sábado, 2 de março de 2013

OPINIÃO DO DIA – Miro Teixeira: Ação Penal 471

Não acredito que a presidente Dilma esteja trocando cargos no governo por apoio em 2014. Esse seria o primeiro passo para a Ação Penal 471

Miro Teixeira, deputado (PDT-RJ), O Globo, 1/3/2013

Manchetes de alguns dos principais jornais do país

O GLOBO
PIB de 0,9% faz Brasil cair no ranking mundial
Direitos Humanos: Polêmica à vista na Câmara
Para Lula, quem errou tem de pagar

FOLHA DE S. PAULO
Apesar de incentivos, PIB cresce só 0,9% em 2012
Presidente da Argentina quer 'democratizar' Justiça do país
Campos critica corrida eleitoral durante 'situação de dificuldade'
Prefeitura sabia que prédio no centro corria risco de desabar

O ESTADO DE S. PAULO
Brasil cresce 0,9% e há dúvida sobre ritmo da recuperação
Ministro do STF duvida de previsão
'Se alguém quiser romper conosco, que rompa', diz Lula

CORREIO BRAZILIENSE
País cresce apenas 0,9%, o menor PIB desde 2009
Grupo articula eleição de um papa brasileiro

ESTADO DE MINAS
O Brasil cresceu: Deu pra perceber?
Polícia e MP investigam bolsas-pesca irregulares
Só o autoexame de mama é desaconselhado

O TEMPO (MG)
2012, o ano em que o PIB do Brasil quase não aconteceu
Lula desafia partidos aliados
Conclave deve começar em 11 de março, diz imprensa italiana

GAZETA DO POVO (PR)
O nó do PIB
O primeiro dia sem papa
Justiça manda Ducci devolver R$ 80 mil aos cofres públicos
“Vamos construir repúblicas para os moradores de rua”

ZERO HORA (RS)
Lições da grande dor
Baixo investimento congela economia do país em 2012

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Seca atinge todo o Estado
PSB definirá seu destino, avisa Eduardo
PIB do Brasil cresceu apenas 0,9% em 2012

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do país

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

HABEMOS PIBINHO: PIB de 0,9% faz Brasil cair no ranking mundial

Consumo das famílias continuou crescendo, mas país não é mais a sexta economia

Em meados do ano passado, diante da previsão de um banco estrangeiro de que país cresceria só 1,5%, o ministro Guido Mantega reagiu e disse que era uma "piada" Mas o número do IBGE ficou muito abaixo disso.

A economia brasileira cresceu modesto 0,9% em 2012, pior resultado desde 2009. Mais um vez, o gasto das famílias e o setor de serviços impediram que o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) fosse ainda mais pífio. Houve recuo nos investimentos e a indústria encolheu. Nem as desonerações de impostos, que estimularam o consumo, foram capazes de fazer o país deslanchar. Com esse PIB, o Brasil perdeu o posto de sexta economia mundial, que voltou a ser ocupado pelo Reino Unido. A presidente Dilma Rousseff não comentou a taxa.

Foi uma piada

PIB cresceu só 0,9% em 2012 e a esperada reação no fim do ano decepcionou. Investimento caiu

Henrique Gomes Batista, Nice de Paula e Clarice Spitz

A economia brasileira cresceu 0,9% em 2012 - o pior resultado desde a recessão de 2009 - e o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços) chegou a R$ 4,403 trilhões. Em 2011, o avanço também foi pequeno: 2,7%. Apesar de todos os incentivos, o resultado foi abaixo do esperado anteriormente pelo próprio governo e fez o PIB per capita ficar praticamente estável, com alta de 0,1% sobre 2011, chegando a R$ 22.402. O número ficou abaixo das projeções de junho do banco Credit Suisse, de alta de 1,5%, que foi classificada, à época, como "piada" por Guido Mantega, pois o titular da Fazenda garantia que o resultado seria muito melhor.

Mas essa "piada" custou ao Brasil o posto de sexta maior economia do planeta. Nem mesmo a leve recuperação do último trimestre do ano passado evitou que diversos analistas revisassem para baixo as expectativas de crescimento para 2013, para perto de 3%, motivados principalmente pela baixa do investimento, que voltou aos patamares dos piores momentos da crise global de quatro anos atrás, com recuo de 4% em 2012. No segundo ano seguido de crescimento baixo no seu governo, a presidente Dilma Rousseff não fez comentários sobre o resultado da economia brasileira.

Construção civil caiu

Nos últimos três meses de 2012, o PIB cresceu 0,6% na comparação com o terceiro trimestre, que por sua vez havia apresentado alta de 0,4% sobre o período anterior. Mas essa aceleração, afirmam, ocorreu em velocidade aquém da necessária para dar ao país um ritmo de crescimento sustentável e dentro do esperado pelo próprio governo, na casa de 4% ao ano: anualizada, a taxa do quarto trimestre, mesmo com a recuperação, chegou apenas 2,4%.

O destaque positivo foi a alta de 0,5% no investimento na comparação com o terceiro trimestre de 2012, após cinco trimestres seguidos de baixa. A indústria também apresentou, nesta comparação, alta de 0,4%, embora a indústria de transformação e a construção civil tivessem desempenhos negativos, com queda de 0,5% cada uma.

- É preciso ser cauteloso, mas na margem houve uma mudança e pode ser um sinal de que estamos tendo uma retomada - disse Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE.

José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, acredita que quem consegue enxergar nos números do IBGE uma retomada de crescimento mais vigoroso tem "olhos mágicos":

- O resultado veio sem surpresas e mostra que, na melhor das hipóteses, cresceremos 3% neste ano.

Governo consome mais que famílias

Enquanto em 2012 o consumo das famílias apresentou alta de 3,1% e os gastos do governo avançaram 3,2%, os investimentos caíram 4%. A produção industrial do país recuou 0,8% - na indústria da transformação a queda foi ainda maior, de 2,5% - e a agricultura apresentou retração de 2,3%. Do lado da oferta, o único destaque foram os serviços, que apresentaram alta de 1,7%.

- Este foi o terceiro pior resultado da economia em 12 anos. O país cresceu apenas 0,9% apesar de todos os incentivos do governo, em parte porque estes incentivos foram feitos de qualquer maneira, sem uma estratégia, focados no consumo, mas sem objetivos claros - afirmou Mônica de Bolle, economista da Galanto Consultoria.

Para Mônica, os exemplos mais gritantes dos desequilíbrios na economia são as quedas da taxa de investimento, que passou de 19,3% do PIB em 2011 para 18,1% no ano passado, mesmo patamar de 2009, e da taxa da poupança, que desabou de 17,2% para 14,8% do PIB no ano passado, pior resultado desde 2002. Fábio Kanzuc, professor da FEA/USP, acredita que, com investimentos de 18% do PIB, a economia cresce apenas 2%.

