição. Mesmo nessa posição, o ministro José Jorge foi obrigado a reconhecer que a presidenta Dilma não tem qualquer responsabilidade em qualquer irregularidade eventualmente praticada bem como foi essa a posição do procurador-geral da República Rodrigo Janot. Acho que o principal objetivo da oposição, que era desgastar a presidente Dilma, hoje caiu por terra - disse Costa.

Embora comemorasse a não responsabilização de Dilma, o líder do PT também defendeu Gabrielli.

- Posso dizer com tranquilidade que o ex-presidente José Sérgio Gabrielli não somente é um gestor competente, como também é um pessoa da mais absoluta idoneidade. E creio que a maior parte dos diretores também o são - afirmou o líder do PT.

O presidente da CPI mista que investiga irregularidades na Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou que o fato de o TCU ter aprovado um relatório isentando Dilma e responsabilizando os ex-diretores da Petrobras não invalida o trabalho da CPI.

- Ajuda e ajudará em muito para que possamos construir um juízo de valor a respeito de um dos itens da investigação que é a compra da refinaria de Pasadena. Ele só vem a ajudar o trabalho dos parlamentares - disse Vital.

Francischini reclamou que houve pressão do governo sobre José Jorge.

- Na nossa visão, houve pressão política sobre o ministro José Jorge para isentar a presidente Dilma. Vamos apresentar requerimento de convocação novamente do ministro José Jorge para dar explicações. Se recebeu gente do governo, se houve pressão sobre esse relatório, porque seria uma coisa inédita neste país - disse o deputado.

Humberto Costa discordou.

- Se pressão houve, eu vi pressão da mídia e de elementos da oposição para que a presidente Dilma fosse chamada a depor, para que o relatório de alguma forma responsabilizasse a presidenta. Quem somos nós para fazer pressão sobre um ministro que tem posição política conhecida? - questionou o líder do PT no Senado.

Segundo Costa, a possibilidade de chamar José Jorge para dar esclarecimentos depende de uma posição da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), para ver se cabe ou não convocação de ministro do TCU. Vital afirmou que, depois da aprovação do relatório, ficará mais fácil a ida do ministro à CPI.

- Eu penso que o grande passo foi dado com a manifestação do Tribunal de Contas a respeito do relatório do senhor ministro. A meu ver não há nenhum impedimento para que possa vir tecer considerações. Ele continuará convidado e esperamos que possa colaborar - disse o presidente da CPI.

Membros do conselho da Petrobras também deveriam ser responsabilizados, diz Bueno

Por: Assesoria do PPS

O líder do PPS, deputado Rubens Bueno, disse, nesta quarta-feira, que o relatório do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), José Jorge, sobre prejuízo de R$ 792 milhões à Petrobras pela compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, em 2006, deveria responsabilizar o Conselho Administrativo da empresa, dentre eles a presidente Dilma Rousseff, que na época presidia o colegiado.

“O relatório aprovado pelo TCU é fundamentado porque reconhece que o valor pago pela refinaria de Pasadena estava acima do valor de mercado, que havia sobrepreço no fechamento do negócio e o manifesto interesse de favorecimento da Astra, empresa que repassou o empreendimento a Petrobras. Mas os membros do Conselho Administrativo da petroleira não poderiam deixar de ser responsabilizados pelo péssimo negócio”, cobrou Bueno.

O TCU aponta como possíveis responsáveis pelo prejuízo ex-membros da diretoria da Petrobras, como ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli.

Embora o tribunal tenha em princípio isentado os membros do conselho pelo prejuízo, Bueno acredita que a instalação de uma TCE (Tomada de Contas Especial) poderá reverter a situação com o aprofundamento das investigações e das responsabilidades pelo mau negócio.

“Pelo fato de o conselho de administração ser a última instância de decisão da Petrobras , seus membros não poderiam deixar de ser responsabilizados, sob pena de precedentes para outros casos que possam isentar gestores públicos de suas obrigações previstas na legislação, como a Lei das SAs”, disse Bueno

CPMI
Rubens Bueno classificou ainda de “inócua” a decisão do comando da CPMI da Petrobras de tornar secreta a audiência, nesta quarta-feira, com secretário de Controle Externo da Administração Indireta do TCU (Tribunal de Contas da União), Osvaldo Vicente Cardoso Perrout, para tratar da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras.

“A decisão de se realizar uma sessão secreta é inócua no exato momento em que o ministro-relator do caso da compra da refinaria de Pasadena [José Jorge] está apresentando o seu voto de forma aberta a toda sociedade”, disse, ao referir-se à reunião de hoje do TCU para julgar o caso.

A reunião da CPMI foi aberta às 14h49 pelo presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), com a leitura de requerimento apresentado por Perrout alegando que devido à condição sigilosa do processo a oitiva deveria ocorrer em caráter secreto.

“É muito estranha [a decisão] porque a transparência é devida pelo Parlamento, que tem a prerrogativa de fiscalizar e investigar irregularidades, e um servidor do TCU pedir para tornar secreta a reunião da CPMI... Isso não dá para compreender de forma alguma”, protestou o líder do PPS.

Sigilos
Além de considerar que a sessão secreta afeta o trabalho de investigação, Bueno disse que a CPMI deveria aproveitar o momento para determinar a quebra dos sigilos de todos os envolvidos no caso da compra de ativos pela Petrobras, que são objeto de apuração da comissão.

“O primeiro passo que a CPMI deveria dar, e ainda está em tempo, é quebrar o sigilo de todos os envolvidos no setor público e no privado, especialmente das empreiteiras. Foram quebrados sigilos de alguns, mas os mais importantes ainda não foram”, cobrou Bueno.

Segundo ele, a comissão tem muito a investigar, mas sem a quebra dos sigilos os trabalhos não podem avançar.

Rejeição a Dilma acende 'luz amarela' de campanha petista

• Programas como 'Minha Casa Minha Vida' e 'Brasil sem Miséria' devem ser utilizados para reverter baixa aprovação da presidente

Catarina Alencastro – O Globo

BRASÍLIA — O governo da presidente Dilma Rousseff e a coordenação da campanha à reeleição da petista manifestaram preocupação com os índices de aprovação do governo e a rejeição a Dilma. A avaliação é que é preciso trabalhar para reverter o quadro. Não se fala ainda em mudar estratégia, mas a campanha entende que é necessário reconectar o fato de que programas que contam com ampla aprovação da população, como Minha Casa Minha Vida e Brasil sem Miséria, por exemplo, foram criados e estão sendo feitos pela governante que o eleitor desaprova.

Integrantes da campanha acreditam que a partir desta semana, quando Dilma começará a participar de eventos eleitorais propriamente ditos, haverá um refluxo dos dados negativos.

Por outro lado, a pesquisa traz três dados positivos, segundo o governo. O primeiro é a manutenção da liderança de Dilma com alguma folga. O segundo é o fato de o percentual de Dilma no segundo turno acima do Datafolha, retirando Dilma do empate técnico com Aécio. Finalmente, na pesquisa qualitativa, o percentual de quem acredita que sua vida vai estar melhor ou muito melhor é superior do que o percentual de quem acha que vai estar pior ou muito pior. Isso para o governo sinaliza otimismo da população e conta a favor da presidente.

De acordo com a pesquisa divulgada nesta terça-feira pelo Ibope, 31% dos eleitores consideram o governo da presidente ótimo ou bom. O resultado dos que avaliam o mandato da petista como regular ou péssimo ficou em 36% e 33%, respectivamente. Dilma também ficou com a maior taxa de rejeição entre os candidatos: 36% dos entrevistados disseram que não votariam de jeito nenhum na candidata.

