Mais treze ministros
• Entre os anunciados por Dilma ontem, seis são do PMDB. Cid Gomes vai para o MEC
Luiza Damé, Catarina Alencastro e Fernanda Krakovics
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff encerrou ontem as negociações com o PMDB, o PCdoB, o PRB e o PROS para a formação da equipe de seu segundo mandato, mas não conseguiu fechar os nomes do PT, por causa de resistências internas no partido. Foram anunciados treze ministros, sendo seis do PMDB, um do PT, um do PSD, um do PCdoB, um do PRB e um do PROS. Alguns nomes surpreenderam pela falta de sintonia com as pastas, como o governador Jaques Wagner na Defesa. A expectativa era que também fossem indicados os nomes de Miguel Rossetto, para a Secretaria Geral; Ricardo Berzoini, para as Comunicações; e Pepe Vargas, para a Secretaria de Relações Institucionais. Mas a cúpula do PT ainda não bateu o martelo nas negociações com Dilma. O PMDB, apesar de ganhar uma pasta a mais, perdeu o Ministério da Previdência e há insatisfação com a falta de capilaridade dos ministérios entregues ao partido.
Os ministros são: Aldo Rebelo (Ciência, Tecnologia e Inovação), Cid Gomes (Educação), Edinho Araújo (Secretaria de Portos), Eduardo Braga (Minas e Energia), Eliseu Padilha (Secretaria de Aviação Civil), George Hilton (Esporte), Gilberto Kassab (Cidades), Helder Barbalho (Pesca), Jaques Wagner (Defesa), Kátia Abreu (Agricultura), Nilma Lino Gomes (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial); Valdir Simão (Controladoria Geral da União); e Vinicius Lages (Turismo).
A próxima leva de ministros será anunciada segunda-feira, dia 29, quando a presidente retornar de Salvador, onde vai descansar na Base Naval de Aratu no Natal. Além dos nomes do PT, Dilma ainda precisa acertar a participação de PP, PR e PDT. Os ministros tomarão posse no dia 1º de janeiro, no Palácio do Planalto, após a presidente ser empossada no Congresso.
No fim de novembro, foram anunciados os ministros da Fazenda, Joaquim Levy e do Planejamento, Nelson Barbosa. E foi confirmado o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. No dia 1º de dezembro, o senador Armando Monteiro (PTB-PE) foi indicado para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Reuniões com Temer e aliados
Desde segunda-feira, a presidente intensificou as reuniões com os partidos aliados para fechar a equipe do segundo governo. Dilma se reuniu com o vice-presidente Michel Temer e acertou a fatia do PMDB. Os peemedebistas aumentaram sua participação no governo de cinco para seis ministérios - Aviação Civil, Minas e Energia, Pesca, Portos, Agricultura e Turismo. Depois de acertar o quinhão do PMDB na Esplanada dos Ministérios, a presidente conversou com Padilha e Braga, na manhã de ontem.
Um dos nós da reforma era a situação do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), citado nos depoimentos do processo de delação premiada da Operação Lava-Jato, que investiga corrupção na Petrobras. Alves mandou divulgar uma nota na qual diz que pediu para não ser indicado pelo PMDB para a equipe de Dilma, "porque faz questão que seja esclarecida a citação absurda envolvendo o seu nome". Na realidade, o nome de Alves já havia sido descartado.
O Ministério da Previdência, atualmente ocupado pelo PMDB, deve ir para o PDT. Já o Ministério do Trabalho, hoje comandado pelo PDT, passa para o PT. O titular da Previdência é o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), primo do presidente da Câmara.
Na noite de segunda-feira, Dilma recebeu o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, e acertou a mudança da pasta do partido, que perdeu o Esporte, mas ficou com a Ciência e Tecnologia. O atual ministro do Esporte, Aldo Rebelo, interrompeu uma viagem de carro a Alagoas e voltou para Brasília. Dilma argumentou que o partido perdeu representação no Congresso.
Deputado do PRB assumirá Esportes
A vaga do PCdoB foi para o PRB: o escolhido foi o deputado George Hilton (MG), embora PT e PMDB almejassem o posto, para cuidar das Olimpíadas do Rio. Em conversa com a presidente Dilma ainda em novembro, o presidente do PRB, Marcos Pereira, argumentou que o partido aumentou sua bancada na Câmara e reivindicou uma pasta com maior expressão do que a Pesca, atualmente ocupada pela sigla.
A presidente também recebeu no Palácio do Planalto o governador do Ceará, Cid Gomes, e o convenceu a assumir o Ministério da Educação, reduto do PT desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente estava satisfeita com o trabalho do ministro Henrique Paim, mas queria uma nome de mais peso político no comando da pasta.
O governador da Bahia, Jaques Wagner, chegou a Brasília no fim da tarde de segunda-feira. Amigo de Dilma, Wagner era o nome para as Comunicações, mas tinha restrições à pasta, por causa das verbas de publicidade que deverão ser transferidas da Secretaria de Comunicação Social (Secom) para o ministério. Acertou com a presidente comandar a Defesa.
Durante a tarde de ontem, era um entra e sai do gabinete presidencial, no terceiro andar do Palácio do Planalto. Em boa parte da tarde, a presidente articulou com os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institucionais), Thomas Traumann (Comunicação Social) e Aloizio Mercadante (Casa Civil).
Para acomodar o ex-prefeito Gilberto Kassab no Ministério das Cidades, Dilma ofereceu, na noite de segunda-feira, o Ministério da Integração Nacional para o PP. O presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), respondeu que a sigla gostaria de manter o Ministério das Cidades, mas a pasta foi para o PSD, que já comanda a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com Guilherme Afif Domingues.
O argumento utilizado pela presidente foi que, com o Ministério da Integração Nacional, contemplaria o PP do Nordeste, que fez campanha para sua reeleição. Já no Sul e no Sudeste, o partido apoiou o candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG). O presidente do PP esteve novamente com Dilma na manhã de ontem, mas não foi definido o titular da Integração. O Ministério dos Transportes deve continuar nas mãos do PR, mas com troca de comando. O atual ministro, Paulo Sérgio Passos, escolha pessoal de Dilma, deve ser substituído pelo vereador de São Paulo Antonio Carlos Rodrigues, suplente da senadora Marta Suplicy (PT-SP). ( Colaborou: Eliane Oliveira )