- A forte queda na taxa de poupança, e consequentemente do investimento, não é causalidade, casa justamente com a informação de que os gastos do governo cresceram em velocidade maior que o consumo das famílias. Parte deste resultado fraco do PIB é consequência do aumento do gasto público - afirmou Roberto Padovani, economista do Banco Votorantim.

Os gastos do governo crescendo acima do consumo das famílias era um fato que não ocorria desde 2004. Uma das causas, diz Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE, foi o aumento no número de funcionários públicos em 2012.

Leonardo Carvalho, economista do Ipea, afirma que a leve recuperação do PIB no quarto trimestre já garante para este ano um crescimento de 1%, ou seja, se o país não crescer nada este ano, vai herdar expansão do ano anterior. Ele acredita que a grande diferença deste ano em relação ao início de 2012 é o fato de as empresas estarem com os estoques baixos:

- Este ano está começando sem o acúmulo indesejável de estoques e temos um indicador de aumento de 1,5% na produção industrial de janeiro - disse.

Alexandre Maia, da GAP Asset Management, diz que o futuro é incerto :

- Temos que ser mais modestos nas nossas pretensões de crescimento potencial, a menos que tenhamos uma agenda de produtividade e de competitividade, nosso equilíbrio do crescimento ainda está muito aquém do que poderia.

Fonte: O Globo

Governo Dilma cresceu menos que FH e Lula

Nos dois primeiros anos da petista, taxa média foi de 1,8%

Nice de Paula

Com o crescimento de 0,9% da economia em 2012, divulgado ontem pelo IBGE, a expansão anual média do país durante os dois primeiros anos do governo Dilma Rousseff foi de 1,8%. É um resultado mais baixo do que o registrado em períodos semelhantes pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com cálculos do economista Reinaldo Gonçalves, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, durante o primeiro governo FH, foi registrado um crescimento médio ao ano de 3,3% nos primeiros dois anos. No segundo mandato, a taxa ficou em 2,3%. Quando Lula terminou seus dois primeiros anos no Planalto, a expansão econômica era de 3,4% ao ano, em média. Já na primeira metade do segundo governo, o Produto Interno Bruto cresceu, em média, ainda mais ao ano: 5,6%.

- É impossível que Dilma Rousseff termine este governo com um resultado semelhante à média dos oito anos do governo Lula. Para isso, o país teria que crescer 6% nos próximos dois anos, o que, pelos padrões da economia mundial, tem 100% de probabilidade de não acontecer - diz Gonçalves.

De acordo com os cálculos do economista, durante os dois governos do presidente Lula, o Brasil cresceu em média 4% ao ano. Já durante os oito anos em que foi comandado por Fernando Henrique, a expansão anual ficou em 2,3%.

- Considerando as projeções otimistas do Fundo Monetário Internacional (FMI), que preveem crescimento de 3,5% neste ano e 4% no ano que vem, a média de expansão no governo da presidente Dilma será de 2,8%. Um resultado medíocre - opina o economista.

Segundo Gonçalves, o mau desempenho de Dilma é resultado do legado deixado pelo presidente Lula, "com milhões de pessoas inadimplentes e investimentos travados".

- E há a inoperância do atual governo. Consumo, investimento e gastos públicos limitados. Políticas expansionistas (fiscal, creditícia, monetária) têm pouco impacto neste contexto.

Gonçalves também analisou o desempenho de 30 presidentes com mandatos superiores a um ano e concluiu que a média histórica de crescimento do país é de 4,5% ao ano. A maior taxa média anual, de 11,5%, foi registrada no governo de Emilio Garrastazu Médici (1969-1974), com 11,9%, e a menor, no de Floriano Peixoto (1891-1894), com uma queda de 7,5%.

Se confirmar a expansão média anual de 2,8% durante seus quatro anos de governo, Dilma ficará no 24º lugar no ranking de crescimento econômico. Lula está na 19ª posição, com a média dos dois mandatos, e FH, na 27ª, também nos dois períodos de governo.

O Globo

Oposição critica queda nos investimentos e inflação

Para parlamentares, gasto público é de má qualidade e afeta competitividade

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA - A oposição criticou a atuação da equipe econômica frente à crise do ano passado, que resultou no PIB de 0,9%. Parlamentares de DEM e PSDB criticaram a queda nos investimentos e alertaram para a volta da inflação, lembrando que esse problema fora controlado por Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Potencial candidato à Presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que o país vem perdendo tempo e não tem conseguido retomar o crescimento. Para ele, o resultado do PIB traz "tristes constatações", como a de que o Brasil foi um dos países com menor crescimento em 2012.

"Tivesse o governo do PT tomado melhor pé da situação já no decorrer de 2012, é possível que nossa economia não tivesse tido desempenho tão negativo quanto o crescimento de 0,9% conhecido nesta manhã", disse Aécio, em nota.

- O governo adota uma política econômica com a qual o país não tem conseguido crescer e há a volta da inflação - acrescentou o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP).

No DEM, os parlamentares destacaram o perigo da volta da inflação. O líder do partido na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), disse que o país enfrenta problemas de estagnação econômica e inflação:

- Estamos vivendo uma situação de estagflação por incompetência gerencial. Esse governo só cresce nas despesas de custeio.

O presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), disse que o PIB de 0,9% mostra que a competitividade do Brasil "está jurada de morte":

- Enquanto os países da Europa em crise enfrentam os problemas de frente, no Brasil exercita-se o jogo do faz de conta. Nada do que foi feito produziu resultado porque não se foi ao centro da questão: gasto público de má qualidade, que retira do país a condição de baixar impostos e fazer a infraestrutura que falta para baixar o custo Brasil.

Para o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), o "pífio" crescimento de 2012 comprova que o governo está desnorteado. Aliado do governo e relator do Orçamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que, além das desonerações, é muito importante reduzir o custo Brasil.

Fonte: O Globo

Resultado do PIB é um 'desastre' e indica que governo Dilma está 'perdido', diz Freire

Desempenho do PIB afetará empregos, adverte Freire

Fábio Matos

Após a divulgação de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou um crescimento de apenas 0,9% em 2012, no pior desempenho da economia do país desde 2009, o deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, qualificou o resultado como um “desastre” e criticou o governo da presidente Dilma Rousseff e o legado deixado pelo antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

“Mais uma vez, fica demonstrado o desastre gerado pela incompetência do governo. Essa incompetência agrava a situação deixada pelo governo Lula, de total descalabro”, afirmou o parlamentar ao comentar os números referentes ao quarto trimestre e ao ano de 2012, divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Talvez o maior exemplo seja o que foi feito na Petrobras. Houve um populismo exacerbado, uma despreocupação total com a economia, falta de investimento, consumismo exagerado”, lembrou o presidente do PPS. “Isso gerou um quadro que só se agrava com a incompetência do governo Dilma. E o resultado de tudo isso é que o PIB é um desastre.”

Freire também criticou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que voltou a minimizar o fraco desempenho econômico. “O quadro não é nada bom. E não adianta o governo querer fazer propaganda em cima de anúncios que já foram feitos no início de 2012, dizendo que o país vai ter altas taxas de crescimento. Vai crescer como? Vai de novo querer incentivar o consumo? O governo está perdido”, afirmou o deputado.