Para Serra, campanha será mais dura que a de 2010

• "(Os petistas) Não vão querer perder o poder suavemente",

Wilson Tosta - Agência Estado

O candidato do PSDB ao Senado por São Paulo, José Serra, afirmou nesta quarta-feira, 23, esperar para este ano uma campanha presidencial mais dura do que a de 2010 com relação a trocas de denúncias entre os postulantes ao Palácio do Planalto. "(Os petistas) Não vão querer perder o poder suavemente", disse, após almoço fechado com empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), no centro da capital fluminense. " O PT é especialista nisso (em denúncias eleitorais)."

Serra fez os comentários ao falar de reportagem do jornal "Folha de S. Paulo" que revelou a construção de um aeroporto em Cláudio (MG), na fazenda de um parente do presidenciável pelo PSDB, Aécio Neves. A obra foi feita quando Aécio era governador de Minas Gerais, e virou alvo do PT. Para o tucano paulista, a questão está explicada. "Está totalmente esclarecido", declarou. "Está tudo explicadinho. Houve uma desapropriação da área, que até foi contestada na Justiça. Não há nada que torne o fato mais insuspeito."

O postulante ao Senado por São Paulo reconheceu, porém, que campanhas eleitorais sempre serão marcadas por denúncias entre adversários. "Sempre vai haver troca de tiros", afirmou. "Da parte do PT, não tenho dúvida (de que haverá ataques). A gente não sabe fazer. O PSDB não tem know how para isso. Eu mesmo não tive." Para Serra, a peculiaridade da disputa de 2014 torna maior a possibilidade de ataques. "Porque o risco (do PT) de perder é maior", disse.

Segundo Serra, as pesquisas mais recentes mostram que a tendência na corrida eleitoral é de estreitamento das diferenças. "Realmente, isso parece, até agora, isso tem sido inexorável. Nesse sentido, tenho otimismo quanto ao resultado da eleição", declarou. Ele afirmou que o principal ponto contra a presidente e candidata a reeleição pelo PT "é a inépcia de ponta a ponta".

Para vice de Aécio, explicações sobre aeroporto são 'satisfatórias'

• Senador Aloysio Nunes diz que repercussão da construção de pista em terreno de familiares não afeta candidatura e que PT se vale de 'denúncia vazia'

Gustavo Porto - Agência Estado

PALMITAL - O senador e candidato a vice-presidente da República Aloyisio Nunes (PSDB-SP) refutou nesta quarta-feira, 23, as denúncias de que o governo mineiro tenha beneficiado a família do candidato a presidente e também senador Aécio Neves (PSDB-MG) na construção de um aeroporto em Cláudio (MG). "O terreno não é da família do Aécio, porque ele foi desapropriado pelo governo mineiro, todas as explicações foram dadas sobre o assunto e são satisfatórias na minha opinião", disse Nunes, visivelmente irritado com a questão. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.

Indagado sobre o impacto na campanha de Aécio da abertura de investigação da Agênca Nacional de Aviação Civil (Anac) para apurar o caso e ainda sobre o questionamento judicial feito pelo PT, o candidato a vice-presidente considerou que a candidatura do senador não será afetada e rebateu: "O PT é useiro e vezeiro nessa matéria. Trabalha na base da calúnia, da denúncia vazia", disse. "Claro que defendo que seja investigado, mas esse assunto já foi falado suficientemente e não vou mais falar nisso", completou.

A reportagem da Folha de S.Paulo revelou que o governo mineiro gastou quase R$ 14 milhões na obra, construída em área que pertenceu ao tio-avô de Aécio, Múcio Guimarães Tolentino, ex-prefeito de Cláudio. Conforme a publicação, um dos filhos de Múcio, Fernando Tolentino, disse que o próprio Aécio, seu primo, usa a pista sempre que visita a cidade. O aeroporto, contudo, não tem autorização da Anac para funcionar.

O candidato afirma que a pista foi feita quando o terreno já havia sido desapropriado e acusou o PT de estar por trás da divulgação da informação. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pediu dados sobre uso do aeroporto.

Ibope. Nunes afirmou ainda que a pesquisa Ibope divulgada nessa terça, a qual aponta Aécio Neves com 21% das intenções de voto, atrás de Dilma Rousseff (PT), com 38%, anima muito a campanha, principalmente pela rejeição da presidente da República apontada no levantamento. "Mais importante que a intenção de votos, onde, aliás, a posição do Aécio é muito boa, é a questão o índice de rejeição e da avaliação negativa do governo dela, que hoje suplanta avaliação positiva", concluiu.

Cláudio: desgaste evitável

João Bosco Rabello – O Estado de S. Paulo

A campanha emite os primeiros sinais de que predominará, em boa parte, a guerra de denúncias entre os candidatos, da qual parece que o menos atingido será Eduardo Campos, do PSB, com notórias dificuldades de firmar a terceira via que se propôs representar.

A motivação para denúncias é proporcional ao êxito das candidaturas. Aquela que mais ameaça se presta a alvo mais visado dos adversários, o que é legítimo e faz parte do jogo político, resguardada a consistência dos enredos.

Constatada a consistência, é preciso verificar os aspectos político e moral da denúncia para se medir corretamente seu potencial de dano eleitoral e sua permanência na campanha. Esses dois valores determinam a gravidade de cada caso, que será considerado pelo eleitor.

O episódio da vez é o aeroporto de pequeno porte no município de Cláudio, em Minas, que o governo estadual inseriu em um projeto mais amplo de pequenas pistas em zonas estratégicas de produção, o que os justifica do ponto de vista econômico.

O aeroporto de Cláudio, especificamente, seguiu o procedimento padrão de desapropriação do terreno, licitação do projeto e convênio com o governo federal, firmado em abril, dois meses antes da Copa, com Antonio Anastasia já no cargo de governador e Moreira Franco ministro da Aviação Civil (http://www.aviacaocivil.gov.br/acesso-a-informacao/outorgas/convenio-de-delegacao-no-012-2014-sacpr-gov-claudio-mg.pdf )

Ambos assinam o convênio, em vigor, portanto. Resta aí o aspecto moral da operação, já que o legal parece regular, o que é avalizado pelo ministério público mineiro que já examinou essa denúncia anteriormente, no contexto da disputa política local. E concluiu pelo arquivamento por falta de provas de irregularidade.

O aspecto moral passa pela questão familiar que envolve a desapropriação e uso do terreno. O fato de a desapropriação ter gerado um questionamento judicial por parte do ex-proprietário, tio-avô do candidato do PSDB, retira aspecto substancial da denúncia, pois atesta que a indenização do Estado não satisfez à expectativa do desapropriado.

O valor estabelecido pelo Estado não é contestado a não ser pelo desapropriado. É razoável deduzir que se o vínculo familiar prevalecesse na arbitragem do valor da indenização, esta teria sido feita de modo a preencher as expectativas do parente. Mas não é o caso.

O tom empregado pelo ex-presidente Lula para o episódio confirma aparentemente esse entendimento quanto ao limite da exploração do caso. Ao defender a investigação isenta e sublinhar a necessidade da inocência até prova em contrário, Lula delimita no campo eleitoral o ataque a Aécio.

Tivesse o caso gravidade maior, com a materialização de favorecimento pessoal ou à família por parte do ex-governador mineiro, a orientação presidencial certamente seria outra, pois teria no episódio um míssil de campanha de efeito imprevisível.

É verdade que na abordagem de Lula há uma mensagem subliminar que procura diferenciar o tratamento da oposição ao mensalão do que ele aplica ao caso do aeroporto. Sugere o ex-presidente que sua atitude diante de acusações a adversários é mais generosa do que a que lhes foi destinada.

Mero recurso político, pois as dimensões dos casos não se alinham e no mensalão houve julgamento e condenações formais. Tivesse gravidade moral e legal, o caso do aeroporto não teria o tratamento que vem tendo pelo ex-presidente.

