sexta-feira, 25 de outubro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: alternativa

"É possível criar um polo alternativo que viabilize um governo de centro-esquerda, como foi o do ex-presidente Itamar Franco"

Roberto Freire. “Com a palavra Roberto Freire”. Panorama Político. O Globo, 24 de outubro de 2013

Avaliação de governo para de melhorar

A avaliação do governo Dilma Rousseff, que vinha em trajetória de recuperação desde a queda em meio aos protestos de junho, parou de melhorar. A pesquisa Ibope mostra que 38% dos entrevistados consideram o governo ótimo ou bom, praticamente o mesmo índice observado em setembro no levantamento feito pelo mesmo instituto (37%).

Houve até um ligeiro aumento na parcela do eleitorado que vê o governo como ruim ou péssimo, de 22% para 26%. A taxa de "regular" variou de 39% para 35%.

A aprovação ao desempenho pessoal da presidente ficou em 53%, contra 42% de desaprovação. No mês passado, esses índices estavam em 54% e 40%, respectivamente. A população se mostra dividida em relação à confiança em Dilma: 49% dizem confiar nela, e 46%, não.

A aprovação ao governo é maior entre os eleitores do Nordeste (53%), com renda de até um salário mínimo (57%), e com escolaridade até a 4.§ série do ensino fundamental (47%).

Entre os eleitores que pretendem votar em Dilma em 2014, a aprovação ao governo varia de 72% a 75% nos diversos cenários avaliados pelo Ibope. No eleitorado de Aécio Neves (PSDB), a aprovação não supera 15%.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Líder do PSB afirma que petista atingiu seu 'teto'

João Domingos

BRASÍLIA - O PT comemorou o resultado da pesquisa do Ibope, afirmando que a sociedade brasileira quer a reeleição da presidente Dilma Rousseff; o PSB diz que o governador Eduardo Campos foi o único a crescer 150%; e o PSDB afirmou que é preciso mudar a estratégia de campanha para forçar o segundo turno, já que Marina Silva está fora da disputa.

"A pesquisa comprovou que a sociedade quer a reeleição da presidente Dilma Rousseff", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), ex-líder do partido e candidato a presidente da legenda. "Acho que a presidente Dilma demonstrou a solidez do governo e a capacidade de diálogo, visto que deu resposta imediata às manifestações de junho", acrescentou ele.

Segundo o líder petista, a sondagem atual reforça a ideia de que o governo tem estrutura para resistir a crises políticas, como a das manifestações de rua de junho. "É um governo aprovado pelo povo brasileiro."

O líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), afirmou que o resultado da pesquisa Ibope só anima o partido. Para ele, Dilma alcançou o teto e não deverá ultrapassar a casa dos 40%, 41%, enquanto Eduardo Campos cresceu 150%. "Na última pesquisa nosso pré-candidato tinha 4%. Agora está com 10%. Fomos os únicos a crescer 150%. Isso demonstra o acerto da aliança com Marina." Albuquerque vê a presidente Dilma c o tucano Aécio Neves praticamente estacionados. "Reforça a ideia de que a sociedade se cansou da polarização PT/PSDB. Nós somos o novo. Nossa candidatura terá uma caminhada muito forte."

Já o senador tucano Alvaro Dias (PR) faz uma análise mais pessimista da dobradinha Eduardo Campos-Marina Silva.

"Foi uma péssima estratégia para a oposição. Com ela, tínhamos a garantia do segundo turno. Com a saída dela, perdemos uma candidatura competitiva. Vamos ter de reavaliar nossa estratégia de luta contra o governo do PT", afirmou o senador do PSDB.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Em política, nada é o mais constante - Carlos Melo

Pesquisas eleitorais a quase um ano da eleição servem para que se conheça os humores da população e para que se possa avaliar a popularidade do Executivo; as virtudes e ou vicissitudes da oposição. São úteis para acender o fogo do mercado de apostas de eventuais financiadores de campanha.

Mas de modo algum podem servir como instrumento de predição dos resultados eleitorais. Neste momento, o que os números do Ibope dizem é o óbvio: a presidente Dilma é a favorita para o pleito do ano que vem. É, afinal, a mais conhecida; tem máquina, tribuna, visibilidade.

Está, nesse sentido, muito adiantada em relação a seus adversários. E, com tudo o mais constante, deve ganhar a eleição. Mas, o diabo é que em política nada é o mais constante. Ao contrário, a inconstância e a volatilidade fazem parte do processo.

Dilma mesmo é exemplo disso: em 2009, um ano antes da eleição, era pouco conhecida e apostar em seu nome era uma decisão temerária. Todavia, venceu a eleição. Fatos novos sempre podem virar o jogo, ou pelo menos agitar o barco. Hoje, o que se pode dizer é que a oposição ainda patina: Aécio Neves ainda não deslanchou e o efeito da filiação de Marina Silva ao PSB pouco se fez sentir. Será sempre assim? O jogo só está começando.

*Cientista político e professor do INSPER.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Marina critica 'insistência' sobre sua candidatura

CURITIBA - A ex-senadora Marina Silva (PSB) criticou ontem a "insistência" da imprensa e de setores da sociedade em forçar uma eventual candidatura dela à Presidência.

"Eu já disse mil vezes a vocês [repórteres] que eu não tenho como objetivo de vida ser presidente. ", afirmou, antes de dar palestra na PUC, em Curitiba (PR), sobre jovens e política.

Anteontem, em entrevista à rádio CBN, ela disse ter "toda a disposição" para disputar o Planalto.

Questionada se a declaração enfraquecia a candidatura de Campos, Marina afirmou não ter esse intuito. "Essa insistência na qualificação puramente eleitoral não sou eu nem o Eduardo que estamos fazendo. É alguém que tem interesse de fazer algum tipo de mal-entendido", disse.

Fonte: Folha de S. Paulo

"O discurso do PSB soa como eleitoreiro", diz Soninha (PPS)

Roberval Sobrinho

Em passagem ontem pelo Recife, a pré-candidata do PPS à Presidência, Soninha Francine, falou da disposição de entrar na disputa e, sinalizando que o seu partido não avalia mais uma aproximação com o PSB para o 1º turno, fez críticas ao presidenciável Eduardo Campos, cujo discurso avaliou como "eleitoreiro".

As raposas
"Esse discurso é um pouco eleitoreiro. A gente analisa as coisas com muito mais complexidade, o que é um discurso mais honesto. Dizer que você vai exterminar as raposas políticas é tão falso como dizer que vai exterminar a corrupção e a politicagem. Não vão exterminar. Mas você pode matar de fome, reduzindo a ração da base fisiológica. Sob o ponto de vista de muitas pessoas, o próprio Eduardo seria uma raposa da política, no sentido da tradição familiar, inclusive do modo como ele costura nos bastidores. Para mim, Eduardo é uma raposa. Agora, o problema não são as raposas, são as hienas. Não se consegue governar sem fazer alianças com pessoas e partidos às quais você não concorde. É inevitável fazer concessões. Quem não admite fazer concessões não vai governar. Todo mundo diz que fala a verdade, mas não resiste a um exame mais apurado."

PSB-Rede
"A aliança Marina-Eduardo é programática e pragmática ao mesmo tempo, porque Eduardo não tem - ou não tinha, quando era candidato a governador - uma plataforma preocupada com a tal sustentabilidade, e isso não é o forte dele. Da parte de Marina, ela outro dia estava falando de temas que antes não falava, como a estabilidade econômica. Acho que um acrescenta alguma coisa ao outro, agora os dois juntos não acrescentam o que a gente pretende acrescentar."

Projeto PPS
"Posso não ter o apoio definido de alguns diretórios, mas tenho a apoio da base, dos militantes do partido. Se eu disser que há uma decisão unânime (sobre sua candidatura), é mentira, mas existem muitos lugares que apesar da inclinação da direção ser por uma aliança, têm lideranças locais que defendem uma candidatura própria. Há muita gente (no PPS) dividida entre uma aliança e outra. Mas as decisões em torno de uma candidatura própria estão se sobressaindo. E é até curioso ver gente de outros partidos defendendo que o PPS tenha candidatura própria. Até a juventude do PSDB de Minas Gerais, que interage comigo nas redes sociais, diz que acha ótimo que eu saia candidata."

PPS x PT
"Na verdade, a gente não se propõe a bater no PT, mas criticar o que a gente não concorda e também dizer como nós faríamos. Nossa campanha terá uma estratégia de conteúdo e de postura. A gente tem compromisso com a realidade na hora de fazer propostas e não tem um discurso de ataque. Não temos pretensão nenhuma de xingar o governo. Quem me conhece em campanha sabe que a gente fala as coisas que têm que ser ditas, independente de ser popular naquele momento."

Estratégia
"Nós podemos usar a internet sem medo, desde que nos programemos para isso. Tenho muito mais facilidade para estar nos lugares, falar com as pessoas, sem precisar de um baita aparato de deslocamento. Ando mais de duzentos quilômetros em São Paulo todos os dias, com cinco, seis compromissos. Então, quem está acostumada com esse tipo de desgaste físico não teme uma estrutura precária pra viajar pelo Brasil, fazendo campanha. E outra: com uma boa câmera digital, a gente faz um programa com conteúdo e bonito."