Roberto Freire também destacou que a incompetência do atual governo na área econômica já começa a provocar “efeitos no emprego” e problemas graves que pareciam superados no Brasil, como “repiques da inflação”. Em artigo publicado nesta sexta-feira no jornal Brasil Econômico, intitulado “Após o ‘pibinho’, desemprego já é realidade”, o presidente nacional do PPS já fazia um alerta sobre as consequências negativas da estagnação econômica do país.

“O desempenho medíocre do PIB não é apenas um número que indica o baixo crescimento ou a estagnação de nossa economia, mas acabaria provocando, como já estamos vendo acontecer, o aumento do desemprego no país”, escreveu Freire em seu artigo semanal (clique aqui e leia). “O Brasil fantasioso criado pela propaganda lulopetista não é capaz, assim como nenhum outro país seria, de proporcionar a façanha do pleno emprego sem que sua economia cresça. Mais cedo ou mais tarde, essa ilusão seria desmentida pela realidade dos fatos.”

Fonte: Portal do PPS

O pibinho sem graça de Dilma

O que era "piada" virou realidade sem graça. O IBGE oficializou há pouco o pibinho produzido no segundo ano da gestão Dilma Rousseff: a economia cresceu só 0,9% em 2012, a despeito das previsões miraculosas, mas nunca realizadas, feitas pelo governo do PT. O Brasil foi um dos patinhos feios do mundo no ano passado.

O resultado representa a pior marca desde 2009, quando houve queda de 0,3%. Afora a recente recessão, 2012 representa o pior resultado para o PIB brasileiro desde 1999, quando a economia cresceu 0,3%.

Até agora, nos seu primeiro biênio no comando do país, Dilma conseguiu produzir apenas o pior resultado para um início de gestão desde Fernando Collor de Mello (-1,66% entre 1990 e 1991). Na média, o Brasil da petista cresceu 1,8% anual nos últimos dois anos. Um vexame.

Para mensurar o desempenho da presidente nestes dois anos, vale compará-lo com algumas outras economias. A média da América Latina em 2011 e 2012 foi de 3,8%; do Chile, de 5,4%; do Peru, de 6,5%; e da Colômbia, de 5,1%, apenas para ficar em alguns exemplos, levantados por Samuel Pessôa. Só ganhamos do Paraguai, cuja média foi 1,4%. Um espanto.

O Brasil também cresceu abaixo da metade da média mundial (2,1%) em 2012, de acordo com a Economist Intelligence Unit. A média das economias em desenvolvimento também foi maior (2,6%) que a nossa. Segundo o FMI, estamos cabeça a cabeça com a Alemanha, que mal saiu de uma severa crise, e só não perdemos para algumas das economias naufragadas da União Europeia, como Itália, Portugal e Espanha, mergulhadas em recessão.

Resta claro que a culpa pelo nosso mau desempenho não é do resto do mundo. As razões estão no próprio país. Há graves entraves ao aumento da oferta, em especial de mão de obra e de logística. Além disso, instaurou-se uma séria desconfiança entre os investidores acerca do clima econômico no Brasil, minado pelas intempestivas intervenções do governo do PT.

Cada cidadão sofre as consequências na pele. Em termos per capita, o IBGE confirmou nesta manhã que o PIB do país praticamente não cresceu no ano passado: a alta foi de mero 0,1%. Isso significa que não houve ganhos para a população brasileira em 2012. Estagnamos.

O IBGE mostrou que só o setor de serviços não caiu em 2012. A agropecuária recuou 2,3% e a indústria teve queda de 0,8%. Com isso, a indústria da transformação consolidou sua trajetória rumo ao passado e ao fundo do buraco. Sua participação no PIB baixou a 13,3%, percentual só visto à época do governo Juscelino Kubitschek - vale ter ciência que, apenas oito anos atrás, em 2004, representava 19,2% e desde então só mergulhou.

Outra decepção foram os investimentos: baixa de 4% no ano (um alívio, pelo menos, foi a interrupção da queda trimestral, após quatro recuos seguidos). Com isso, a taxa de investimento voltou a cair e fechou em 18,1% do PIB no ano passado, ante 19,3% em 2011. A taxa de poupança também diminuiu de 17,2% do PIB para 14,8%.

Como a principal engrenagem econômica - a produção de máquinas e equipamentos - está travada, a perspectiva futura fica mais complicada e sombria. A economia brasileira fechou o ano crescendo 2,4% na margem (quando se considera o desempenho do quarto trimestre em comparação com o terceiro). Vai ter que acelerar para chegar, no mínimo, aos 3,1% que os analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central atualmente projetam.

O resultado conhecido nesta manhã também joga uma pá de cal na credibilidade das previsões oficiais. A presidente e sua equipe econômica iniciaram o ano passado prometendo crescimento de 3,5% para a economia. Em junho de 2012, Guido Mantega chegou a fazer pilheria da previsão de um banco que antevia expansão de 1,6% para o nosso PIB, mas o que era "piada" virou sonho inalcançado.

O PIB de 2012 escancara a incapacidade que o governo petista tem demonstrado para levar o país adiante e fazer a economia avançar num nível minimamente necessário para garantir o conforto da população. Indica, ainda, que não basta apenas turbinar o consumo, quando os motores da expansão da oferta rateiam. Diagnósticos equivocados estão nos conduzindo a becos sem saída. Dilma Rousseff agora diz que vai entregar um "pibão" aos brasileiros neste ano. É torcer para que ele não despenque sobre nossas cabeças.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

PIB fraco não afetará eleição de 2014, diz analistas

Eleitores estariam mais preocupados com renda, emprego e consumo do que com a expansão da economia

Manuela Andreoni

O aumento de apenas 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, anunciado ontem pelo IBGE, não animou. A oposição logo criticou: a política econômica seria um "jogo de faz de conta" e a economia estaria "estagnada". Economistas não se cansaram de alertar para uma condução por vezes atrapalhada da economia e para um protecionismo excessivo. A necessidade de enxugar gastos públicos e fortalecer os investimentos também foi tema constante. Mas será que, para o cidadão, o PIB é a bruxa má?

Segundo analistas, mesmo após o chamado Pibinho, o povo, com dinheiro no bolso, carteira assinada e TV na sala, não deverá ligar muito para o assunto que esquentou o noticiário econômico. Em 2014, a presidente Dilma Rousseff continua a ser forte candidata. O resultado deste ano é, sim, essencial para que o governo continue agradando ao eleitorado. Mas, com a expectativa de crescimento de 3% em 2013, a avaliação é que só um desastre faria o eleitorado mudar de ideia.

- A imagem da Dilma é de grande gestora. E um dos critérios para isso é a geração de emprego e renda. A população reclama basicamente quando falta dinheiro no bolso. E isso não está acontecendo - diz Ricardo Caldas, cientista político da Universidade de Brasília (UnB).