Não obstante, foi um erro político do senador do PSDB dispensar o comportamento preventivo. A imprudência é inimiga da arte política. Nesta, o aspecto preventivo deve sempre estar em primeiro plano na análise que orienta as decisões.

Nem sempre legalidade e moralidade bastam para aprovar um movimento se, mesmo observadas, houver brecha para a dúvida coletiva.

Se já alimentava a perspectiva da candidatura – e isso é fato -, Aécio deveria ter evitado qualquer caminho que passasse pela porta da família, ainda que não configure irregularidade a operação do aeroporto.

Por ora, condicionado ao não surgimento de novos fatos, o caso é daqueles que têm a sobrevivência limitada ao período eleitoral. Vai figurar nas peças de campanha do PT, sobretudo no universo digital, e será questão para ser respondida pelo candidato em debates.

Para Serra, Aécio levará ‘metade ou mais’ dos votos no Rio de Janeiro

• Após almoço na Firjan, candidato tucano ao Senado por São Paulo diz que crescimento do colega de partido é uma ‘tendência’

Paula Ferreira – O Globo

RIO — Candidato ao Senado por São Paulo e ex-governador do estado, José Serra (PSDB) afirmou nesta quarta-feira, durante almoço na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) que acredita em uma votação expressiva do tucano Aécio Neves no Rio. De acordo com ele, o tucano levará "metade dos votos, ou mais" no estado.

— O que vale não é o ponto onde estamos (na pesquisa). É a tendência. No Rio, Aécio parte de um ponto muito mais elevado que eu em 2010, isso por conta dos apoios que tem — declarou.

Aécio Neves tem o apoio de cerca de 1600 lideranças, de 17 partidos, que compareceram ao evento Aezão, organizado por dissidentes do PMDB carioca, que compõem a base aliada da presidente Dilma Rousseff.

O ex-governador voltou a criticar o governo da presidente Dilma Rousseff e disse que há inépcia em todos os âmbitos da administração. O tucano destacou ainda os baixos índices de crescimento da economia brasileira. Serra revelou que espera uma campanha agressiva, sobretudo por parte do PT, que, segundo ele, tem "know-how" em ataques contra concorrentes. Na opinião do candidato, a situação “não vai querer perder o poder suavemente”:

— Na campanha vai haver troca de tiros e o PT é especialista nisso. Eu acho (que a campanha será mais dura) porque o risco da situação perder é maior.

Serra saiu em defesa de Aécio em relação às denúncia sobre irregularidades na construção de um aeroporto em Minas, em uma propriedade que seria da família de Aécio, das quais o presidenciável é alvo. Segundo ele, o fato está “totalmente esclarecido”.

O almoço durou mais de duas horas e reuniu cerca de trinta pessoas. Além de membros da Firjan, estiveram no evento o deputado federal Otávio Leite (PSBD), o deputado estadual Luiz Paulo (PSDB) e Índio da Costa, que já foi candidato a vice-presidência na chapa de Serra, em 2010.

Skaf diz que não terá Dilma em seu palanque

- Folha de S. Paulo

O candidato ao governo paulista Paulo Skaf (PMDB) disse nesta quarta-feira (23) que a presidente Dilma Rousseff (PT) não subirá em seu palanque, apesar de os partidos serem aliados no plano federal.

"O palanque natural da presidente Dilma, como ela é do PT, é o palanque do candidato do PT", afirmou Skaf.

Vice de Dilma e principal cacique peemedebista em São Paulo, Michel Temer articula para que a campanha de Skaf trabalhe pela presidente.

"[Skaf] vai participar", disse Temer nesta quarta. "Vai depender muito da estratégia da presidente. Há Estados em que ela tem até quatro apoios. Precisa verificar como fazer."

Aécio vai replicar comitês suprapartidários em 6 estados

• No rio, dilma participa de ato na baixada com pezão em resposta aos eventos com o candidato tucano

Silvia Amorim, Carina Bacelar, Cássio Bruno, Fernanda Krakovics, Leticia Fernandes e Marcelo Remígio - O Globo

SÃO PAULO e RIO - O candidato a presidente Aécio Neves (PSDB) vai replicar a tática de criação de comitês suprapartidários, adotada no Rio de Janeiro, em outros seis estados onde tem o apoio de dissidentes do PMDB e do PSB. Para evitar problemas com a Justiça Eleitoral - já que PMDB e PSB apoiam Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB), respectivamente, na disputa nacional -, a campanha tucana não usará a imagem de candidatos a governador desses partidos no material de campanha de Aécio. Fará uma distribuição conjunta dos "santinhos". Isso acontecerá em Pernambuco, Ceará, Piauí, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.

Em São Paulo, Eduardo Campos, que não teve agenda ontem, produziu folhetos com a imagem dele e do governador tucano Geraldo Alckmin. Mas a campanha de Aécio optou pela distribuição casada do material. Ou seja, em Pernambuco, o "santinho" de Aécio será entregue junto com o do candidato a governador Paulo Câmara (PSB), que apoia Campos, mas tem o PSDB em sua coligação no estado. Assim como no Rio, com material de Luiz Fernando Pezão, candidato à reeleição pelo PMDB, e de Aécio. No Ceará, o mesmo se dará com o candidato do PMDB, Eunício Oliveira, e em Santa Catarina, com o governador Raimundo Colombo (PSD).

- Se eles (PSB) estão tirando casquinha do governador Geraldo Alckmin em São Paulo, vamos fazer um trabalho semelhante em outros estados - disse o coordenador geral da campanha de Aécio, senador Agripino Maia (DEM-RN).

Ontem, Aécio se reuniu na capital paulista com o candidato peemedebista ao governo capixaba, Paulo Hartung, e o senador Ricardo Ferraço (PMDB) para acertar a parceria em favor do tucano no estado. Na próxima segunda, o presidenciável fará reunião em um hotel em SP com todos os 27 coordenadores regionais de campanha.

No Rio, nove dos dez prefeitos dos municípios fluminenses com o maior número de eleitores declararam apoio ao movimento "Dilmão", que defende as candidaturas à reeleição de Dilma e Pezão. O "Dilmão" promove hoje um jantar com cerca de 300 convidados em uma churrascaria em São João de Meriti, Baixada Fluminense, como resposta ao lançamento no estado da candidatura a presidente de Aécio, semana passada, em Queimados, também na Baixada. Além de Dilma e Pezão, os organizadores esperam reunir 60 prefeitos, lideranças políticas, deputados federais e estaduais. O evento será o pontapé inicial da campanha de Dilma no Rio.

Segundo o prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso (sem partido), da coordenação do "Dilmão", as nove cidades com prefeitos que apoiam Dilma - Rio, São Gonçalo, Caxias, Nova Iguaçu, Niterói, Campos, Belford Roxo, São João de Meriti e Volta Redonda - são 65% do eleitorado.

- Não estamos preocupados em lotar a churrascaria, queremos mostrar a adesão de prefeitos. Vamos apresentar prestação de contas de Dilma no estado e mostrar a importância da reeleição - disse Cardoso, em alusão ao almoço do movimento "Aezão" que reuniu 1.800 pessoas no Rio.

Para evitar problemas com os demais candidatos ao Palácio Guanabara da base aliada da presidente, a coordenação da campanha de Dilma promoverá eventos com Lindbergh Farias (PT), Marcelo Crivella (PRB) e Anthony Garotinho (PR).

Para minimizar a insatisfação com a presença de Dilma em ato político com Pezão, os demais candidatos foram avisados do jantar com antecedência pela coordenação da campanha. O presidente do PT, Rui Falcão, coordenador geral, virá amanhã ao Rio e terá reuniões com Garotinho, Crivella e com o prefeito Eduardo Paes (PMDB). À noite, ele participará de plenária do PT com Lindbergh.

Em carreata ontem na Maré, Garotinho disse que Dilma deve visitar conjunto habitacional na Zona Oeste ou na Baixada entregue em sua gestão.