Pré-sal
"O que temos hoje? Importação de gasolina. Isso é bizarro. O Brasil se gaba de estar entrando no clube dos maiores produtores de petróleo do mundo. O Lula (ex-presidente) se gaba de sermos auto-suficiente na extração de petróleo e até hoje a gente importa gasolina. É incoerente."

Bolsa-família
"É um programa cuja implantação eu defendi, porque entendo que a gente tem uma emergência. Agora é uma emergência que já dura dez anos e foi mal resolvida. Não é um programa de transferência de renda porque não se está promovendo a igualdade propriamente dita. É um benefício, uma assistência. Mas se esse auxílio continua perdurando esse tempo todo é porque alguma coisa não andou. O acesso a bens que proporcione conforto às pessoas tem feito muito bem nesses últimos anos. O Bolsa Família permitiu isso, mas o resto não veio, como educação, saúde e saneamento básico. Ao invés de o governo comemorar o número de pessoas que entraram no programa, deveria comemorar o número de pessoas que deixaram de precisar dele."

Aborto
"Independente da orientação sexual ou da diferença de gênero, eu e o partido defendemos direitos iguais entre as pessoas. Em relação a outros temas, como legalização do aborto, tem uma posição muito clara da coordenação de mulheres do PPS, que acredita que você causa menos sofrimento, menos morte, trazendo o aborto para o mundo da legalização, ao invés de deixá-lo na ilegalidade. Agora, há divergências. Não é todo mundo no partido que defende isso e não pretendo fazer disso uma bandeira de campanha."

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Waldemar, líder do PSB na Alep, refuta críticas de Soninha

Escalado para fazer a defesa do governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB), o líder do governo na Assembleia Legislativa, Waldemar Borges (PSB), refutou os termos utilizados pela também pré-candidata Soninha Francine contra o socialista, atribuindo à própria ex-vereadora do PPS de São Paula a prática da "velha política" ao tentar afirmar a candidatura com base em "um discurso cansado e previsível".

O deputado ressaltou que o governador faz parte de um conjunto de forças que "tem história ao lado das causas populares" e que tem adotado um discurso, nas andanças pelo País, "respaldado na prática política" em Pernambuco, diferentemente do que estaria sendo feito pela pós-comunista. "Eduardo não faz um discurso eleitoreiro porque há uma prática que vai muito além da retórica, e que se materializou em políticas públicas que geraram resultados", rebateu Waldemar Borges.

O "troco" socialista à ex-vereadora Soninha Francine se deu em razão das críticas da presidenciável do PPS, ontem, no Recife, quando acusou Eduardo de "discurso eleitoreiro" e de ser "uma raposa política por herança familiar e pelas costuras nos bastidores". Soninha disse que o socialista tem uma retórica "falsa" ao defender "uma nova política" que acabe com práticas tradicionais.

Em recente declaração, Eduardo afirmou que "chegou a hora de aposentar as raposas". Em oposição, Soninha destacou que o PPS avalia a questão de "uma forma mais complexa", por isso teria um discurso "mais verdadeiro".

O líder do governo contestou a pós-comunista a quem atribuiu má interpretação do discurso socialista. "Quando Eduardo fala em nova política, é sobre a capacidade de agregar forças sociais em torno de objetivos vinculados aos interesses da maioria da população. Ele é ‘raposa’ por ter talento e estar vocacionado para a política", definiu.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Aécio: mudança é "passo tímido"

Felipe Canêdo

O senador Aécio Neves criticou ontem a proposta aprovada na Câmara dos Deputados na quarta-feira que muda o indexador das dívidas dos estados e municípios e a classificou como um "pequeno e tímido passo em direção" a uma repactuação entre os entes da Federação. "É positiva essa medida, mas precisamos dar outros passos vigorosos para que municípios e estados readquiram eles próprios as condições de atender suas demandas", ele disse.

Aécio disse que o país vive atualmente "um presidencialismo quase imperial, com uma concentração abusiva cada vez maior de recursos nas mãos da União". O senador destacou o fato de que durante os governos do PT à frente do Palácio do Planalto, as empresas privadas pegavam empréstimos no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a juros subsidiados "muito mais baixos" do que os cobrados dos estados. "Pelo menos essa correção começa a ocorrer agora. Mas não pode ser o último passo", afirmou, prometendo continuar trabalhando no Congresso Nacional em prol dos municípios e estados.

Na quarta-feira, o secretário da Fazenda de Minas Gerais, Leonardo Colombini, calculou que a dívida do estado deve diminuir R$ 1,7 bilhão com a nova regra, passando de R$ 65,6 bilhões para R$ 63,9 bilhões. Ele avaliou que a medida representa um avanço importante para Minas já que a dívida do estado vai parar de crescer a partir de sua implementação. Ele lamentou, contudo, que a medida ainda demore a ser implementada, e afirmou que a economia será maior se ela passar a valer o quanto antes. O novo indexador precisa ainda ser aprovado pelo Senado para ser sancionado.

O governo mineiro reivindica que o percentual das receitas que os estados devem comprometer pagando o débito seja reduzido de 13% para 9%, aumentando a capacidade de investimentos estaduais. O secretário acredita, no entanto, que o governo federal não está disposto a implementar essa medida, pois está amarrado com o cumprimento de indicadores econômicos.

No Senado ontem, o ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou que a nova indexação vai ajudar a "desidratar" as dívidas dos estados e municípios, mas avisou que o rigor fiscal continuará alto. Ele rebateu críticas de que aportes do Tesouro ao BNDES teriam ampliado a dívida bruta federal do governo federal e afirmou que ela está sob controle e não vai aumentar – de acordo com o ministro, ela atinge 60% do Produto Interno Bruto (PIB). O ministro disse também que a "dívida líquida segue caindo e é a que interessa", e que "quando o BNDES começar a devolver os recursos, a dívida bruta também vai cair". Segundo Mantega, a dívida líquida dos estados e municípios também está caindo e teve uma redução de 17,5% para 9,9% do PIB entre 2002 e 2012. (Com agências)

Fonte: Estado de Minas

Governador tucano afirma que 'a fila anda'

Beatriz Bulla

Os tucanos Marconi Perillo, governador de Goiás, e Antonio Anastasia, governador de Minas Gerais, reiteraram ontem o entendimento de que o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto em 2014 será o senador mineiro Aécio Neves.

Apesar da disposição do ex-governador José Serra em disputar internamente a indicação como futuro candidato tucano, Perillo disse que, na política, "a fila anda", numa referência às duas tentativas anteriores (2002 e 2010) do paulista de chegar à Presidência, sem sucesso.

"O (ex) governador (Mário) Covas dizia que "a fila anda". O entendimento da maioria dos líderes do PSDB é de que a vez agora é do governador Aécio", respondeu Perillo ao deixar evento organizado pela The Economisty em São Paulo

"Em 2014 é a vez da candidatura Aécio Neves", disse Anastasia. "Há um sentimento no partido notório da maioria a favor do senador Aécio, mas o governador Serra tem também suas pretensões e ele mesmo disse que também quer se candidatar, não definiu cargo,"

Perillo, contudo, ressaltou a decisão de Serra continuar filiado no PSDB. "É legítimo da parte dele postular uma eventual indicação como pré-candidato à Presidência."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Substituir Aécio não é impossível, afirma Serra

Ex-governador paulista diz que gostaria de ser candidato e vê oposição "desnorteada".

Tiago Décimo

SALVADOR - O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) admitiu ontem, em Salvador, que "gostaria" de ser presidente da República. Ao ser questionado sobre a definição do candidato tucano em 2014, ele observou que "o improvável não é impossível".

Na capital baiana, Serra também comentou a pesquisa Ibope divulgada ontem, na qual aparece com mais intenções de votos que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), provável presidenciável tucano, nos cenários apresentados. Segundo ele, seu grau de conhecimento no País - Serra disputou as eleições presidenciais de 2002 e 2010, nas quais foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, respectivamente - é um capital político do PSDB.

"Meu grau de conhecimento junto à população é o mais alto depois do Lula e da Dilma no País, minhas opiniões são ouvidas, levadas em conta", afirmou. "Tudo o que eu possa fazer só fortalece o PSDB, nossa posição do ponto de vista da presença junto à população e, futuramente, do ponto de vista do debate eleitoral."

Para o tucano paulista, a pesquisa Ibope "segue" outros levantamentos. "Quando estão meu nome e o da Marina, estamos no mesmo nível. Quando entram os outros candidatos (Aécio e Campos), que nunca disputaram, estão abaixo, o que é normal. Ainda tem muita coisa para acontecer", ponderou.

Na segunda visita a Salvador neste semestre - ele esteve na cidade em 6 de agosto -, Serra voltou a cumprir uma agenda típica de candidato. Concedeu uma entrevista de 45 minutos à rádio Tudo FM. Em seguida, almoçou com colegas de partido e apoiadores, reuniu-se com o prefeito ACM Neto (DEM) e, no início da noite, proferiu uma palestra sobre desenvolvimento econômico para integrantes da Associação Baiana de Supermercados (A base).