Os resultados positivos de 2012 são exatamente aqueles que afetam diretamente a população. Mesmo com o Pibinho e a queda no investimento no ano - que voltou a subir no quarto trimestre -, a taxa de desemprego está historicamente baixa, em 5,5%. A massa salarial cresceu 6% e a renda teve um aumento real de 6%. Com isso, a expansão do consumo das famílias foi de 3,1%.

A pesquisa CNI/Ibope divulgada em dezembro mostrou que o governo Dilma é avaliado como ótimo ou bom por 62% dos entrevistados, o mais alto percentual desde que ela assumiu a Presidência. Isso depois de ser anunciado o crescimento pífio do terceiro trimestre, de 0,6% (ontem, foi revisto para uma alta de 0,4%), que surpreendeu, negativamente, o governo e o mercado. A revista britânica "The Economist" chegou a pedir a cabeça do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Segundo a economista Hildete Pereira de Melo, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o empresariado lidou com o baixo crescimento como uma fase passageira e não demitiu os trabalhadores. Com o mercado de trabalho aquecido, o salário - com aumentos reais anuais - subiu. Para o trabalhador, não há crise.

Fonte: O Globo

Campos critica governo e Lula vê aliança em risco

Governador reprova precipitação do debate eleitoral por petistas num momento em que a economia está frágil

Virtual candidato do PSB diz que não será 'atropelado'; 'Quem quiser romper que rompa', afirma Lula

Daniel Carvalho e Bruno Pontes

RECIFE, FORTALEZA - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), criticou ontem a presidente Dilma Rousseff por antecipar o lançamento de sua candidatura à reeleição num momento em que tem dificuldades para fazer a economia voltar a crescer com vigor.

"Nunca vi quem está no governo, sobretudo quem está no governo numa situação de dificuldade, antecipar calendário eleitoral", disse o governador, após cerimônia no Recife. "Nunca vi isso dar certo."

Dilma foi lançada candidata à reeleição há uma semana pelo seu antecessor e padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abrindo uma temporada de provocações entre petistas e outros políticos interessados na corrida presidencial.

Campos, que deseja entrar na disputa pela Presidência, tem sido pressionado por aliados a lançar logo sua candidatura, mas prefere deixar o anúncio para mais tarde para não ficar exposto a ataques dos adversários tão cedo, um ano e meio antes da eleição.

Num sinal do incômodo que os petistas criaram para ele, o governador apontou pela primeira vez a presidente ao criticar a precipitação do debate eleitoral e afirmou que o PSB não aceitará ser "atropelado" por outros partidos.

"O relógio do PSB trabalha no fuso horário do PSB", disse Campos. "Não vamos trabalhar com o relógio dos outros, com o tempo dos outros, nem fazer o jogo dos outros."

Perguntado sobre as ambições presidenciais de Campos em Fortaleza, onde participou ontem de uma reunião do diretório nacional do PT, o ex-presidente Lula disse que a "aliança histórica" com o PSB foi posta em risco.

"Eu defendo a liberdade incondicional de cada partido fazer o que achar melhor", afirmou Lula. "Eu jamais tomaria qualquer atitude para impedir que algum companheiro fosse candidato."

Em seguida, acrescentou: "O que temos que ver é se estrategicamente é importante a gente colocar em questão uma coisa que tem dado tão certo para o país, a aliança histórica entre PT e PSB."

A portas fechadas, ao se dirigir à cúpula do partido na reunião do diretório nacional, Lula foi mais duro. "Quem quiser romper que rompa [com o governo]", afirmou, de acordo com relatos de participantes da reunião.

Lula quer manter unida em torno de Dilma a coalizão de dez partidos políticos que sustenta o governo petista e acha que a melhor maneira de vencer a eleição será transformá-la em um novo confronto com o PSDB, derrotado pelos petistas nas últimas três eleições presidenciais.

O PSB aliou-se ao PT em quatro das seis eleições presidenciais realizadas após a redemocratização do país. O partido controla atualmente dois ministérios, o da Integração Nacional e a Secretaria Especial de Portos.

A exemplo de Lula e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o provável candidato dos tucanos em 2014, Campos planeja iniciar em breve uma série de viagens pelo país para participar de seminários. A primeira parada será Porto Alegre, em abril.

Fonte: Folha de S. Paulo

PSB definirá seu destino, avisa Eduardo

Governador afirma que partido decidirá rumo no seu tempo, não no relógio dos outros. Lula reage e diz que caminho do rompimento é livre.

"Vamos vencer 2013 e 2014"

Em meio ao impasse com o PT e com discurso de presidenciável, governador reúne "tropa" para enfatizar metas

Otávio Batista

No meio das movimentações para a sucessão presidencial de 2014 que marcam o início desse ano, o governador Eduardo Campos (PSB) reuniu servidores públicos e comissionados de todos os órgãos e secretarias do Estado para um encontro no Teatro Guararapes, na tarde de ontem, e de lá mandou um recado claro para seus possíveis adversários em nível nacional: "vamos ganhar 2013 e 2014 também". Com o tema "Juntos vamos ganhar 2013" - um discurso repetido à exaustão pelo socialista -, e o teatro completamente tomado por sua claque de comissionados, o governador voltou a repetir algumas das críticas que vem direcionando ao governo petista: a queda dos repasses a Estados e municípios e a falta de projetos para combater a desigualdade regional. Antes, em evento pela manhã, ele havia avisado ao PT que o PSB seguirá seu próprio "fuso horário" para decidir seu rumo político.

"2014 nós vamos discutir em 2014. Agora é trabalho e foco para ir buscar a consolidação e os resultados de 2013. E quem imagina que a gente precisa começar a trabalhar agora para poder ganhar 2014, fique muito tranquilo: primeiro nós vamos ganhar 2013, e depois nós vamos ganhar 2014, com muita unidade", discursou Eduardo Campos.

Muito embora o evento seja uma constante do governo no início de cada ano, desde 2007, para apresentar as metas e antecipar o calendário com as reuniões semanais de monitoramentos instituídas por Eduardo, o governo fez questão de tratar o assunto como interno. O encontro não foi divulgado na agenda oficial do governador e os convites foram restritos aos servidores. Entretanto, imagens do encontro vazaram nas redes sociais dos participantes e a reunião caiu em domínio público.

Ainda no discurso, Eduardo voltou a fustigar o governo federal tratando do tema da desigualdade regional. "Depois de dez anos, nós (o Nordeste) deixamos de ser 13% do PIB para ser 13,5%. Em quatro anos nós conseguimos avançar a participação de Pernambuco no contexto do Nordeste em um ponto percentual. Tudo isso é muito pouco diante do sonho que temos em fazer essa transformação e esse equilíbrio regional, que continua a ser um peso no desenvolvimento brasileiro", disse.