- Fui comunicado do encontro ("Dilmão") pelo ministro (Ricardo) Berzoini (Relações Institucionais), que pediu para eu fazer uma agenda. Eu deixei que ela viesse primeiro com o Pezão, para ele explicar a posição dos prefeitos que foram no almoço com o Aécio e, agora, vão num jantar com ela. Precisam dizer com quem estão - ironizou.

Já Lindbergh, visivelmente constrangido com o início da campanha de Dilma no Rio ao lado de Pezão, desejou "sorte" à presidente, durante corpo a corpo em São Gonçalo, na Região Metropolitana:

- Vamos esperar o momento certo para fazer agenda com ela. Não vou ficar nessa picuinha política. Sei ganhar a eleição no meio da rua, conversando com as pessoas. Desejo sorte a ela.

IDH: Brasil perde quatro posições em ranking de qualidade de vida entre 2008 e 2013

• Ritmo de ganhos em desenvolvimento humano desacelerou no mundo, alerta Pnud

Lucianne Carneiro – O Globo

RIO - Apesar de ter avançado para o 79º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no ano passado, o Brasil perdeu quatro posições entre 2008 e 2013, segundo dados divulgados pelo Programa Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

O IDH do Brasil avançou de 0,731 em 2008 para 0,744 em 2013 — quanto mais perto de 1, melhor é a avaliação. A perda de posição no ranking, no entanto, indica que o ganho do Brasil em desenvolvimento humano está mais lento que o de outros países.

Entre 1980 e 1990, o Brasil registrou aumento médio de 1,16% no IDH por ano, ritmo que caiu para 1,10% entre 1990 e 2000 e para 0,67% no período entre 2000 e 2013.

Desaceleração em renda, educação e saúde
Esse movimento do Brasil ocorreu ao mesmo tempo em que a melhoria dos índices de desenvolvimento humano perdeu ritmo no mundo. O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2014 destaca que há sinais de desaceleração nos ganhos de desenvolvimento humano entre as diferentes regiões. E isso ocorre nos três aspectos que compõem a classificação sobre a qualidade de vida: renda, educação e saúde.

Quatro das seis regiões do mundo registraram ganhos mais rápidos em qualidade de vida no período entre 2000 e 2008 que nos anos 90, o ritmo de progresso desacelerou entre 2008 e 2013.

“A desaceleração é evidente nos três componentes do Índice de Desenvolvimento Humano (renda, educação e saúde). O crescimento na Renda Nacional Bruta (RNB) per capita caiu, especialmente nos países árabes, na Europa e na Ásia Central. As taxas de expansão da expectativa ao nascer caíram recentemente na maioria das regiões, principalmente na Ásia, embora tenham avançado na África Subsaariana. E desde 2008 o crescimento da expectativa de escolaridade também desacelerou”, aponta o relatório do Pnud.

Essa desaceleração nos ganhos pode ser percebida também, segundo o organismo da ONU, nos quatro grupos nos quais países estão divididos: muito alto desenvolvimento, alto desenvolvimento, médio desenvolvimento e baixo desenvolvimento. No caso dos países de muito alto desenvolvimento, essa desaceleração ocorreu mesmo antes da crise global.

Para o economista Gianetti, oposição traria recuperação

Alessandra Taraborelli – Brasil Econômico

O fraco crescimento da atividade econômica e a inflação no teto da meta tiram o apetite dos empresários e afastam qualquer possibilidade de investimento de longo prazo, segundo o economista Eduardo Gianetti da Fonseca, para que 2014 é "o ano da paralisia", quando "ninguém vai por a mão no bolso para investir a longo prazo". Durante o 16º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, Gianetti disse ser "impossível" o governo arrecadar 40% do PIB em impostos e investir apenas 2%. Para ele, em 2015, o novo governo precisará trazer de volta a credibilidade e a previsibilidade para o investidor.

O economista, ligado a Marina Silva, candidata a vice na chapa de Eduardo Campos à Presidência da República, listou três cenários para quem tomar posse em 2015. Dois, caso a presidente Dilma Rousseff seja a reeleita e um para o candidato da oposição que vencer. Para Dilma, o primeiro é a curva de aprendizagem e o segundo é de que tudo o que foi feito era para evitar uma maior turbulência eleitoral. "No primeiro cenário, o governo reconhece a gravidade dos erros e vai corrigindo, aos poucos, sem choques abruptos. Na segunda opção, as aparentes medidas de mudanças eram apenas para impedir uma maior turbulência durante o período eleitoral. Apertem os cintos", disse.

Considerando a vitória da oposição, o economista afirmou que o único cenário é de uma "forte convergência" em torno da recuperação e dos princípios que vinham norteando a política econômica macro e micro no último mandado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Em 2015, por exemplo, teria que ter movimento corretivo razoável das tarifas represadas. Isso implicaria 1,5% a mais na inflação, o que irá requerer aperto monetário", completou.

Campos cancela agenda desta quinta por morte de Suassuna

Daiene Cardoso - Agência Estado

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, cancelou a agenda desta quinta-feira, 24, em virtude da morte do escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, de 87 anos. Suassuna era casado com Zélia, tia de Renata Campos, mulher do candidato.

Campos já havia cancelado a agenda desta quarta-feira, 23, e permaneceu junto à família no Recife. Ele teria hoje reuniões para discutir o programa de governo, que ainda não foi lançado. O candidato irá ao velório do escritor, marcado para começar nesta noite no Palácio Campo das Princesas, sede do governo pernambucano, e amanhã vai ao enterro no Cemitério Morada da Paz.

"O Brasil perde a maior expressão da cultura popular brasileira. Nós perdemos um amigo, um conselheiro, uma referência de toda a vida", disse na tarde de hoje, logo após o anúncio da morte do escritor. "Ariano para nós é um tio, é um avô, é um pai, é um amigo, é um companheiro. É uma lacuna muito grande. Esta manhã me despedi dele agradecendo tudo o que ele fez por muitas gerações", emendou.

O roteiro da semana previa uma viagem ao Acre nesta quinta-feira. Na sexta-feira, 25, o candidato tem uma entrevista marcada em São Paulo, mas ainda não há previsão se essa agenda será mantida.

O escritor era presidente de honra do PSB. Ele foi internado na segunda-feira, 21, após um acidente vascular cerebral (AVC).

Merval Pereira: Tática agressiva

O governo tem motivos de sobra para comemorar a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de isentar o Conselho de Administração da Petrobras - e, por conseguinte, a presidente Dilma Rousseff, que, na qualidade de ministra-chefe da Casa Civil, o presidia - da responsabilidade pelos prejuízos que denunciou na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Agindo assim, o relator do TCU, ministro José Jorge, assumiu a versão da própria presidente, que admitiu que, se tivesse todas as informações a seu dispor, não autorizaria a compra, que se mostrou um negócio desastroso para a Petrobras.

O problema político criado pelo "sincericídio" da presidente Dilma, que desmontou a tese que vinha sendo defendida pela direção da Petrobras de que a compra fora um bom negócio, não encerra, porém, a questão, pois, por unanimidade, o TCU considerou os 11 integrantes da diretoria da estatal na ocasião da compra como culpados por um prejuízo de quase US$ 1 bilhão - que deverá ser devolvido aos cofres públicos por esses antigos servidores da estatal, entre eles o ex-presidente José Gabrielli e o ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso por lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público.

É claro que, se a presidente Dilma fosse responsabilizada pelo prejuízo, sua candidatura à Presidência da República seria afetada diretamente. Com a culpa sendo jogada para a diretoria da Petrobras, o escândalo continua do mesmo tamanho na gestão petista, o que afeta indiretamente sua campanha, mas, na avaliação do Palácio do Planalto, é uma crise mais fácil de ser manejada, ou, pelo menos, que não foi ampliada.