"Se você me pergunta: Você gostaria de ser presidente da República?", eu diria: gostaria. Eu me acho preparado para isso, eu saberia como desempenhar", afirmou o ex-governador paulista. "Mas isso não é uma escolha pessoal, é uma escolha da população, das circunstâncias. As circunstâncias estão dadas e teremos novas. Vamos aguardar, continuar trabalhando, discutindo, debatendo. Que é o que eu tenho feito."

Serra, que nos bastidores cogitou deixar o PSDB e migrar para o PPS para disputar a Presidência, ressaltou que seu partido ainda não decidiu qual será o candidato. "No PSDB, vamos tomar essa decisão a partir de março e qualquer especulação maior daqui até lá não leva a lugar nenhum", disse. "Ninguém se inscreveu como pré-candidato. O improvável acontece. O improvável não é impossível."

"Desnorteada". Serra, porém, criticou a antecipação do processo eleitoral e disse que a campanha prematura deixa a própria oposição "desnorteada". "Começar tão antes (o processo eleitoral) prejudica o Brasil. E a própria oposição também fica desnorteada, porque fica na correria em todos os lugares para definir (os candidatos)." "Isso não foi bom nem para o governo."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aliados, mas separados

PT e PMDB devem marchar separados em 11 estados onde estão 68% do eleitorado

Juliana Castro e Paulo Celso Pereira

RIO e BRASÍLIA- Aliados nacionais, PT e PMDB devem caminhar separados nas disputas regionais em estados onde estão 68% do eleitorado brasileiro — donos de quase 96 milhões de votos. Esse cenário pode estar presente em 11 unidades da Federação, entre elas os maiores colégios eleitorais do país: Rio, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. A divisão não significa rejeição à reeleição da presidente Dilma Rousseff, embora existam problemas em alguns diretórios do PMDB que ameaçam votar contra a coligação nacional com o PT.

Os dois aliados tendem a se juntar em outras nove unidades da Federação, entre elas o Distrito Federal, onde o governador Agnelo Queiroz (PT) e seu vice, Tadeu Filipelli (PMDB), tentarão a reeleição. Nos casos em que as duas siglas devem estar unidas, a maior parte das alianças tem os peemedebistas como cabeça de chapa, como no Rio Grande do Norte e em Alagoas. Com o cenário atual, PT e PMDB só apareceriam unidos local e nacionalmente para 16% do eleitorado.

As duas legendas informaram ao GLOBO quais pré-candidatos tinham a intenção de lançar ou apoiar para governador em 2014, o que permitiu o cruzamento de informações.

— Cada partido trabalha para lançar candidatos no maior número possível de estados, assim foi nas eleições municipais, e a coisa vai afunilando. Ainda há estados em que é possível fechamento. Só não é possível mesmo em São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul — afirmou o presidente do PMDB, Valdir Raupp.

Indefinição no maranhão e no ceará

Em sete estados, a situação está corn-pletamente indefinida. No Maranhão, por exemplo, os petistas estão divididos entre o apoio ao presidente da Em-bratur, Flávio Dino (PCdoB), e ao candidato da governadora Roseana Sarney (PMDB), Luiz Fernando Silva, atual secretário estadual de Infraestrutura. No Ceará, o PT só estará com o PMDB se o governador Cid Gomes (PROS) também apoiar o senador peemedebista Eunício Oliveira ao governo. Cid deixou o PSB do governador e pré-candidato à Presidência Eduardo Campos pára trabalhar pela reeleição de Dilma.

Insatisfeitos com o rumo das negociações com o PT em seus estados, seis importantes diretórios do PMDB do vice-presidente Michel Temer começaram a se movimentar para forçar a realização de uma pré-convenção do partido em março do ano que vem. No j evento, seriam colocadas claramente as condicionantes para o partido apoiar a reeleição de Dilma.

— Não tem tensão nenhuma, pelo menos comigo, não. Todos os partidos fazem convenção, pré-convenção — minimizou o presidente do PT, Rui Falcão, ao chegar a debate dos candidatos à presidência do partido em Brasília.

O aumento da pressão por uma pré-convenção que defina os rumos do PMDB não é gratuito. Os principais diretórios da legenda enfrentam hoje problemas locais que podem se refletir na aliança nacional com o PT. Dois estados já anunciaram publicamente que não apoiarão a reeleição da presidente, justamente os maiores do Nordeste: Bahia e Pernambuco. Os diretórios do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul também estão hoje majoritariamente contra a aliança nacional com o PT, em função de disputas regionais.

Na Bahia, a busca de Geddel Vieira Lima (PMDB) por apoio de outros partidos, incluindo PSDB e DEM, inviabiliza o apoio a Dilma. Já no Rio Grande do Sul, PT e PMDB historicamente sempre caminharam separados. Tarso Genro (PT) busca a reeleição, e o PMDB tem como pré-candidatos o ex-governador Germano Rigotto e o ex-prefeito de Caxias do Sul Ivo Sartori.

— É normal que haja esses conflitos de interesses, e temos que saber manejar isso — afirmou um dos vice-presidentes do PT, Alberto Cantalice.

Há, no entanto, pelo menos quatro estados em que os diretórios do PMDB têm como meta apoiar a presidente Dilma, mas exigem que o PT faça concessões: Rio, Ceará, Maranhão e Paraíba. E, por terem muitos delegados na convenção do partido, eles têm a capacidade de levar a aliança ao naufrágio. Outros três estados que também detêm enorme força na convenção do partido — Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina — encontram-se hoje divididos.

Temer atua como bombeiro

Em Minas, segundo maior colégio eleitoral e estado do pré-candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB), os petistas já trabalham pelo nome do ministro Fernando Pimentel, enquanto os pee-medebistas apresentaram o nome do senador Clésio Andrade para a disputa. O ministro da Agricultura, Antônio Andrade, é apontado como um dos que fazem parte da turma que defende o apoio a Pimentel e a união com o PT.

— O Clésio e o Pimentel estão conversando. Pode ser que os partidos tenham candidatos separados, mas apoiando a chapa nacional — afirmou Raupp.

Ontem, com a revelação da estratégia de convocação de uma pré-convenção, Temer recebeu desde cedo diversas ligações a favor e contra a medida. O vice-presidente, naturalmente, defende que a decisão do partido não seja antecipada, até por elevar a possibilidade de rompimento com a candidatura de Dilma. E prega que as negociações com o PT continuem sendo feitas estado por estado. O temor é que a colocação de todos os cenários simultaneamente leve à radicalização do processo.

— Este é um período em que as parI tes estão ensaiando suas jogadas. Quem disser que vai ser assim ou assado é pretensioso — disse o deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS).

Temer ao menos conseguiu ganhar tempo. Como acabou sendo abortado o jantar de anteontem que reuniria a cúpula do partido e no qual seria formalizada a proposta da pré-convenção, a tendência é que o assunto só volte a ser debatido no fim do ano.

Os peemedebistas que trabalham pela aliança nacional com o PT não acreditam que os descontentes serão capazes de barrar o apoio do partido a Dil-ma, mas reconhecem que, em alguns estados, os pré-candidatos do partido não farão campanha para a presidente.

A rebelião do PMDB nos estados se alastrou a partir de um epicentro: o Rio. No estado, o mais importante governado pelos peemedebistas, os dois aliados vivem às turras por conta da briga pelo governo do estado em 2014, entre o senador lindbergh Farias (PT) e o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Fonte: O Globo

De volta às ruas e com a mesma pauta

Movimento Passe Livre promete ocupar hoje as avenidas de pelo menos 16 cidades para pedir tarifa zero e melhorias no transporte. Ipea revela que brasileiro perde, em média, 41 minutos para chegar ao trabalho nas capitais

Andre Shalders, Paulo de Tarso Lyra e Daniela Garcia

Quatro meses depois das manifestações que começaram com um protesto contra aumento de tarifas no Rio e em São Paulo, os integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) voltam às ruas hoje na capital paulista e em outras 15 cidades para pedir a tarifa zero universal e melhoria no transporte. Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os brasileiros dos grandes municípios levam, em média, quase 41 minutos para chegar ao trabalho. O mesmo levantamento aponta que, quanto mais humilde a parcela da população, mais aumenta o drama. Entre as pessoas com renda per capita de meio a um salário mínimo, 17% passam pelo menos uma hora no deslocamento casa–trabalho. Essa proporção é seis pontos percentuais superior à registrada nas famílias mais ricas (acima de cinco salários mínimos).

Apesar de o problema persistir, o governo federal garante que fez sua parte. Durante a solenidade comemorativa pela sanção do Mais Médicos, a presidente Dilma Rousseff lembrou que a cerimônia era realizada exatos 120 dias depois do pronunciamento feito por ela, em cadeia de rádio e televisão, para firmar os cinco pactos de ação com governadores e prefeitos. “Esses pactos respondiam às demandas dos movimentos de junho, e convergiam com aquilo que o governo considerava que eram as grandes questões que precisavam urgentemente de atenção do país. E eu queria, primeiro, dizer para vocês que, nesses exatos quatro meses, o que propomos vem se tornando progressivamente realidade”, afirmou a presidente.

Dilma repetiu a tese ontem durante entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais. “A presidente Dilma concatenou com perfeição essa semana. Em dois momentos, disse que o governo vem se empenhando para implementar os cinco pontos prometidos à população. E hoje, estará em São Paulo para anunciar novas medidas”, afirma o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ao lado do prefeito Fernando Haddad, Dilma anunciará recursos do PAC da Mobilidade Urbana para o metrô paulistano.