Se o encontro tinha o objetivo de "compartilhar os resultados obtidos em 2012 e alinhar metas para 2013", a meta estabelecida pelo governo para seus servidores em 2013 foi um só: cortar gastos para sobrar dinheiro e aumentar a capacidade de investimento do Estado. O assunto foi uma constante nos discursos de Eduardo e do secretário Fred Amâncio (Planejamento e Gestão).

"Nós vamos sim reduzir a despesa ruim que ainda existe onde você trabalha. Nós vamos buscar os 400 milhões com muita ferramenta de gestão e com a sua ajuda, para fazer o maior volume de investimento público que esse Estado já viu", disse o governador para a plateia. No final de 2012, Eduardo prometeu que o Estado investiria R$ 3,5 bilhões em 2013, um acréscimo de R$ 400 milhões em relação a 2012, e disse que esse dinheiro viria da redução dos gastos.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Eduardo, o PT e o fuso horário socialista

"Eu nunca vi quem está no governo, sobretudo quem está no governo, numa situação de dificuldade, antecipar calendário eleitoral. Eu nunca vi isso dar certo".

Governador avisa ao PT que o PSB tem seu próprio tempo para tomar decisão e definirá, ele mesmo, seu rumo na sucessão

Juliane Menezes

O cerco está se fechando em torno do governador Eduardo Campos (PSB). Por mais que ele se equilibre na corda bamba entre assumir sua candidatura à Presidência da República ou apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), as investidas dos petistas para que decida logo têm surtido efeito para que ele dê fortes sinalizações de que o PSB segue o caminho próprio, sem aceitar pressões. Embora quase sempre procure tratar do assunto do cautela, passou a mandar os recados mais diretos, como fez ontem pela manhã, em agenda pública, quando avisou o PT que o PSB tem seu próprio "tempo" de decisão.

"Quem imaginar que o PSB vai renunciar ao projeto de ser um grande partido nesse País está redondamente enganado. Agora, para ser um grande partido, não precisamos destruir o partido de ninguém", avisou Eduardo. A declaração foi feita após ele tratar sobre os rumores de que o ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB) estaria migrando para o PT, o que foi negado ontem pelo próprio Bezerra Coelho, em curta nota.

Questionado sobre como estaria o diálogo entre o PT e o PSB diante das especulações sobre seu possível voo nacional, Eduardo primeira adotou a cautela, mas depois passou a mensagem direta ao PT. "A presidenta Dilma sabe exatamente o que é que o PSB está pensando. (...) Ela sabe o que é que pode acontecer em 2014", pontuou. "O PSB vai estar em 2014 cumprindo um papel que seja de acordo com a sua história, com sua política de crescimento, com a sua responsabilidade com o Brasil. Nós não vamos atropelar ninguém, mas também jamais seremos atropelados", disparou o governador. E alertou os petistas, em clara referência ao cerco formado: "O relógio do PSB trabalha no fuso-horário do PSB. Nós não vamos trabalhar no relógio dos outros, com o tempo dos outros nem fazer o jogo dos outros. Vamos fazer o jogo do Brasil e o jogo do PSB".

Outra peça fundamental desse jogo foi movida recentemente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT). Sua jogada foi ter oficializado Dilma como candidata à reeleição ainda esta semana. Embora ressaltando que respeita a precoce montagem de palanque da presidenta, ele disparou: "Eu nunca vi quem está no governo, sobretudo quem está no governo, numa situação de dificuldade, antecipar calendário eleitoral. Eu nunca vi isso dar certo".

Eduardo ainda negou as especulações de que o PSB entregaria os cargos que possui no Governo Federal para garantir sua independência e seguir um caminho próprio. Ele defendeu que a aliança entre as legendas é histórica e que nunca esteve atrelada a cargos. "Precisamos ter racionalidade, tranquilidade para não desfazer o que fizemos nos últimos 20 anos no país", defendeu.

Resta esperar para ver quem dará o xeque-mate neste embate.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Quem quiser romper com a base do governo, que rompa, afirma Lula

Para petista, entrada de Eduardo Campos na disputa eleitoral pode colocar em risco a parceria entre siglas

Fernando Gallo

FORTALEZA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira, 1º, a integrantes do diretório nacional durante reunião em Fortaleza que o partido será tolerante com os aliados, porque não quer romper com ninguém. Mas foi deixou claro que caminhos estão livres para quem queira romper com a base.

"Se alguém quiser romper conosco, que rompa. Não podemos impedir as pessoas de fazerem o que é de interesse dos partidos políticos", disse Lula, que tem defendido a manutenção da base em meio às ameaçadas de o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disputar a Presidência em 2014.

"Há um planejamento estratégico direcional de tolerância e paciência e de entender que se alguém quiser romper conosco, que rompa. Nós não queremos romper com ninguém. Queremos fortalecer, só que não podemos impedir as pessoas de fazerem o que é de interesse dos partidos políticos. O ideal é que a gente consolide as forças políticas que estão ajudando esse país a mudar."

Mais tarde, em entrevista coletiva, Lula negou que esteja tentando impedir uma possível candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à presidência da República em 2014. Mas o petista afirmou que a entrada do aliado na disputa eleitoral poderia colocar em risco a parceria "histórica" entre as duas siglas.

"Defendo a liberdade incondicional de cada partido de fazer o que bem entenda. Se não fosse assim, o PT não teria chegado à Presidência da República. Portanto, eu jamais tomaria qualquer atitude para impedir que um companheiro fosse candidato a presidente", disse Lula nesta sexta-feira, em Fortaleza, onde está para uma reunião do diretório nacional do PT. "O que temos que ver é se, estrategicamente, é importante a gente colocar em risco uma coisa que tem dado tão certo nesse País, que é a aliança histórica entre PT e PSB."

O petista lembrou que ainda faltam quase dois anos para a eleição presidencial e que, "se a gente ficar fazendo política do ''diz que diz'' ou ''diz que não diz'', a gente vai dar trombada desnecessariamente".

Lula teceu elogios a Eduardo Campos, e disse que é muito amigo do governador de Pernambuco, do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e de seu irmão, Ciro Gomes (PSB).

"Ele (Eduardo) é uma personalidade que pode desejar qualquer coisa que ele quiser nesse País", afirmou. "O meu papel é fazer todo o esforço para que a gente esteja junto. Temos que construir uma aliança muito forte."

''Todos serão salvos''. O ex-presidente rebateu comentários do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB). Semana passada, ele chegou a dizer que Lula teria indicado que a vaga de vice da presidente Dilma Rousseff (PT) permaneceria com o PMDB, nas mãos de Michel Temer. O comentário foi feito em meio a especulações de que Dilma poderia ceder a vaga de vice a Eduardo Campos, com o objetivo de manter a aliança com o PSB.

"Deixa eu falar uma coisa em alto e bom som: quem escolhe vice é a presidenta, não sou eu. Quando fui presidente da República, escolhi duas vezes o meu vice, José Alencar. Jamais iria escolher um vice para a Dilma. É ela que vai escolher o melhor partido para indicar. Não serei eu", disse Lula. "Como ela tem uma bela amizade com o PSB e nossa relação é histórica, e ela tem uma boa amizade com o Eduardo Campos, no momento certo eles vão conversar e, no final, entre mortos e feridos, todos serão salvos."