Aliás, a campanha da presidente Dilma está vivendo um momento em que a preocupação é estancar sua imagem negativa, com o objetivo de chegar a meados de agosto, quando começa a campanha eleitoral pelo rádio e pela TV, a uma distância dos opositores que possa ser ampliada pela campanha propagandística, na tentativa de ganhar já no primeiro turno.

Estancar os sangramentos e, se possível, fazer os adversários sangrarem neste período pré-televisão são os objetivos estratégicos deste momento específico da campanha de reeleição.

Este período, aliás, é fundamental para repercutir as denúncias contra seus adversários, enquanto eles não são muito conhecidos pelos eleitores. Como na propaganda oficial ela terá três vezes mais tempo que o candidato mais próximo, o tucano Aécio Neves, mas a oposição terá espaço no rádio e na televisão para se defender dos prováveis ataques, a artilharia petista está voltada para ampliar a repercussão de acusações, como as do aeroporto de Cláudio, em Minas, por meio das redes sociais e dos blogs oficiais e oficiosos da campanha.

O pedido de investigação ao procurador-geral da República é uma maneira de fazer o caso repercutir nacionalmente, embora pareça apenas uma jogada publicitária, pois o Ministério Público de Minas Gerais já havia investigado o caso a pedido da oposição, e arquivou o processo por não existir irregularidades na desapropriação do terreno para ampliação do aeroporto, que já existia.

Como estratégia de campanha, essa tentativa de encurralar os adversários para retirar o foco da fragilidade do governo parece ser o caminho escolhido pelos governistas, depois do embate entre o grupo do ex-ministro Franklin Martins e o marqueteiro João Santana, que defende uma atuação menos agressiva.

Os fatos, no entanto, fizeram com que o papel das mídias sociais e dos blogs, comandados por Franklin, ganhasse relevo na divulgação de denúncias, e esse, parece, será o tom da campanha, pelo menos enquanto a propaganda oficial não chega.

Dora Kramer: Casca de banana

- O Estado de S. Paulo

Sabe a história da pessoa que atravessa a rua para escorregar na casca de banana do outro lado da calçada?

Pois foi mais ou menos o que fez o presidente do PT, Rui Falcão, ao divulgar uma nota de repúdio à prisão dos aprendizes de terroristas que ameaçavam tocar o terror nas ruas do Rio de Janeiro no dia da partida final da Copa do Mundo.

Costumam ser chamados de "ativistas" por aqueles que pretendem amenizar a natureza puramente violenta de seus atos para legitimá-los como protesto político.

A polícia investigou e descobriu que um grupo daqueles mesmos que já haviam participado de ações de vandalismo - uma das quais resultou na morte do cinegrafista Santiago Andrade - se armava com fogos de artifício (um desses matou o profissional da TV Bandeirantes) e coquetéis molotov para barbarizar o bairro da Tijuca (onde fica o estádio do Maracanã) no dia 12 de junho.

Na véspera, baseada em fundamentado material resultante das investigações, a Justiça decretou a prisão preventiva de vários deles. Graças a isso, o Mundial terminou sem incidentes e pudemos - governo inclusive - comemorar ao menos o êxito fora do campo.

De onde é surpreendente que o partido do governo, o PT, se alie a políticos de legendas como o PSOL e o PC do B na defesa dessa gente que, além da produção da barbárie absolutamente gratuita, não sabe sequer expressar o que quer. O PT teria preferido que os "ativistas" tivessem ficado soltos para levar a termo seus planos?

Como se já não tivesse problemas suficientes com os sinais de desgaste que o partido recolhe no eleitorado, o presidente do PT divulgou a tal nota de repúdio e, portanto, em defesa dos "ativistas". Qualificou a prisão de "grave violação de direitos e das liberdades democráticas".

O procedimento nada teve de ilegal. Baseou-se em investigações feitas com escutas telefônicas legais e prisões decretadas pelo Poder Judiciário. Isso sob o aspecto institucional. Do ponto de vista da sociedade, a nota do PT coloca o partido na contramão da opinião do público, cuja posição já registrada em pesquisas é francamente contrária a essas manifestações, que se confundem com atos criminosos.

Foram elas que inibiram os genuínos protestos da população. Portanto, se alguém violou os direitos e as liberdades individuais foram os vândalos que atacaram o patrimônio público, impediram a sociedade de se manifestar e puseram em risco a vida das pessoas nos incêndios e depredações.

Foi preciso que a lição viesse do estrangeiro, com a negativa do governo uruguaio ao pedido de asilo político feito pela advogada Eloísa Samy, acusada de participar de atos violentos em 2013. O Uruguai, ao contrário do PT, não viu ilegalidade. Recusou o asilo sob a alegação de que o Estado no Brasil é democrático e de direito.

A decisão do País do presidente José Mujica acabou dando ao ministro Gilberto Carvalho a oportunidade de recuar. "O Uruguai agiu corretamente", disse, numa correção de rumo leve ainda a exigir posição mais radical.

Parado no ar. A pesquisa do Ibope retrata praticamente o mesmo cenário registrado pelo Datafolha da semana passada, à exceção de um dado: a situação do empate técnico de Dilma Rousseff com Aécio Neves no segundo turno.

Nesse quesito, a notícia é melhor para a presidente, que na simulação da etapa final ficaria com 41% contra 33% do tucano. No Datafolha os índices de intenções de votos eram de 44% e 40% respectivamente.

Fora isso, há uma repetição: a Copa não teve influência sobre a eleição; Dilma continua favorita, mas uma vitória no primeiro turno é uma hipótese muito difícil; a rejeição da presidente continua alta (36%) e a avaliação positiva do governo, muito baixa (31%).

Governo e oposição seguem contidos no aguardo dos números captados depois do início do horário eleitoral, em 19 de agosto. Não há excesso: de otimismo nem de pessimismo.

Eliane Cantanhêde: O entra e sai na berlinda

- Folha de S. Paulo

Se até aqui Dilma estava na defesa, e Aécio e Eduardo Campos no ataque, agora Dilma sai da berlinda e a oposição entra. Mais uma inversão na balança de uma eleição em tudo emocionante.

Enquanto o TCU livra a cara de Dilma na mal contada compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, Aécio se enrola para explicar uma pista de pouso em Minas, e Campos faz tudo para se descolar de uma tentativa de suborno para o apoio de seu candidato ao governo de Pernambuco.

Isso significa que os candidatos à Presidência vão se embolando num disse que disse, mas Dilma emerge da pior fase das confusões da Petrobras, Aécio mergulha num buraco sem fundo --ou sem versões convincentes--, e ele e Campos resvalam em questões de cunho ético.

Dilma ficou na berlinda porque era presidente do Conselho de Administração da Petrobras quando da compra milionária de Pasadena, que representou um prejuízo altíssimo para a principal empresa brasileira, segundo o próprio TCU. Mas o relator que isentou de responsabilidade os conselheiros, inclusive Dilma, foi José Jorge, pernambucano, ex-PFL e ex-ministro de FHC. Logo, fora de qualquer suspeita. Com isso, a oposição mantém o discurso sobre a Petrobras, mas perde sobre Dilma.

Aécio entrou na berlinda por reagir mal, em nota demasiadamente enxuta e entrevistas balbuciantes, à notícia de que usou quase R$ 14 milhões, quando governador de Minas, numa pista de pouso que lhe serve de acesso a uma fazenda da família. Até ele explicar, se é que pode explicar, qual a serventia para o Estado e quantas vezes pousou lá, em que aeronaves e com quem, vai ficar "sangrando" na mídia.

Campos se vê no meio do mundo nebuloso da palavra de um (a do deputado José Augusto Maia, do Pros) contra outro (a do seu partido, o PSB), sobre compra de apoios.

E a economia, a mão pesada estatal, o desajuste do setor de energia? Ah! Isso é coisa para "a elite branca".