Com base na pesquisa do Ipea, é preciso de fato muito investimento. O tempo médio gasto para chegar ao trabalho pelos habitantes das regiões metropolitanas atingiu 40 minutos e 48 segundos — a média, no Brasil, é 30 minutos e 12 segundos. As capitais do Norte e Nordeste foram as que mais pioraram nas condições de tráfego. Belém, Salvador e Recife apresentaram, entre 1992 e 2012, taxas de crescimento do tempo de viagem de 35%, 27,1% e 17,8%, respectivamente.

Por isso, os manifestantes voltam às ruas hoje. O Movimento Passe Livre organizou, ao longo desta semana, uma jornada de atividades em todo o país, com protestos marcados para o fim da tarde de hoje em Natal, São Luís, São Paulo, Brasília e Joinville (SC). Os protestos mais intensos são esperados na capital paulista, onde o movimento vem realizando atos ao longo da semana. “O evento do protesto no Facebook já tem 6 mil pessoas confirmadas, mas isso é imprevisível. Como estamos fazendo mobilizações durante toda a semana em várias cidades, a expectativa é de um ato grande”, afirma a militante Monique Félix, de 27 anos. A concentração para o protesto começa às 17h, no Theatro Municipal, no centro. “Tudo o que se conquistou aqui na cidade é resultado das manifestações. Além da revogação do aumento, tivemos a criação dos corredores exclusivos para os ônibus”, enumera ela. A luta pela revogação do aumento nas passagens de ônibus, em São Paulo e em outras cidades, foi o estopim das manifestações de junho. Na noite de ontem, o MPL realizou protestos em Florianópolis, São José dos Campos (SP), Vitória e em Campo Limpo, na grande São Paulo.

Em Brasília
Além da tarifa zero, o protesto de Brasília também levará pautas locais para a rua. “Também estamos reivindicando o transporte público 24 horas e a participação da população na gestão do sistema”, diz o cinegrafista Clede Pereira, de 20 anos. A concentração para a manifestação começa às 17h, na Rodoviária do Plano Piloto. Alguns dos atos do movimento ao longo da semana terminaram em conflitos entre a polícia e os manifestantes. Na Zona Sul de São Paulo, o protesto de quarta-feira resultou na prisão de 22 das 400 pessoas que participaram da protesto, segundo a PM de São Paulo.

De acordo com a polícia, uma agência bancária, uma banca de jornais e um veículo acabaram depredados. Para o MPL, foram os policiais que começaram o quebra-quebra. “A polícia agiu antes que qualquer um fizesse qualquer coisa. Eles usam a depredação e os confrontos como pretexto para acabar com uma manifestação que poderia ter sido pacífica”, diz o estudante Mateus Hotimsky, de 19 anos, que participou do ato. No mesmo dia, também houve violência no protesto do MPL no Recife, quando um ônibus foi incendiado.

Projeto parado
Depois do impulso inicial em junho, os projetos sobre transporte público avançam a passos lentos no Congresso. Logo após os protestos, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), lançou um projeto que cria o passe livre estudantil em âmbito nacional. Pela proposta, o benefício seria custeado com os royalties da exploração de petróleo na camada pré-sal. A proposta veio em um momento em que o PMDB, incomodado com a pressão feita pela presidente Dilma Rousseff em relação à reforma política, queria passar uma imagem positiva para cobrar o Planalto e cacifar-se perante a opinião pública.

Mesmo com o componente político e tramitando em regime de urgência, a proposta continua parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde aguarda, desde o começo de agosto, o parecer do relator Vital do Rêgo (PMDB-PB). Na Câmara, um projeto com o mesmo objetivo, de autoria do ex-deputado Paulo Tadeu aguarda parecer na Comissão de Educação. A Casa também analisa a PEC 90/2013, de autoria da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que pretende elencar o transporte entre os direitos sociais previstos na Constituição Federal. (AS e PTL)

Estudo
O Ipea divulgou ontem um levantamento sobre a mobilidade urbana no país. Confira alguns dados:

40 minutos e 48 segundos. Tempo médio que o brasileiro que vive em grandes cidades gasta para ir de casa até o trabalho. Em 1992, o índice estava em 36 minutos e 24 segundos.

18,6%. Percentual da população das grandes cidades que gasta mais de uma hora para chegar no serviço. Em 1992, 14,6% dos moradores das áreas metropolitanas perdiam mais de 60 minutos no deslocamento.

Cronologia

Março
Os primeiros protestos começaram no dia 27 contra o aumento de tarifa em Porto Alegre. Três dias depois, 50 estudantes protestam contra o aumento de tarifa em Manaus

Maio
Depois de um mês de tranquilidade, os protestos recomeçaram, principalmente em Goiânia. No dia 8, 200 pessoas protestaram contra o aumento de tarifas. No dia 16, esse número cresceu para mil. Três dias depois, o MPL organizou um protesto durante a virada cultural em São Paulo. No dia 20, um atraso de ônibus gera quebra-quebra em Goiânia. No dia 28, o MPL organiza uma vigília em frente à Prefeitura de São Paulo.

Junho
É o ápice dos protestos. Logo no dia 3, estudantes protestaram contra aumento de tarifa em São Paulo e no Rio de Janeiro. No dia 6, cinco mil pessoas fecham a Avenida Paulista contra nova tarifa. No Rio, no dia 13 (foto), protesto leva a confronto com a Polícia Militar. O primeiro momento de nacionalização dos protestos ocorre no dia 17, quando mais de 270 mil protestam em 30 cidades. No dia seguinte, cerca de 110 mil pessoas protestam em pelo menos 40 cidades. A prefeitura de São Paulo é depredada em protesto. Em outras 30 cidades, 140 mil pessoas vão às ruas. O ponto máximo das manifestações acontece em 20 de junho. Atos reúnem 1,4 milhão de pessoas em mais de 130 cidades. Em Ribeirão Preto (SP), homem atropela e mata manifestante. Em Belém (PA), gari atingida por gás morre após protesto. No dia seguinte, 160 mil pessoas protestam em quase 90 cidades. No dia 26, em Belo Horizonte, 50 mil pessoas protestam antes da semifinal da Copa das Confederações entre Brasil e Uruguai. Um manifestante morre. No dia 30, data da final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha, cerca de 9 mil protestam em 18 cidades, incluindo o Rio de Janeiro, palco da final.

Fonte: Correio Braziliense

Hora de repensar o pré-sal - Rogério Furquim Werneck

Era mais do que sabido que o governo estava pronto para comemorar em grande estilo o leilão de Libra, qualquer que fosse seu desfecho. Mas a comemoração acabou passando dos limites. E deixou transparecer clara intenção de lançar poeira nos olhos da opinião pública, para disfarçar as dificuldades expostas pelo leilão.

Tendo em conta as dimensões do campo de Libra, é natural que as cifras relacionadas à sua produção potencial pareçam impressionantes. Especialmente se acumuladas num período de 35 anos. A questão é o quão mais impressionantes poderiam ter sido se o leilão tivesse sido pautado por regras bem concebidas.

É lamentável que, com seis anos de preparação, a licitação montada pelo governo só tenha conseguido atrair um único consórcio que, com toda tranquilidade, arrematou o campo pelo lance mínimo. Trata-se de desfecho melancólico que, num país sério, deveria dar lugar a uma reavaliação criteriosa das restrições que o governo decidiu impor ao leilão.

O lance mínimo foi de 41,65% do lucro em óleo. Descontados todos os custos envolvidos, esse é o percentual do excedente de petróleo produzido em Libra que caberá ao governo. É óbvio que, se o leilão tivesse atraído outros interessados, o governo poderia ter conseguido percentual superior.

Menos óbvia, mas da maior importância, é a constatação de que os custos medidos em óleo, deduzidos da produção total para efeito da apuração do lucro em óleo, estão brutalmente inflados pelas absurdas exigências de conteúdo local em equipamentos. Em bom português, isso significa que, para sustentar vasta gama de produtores nacionais de equipamentos para a indústria de petróleo, o governo aceitou receber parcela menor do petróleo que será produzido em Libra. Menos dinheiro para educação e para saúde. E mais dinheiro para grupos de "interesse especial" que, com crucial ajuda do governo, consegüiram se apropriar de parte substancial do excedente a ser gerado pelo pré-sal.

Causa também preocupação que a Petrobras não se tenha contentado com a já esdrúxula participação legal mínima de 30%. Ao se permitir a extravagância de "fazer bonito" subscrevendo 40% do consórcio, a Petrobras terá de arcar com encargos bem mais pesados de investimento, que vão muito além do simples pagamento de R$ 1,5 bilhão a mais pelo bônus de assinatura. E, tendo em vista a fragilidade financeira da empresa, teme-se que, mais uma vez, a conta acabe nas costas do Tesouro. O que seria indefensável. Não há por que canalizar mais dinheiro público para o pré-sal. Com regras adequadas, não faltarão investidores privados interessados.