Lula evitou comentar a declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que disse que os réus condenados no processo do mensalão seriam presos até o fim de junho. "Não dou palpite sobre a Suprema Corte. A Suprema Corte decidiu, está decidido e acabou. Posso concordar ou não, mas jamais daria palpite sobre as decisões deles, até porque fui presidente da República e muitos deles fui eu que escolhi."


Fonte: O Estado de S. Paulo

PT cobra Dilma por marco regulatório da mídia

Rui Falcão afirma que objetivo não é censura ou controle

FORTALEZA (CE) - Em resolução inédita aprovada pelo Diretório Nacional, o PT distribuiu documento exigindo o que chama de "democratização da mídia". O tema não estava na pauta da reunião, e foi incorporado a partir de propostas apresentadas ontem por dirigentes do partido reunidos em Fortaleza, no Ceará. No documento, o PT pede ao governo a reconsideração do Ministério das Comunicações para que dê início à reforma do marco regulatório da mídia, revisão do pacote de isenções concedidas às empresas de telecomunicações e reinicie a recuperação da Telebrás.

O partido pede abertura de diálogo com movimentos sociais e grupos da sociedade civil "que lutam para democratizar as mídias no país". De acordo com o documento distribuído à imprensa no início da noite, o PT pretende apoiar um projeto de lei de iniciativa popular para um novo marco regulatório, como proposto pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras entidades.

O partido decidiu anunciar as resoluções por conta da decisão do governo de adiar a implantação do novo marco regulatório do setor; da isenção fiscal, de R$ 60 bilhões, concedida às empresas de telecomunicações; e para conter o que chama de "oligopólio que controla o sistema de mídia no Brasil".

"Há a necessidade de que as deliberações democraticamente aprovadas pela Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), convocada e organizada pelo governo federal e realizada em Brasília em 2009 - em especial aquelas que determinam a reforma do marco regulatório das comunicações, mudanças no regime de concessão de rádios e TV, adequação da produção e difusão de conteúdos às normas da Constituição Federal e anistias às rádios comunitárias - sejam implementadas pela União", diz parte do documento.

- Aprovamos um documento que enfatiza a questão do alargamento da liberdade de expressão. Peço para vocês, jornalistas, que enfatizem essa questão. Ela nada tem a ver com censura ou controle (da mídia). Mas pode ampliar mercado (de trabalho), garantir que vocês possam ter um código de ética reconhecido pelas empresas - disse o presidente do PT, Rui Falcão.

Fonte: O Globo

Aécio usará Petrobras para atacar Dilma

Em campanha 'temática' para apontar falhas do governo, senador divulgará dados negativos da empresa e alta da gasolina

Provável candidato do PSDB à Presidência em 2014 marca evento com economistas para desgastar petista

Natuza Nery

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) estreará uma campanha "temática" para apontar o que considera falhas do governo Dilma Rousseff. O primeiro "round" será a Petrobras -a gestão da companhia de petróleo é chamada de "temerária" pelos tucanos.

Em evento no dia 12 de março, o PSDB lançará um "livro-dossiê" com dados negativos da empresa e ataques à recente alta da gasolina.

O ato contará com a presença de economistas e servirá de trampolim para ações pontuais na tentativa de desgastar o governo e apresentar projetos alternativos. São planejadas articulações semelhantes em relação ao BNDES, energia e outras áreas.

A decisão de "dissecar" eventuais fragilidades do governo federal veio após o anúncio da candidatura de Dilma à reeleição -feito pelo ex-presidente Lula em festa do PT na semana passada.

O PSDB quer bater na tecla de que o povo perdeu dinheiro nos últimos dez anos, seja porque investiu em ações da Petrobras, hoje em dificuldade, seja por pagar mais pelo combustível neste ano.

Por trás do debate eleitoral, o PSDB discutirá o modelo de exploração de petróleo.

De um lado, o tradicional regime de concessão que vigorou nos tempos de Fernando Henrique Cardoso; do outro, a partilha, fórmula inaugurada após a descoberta do pré-sal. À época, Dilma era presidente do conselho de administração da petrolífera e tocou as mudanças -hoje reprovadas pelo tucanato.

Em conversas reservadas, Aécio tem dito que o modelo atual inibe demais a participação privada em projetos de exploração e obriga a Petrobras a entrar em negócios quando está descapitalizada, vendendo ativos e rebaixando suas exigências de uso de equipamentos brasileiros (no lugar de importados) para dar conta dos investimentos.

Segundo a consultoria Economatica, a Petrobras fechou fevereiro com valor de mercado R$ 54 bilhões menor em relação ao mesmo período de 2012. Apesar disso, o valor é 251 vezes maior que em 1993.

Outro objetivo do ato de março será ensaiar uma vacina à acusação petista de que o desejo do PSDB é privatizar a empresa. Os ataques estiveram presentes em todas as últimas eleições presidenciais, sem que o PSDB conseguisse desmontá-los com sucesso.

Fonte: Folha de S. Paulo

Crise com PMDB no Rio divide petistas

Lindbergh propõe que partido entregue cargos no governo Cabral, elogiado por Dilma

Cássio Bruno

Em mais um capítulo da crise entre PMDB e PT no Rio, provocada pelas eleições de 2014, o senador petista Lindbergh Farias afirmou ontem que vai propor ao partido entregar os cargos da legenda no governo do peemedebista Sérgio Cabral. O PT ocupa as secretarias estaduais de Meio Ambiente e de Assistência Social, com Carlos Minc e Zaqueu Teixeira, respectivamente. Lindbergh está em Japeri, na Baixada Fluminense, desde quinta-feira, na chamada "Caravana da Cidadania" e ficará na cidade até hoje.

Horas depois, porém, na inauguração do Hospital municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, a presidente Dilma Rousseff elogiou a parceria política com o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes.

- A partir do momento em que o Sérgio Cabral foi eleito nós conseguimos fazer uma parceria de qualidade. E eu tenho muito orgulho dessa parceria. Aí, depois, você (Sérgio Cabral) trouxe o Eduardo Paes, e a parceria ficou muito melhor porque era o governo federal, o governo estadual e a prefeitura. Muitas vezes as pessoas acham que o problema é de dinheiro. Problema não é só dinheiro. O problema é (não) ter parceiros da qualidade do governador e do prefeito como eu tenho tido aqui no Rio - destacou Dilma.

A presidente aproveitou que ontem o Rio completava 448 anos e disse:

- Queria desejar um feliz aniversário ao prefeito Eduardo Paes, ao governador Sérgio Cabral e ao vice-governador Pezão.