Raquel Ulhôa: Uma nova relação com o Amazonas

• Nova posição de São Paulo pode ajudar Aécio

- Valor Econômico

Se o desgaste de Aécio Neves com o caso do aeroporto construído em terreno de parentes no município de Cláudio (MG) não atrapalhar o roteiro preparado, o PSDB espera para os primeiros dias de agosto a declaração do governador do Amazonas, José Melo (Pros), e do antecessor, Omar Aziz (PSD), de apoio à candidatura do tucano à Presidência da República.

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), só aguarda o anúncio para receber Aécio com um evento "gigantesco", dando a largada da campanha presidencial tucana no Estado onde Dilma Rousseff teve sua maior vitória proporcional no segundo turno da eleição de 2010, com 80% dos votos válidos.

Melo concorre à reeleição e Aziz, ao Senado. São aliados de Dilma, mas fizeram aliança local com o PSDB e mantêm suspense sobre a candidatura presidencial que irão apoiar. O PT optou por coligação com o senador Eduardo Braga (PMDB), candidato a governador.

O engajamento de Arthur Virgílio na campanha da chapa do governador é forte sinal de acordo pró-Aécio. "Quem me conhece sabe que eu jamais me prestaria ao papel de sublegenda da Dilma. O palanque de quem está comigo é de Aécio", diz o prefeito.

Melo e Aziz foram avisados de que Arthur Virgílio não pedirá voto para os dois, se não fecharem palanque para o presidenciável do PSDB. Hoje com uma popularidade próxima aos 80%, segundo pesquisas, Arthur Neto - como é mais conhecido em Manaus - é importante cabo eleitoral no Estado. Sua gestão foi apontada como a mais bem avaliada do país por pesquisa CNI/Ibope divulgada em dezembro de 2013. A capital concentra quase 56% do eleitorado amazonense.

O governador, que aguarda desdobramentos de pleitos do Estado no governo federal, faz declarações dúbias. "A presidente Dilma tem feito muito pelo nosso Estado. Como governador, não posso desconhecer o quanto ela tem sido importante", diz. "Arthur é importante para minha eleição. É muito bem avaliado", afirma em seguida.

Já Omar Aziz tem feito críticas ao governo federal que sinalizam a opção por Aécio. Contrariando compromisso do PT nacional com o ex-governador amazonense, o PT local lançou um candidato - Francisco Praciano - para disputar com ele a vaga no Senado. A cúpula nacional contesta a candidatura de Praciano na Justiça Eleitoral, num esforço para manter a chapa de Melo e Aziz com Dilma.

Aécio conta com um cenário no Amazonas mais favorável ao PSDB do que o de 2010, quando Serra perdeu para Dilma no Estado por uma diferença de quase 1 milhão de votos, o que praticamente neutralizou a vantagem que o tucano obteve no Sul (1,2 milhão de eleitores). Foi o pior resultado de Serra no país.

No primeiro turno, o tucano (com 129.190 votos) perdeu até para a ex-ministra Marina Silva, que disputou a Presidência da República pelo PV. Hoje candidata a vice-presidente na chapa do ex-governador Eduardo Campos (PSB), Marina recebeu, naquela votação, 392.170 votos no Amazonas, ficando em segundo lugar, atrás de Dilma (991.128 votos). Serra terminou o primeiro turno na terceira colocação.

O Amazonas é um Estado tão emblemático para Marina que ela é responsável pela escolha de Marcelo Ramos (PSB), ligado ao grupo Rede Sustentabilidade, para concorrer ao governo.

Outro esforço do PSDB para facilitar a campanha de Aécio em Manaus é tentar livrar o partido do carimbo de inimigo da Zona Franca de Manaus, reforçado principalmente por governos tucanos de São Paulo, que já adotaram várias medidas contra os incentivos fiscais do polo industrial.

Em 2012, em plena campanha de Arthur Virgílio à prefeitura, o governo Geraldo Alckmin propôs ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando os benefícios concedidos pela ZFM. O ato foi explorado pelos adversários de Arthur Virgílio em Manaus e provocou rompimento temporário entre ele e Alckmin. Desta vez, o PSDB paulista parece mais flexível, ajudando a campanha de Aécio.

"Eu sou um senador por São Paulo, mas um senador por São Paulo é um senador pelo Brasil também. São Paulo só vai bem quando o Brasil vai bem. E a Zona Franca é um instrumento de desenvolvimento para o nosso país", disse o líder no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), candidato a vice-presidente na chapa de Aécio, na votação da emenda constitucional que prorrogou os incentivos fiscais da Zona Franca por mais 50 anos. Unificada por Aécio, toda a bancada votou a favor.

E o governo paulista pode ajudar ainda mais, segundo Arthur Virgílio. O prefeito participa ativamente de negociações entre os governos do Amazonas e de São Paulo para construção de um acordo em torno das alíquotas para bens de informática produzidos na Zona Franca. Se confirmado, o entendimento acabará com uma antiga pendência entre os dois Estados.

A ideia é que o governo paulista concorde em dar isonomia aos produtos de informática da Zona Franca. Hoje o ICMS dos bens de informática é de 12%, mas os bens produzidos na ZFM são taxados em 18%. A redução da carga tributária vai aumentar a competitividade dos produtos da Zona Franca.

No dia 16, enquanto aguardava a votação da emenda constitucional prorrogando os benefícios da Zona Franca no Senado, Arthur Virgílio participou de reunião no gabinete do deputado federal Pauderney Avelino (DEM-AM), em Brasília, com representantes da Suframa e das secretarias da Fazenda do Amazonas e de São Paulo.

Para o prefeito de Manaus, o gesto do governo Alckmin afastaria quaisquer desconfianças dos amazonenses contra o PSDB e fortaleceria o discurso de Aécio no Estado. Se tudo der certo, a ideia dos tucanos é que o acordo seja anunciado no Amazonas e não em São Paulo, onde não teria o mesmo efeito eleitoral.

"Meu trabalho vai ser dar uma votação expressiva para o Aécio lá. Se empatar [com Dilma] já é ótimo. Se perder de pouco, é ótimo. Se ganhar, é glorioso", afirma Arthur Virgílio.

Luiz Carlos Azedo: O "estado da arte"

• As pesquisas mostram um copo pela metade: para os governistas, estaria quase cheio, mais favorável à reeleição. Para a oposição, quase vazio, com os rivais na cola de Dilma

- Correio Braziliense

Na língua dos tecnocratas, "estado da arte" indica o ponto em que um determinado projeto técnico se torna um produto em si. A expressão foi utilizada pela primeira vez no manual de engenharia do norte-americano Henry Harrison Suple, intitulado Gas Turbine, e significa que um determinado projeto chegou ao limite do seu desenvolvimento. Às vezes, a expressão é utilizada para registrar um determinado momento de evolução do projeto, e não a sua conclusão, o que é um erro de conceito.

Digamos que a construção das candidaturas à Presidência da República chegou ao "estado da arte" na verdadeira acepção do conceito. É mais ou menos o que as últimas pesquisas deixaram claro. O Ibope divulgado pelo Jornal Nacional mostra Dilma Rousseff (PT) como favorita, com 38% das intenções de voto; Aécio Neves (PSDB) em segundo, com 22%; e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) em terceiro, com 8%. Dilma também lidera as simulações de segundo turno: vence Aécio por 41% a 33%; e Campos, por 41% a 29%.

Na recente pesquisa Datafolha, que já abordamos aqui, porém, Dilma aparecia com 36% no primeiro turno; Aécio com 20%; e Campos, 8%. A petista também liderava as simulações de segundo turno, mas aparecia em empate técnico com Aécio (44% a 40%); e com pequena diferença em relação a Campos (45% a 38%), considerando-se a margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A grande transferência de votos para a oposição, do primeiro para o segundo turno nessa pesquisa, levantou muita polêmica, que foi corroborada, agora, pela diferença, a menor apresentada pelo Ibope. Ainda falta uma pesquisa de cada instituto antes de começar o horário eleitoral gratuito de rádio e tevê, para fazer o tira-teima.