Em entrevista a "O Estado de S. Paulo" (20/10), o ministro Guido Mantega, asseverou que "o Tesouro não dará e nunca deu ajuda à Petrobras". Mas, logo em seguida, lembrando-se da gigantesca operação de capitalização da empresa em 2010, tentou qualificá-la como "outra história" em que "o governo vendeu R$ 5 bilhões de barris à Petrobras, e ela nos pagou por isso, em exploração" Na verdade não foi bem assim. A União dispunha de reservas de petróleo que, se tivessem sido licitadas na época, teriam gerado R$ 75 bilhões ao Tesouro, mais de 2,5 vezes o total de gastos do PAC em 2011. Algo como R$ 90 bilhões a preços de hoje. O Tesouro cedeu essas reservas à Petrobrás, no quadro de uma operação de capitalização, e recebeu em troca ações da empresa, que hoje talvez valham metade dos R$ 90 bilhões.

Numa propaganda oficial recente na TV pessoas com olhos marejados assistem um video em que um robô fixa a Bandeira Nacional no fundo do mar, num poço da Petrobras. A cena traz à mente os R$ 90 bilhões, a preços de hoje, transferidos do Tesouro à Petrobras, em 2010, e a inevitável constatação de que, num país de tantas carências, recursos públicos tão vultosos poderiam ter tido destino incomparavelmente mais nobre. Para ajudar a fixar essa ideia, deveríamos imaginar uma pequena Bandeira Nacional espetada em cada esgoto a céu aberto Brasil afora. Isso, sim, deveria deixar nossos olhos marejados. Já é hora de o País tomar juízo.

Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC-Rio

Fonte: O Globo

Dilma, a dama da privatização - Roberto Freire

Com pompa e circunstância, a presidente da República comemorou, em cadeia nacional de rádio e televisão, com a desfaçatez de seu surrado discurso eleitoreiro, a realização do leilão do campo de Libra. Dilma Rousseff, tentando desfazer a ideia de que ela não era a dama da privatização do campo de petróleo, e ao mesmo tempo pretendendo convencer o país de que a “concorrência”, que contou com um único pretendente, foi um sucesso. Mas, para quem não se deixa embalar pelo canto da sereia da propaganda governista, está claro que o leilão foi um retumbante fiasco.

A tentativa de atrair investidores privados para a exploração de Libra fracassou. O modelo oferecido, de partilha, impôs uma noiva, a Petrobras, a quem quisesse se habilitar. As gigantes internacionais do setor não toparam o casamento. As esperadas 40 concorrentes ficaram nessa condição. Bem longe do Brasil. E do leilão, claro. Libra, que o governo propalou como maior área de exploração de petróleo do mundo, foi vendida pelo lance mínimo, sem nenhum centavo de ágio.

Se isso não significa decepção, é de se perguntar o que, então, pode representar. Capitaneando o consórcio que restou, a combalida Petrobras, empresa atolada em dívidas, terá de se virar para conseguir R$ 6 bilhões e honrar o bônus de assinatura, ou seja, a parcela de entrada, a ser paga à estatal criada para gerir a exploração do campo.

A se manter o regime de partilha, não há dúvida de que a empresa não conseguirá participar — nem ela, nem outra companhia —, todo ano, de leilões de pré-sal semelhantes ao realizado nesta semana. A partilha desmantelou a Petrobras. Foi a responsável, ainda, por inibir a participação de empresas privadas, dadas às incertezas do modelo e ao fato de o investidor não ter a garantia de poder influenciar seus investimentos, já que a estatal gestora PPSA conta com poder de veto sobre qualquer iniciativa das empresas.

A impressão que fica é que o governo escolheu uma direção baseada em interesses de curto prazo, principalmente na necessidade premente de produzir superávit primário. No entanto, não é aceitável que um país tome uma decisão de tamanha importância, envolvendo suas maiores reservas de petróleo, com a perspectiva de tapar buraco nas contas públicas. É de uma irresponsabilidade sem tamanho! Não há palanque ou fogos de artifício que refresquem o fato de que a privatização de Libra foi feita por um leilão que não houve, ou seja, um não leilão.

Também não existe maneira de negar que o governo recorreu a um arrumadinho na formatação do único grupo que participou do certame. Quem saiu perdendo com a privatização de Libra da forma como ela se deu foram a União, na condição de concessionária, e, mais diretamente, a sociedade brasileira, que mais uma vez arcará com a inépcia do governo, com seu despreparo frente a oportunidades de crescimento do Brasil. Não poderia deixar, ainda, de condenar o uso das Forças Armadas para cercar o local de realização do leilão, no Rio de Janeiro.

É um absurdo que demonstra o quanto o governo Lula/ Dilma está em descrédito junto à população. Sem contar coma incoerência que reside neste fato. Críticos contumazes da privatização quando oposição, o PT, hoje, lança mão de policiamento ostensivo para garantir a segurança de sua empreitada e impedir que os cidadãos inconformados, atrapalhem sua privatização.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

Quem cuida das jóias – Marina Silva

Devo insistir: o Brasil sente falta de um olhar estratégico. Ver em prazos longos, vislumbrar cenários futuros, traçar o caminho para as metas, pactuar responsabilidades, compartilhar confiança.

Vimos o contrário disso no leilão da chamada "joia da coroa" do pré-sal. É preciso boa vontade para chamá-lo de leilão, pois só um consórcio apresentou proposta para o campo de Libra, na bacia de Santos. Mas está além da boa vontade aceitar que o governo anuncie um plano de contingência para acidentes ambientais um dia depois do leilão, quando as críticas à falta do plano já eram públicas.

De fato, o potencial econômico do pré-sal é promissor, embora os trilhões anunciados sejam uma antecipação de marketing. Ainda demora alguns anos para que o óleo extraído se transforme em recursos para educação e saúde. E os R$ 15 bilhões que receberá na assinatura do contrato o governo usará para diminuir seus problemas de caixa.

Esse brilho do ouro negro não pode nos cegar para os riscos da exploração no mar em grande profundidade. O acidente no golfo do México, em 2010, mostra que o assunto é sério demais para ser tratado com muita pressa e pouco planejamento.

Só depois do leilão o consórcio vencedor de Libra teve acesso aos parâmetros que deverá seguir para lidar com acidentes. Arcará com os custos adicionais, ou estes ficarão para a sociedade, com os recursos públicos?

Essa é a "falha técnica" mais grave: a sociedade não está informada dos custos nem dos riscos. E o governo teve tempo para isso. Desde 2000, o país tem uma lei para a criação do Plano Nacional de Contingência (PNC). Na minha gestão no Ministério do Meio Ambiente, fizemos o mapeamento de áreas sensíveis do litoral brasileiro (inclusive a bacia de Santos) para combater a poluição de óleo. Elaboramos uma primeira versão do PCN e envolvemos dez ministérios em sua análise, há mais de cinco anos, antes de confirmada a viabilidade do pré-sal.

Na última campanha presidencial, as novas reservas de petróleo serviram à propaganda da coligação governista, mas o PNC permaneceu "esquecido nas gavetas" da Casa Civil até a última segunda-feira, segundo informou a imprensa. Tem-se a impressão, mais uma vez, de que o governo reage apenas ao risco eleitoral.

Pensemos, porém, em diminuir os problemas econômicos, sociais e ambientais. O governo deveria criar um comitê de acompanhamento, com instituições científicas, Ministério Público, organizações de defesa do consumidor e do meio ambiente, além dos órgãos oficiais ligados ao assunto.

Assim, teremos segurança sobre os destinos das joias que não são mais da Coroa, mas da República, de todos nós.

Ex-senadora, foi Ministra do Meio Ambiente

Fonte: Folha de S. Paulo

Biografias inacabadas - Fernando Gabeira

Na cadeia se diz: aqui o filho chora e a mãe não ouve. Na política a expressão é outra: a situação está de vaca não reconhecer o bezerro. Ambas denotam uma crise, pela suspensão do amor materno, e revelam um certo desamparo, um mundo de ponta-cabeça.

Às vezes a atmosfera político-cultural do Brasil, neste longo período de dominação do PT, transmite essa sensação, mais evidente nas ruas, onde quase toda manifestação termina em violência, mesmo quando sua bandeira é a defesa dos animais.

Marina Silva lançou a ideia de salvar Dilma Rousseff dos políticos fisiológicos, evitando que deles se tome refém. Não ficou muito claro para mim. Passa a ideia de uma donzela imaculada assediada por experientes chantagistas, como se o governo não fosse também um fator decisivo nesse processo. Onde a proposta de Marina sugere dependência, vejo uma interdependência. Se consideramos o governo refém da fisiologia, é preciso reescrever a história do mensalão, isentando o partido do governo de sua maior responsabilidade.

Também não entendi, no front político-cultural, a defesa da autorização prévia de biografias. Tantas pessoas queridas, entre elas Caetano Veloso - a quem tenho gratidão - embarcam num equívoco por falta de um debate mais amplo.

Para começar, a importância das biografias em nossa formação. Pela trilogia de Isaac Deutscher sobre Trotsky muito se aprendeu sobre a Revolução Russa e os bolcheviques. Sem Rüdiger Safranski não teríamos uma história equilibrada da vida de Martin Heidegger, sem Robert Skidelsky não conheceríamos a vida de lorde Keynes. É um território delicado, pois sem as biografias não conheceríamos a vida de Mao Tsé-tung, nem os pecados dos nossos políticos - que certamente iriam aproveitar-se desses dois artigos inconstitucionais que determinam autorização prévia para publicação de biografias.