Em Fortaleza, onde participa do encontro do Diretório Nacional, o presidente do PT, Rui Falcão, também enfatizou a aliança "muito forte" no Rio com o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes. Uma aliança que, segundo ele, avançou com a eleição do vice-prefeito petista Adilson Pires. Sobre a proposta de Lindbergh de entrega dos cargos, disse que não há nenhuma iniciativa da direção do partido nesse sentido.

- Ninguém falou para ele ou para o partido sair (do governo de Cabral) - disse Falcão. - Queremos manter essa aliança, não só pela eleição da Dilma, mas pelo desempenho dessa aliança. Cada partido tem legitimidade para lançar seu candidato, o processo final vai depender da evolução da conjuntura - disse o dirigente petista, para quem também há espaço para duas candidaturas que, lá na frente, "podem virar uma só":

- Num eventual segundo turno contra uma terceira força, um pode apoiar o outro.

Pré-candidato ao governo do Rio, Lindbergh quer o apoio da aliança nacional PT-PMDB. Cabral, no entanto, escolheu o vice-governador Luiz Fernando Pezão para concorrer. Sem acordo, os peemedebistas fluminenses ameaçam não pedir votos para a reeleição da presidente Dilma Rousseff caso o PT mantenha a candidatura do senador. Em jantar, quarta-feira, no Rio, Cabral pressionou o ex-presidente Lula a convencer Lindbergh a desistir, mas não conseguiu um compromisso.

A proposta de Lindbergh de entregar os cargos será debatida na próxima semana com o PT estadual. O senador, no entanto, descartou propor o mesmo em relação à administração do prefeito Eduardo Paes, também do PMDB. Lindbergh argumentou que o partido é representado pelo vice-prefeito Adilson Pires, eleito na chapa de Paes no ano passado. Na prefeitura, o PT comanda as secretarias municipais de Ação Social, com o próprio Pires, e de Habitação, com Pierre Batista.

- Vamos discutir isso (a entrega dos cargos) dentro do partido e saber como vai evoluir toda essa crise - disse o senador.

Carlos Minc afirmou que está à disposição do PT, apesar de achar a medida fora de hora:

- Essa discussão está precipitada. Mas fui eleito deputado estadual, tenho mandato. Qualquer decisão do PT, eu apoio. Não me apego a cargos.

Já Zaqueu Teixeira não quis polemizar:

- Tenho responsabilidade com a gestão da secretaria. Não vou entrar nessa discussão política.

Em Japeri, Lindbergh visitou um canteiro de obras do Arco Metropolitano, rodovia que vai ligar Itaguaí a Itaboraí, passando por municípios da Baixada Fluminense. A obra, atrasada desde 2010, é uma das principais bandeiras na pré-campanha de Pezão. A previsão é que fique pronta em março do ano que vem, a sete meses das eleições. No local, Lindbergh conversou com os operários.

- É uma obra importante para o desenvolvimento econômico do Rio. Mas é preciso que evitem a ocupação desordenada no entorno - disse o petista.

O senador não se encontrou com Dilma, que estava no Rio ontem. Ele mandou recado para a presidente pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Lindbergh não queria criar constrangimento, já que Cabral e Pezão estariam ao lado de Dilma, como de fato ocorreu. O senador declarou ainda não haver chances de Lula pedir a ele para retirar a sua candidatura.

- Sabe qual é a chance de o Lula pedir para eu tirar a minha candidatura? É zero! - afirmou.

A "Caravana da Cidadania" teve ajuda do próprio Lula, de acordo com Lindbergh.

Fonte: O Globo

Limite de mandatos - Merval Pereira

A crítica do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, aos "políticos profissionais", defendendo a limitação de mandatos parlamentares na mesma linha proposta pelo partido que a ex-senadora Marina Silva pretende organizar, provocou não apenas as especulações naturais de que estaria falando em causa própria, apresentando-se como uma alternativa, como também comentários mais ácidos de políticos que, por enquanto, preferem ficar no anonimato.

Há os exemplos concretos de grandes homens públicos que tiveram vários mandatos seguidos no Congresso, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, além de uns poucos atuais, o que leva a crer que a questão seja de qualidade individual, e não de tempo de mandato. Há também o fato de que, entre os condenados do mensalão, a maioria é de políticos de poucos mandatos, quando não de um apenas.

Há também os argumentos jurídicos, que dizem ser flagrantemente inconstitucional uma decisão nesse sentido, pois, nas condições de elegibilidade, tal proibição não figura. Seria preciso modificar a Constituição para impor essa restrição.

Há também quem lembre que o ministro Joaquim Barbosa, assim como todos os membros do STF, tem mandato vitalício, o que por si só denotaria uma incoerência de sua parte criticar a longevidade dos políticos que, em vez de serem nomeados, são eleitos pelo voto direto dos cidadãos.

A campanha da ex-senadora Marina Silva, que pretende que seu novo partido seja "diferente" dos existentes, também não encontra muito eco entre os políticos que poderiam formar em sua bancada, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com o PSD do ex-prefeito paulista Gilberto Kassab, o protótipo de "mais do mesmo" no campo partidário.

O PSD foi uma válvula de escape para políticos incomodados em seus partidos originais, que gostariam de aderir ao governo Dilma. Conseguiu formar a terceira maior bancada da Câmara e transformar-se não em mais um dos muitos partidos aliados, mas em um dos principais sustentáculos da base governista. Embora tanto Kassab quanto Marina tenham definido seus respectivos partidos como "nem de centro, nem de direita, nem de esquerda", ou ainda "nem governo nem oposição", os dois partem de pontos diferentes.

Kassab formou seu partido com a adesão de políticos, Marina tenta erguer o seu através de petição pública. Por essas coincidências da política, os dois podem estar também em polos opostos na eleição presidencial de 2014, e nenhum dos dois com a presidente Dilma, pelo menos no primeiro turno.

Marina deve ser a candidata a presidente mais uma vez, na REDE ou em algum partido tradicional que a abrigue. Já Kassab pode levar seu PSD a apoiar o governador Eduardo Campos se ele sair mesmo candidato pelo PSB. O início da caminhada do PSD teve todo o apoio do PSB de Campos, que chegou em determinado momento a ser cogitado como o partido que abrigaria os dissidentes caso o PSD não conseguisse sair do papel.

Da mesma maneira que hoje Marina tem como plano B se unir a algum partido que não esteja na órbita governista ou que queira sair dela para tentar um voo solo. O presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, surge como uma possível candidatura alternativa no rastro desse movimento contra a política tradicional, mas o exemplo mais próximo que temos dessa experiência é o hoje senador Fernando Collor, que se apresentou como candidato antipolítico na eleição de 1989, apesar de pertencer a uma família tradicional da política alagoana.

Teve êxito na sua farsa eleitoral, mas acabou sendo impedido por um movimento popular que tomou conta das ruas do país da mesma maneira que, meses antes, a maioria do eleitorado pensou ter visto nele aquele que redimiria a política nacional.

Hoje, Collor, eleito senador, faz a política mais tradicional que se possa pensar, no sentido negativo com que essa política é vista pela opinião pública, aliado a antigos adversários como o PT, Sarney, Lula e Renan Calheiros.