A largada
Digamos que o "estado da arte" seja um "tipo ideal" para registrar que os candidatos à Presidência chegaram ao limite de arregimentação de forças políticas e estruturas de poder antes da propaganda na tevê. Nesse aspecto, Dilma dispõe do apoio da máquina federal, alguns governos estaduais e grande leque de partidos na coalizão.

Candidata à reeleição, terá o maior tempo no horário eleitoral gratuito, que começa em 19 de agosto. Serão 11 minutos e 48 segundos, contra 4 minutos e 31 segundos de Aécio e 1 minuto e 49 segundos para Eduardo. Nas inserções com 30 segundos de duração, terá 123, contra 50 e 22, respectivamente, de Aécio e Eduardo. Vale registrar que o programa dela será ancorado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu criador e tutor político.

Então, o que complica a eleição de Dilma? Em primeiro lugar, a avaliação do governo e a maneira de administrar o país. Segundo o Ibope, 31% julgam o governo como bom ou ótimo; 36%, regular; e 33% o consideram ruim ou péssimo. A maneira de Dilma governar é aprovada por 44% e desaprovada por 50%. No Datafolha, o governo tem apenas 32% de aprovação, 38% de regular e 39% de ruim ou péssimo. E o índice de rejeição de Dilma é de 35%, contra 17% e 12% de Aécio Neves e Eduardo Campos, respectivamente.

Como há um desejo de mudança disseminado, que atinge mais de 70% da população, a variável mais imponderável do processo eleitoral é a situação da economia, que bate às portas da recessão. Se o governo não reverter esse cenário, o impacto no debate eleitoral e nas pesquisas de intenção de voto será negativo para Dilma.

O tucano Aécio Neves, que conta com forte apoio nos estados de Minas, São Paulo, Paraná e Pará, chegou aonde poderia por meio apenas dessas estruturas de apoio e das alianças que amealhou. Seu avanço dependerá da evolução da economia e da campanha eleitoral propriamente dita, mas não há paridade de armas por causa do tempo de televisão.

O mesmo raciocínio vale para Eduardo Campos, cuja candidatura se sustenta em alguns governos estaduais — Pernambuco, Paraíba, Piauí, Espírito Santo e Amapá — e numa coligação frágil. A incógnita é a capacidade de transferência de votos da vice Marina Silva nos grandes centros urbanos do Sul Maravilha.

A eleição presidencial no Brasil, porém, costuma se decidir quando a grande massa de eleitores entra no processo, nas duas últimas semanas de campanha, e começa a avaliar as propostas e o perfil dos candidatos, bem como de suas alianças locais. É aí que foge ao controle das estruturas de poder e das máquinas partidárias.

Considerando-se apenas o "estado da arte", é a tal história: Dilma manteve o favoritismo, mas falta combinar com os eleitores. As pesquisas de opinião, como se costuma dizer, são retratos do momento. O que mostraram até agora é uma espécie de copo pela metade: para os governistas, estaria quase cheio e, portanto, mais favorável à reeleição da petista; para a oposição, quase vazio, com Aécio e Eduardo na cola da petista.

O tempo de televisão será suficiente para Dilma mostrar as realizações de governo, com certeza, mas isso não será o bastante se a economia se agravar. E, para os candidatos de oposição, será razoável para que apresentem alternativas para o país. No segundo turno, o tempo de televisão é igual para os dois finalistas. Por isso, Dilma faz um "tour de force" para evitá-lo, mas isso faz parte do "estado da arte".

Jarbas de Holanda: O 2º turno presidencial à frente e a guerra política em que será travada

A pesquisa do Ibope que começou a ser divulgada ontem à noite confirmou, com pequenas variações, dados básicos da processada pelo Datafolha logo após a Copa da Fifa, a respeito da disputa pelo Palácio do Planalto: queda da avaliação do governo, aumento da rejeição da presidente/candidata Dilma Rousseff e progressiva redução da vantagem dela sobre Aécio Neves no 1º turno e no 2º. Quanto à referida avaliação, no Datafolha a taxa de ótimo/bom caiu para 32% e a de ruim/péssimo cresceu para 29%, ao passo que no Ibope a negativa suplanta a favorável por 33% a 31%. A respeito do índice de rejeição, o da candidata governista chega a 35% na primeira pesquisa e se eleva a 36% na segunda, em comparação ao de 16% de Aécio e de 9% de Eduardo Campos. E ambos os levantamentos constatam a erosão da distância entre ela e seu principal adversário no 1º turno (no Datafolha, de 38% a 20% no começo de julho, e de 36% a 20% quinze dias depois, e no Ibope, de 40% a 20% em junho, para 38% a 22% agora). Assim como indicam uma evolução para igualdade entre o total das intenções de voto em Dilma e a soma das correspondentes aos demais candidatos. Apontando para o 2º turno entre ela e o adversário mais votado – no Datafolha já configurado um empate técnico no qual Dilma teria 44% contra 40% de Aécio, e no Ibope os dois ainda distanciados por 8 pontos, 41% a 33%, em vez de 43% a 24% na pesquisa de junho.

Tal empate, destacado nas manchetes sobre a pesquisa do Datafolha, e o progressivo encaminhamento para ele projetado pela do Ibope (um e outro tratados como possíveis de repetir-se se o concorrente da presidente for Eduardo Campos) reorientam a campanha reeleitoral de Dilma para um esforço concentrado no sentido de evitar a incerteza, crescente, de um embate a dois no 2º turno de 26 de outubro (com tempo igual no rádio e na televisão e confronto em debates dos quais um só poderá fugir com custoso desgaste), por uma vitória logo no 1º, três semanas antes.

Essa troca de prioridade, porém, é muito dificilmente viabilizável. Porque o equilíbrio já existente entre as intenções de voto em Dilma e as da soma dos outros candidatos tende a romper-se em desfavor dela em face do aumento de todos – que ocorrerá, mesmo que seja pequeno – dos índices de votos em Aécio e Campos, bem como nos dos chamados nanicos, entre os quais Luciana Genro, do PSOL, e Eduardo Jorge, do PV (os dois e mais quatro com apenas 1% até agora). E, em especial, o pastor Everaldo, em favor de quem desenvolve-se ampla aglutinação das lideranças evangélicas de maior peso representativo, que tem potencial para dobrar o índice de 3% que lhe tem sido atribuído nas pesquisas. Sem que nada disso deva afastar Dilma da liderança da disputa, mas reforçando o cenário do 2º turno. Até porque os concorrentes competitivos (e também os outros) terão enfim – apesar da grande superioridade de que Dilma disporá no horário “gratuito” – acesso a rádio e televisão, quase monopolizado até agora pela presidente/candidata e pela enorme publicidade de estatais.

Por isso, e porque ao longo dos próximos meses continuarão manifestando-se e agravando-se os efeitos políticos e sociais da piora em curso dos vários indicadores da economia, tem muito baixa ou nenhuma possibilidade de sucesso a aposta numa vitória de Dilma no turno inicial da disputa. A essa frustração devendo seguir-se uma intensa mobilização e do governo e do lulopetismo em torno da batalha do 2º turno. Que deverá começar com forte empenho do ex-presidente Lula para dividir e antagonizar os dois principais candidatos anti-Dilma. E que será desenvolvida num clima de exacerbada radicalização social (pobres contra ricos). Com um possível ingrediente a mais: a atração (que será tentada pela campanha reeleitoral para compensar o desgaste do petismo) de “movimentos sociais” como os dos Sem Teto e o Passe Livre para reforço das denúncias de desmonte dos programas assistencialistas no caso de derrota de Dilma. Atração já ensaiada pelo decreto que instituiu os “conselhos populares” (que provavelmente será rejeitado pelo Congresso).