Os argumentos também foram defendidos de forma ambivalente. Na maioria das vezes, falava-se em defesa da privacidade. Mas, em outras, surgia a questão do dinheiro, da falsa suposição de que biografias no Brasil rendem fortunas. O artigo de Mário Magalhães contando suas dificuldades para biografar Carlos Marighella é muito mais próximo da realidade, pois revela como ele gastou dinheiro do próprio bolso para completar o seu livro.

Quando surgem de um mesmo núcleo a defesa da privacidade e demandas financeiras, cria-se a falsa impressão de que são intercambiáveis. Quanto custariam, por exemplo, os detalhes da relação com a cunhada numa biografia de Sigmund Freud?

De um ponto de vista existencial, os admiradores dos grandes artistas que participam do movimento ficam preocupados com um debate biográfico. Ainda esperamos deles tantas canções, tantos espetáculos, tantas aventuras políticas, tantos amores... Quem sabe o melhor não virá nos últimos capítulos, nos anos ainda não vividos?

Nas ruas, os black blocs de uma certa forma conseguiram propagar a violência. Isso só é possível por falta de uma certa cartilagem tecida pela política. Tudo vai direto ao osso, termina em incêndio e pancadaria.

Historicamente, essas ondas de violência levam a leis mais rígidas e mais repressão. Quem vem de longe tem o dever de lembrar isso. Mas leis mais rígidas não resolvem sozinhas. O sistema político no Brasil precisa recuperar o mínimo de credibilidade e o sistema repressivo, desenvolver o mínimo de inteligência e capacidade de análise.

No passado os políticos metiam-se no meio dos conflitos com a disposição de atenuá-los. Hoje fogem dos conflito com medo justificado de apanhar da multidão. O Congresso foi incapaz de produzir um debate sobre a violência nas ruas. A sensação é de que as raposas políticas aceitam a explosão de violência porque sabem que ela os ameaça menos que os grandes protestos de massa. Na verdade, ao inibir potenciais manifestações pacíficas os black blocs criam uma camada de proteção útil ao político que se aproveita da confusão para seguir sendo o que é.

O mundo está mesmo virado. Os black blocs consideram-se revolucionários. E no momento cm que poderosos instrumentos internacionais devassam a privacidade de bilhões de pessoas, nosso tema central é a biografia de pessoas famosas.

A defesa do aumento do consumo como o único valor político moral nos levou a esse abismo. A gente não quer só comida. Os artistas tem um grande papel na superação dessas ruínas, sobretudo as de Brasília. Grandes momentos nos esperam e Chico Buarque foi bastante simples ao dizer: "Se a lei e esta, perdi".

A lei é a Constituição. Se nau for essa, teremos perdido nós. Não deixarei de lamentar uma contradição tão explicita entre a sentença e um dos seus artigos essenciais: o que preve a ampla liberdade de expressão.

No momento, o filho chora e a mãe não ouve, a vaca não reconhece o bezerro. E a crise. Suspensa a presença materna, temos de enfrentar uma certa solidão na busca pela saída. O caminho será encontrado via diálogo, mas sem a ilusão de considerar o governo refém da picaretagem. Foi o governo, em sua estreiteza e seu materialismo vulgar, que acabou provocando essa crise: a galinha aterrissou do voo econômico e só cacareja no chão suas previsões otimistas.

Estamo-nos acostumando com as chamas urbanas. Uma pedrada aqui, um coquetel molotov ali, produzimos uma rotina burocrática, sintonizada com o pântano político. Nos fronts político, social e cultural o alarme esta soando há algum tempo. Conseguimos sobreviver a uma longa ditadura militar. Será que vamos capitular diante de um governo que distribui cestas básicas e Bolsas Família?

O País foi moralmente arrasado pela experiência petista e de todos os cafajestes que o governo conseguiu alinhar. Predadores oficiais e predadores de rua se encontram nessa encruzilhada em que um profundo silêncio político se abate sobre nós, com exceção de vozes isoladas.

Precisamos reaprendera conversar, reafirmar valores políticos que não se resumem a casa e comida. Precisamos viver a vida, cuidar mais da bio que ádgrafia. Precisamos sair dessa maré.

*Jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dilma supersônica - Eliane Cantanhêde

Provavelmente por determinação de Lula e orientação dos marqueteiros, Dilma reage à estagnação nas pesquisas e à aliança de Marina Silva com Eduardo Campos usando freneticamente todos os instrumentos de campanha que a Presidência lhe proporciona. Sua popularidade vai aumentar na marra.

A semana começou com Dilma fugindo de eventuais vaias no Rio de Janeiro, mas enfrentando as câmeras para novo pronunciamento em cadeia de rádio e TV, em horário nobre, para enaltecer o resultado do campo de Libra, dizer que a sua privatização não é privatização e menosprezar o fato de apenas um consórcio ter se apresentado para um leilão que, assim, deixou de ser leilão.

Depois, vieram uma nova cerimônia (haverá outras!) do Mais Médicos, com o abraço e o emocionante pedido de desculpas do governo ao médico cubano humilhado por colegas brasileiras; nova passadinha nos palanques do Estado do concorrente Aécio Neves; e a solenidade de ontem no Planalto para anunciar recursos nas áreas de saneamento e pavimentação.

Dilma já admitiu que se faz "o diabo" em campanha (e em pré-campanha?), mas agora jura que nada disso é eleitoral. Ontem, no anúncio do saneamento, exemplificou: "O esgoto não é magnífico em sua aparência". Mas as solenidades no Planalto são...

Enquanto isso, continuam o "Café com a Presidenta", no rádio, o Twitter a todo vapor, na internet, e os preparativos, no cerimonial do palácio, para duas novas festas de arromba: a da assinatura do contrato de Libra e a do aniversário do Bolsa Família. Tome capa de jornal e tome horário nobre na TV.

E quem tiver curiosidade deve ouvir, se é que já não ouviu, "A Voz do Brasil" de terça-feira. A sensação é a de que foi Dilma quem cavou o pré-sal e criou o petróleo no fundo do oceano para salvar o país e os brasileiros.

E ainda querem mais financiamento público de campanha?

Fonte: Folha de S. Paulo

Sol com peneira - Dora Kramer

E verdade que as pesquisas de opinião de um tempo para cá passaram a ser o parâmetro principal de avaliação dos candidatos a eleições. É fato também que empobrece o debate e concentra a cobertura jornalística praticamente à análise de pesquisas.

Desde alguns anos o noticiário eleitoral, antes pautado pela cobertura das campanhas mediante as movimentações nos estados e o acompanhamento acurado dos atos e falas dos candidatos, passou a ser direcionado basicamente pelas pesquisas.

Não resta dúvida tampouco que esse papel de protagonista deu às pesquisas uma importância superlativa. Ao ponto de passadas as eleições se cobrar dos institutos a precisão milimétrica do resultado, sem se levar em conta que resposta para pesquisador é uma coisa e vontade do eleitor no lusco-fusco da cabine indevassável pode ser outra muito diferente.

Daí a se querer resolver possíveis distorções mediante a proibição da divulgação de pesquisas a partir de determinado período antes do dia da votação i vai uma grande distância. Esconde-se o sol com uma enorme peneira, cria-se um atrito com a Constituição e não se fala do que realmente está fora de lugar.

Encontra-se pronta para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado uma emenda constitucional que proíbe a divulgação de pesquisas 15 dias antes dos pleitos sob o argumento, segundo seu autor o senador Luiz Henrique, de que "podem alterar a decisão de muitos eleitores".

E daí? Seria a primeira pergunta diante de tantos fatores que interferem e conduzem a decisão do voto.

A segunda indagação guarda relação com a improbabilidade de a proposta prosperar. O Supremo Tribunal Federal já disse em 2006 que tal proposta é inconstitucional. De onde a tentativa agora mudar a Constituição para incluí-la na legalidade.

De novo, e daí? Mesmo se aprovada, basta instituição autorizada (o Ministério Público, por exemplo) apresentar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade que o STF confirmará a decisão anterior. Perda de tempo, portanto.

Fora isso é de se perguntar como seria na prática a proibição em tempos de comunicação total e instantânea. O veto seria estendido à internet, às redes sociais? Além de impossível, era o que faltava.

Isso não quer dizer que a "participação" das pesquisas em campanhas eleitorais não esteja a merecer correções de rumos. Mas não pela via que atualmente parece ter virado a solução para todas as insatisfações: a proibição pura e simples. Seja de liberdade aos autores de biografias, em nome das eventuais calúnias, seja de pesquisa para resguardar a autonomia mental do eleitor.

O que não se deve é dar a essas consultas a dimensão de oráculo. Elas fornecessem informações, e por isso não podem ser subtraídas do público, mas não oferecem todos os dados. Proibi-las não dará ao eleitor o discernimento que por muitas vezes lhe faz muita falta.

Não corrigirá, sobretudo, a deformação que parece mais grave e de enfrentamento urgente: a dupla militância de institutos de pesquisa que, contratados por essa ou aquela campanha, têm seus trabalhos divulgados como se isentos da possibilidade de agradarem ao cliente estivessem.

