A presidente passou o feriado reunida com 15 ministros com o objetivo de “destravar” o país e preparar o cenário da reeleição. Pastas das áreas sociais e de infraestrutura foram as mais cobradas. Obras tocadas pelo Exército se tornam modelo de eficiência e baixo custo
Feriado de muitas broncas e promessas
Após sete horas de reunião com 15 ministros, ontem, no Palácio da Alvorada, Dilma Rousseff mostrou sua
preocupação com atrasos e riscos em torno de projetos. Ela questionou andamentos e cobrou resultados
Rosana Hessel, Leandro Kleber
A presidente Dilma Rousseff se reuniu ontem por sete horas com 15 ministros das áreas social e de infraestrutura para cobrar deles resultados e recolher informações a fim montar uma agenda de anúncios para os próximos dois meses, como os leilões dos aeroportos de Confins (MG) e Galeão (RJ) e de mais duas rodovias federais. A chefe do Executivo promete continuar mantendo essa rotina de encontros com a sua equipe para evitar a continuidade de resultados frustrantes.
Em pleno feriado de Finados, sua intenção relevada em três postagens no Twitter antes da reunião era montar “um cronograma de entregas de obras federais pelo país”, tentando descartar o caráter extraordinário da convocação. Apesar disso, não há sinais de progressos. O encontro foi marcado por broncas da presidente em auxiliares, aos quais endereçou perguntas específicas sobre as principais políticas de cada área. Ela cobrou o desenvolvimento das ações e dos programas.
Alguns ministros ouviram mais reclamações do que outros. A pasta de transportes, uma das principais do governo, não “apanhou tanto”. O mesmo não ocorreu com o primeiro a falar depois que a presidente abriu o encontro: o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu uma enxurrada de questionamentos da presidente. Ela perguntou a ele como estava o andamento do Programa Mais Médicos, se os profissionais estão chegando e onde são hospedados. Um a um, todos os ministros falaram sobre as suas respectivas áreas, com seguidos questionamentos dela.
A estratégia de Dilma é pavimentar o caminho para a reeleição em 2014, fazendo balanços e cobranças, e exigindo de seus ministros celeridade no andamentodos projetos. “Temos uma agenda, enfim, de entrega de várias obras que vão ser executadas, sobretudo, neste fim de ano. Devemos prestar contas à população. Afinal, a presidente lançou uma série de programas, fez compromissos e agora está na hora das entregas do governo”, explicou a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, ao sair da reunião no Palácio da Alvorada.
Ela citou que há várias entregas na área social, como em educação e saúde e no Programa Brasil sem Miséria. Para a infraestrutura, Gleisi destacou estradas e portos. “Foi um dia bastante produtivo”, resumiu, sem detalhar qual será o cronograma. A ministra foi ao encontro em um carro particular, conduzido pelo marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
Dilma mostrou preocupação com as obras da transposição do Rio São Francisco, que caminham a passos lentíssimos. “Ela perguntou ao ministro (da Integração, Francisco Teixeira) sobre a transposição”, contou Bernardo. O chefe das Comunicações informou que outros temas de interesse parados no Congresso também fizeram parte das discussões, como o Marco Civil da Internet, que está trancando a pauta da Câmara dos Deputados. Dilma reforçou que o governo é a favor da neutralidade da rede e do armazenamento dos dados no país. “Estamos dialogando com os deputados”, acrescentou Bernardo.
“A presidente tem compromisso com todos os programas lançados e pediu empenho dos ministros de todas as áreas que estavam aqui”, completou Gleisi, destacando que as prioridades de Dilma estão “diretamente relacionadas com as necessidades da população, principalmente em saúde e educação. “Esse é o grande compromisso da presidente”, pontuou ela. O porta-voz da Presidência, Thomas Traumman, informou que a chefe do Executivo planeja encontros semanais sobre pastas específicas do governo. As próximas vão tratar dos grandes eventos esportivos (Copa do Mundo e Olimpíada) e da agricultura. Também é esperado um dia apenas para tratar de infraestrutura.
Segundo tempo
Alguns nomes que deveriam participar da reunião de ontem acabaram ficando para um segundo momento, em razão de uma missão especial à China liderada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, com ministros de Estado e secretários executivos de ministérios, além de técnicos de governo e empresários. Eles embarcaram na noite de sexta-feira para cumprir uma agenda de encontros bilaterais de alto nível. Os investimentos chineses no Brasil e a abertura de mercados a produtos nacionais figuravam como os primeiros itens da pauta da delegação. Há nela ainda parcerias nas áreas de ciência, tecnologia e educação. O grupo passará por Macau, Cantão e Pequim. Os chineses estão presentes no único consórcio vencedor do leilão do Campo de Libra.
Quando retornarem da viagem, a conversa com Dilma de ontem prosseguirá com os titulares da Agricultura, Antônio Andrade, da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Wellington Moreira Franco, e da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp. A data ainda não foi definida. Mas o tom será o mesmo: de cobranças.
Lista de convocados
Ministros presentes ontem no Alvorada
Nome Pasta
Aguinaldo Ribeiro - Cidades
Alexandre Padilha - Saúde
Aloísio Mercadante - Educação
Antônio Henrique Pinheiro - Secretaria de Portos
César Borges - Transportes
Edison Lobão - Minas e Energia
Eleonora Menicucci - Secretaria das Mulheres
Francisco Teixeira - Integração Nacional
Gleisi Hoffmann - Casa Civil
Ideli Salvatti - Relações Institucionais
Izabella Teixeira - Meio Ambiente
Miriam Belchior - Planejamento
Paulo Bernardo - Comunicações
Pepe Vargas - Desenvolvimento Agrário
Tereza Campello - Desenvolvimento Social
Fonte: Presidência da República
Fonte: Correio Braziliense