Jarbas de Holanda é jornalista

João Feres Júnior: As alianças e o voto

- O Globo

Alianças políticas são um poderoso instrumento de construção de maiorias consistentes em regimes democráticos. Nas eleições, elas aglutinam plataformas, facilitando assim a informação do público eleitor.

Se tomarmos, contudo, as alianças políticas que estão sendo feitas para as eleições de 2014, o quadro parece se afastar dessa imagem ideal. No plano do executivo federal, o quadro é bem coerente para o eleitor: uma candidata da situação, que está em primeiro lugar nas pesquisas, com um candidato da oposição em segundo lugar, com algo em torno de metade das intenções de votos do primeiro, e uma terceira força com aproximadamente metade das intenções do segundo colocado. Até os partidos e alianças na liderança da corrida se repetem há várias eleições.

Essa clareza e estabilidade não se verificam nos pleitos estaduais. Tomemos como exemplo os dois principais estados da Federação, Rio de Janeiro e São Paulo. No Rio, pelo menos quatro candidatos querem partilhar palanque com Dilma Rousseff, do PT: Garotinho, Pezão, Crivella e Lindbergh Farias. Parte significativa do PMDB, contudo, apoia Aécio Neves, do PSDB, principal contendor de Dilma, e também apoia Cesar Maia, do DEM, para o senado. Lindbergh Farias, candidato do PT ao governo do estado, coligou-se com o PSB e vai dividir palanque com Romário, candidato a senador e crítico acerbo do governo Dilma.

Em São Paulo, as coisas não são menos confusas. O candidato ao governo pelo PMDB, Paulo Skaf, é forte opositor da gestão do PT na prefeitura da capital do estado. Frente à baixa popularidade até agora alcançada pelo candidato petista ao governo, Alexandre Padilha, a campanha de Dilma precisa do palanque de Skaf, que, entretanto, mostra-se reticente a aderir, com medo de ser contaminado pela rejeição da candidata em São Paulo. No front do PSDB também há problemas. O candidato ao governo, Geraldo Alckmin, aceitou o apoio de Eduardo Campos, do PSB. Marina Silva, a vice de Campos, rejeita a aliança e exigiu que seu nome e foto fossem retirados do material de publicidade da chapa "Edualdo", que traz Eduardo e Geraldo juntos. Eduardo, contudo, segue firme na aliança.

E o eleitor, como fica? Sem dúvida, mais confuso. É mais difícil entender as plataformas e posições dos partidos e candidatos se suas associações são de natureza diversa quando não amorfa ou contraditória. O ideal seria que o Congresso Nacional fizesse uma reforma política que pudesse melhor estruturar a competição partidária nos diversos planos da Federação.

Pesquisas recentes apontam para uma maior desesperança da população na política e em suas instituições. O quadro das alianças regionais só pode contribuir para aumentar essa desesperança. E a culpa é das regras do jogo que permitem que eles assim ajam. Essas regras precisam mudar. Só com coligações verticalizadas podemos emprestar maior coerência ao voto e fortalecer os partidos, dando-lhes uma fisionomia mais clara aos olhos do eleitorado.

João Feres Junior é professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos

Painel :: Bernardo Mello Franco (interino)

- Folha de S. Paulo

Você me abandonou
O PT do Rio é um pote até aqui de mágoa com Dilma Rousseff. Aliados de Lindberg Farias estão revoltados com o que chamam de boicote à sua candidatura ao governo do Estado. A presidente, que evita aparecer ao lado do senador, jantará hoje com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e prefeitos aliados. O encontro será em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, reduto eleitoral de Lindberg. Os petistas veem a escolha da cidade como "provocação" do Planalto.

Olha o bico dele Os petistas dizem que o PMDB já embarcou no voto "Aezão" e está comprometido com o tucano Aécio Neves. "Só a campanha da Dilma não vê que o apoio do Pezão é falso", diz o presidente estadual do partido, Washington Quaquá.

Não é o Baixinho Para o PT fluminense, as críticas de Romário (PSB-RJ) a Dilma têm sido usadas como pretexto para justificar a preferência pelo peemedebista. O ex-craque é candidato ao Senado na chapa de Lindberg.

Lista tríplice O presidente nacional do PT, Rui Falcão, vai se reunir amanhã com o candidato do partido no Rio. Mas também falará com seus rivais Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivella (PRB).

Jogando contra A cúpula do PMDB identificou pressão para que prefeitos do partido faltem ao jantar com Dilma. O presidente estadual da sigla, Jorge Picciani, é o líder do movimento "Aezão".

Clube do bolinha Na corrida ao Senado, Romário é franco favorito entre os eleitores do sexo masculino. Ele atinge 38% das intenções de votos dos homens, contra 22% de Cesar Maia (DEM). Entre as mulheres, o ex-prefeito é quem vence: 25% a 21%.

Geração tetra O ex-craque tem seu melhor desempenho entre entrevistados de 25 a 34 anos, com 36% no Datafolha. Esses eleitores eram crianças quando ele foi eleito o melhor jogador do mundo e ergueu a Copa de 1994.

Sonho meu Azarão na disputa entre Romário e Cesar Maia, o pedetista Carlos Lupi espera ter apoio de Dilma, que o demitiu do Ministério do Trabalho na "faxina" de 2011. "Não que eu seja grande coisa, mas meus adversários são piores...", diz.

Depois cresce Na reunião de terça-feira com partidos aliados, Dilma reconheceu o cenário difícil para a economia até o fim do ano, mas estabeleceu como meta de um eventual segundo mandato uma expansão do PIB de 2,5% a 3% ao ano.

Lavradora A presidente disse que a prioridade até dezembro é plantar sementes para os próximos quatro anos, mantendo emprego e inflação dentro das metas.

Balcão O comitê de Dilma reunirá hoje líderes regionais de 22 Estados. Foram convidados prefeitos de capitais como Porto Alegre, Goiânia, Fortaleza e Macapá.

Não é com ele Aliados de Eduardo Campos (PSB) repetiam ontem que o relato do deputado José Augusto Maia (Pros) sobre oferta de propina para apoiar seu aliado Paulo Câmara (PSB) é "questão local" de Pernambuco.

Nem com a gente Na contramão da campanha presidencial, aliados de Câmara diziam que a negociação com o Pros foi conduzida pela bancada do PSB no Congresso, e não por líderes locais.

Sambista de toga Após libertar os 23 ativistas acusados de planejar protestos violentos, o desembargador Siro Darlan citou no Facebook o Hino da Proclamação da República: "Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós". No Rio, o refrão é mais lembrado pelo samba da Imperatriz Leopoldinense em 1989.

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Tiroteio
"Políticos oferecendo dinheiro uns aos outros em troca de apoio nas eleições? Que coisa, parece até que nós estamos no Brasil..."
DE CLAUDIO WEBER ABRAMO, diretor-executivo da Transparência Brasil, sobre acusação de José Maia (Pros-PE) de propina para apoiar o PSB em Pernambuco.
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Contraponto
Sem bola de cristal

Ariano Suassuna, que morreu ontem no Recife, era amigo e eleitor de Eduardo Campos (PSB). Prometia ajudá-lo na campanha, mas não se arriscava a fazer previsões eleitorais. Em 2013, o jornalista Fabio Victor quis saber se ele via chance concreta de o afilhado se eleger.

--Isso eu não sei não --desconversou o escritor, lembrando o dia em que um repórter pediu ao compositor Capiba que previsse o resultado de jogo do Santa Cruz.

--O jornalista perguntou: "E qual vai ser o placar?". Aí ele disse: "Me telefone segunda-feira". Me telefone no dia seguinte à eleição que eu digo!