Isso, sim, cria suspeição. Isso, sim, deveria ser proibido.

Voto facultativo. Enfim, surge uma questão relevante nas discussões sobre reforma política no Congresso: o fim do voto obrigatório, como proposta a ser apresentada pelo grupo que cuida do assunto na Câmara. Ainda que não seja aprovado pelo conjunto dos parlamentares - o que provavelmente não será, pois político não abre mão da reserva de mercado - a simples entrada do tema em pauta já dá uma arejada no ambiente.

Notadamente porque "chama" o eleitor para dentro do debate até agora restrito a assuntos do interesse exclusivo dos partidos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

As mosqueteiras do Planalto - Luiz Carlos Azedo

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que já foi articulador político do governo Lula, foi um dos principais artífices da aprovação do programa Mais Médicos pelo Congresso, sancionado na terça-feira, mas acabou desautorizado pela presidente Dilma Rousseff. Fez um acordo para a aprovação do programa e o dispositivo acabou vetado. “A Ideli e a Gleisi é que fecham os acordos, elas não aprovam nada sem antes consultar diretamente a presidente Dilma Rousseff”, explica o líder do PSD na Câmara, Eduardo Francisco Sciarra (PR), que hoje comanda uma bancada de 42 deputados. Segundo ele, não adianta nenhum ministro forçar a barra, “elas só batem o martelo depois de consultar a presidente da República.”

Além de desautorizado por Dilma, Padilha apanha da oposição no Congresso. Foi para o pelourinho porque não pode sequer assumir que fez o acordo e levou um puxão de orelhas. Pelo contrário, é obrigado a tergiversar sobre o assunto. A emenda da oposição condicionava a permanência dos médicos contratados na segunda fase do Mais Médicos à criação de uma carreira específica, como reivindicam as entidades da categoria. O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), apoiou a aprovação do programa por causa da emenda. Agora, acusa Padilha de romper o acordo. A situação de Padilha não é nova na Esplanada, praticamente todos o ministério já passou pela mesma situação.

A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, são tratadas pela maioria dos políticos do Congresso como duas Genis. O mínimo que dizem a respeito delas — inclusive parcela da bancada do PT — é que não têm competência para os cargos que ocupam. As duas, porém, são uma espécie de mosqueteiras da rainha, sobrevivem nos respectivos cargos desde a posse de Dilma, apesar da forte oposição instalada na própria base do governo. Quem tromba com elas acaba se dando mal, como aconteceu com o ex-líder do governo na Câmara Cândido Vaccarezza (PT-SP). Na verdade, o nome da muralha é Dilma Rousseff.

Outra mosqueteira é a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que monitora a execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e negocia a aprovação do Orçamento da União com o Congresso. O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), deputado Danilo Forte (PMDB-CE), aprovou ontem seu relatório na comissão mista do Congresso, já prevendo a nova redação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento Impositivo, que torna as emendas parlamentares de execução obrigatória. Só fechou o texto depois de semanas de negociação com a ministra. Acabou limitando as emendas dos deputados e senadores a irrisórios 1,2% da receita corrente líquida (RCL) do ano prevista na proposta orçamentária, sendo que metade será destinada obrigatoriamente para “ações e serviços públicos de saúde”, conceito que abrange o Sistema Único de Saúde (SUS). Foram derrubados 1.081 destaques, sendo 82 do senador Walter Pinheiro (BA), estrela petista na Casa, que recebeu orientação da ministra para retirá-los. Para alegria dos desafetos, Gleisi e Ideli devem deixar a Esplanada para concorrer às eleições, mas ninguém se surpreendará se Miriam Belchior acabar deslocada para a Casa Civil, cujo funcionamento conhece muito bem.

Miscelânea
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (PMDB) para uma conversa em São Paulo, na semana passada, e disse-lhe que, segundo as pesquisas internas do PT, ele seria o favorito ao governo capixaba — do qual o PMDB acaba de desembarcar. A proposta de Lula é que Hartung seja candidato ao Palácio Anchieta contra o governador Renato Casagrande (PSB), abrindo a vaga do Senado para o ex-prefeito de Vitória João Coser (PT). O vice-presidente da República, Michel Temer, que tratou do assunto no seu encontro com Lula, já trabalha para remover da disputa o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

Em tempo: o Ibope divulgado ontem foi de tirar a oposição do rumo: quem apostou no desgaste de Dilma com o leilão do poço de petróleo de Libra(pré-sal), perdeu. Resumo da ópera: Dilma tem 41%; Aécio, 14%; e Campos, 10%. Marina, no lugar de Campos, teria 21%; Dilma, 39% e Aécio, 13%. Com Serra no lugar do Aécio, Dilma teria 40%; o tucano, 18%; e Campos, 10%. Conclusão: risco de segundo turno somente com Marina Silva (21%) e José Serra (16%). O Ibope esteve uma semana na rua, em 143 cidades, até ontem.

Fonte: Correio Braziliense


Eficiência na energia, sem horário de verão - Washington Novaes

Diz o noticiário (Agência Estado, 20/10) que será de R$ 400 milhões a economia de energia (0,5%) que o País fará com o horário deverão, nas duas horas de pico do consumo (19 às 21 horas), até 10 de fevereiro. Serão 2.065 MW no Sudeste e no Centro-Oeste, mais 630 MW no Sul, "sobretudo de usinas térmicas". A razão invocada pelo Ministério de Minas e Energia é o baixo volume de água retido em reservatórios de usinas hidrelétricas.

No País todo, diz a Empresa de Pesquisa Energética, o consumo per capita de energia é de 2.500 MWh, que, multiplicados por mais de 200 milhões de pessoas, se traduzem em 532 mil GWh. Nageração de energia em 2011 - segundo conferência do professor José Goldemberg (Problemas Brasileiros, setembro/outubro 2013) – a hidreletricidade respondia por 86%; pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), por 4%; térmicas a gás, por 3%; nuclear, por 3%; eólica, biomassas, a óleo (biocombustível, gás/óleo), por 1% cada; e usinas a carvão mineral, também por 1% cada.

A ABE Eólica, que congrega as usinas movidas por ventos, afirma que o setor já tem hoje 2,7 GW e chegará a 16 GW até 2021 (o que nos poderia dispensar das usinas movidas a carvão mineral, as mais poluidoras entre todas). É preciso acrescentar que, até aqui, a área federal tem desestimulado os projetos nessa área das eólicas, a ponto de haver impedido, recentemente, sua participação em leilão para novas usinas depois de vir a público que dezenas de usinas já instaladas no Nordeste não entravam em atividade porque o governo federal, a quem cabia a obrigação, por contrato, não construíra as linhas para levar a energia das turbinas até as linhas de transmissão. Também há fontes, já citadas em outros artigos neste espaço, segundo as quais estamos perdendo nas linhas de transmissão até 17% da energia gerada - a área federal dá números menores.

A inconveniência das térmicas a carvão, além da poluição gerada, está também no preço -a ponto de, no mais recente leilão de novos projetos, nenhuma das três que concorriam pôde ir adiante, já que seu preço, de R$ 170 por MWh, era superior ao teto do edital, de R$ 140 (Folha de S.Paulo, 11/9).

Seria o horário de verão indispensável mesmo? Não haveria outros caminhos para evitar os contratempos para mais de 100 milhões de consumidores? No debate com o professor Goldemberg mencionado há poucas linhas, Mário Ernesto Humberg (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) citou estudo segundo o qual seria viável reduzir o consumo de energia no País em 30%. O próprio professor Goldemberg lembrou, em outra ocasião, que hoje mais de 50% do consumo de energia nos shopping centers brasileiros vai para sistemas de ar-condicionado, que, por sua vez, servem para enfrentar o aquecimento gerado pelo sistema de iluminação em estabelecimentos absolutamente fechados para o ambiente externo, que não se servem em nada da iluminação natural. Um círculo vicioso de desperdício.

É assim mesmo. Há pouco tempo o autor destas linhas, ao participar de um evento no auditório da Oca, no Parque do Ibirapuera, às 10 horas de uma manhã luminosa, de céu azul, fez questão de contar: havia centenas de luminárias acesas no salão, exatamente porque não entrava no ambiente nenhuma iluminação natural. E teve oportunidade também, na época em que foi secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal (1991-1992), de participar de um episódio demonstrativo.

O Distrito Federal importava na época, de usinas em outros Estados, 97% da energia que consumia e, na prática, exportava renda - num lugar com crescimento vertiginoso da população, por causa das migrações, e; que precisava também por isso gerar renda e empregos em alta densidade. A secretaria propôs, por essa razão, implantar um programa de conservação de energia e eficiência energética. Começando pelo setor público, que consumia cerca de 20% da energia total. Se conseguisse reduzir em 25% o consumo, seriam 5% do consumo total que deixariam de ser providos pela energia gerada fora.

Criado um grupo de trabalho com vários secretários e dirigentes de empresas para conceber e implantar o programa - que começaria pelo edifício anexo ao Palácio Buriti, onde havia várias secretarias -, na primeira reunião, logo que expostos os objetivos, um dirigente da empresa distrital de energia afirmou que não cumpriria o programa porque ""seria linchado por funcionários e fornecedores", com a redução do faturamento da empresa (proporcional à redução do consumo). Foi preciso criar um caminho adicional para que o governo levasse para a empresa, sob a forma de aporte de capital, o equivalente à redução do faturamento.

Iniciada a implantação no anexo do Buriti, verificou-se que, em projeto recente, o arquiteto optara pelo comando centralizado de energia por pavimento. Para acender uma única luminária era preciso acender todo o pavimento, houvesse ou não necessidade. A única forma foi desligar manualmente luminárias, porque um estudo da iluminação demonstrara que a luz que vinha do exterior era três vezes maior que a necessária naquele lugar. Mas com o desligamento e outras providências foi possível reduzir em 40% o consumo de energia no anexo. Só que com a saída do secretário de Meio Ambiente todo o programa foi esquecido.

O episódio serve para mostrar quanto desperdício pode ser evitado ou combatido - sem obrigar a população a fazer sacrifícios. E a necessidade de caminhar em direção a outros programas de implantação de energias renováveis, de microgeração distribuída (como se está fazendo no Paraná, gerando energia a partir de dejetos de animais) e outros caminhos. Só nos edifícios brasileiros a economia seria enorme, pois eles respondem por 47% do total da energia elétrica consumida no País (urbanista Mônica Welker, UFRJ, revista Eco 21, setembro 2013).

Com mudanças na matriz energética e programas de conservação de energia não precisaremos de horário de verão.

Jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

Panorama Político - Ilimar Franco

Novos tempos
O governo Dilma vai ampliar sua verba de publicidade destinada à internet no Orçamento de 2014. O planejamento prevê a ampliação para até 15% do valor destinado à propaganda da Secom. O governo segue uma tendência de mercado de migração para a internet. Os protestos de junho, no qual as novas mídias e as redes sociais tiveram grande peso, influenciaram na definição.

Rio. Sucessão. Presidente Dilma.
A direção do PT não quer a presidente Dilma desfilando nos vários palanques à sua disposição no Rio. A ideia em debate é a "presidente fazer o palanque dela e convidar todos os seus aliados a subir" Estariam nessa situação Luiz Fernando Pezão (PMDB), Lindbergh Farias (PT), Marcelo Crivella (PRB) e Anthony Garotinho (PR). O governador Sérgio Cabral foi avisado que o PT não pode retirar sua candidatura, para superar a Síndrome de 1998, quando houve intervenção no estado. E já foi dito ao senador Lindbergh Farias que ele deveria dar graças de ser mantido. Na ótica do comando petista, o mais difícil é garantir sua candidatura e ele não deveria jogar isso fora.

"Querem transformar o PMDB em sublegenda do PT com essa história de palanques duplos. Não vamos aceitar isso"
Danilo Forte
Deputado federal (PMDB-CE)

Vetado
O acordo entre o PT e o PMDB no Espírito Santo faz água. O PT não aceita apoiar o senador Ricardo Ferraço. Sua participação na fuga de Roger Molina, da Bolívia, pesa. O PT quer que o ex-governador Paulo Hartung seja o candidato.

Magri faz escola
Ao discursar ontem em audiência pública no Senado, o ministro Guido Mantega (Fazenda) inventou uma nova palavra. Ele afirmou: "A quem beneficia essa retrocessão (sic)?". A pergunta foi seguida de risada geral. Foi imediata a associação com o "imexível" criado pelo ministro do Trabalho no governo Collor Antônio Rogério Magri.

Ressentimento
São muitas as queixas no DEM. Reclama que o candidato Aécio Neves (PSDB) não conversa com o conjunto do partido. E adverte que não basta apenas dialogar com o presidente da legenda, José Agripino (RN), e o prefeito ACM Neto (Salvador).

O calo tucano
O candidato do PSDB, Aécio Neves, tem uma grande dor de cabeça no Rio Grande do Sul. O partido, que venceu por lá nas últimas três eleições presidenciais, teme ser contaminado pela péssima imagem da ex-govemadora Yeda Crusius. Por isso, o PMDB reluta em apoiá-lo e o PP namora com Eduardo Campos (PSB). Yeda não elegeu a filha vereadora em Porto Alegre.

Os comunistas
Tradicional aliado, o PCdoB fez três pedidos ao PT. Ele quer o apoio para as candidaturas de Flávio Dino ao governo do Maranhão, e de Perpétua Almeida (AC) e Inácio Arruda (CE) ao Senado. Perpétua está garantida. Inácio depende.

Os prefeitos querem mais
O prefeito Alexandre Cardoso (Duque de Caxias) organiza movimento para que a presidente Dilma inclua no programa de governo o compromisso de ampliar as receitas dos municípios. Esta era uma das promessas da campanha de 2010.

O governador em exercício de Sergipe, Jackson Barreto, reclamou na cúpula do PMDB que não tem autonomia e que sofre com a patrulha do PT.

Fonte: O Globo

Painel - Vera Magalhães

Fala que eu te escuto
Preocupada com as movimentações do PMDB para marcar uma pré-convenção da sigla para março, Dilma Rousseff pretende receber isoladamente líderes regionais do partido, como fez esta semana com Jader Barbalho. Para interlocutores do Planalto, a ideia da legenda de discutir antecipadamente a chancela à reeleição da presidente partiu de "rebeldes" da sigla, mas conta com apoio de aliados como Sérgio Cabral e José Sarney, insatisfeitos com o PT nas negociações eleitorais.

Abre alas Ministros do PT receberam sinal verde do Planalto para prometer uma pasta para o PTB na reforma do fim do ano. O mais cotado é Benito Gama, vice-presidente do Banco do Brasil.

Telefone... Lula reclamou com amigos que Aécio Neves (PSDB) foi extremamente pessimista em relação ao Brasil na palestra que fez a investidores em Nova York.

... sem fio Um dos amigos transmitiu o recado ao mineiro, que pediu que o interlocutor respondesse que estava com saudades do ex-presidente e que só foi pessimista em relação ao governo, não ao país. "O PT tem de parar de confundir: uma coisa é o governo, outra é o Brasil."

Campo amigo Aécio vai concentrar sua agenda nas próximas semanas em áreas governadas pelo PSDB. Além de rodar por São Paulo, o mineiro deve ir a Manaus para participar de homenagem ao prefeito Arthur Virgílio e a Goiânia, com Marconi Perillo.

Pelos ares 1 A FAB vai envolver 11 aeronaves na operação para deslocar médicos intercambistas para as cidades onde vão atuar no Mais Médicos. O Ministério da Defesa confirma que é o maior deslocamento humano que a FAB já realizou no país.

Pelos ares 2 Só no fim de semana, sairão voos de Brasília, Vitória e Recife com destino a 16 capitais. Em quatro dias, até 2.149 médicos serão transportados pela FAB.

Aí, não Advogados apontam que pode haver crime eleitoral na propaganda partidária do PT, exibida ontem, que apresentou o depoimento de um médico cubano para promover o Mais Médicos.

A regra é clara O Código Eleitoral veda expressamente a participação de estrangeiros em "atos de propaganda". A pena prevista é de até seis meses de detenção e pagamento de multa.

Controle... João Santana não deve comandar diretamente o marketing eleitoral da campanha de Alexandre Padilha (Saúde) ao governo de São Paulo. O próprio partido reconhece que o melhor é que ele se dedique exclusivamente à reeleição de Dilma.

... remoto O modelo desejado pelo PT é que Santana indique uma equipe de sua confiança para coordenar a comunicação no Estado e supervisione o trabalho. Modelo parecido foi usado na campanha de Patrus Ananias à Prefeitura de Belo Horizonte.

Marinou Eduardo Campos (PSB) lança na próxima quinta-feira um plano para transformar Fernando de Noronha no primeiro território do Brasil com carbono zero. Daniel Cohn-Bendit, político ambientalista europeu que apoiou Marina Silva na eleição de 2010, foi convidado.

Na tela Campos e a mulher, Renata, vão participar do Teleton, programa beneficente exibido pelo SBT. Geraldo Alckmin (PSDB) também confirmou presença.

Cartas na mesa Secretários de Fernando Haddad (PT) recebem hoje o Movimento dos Sem-Teto para discutir a ocupação de terrenos da prefeitura pelo grupo. Se houver despejo, a entidade promete novos atos a partir da semana que vem.

Tiroteio

"Não aprovamos piso de R$ 950 para agentes de saúde, mas aprovamos R$ 10 mil para médicos cubanos prestarem o mesmo serviço."

DO DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre a ação do governo que adiou a votação do projeto que estabelece piso salarial para agentes de saúde.

Contraponto

Dose de calmante

Na inauguração de uma enfermaria da Santa Casa de São Paulo, no início do mês, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) lembrou seus tempos de residente no Hospital do Servidor Estadual.

O tucano contou que, durante o curso de anestesia, um colega interpelou o professor com uma série de perguntas. O professor respondeu a todas pacientemente, mas começou a se irritar com a insistência do aluno.

--Ele continuou perguntando e, quando chegou à décima pergunta, o professor respondeu: "Aí você chama um médico de verdade, viu?" --contou Alckmin, rindo.

Fonte: Folha de S. Paulo