Fonte: O Globo

'Pibinho' no retrovisor - Fernando Rodrigues

Ontem, saiu a confirmação do "pibinho" de 2012. No segundo ano do governo da petista Dilma Rousseff a economia cresceu 0,9%. Em 2011, o PIB havia sido de 2,7%. A média dilmista é de 1,8%.

Essa taxa coloca Dilma Rousseff atrás de Lula (4% de crescimento médio) e de FHC (2,3%). A oposição, no seu papel, soltou os cachorros.

O país está parado, mal administrado e por aí vai.

Que houve ineficácia nas medidas econômicas ninguém tem dúvida. O difícil é saber como será daqui para a frente. Só olhar o retrovisor muitas vezes não ajuda -ou até atrapalha- na hora de compor análises sobre o futuro da economia brasileira e de outros países. Há uma crise crônica desde 2008, só que, no ano passado, os EUA, a China e a Rússia se deram melhor do que o Brasil.

A oposição cumpre o seu papel. O crescimento da economia foi pífio. Também é visível a incapacidade gerencial do governo petista em Brasília por causa do excesso de centralismo da presidente. Ainda assim, é temerário afirmar que o país entrará num buraco a partir de hoje.

Aliás, às vezes, parece o oposto. Mesmo com todos os obstáculos para prever o desempenho da eco-nomia, não surgiu até o momento nenhum analista (nem do PSDB ou do DEM) vaticinando um PIB de apenas 1% em 2013.

O mercado de trabalho insiste em ficar aquecido. Em alguns setores, preços além do normal indicam uma demanda quase incompatível com o "pibinho". Ontem, em São Paulo, foi lançado um hotel popular que vende os quartos para investidores. Cada unidade, de 19,5 m², custa R$ 358 mil.

Se a corrida presidencial fosse um campeonato de futebol, Dilma Rousseff poderia dizer que sofre agora uma derrota na hora certa. Isso se houver alguma recuperação da economia e a manutenção do nível de emprego. Nesse caso, a petista perderá pouco de sua condição de favorita à reeleição em 2014.

Fonte: Folha de s. Paulo

Da Ilha da Fantasia à Ilha do Tesouro - Rolf Kuntz*

Candidata à reeleição e já em campanha aberta, a presidente Dilma Rousseff precisará de resultados muito melhores que os do último biênio, na economia, para cumprir a missão recebida de seu chefe, publicamente. A tarefa é levar adiante o projeto de poder de seu partido. Para isso ela terá de conseguir mais que um ano de crescimento na faixa de 3% a 4%. Um resultado melhor que a humilhante expansão de 0,9% em 2012 é praticamente certo neste ano. Mas é pouco, depois de um crescimento acumulado de apenas 3,6% na primeira metade de seu mandado.

Além disso, até seus principais assessores devem ter notado um fato evidente para qualquer pessoa medianamente informada: a política centrada no estímulo ao consumo fracassou. Os gastos familiares cresceram pelo nono ano consecutivo, mas foram insuficientes, mesmo somados às despesas do governo, para promover o crescimento industrial. A indústria de transformação, a melhor referência para se examinar o assunto, produziu 2,5% menos que em 2001. Ao mesmo tempo, os preços ao consumidor continuaram subindo velozmente. A inflação em 12 meses, 5,8%, ficou mais uma vez muito longe da meta, 4,5%.

Algo funciona mal nesse quadro e até em Brasília - no Palácio do Planalto e em suas vizinhanças - essa noção começou a difundir-se há algum tempo. Não adianta muito apoiar o consumo quando o problema principal está do lado da oferta. E o lado da oferta, como devem saber até alguns membros do atual governo, só pode responder à demanda se houver capacidade produtiva e competitividade. Isso depende de vários fatores, incluído o investimento em capital fixo, As contas nacionais recém-divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmaram um cenário de desastre.

O valor investido nesses ativos foi 4% menor, em termos reais, que o do ano anterior. Além disso, o País só investiu o equivalente a 18,1% do produto interno bruto (PIB). No ano anterior havia investido 19,3%. As duas taxas são miseravelmente baixas. Mesmo na América Latina a formação bruta de capital fixo alcança 25% do PIB em vários países. Em economias da Ásia supera 30% e na China tem ficado na vizinhança de 40%.

O investimento tem sido especialmente fraco na infraestrutura. No setor rodoviário, mal tem sido suficiente para a manutenção de um sistema de baixa qualidade. De modo geral, é preciso fazer muito para ampliar e modernizar toda a área de transportes e para isso o governo lançou um programa de logística. A intenção é correta, mas prioridades e critérios são discutíveis e o planejamento, como tem sido normal há vários anos, continua muito abaixo das intenções. A mesma observação vale para os demais componentes da infraestrutura. Não se pode atribuir a um simples capricho do mercado a desvalorização da Eletrobrás. Os investidores são capazes de reconhecer um desastre, como reconheceram no caso da Petrobrás, depredada por um intervencionismo desastroso.

Nada mais natural que a hesitação dos investidores, depois de uma longa e assustadora história de trapalhadas bem conhecidas. Não há como esquecer de um dia para outro a polêmica renovação das concessões do setor elétrico, a questão dos portos sujeitos a regimes e direitos diferentes e os danos causados à Petrobrás por uma gestão politizada. Pode-se alongar a lista com a atuação discutível do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), empenhado na criação de "campeões nacionais", envolvido em maus investimentos e dedicado a ações de escasso ou nenhum valor estratégico.

Mas o governo precisa, no mínimo por interesse eleitoral, desencadear uma onda de investimentos e, de modo especial, promover a aplicação de grandes capitais em infraestrutura. Se o esforço der certo, o País terá condições de sair do atoleiro e ganhar impulso para crescer por alguns anos.

Para isso o governo anunciou um programa de US$ 235 bilhões para fortalecimento da infraestrutura e saiu em busca de interessados tanto no Brasil quanto no exterior. Na apresentação em Nova York, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, teve de ouvir perguntas sobre assuntos aparentemente estranhos ao programa: os investidores potenciais estavam interessados em temas como educação e formação de mão de obra, inflação e outros aspectos básicos da gestão pública. O ministro e vários colegas de governo têm sido forçados a afirmar repetidamente um compromisso prioritário com o combate à inflação e com o controle das contas públicas. Por que haverá tantas dúvidas?

Confiança é um ativo precioso e é preciso mantê-lo tão cuidadosamente quanto os equipamentos de um avião. Mas o governo, embora pareça perceber o problema, insiste nas soluções mágicas e voluntaristas, numa reação tipicamente brasiliense. Conhecida há muito tempo como Ilha da Fantasia, um recanto feliz e distante da realidade nacional, Brasília pode tornar-se famosa também como Ilha do Tesouro. A fantasia continua, porém agora turbinada pela imagem de um cofre maravilhoso, capaz de capitalizar mais uma vez o BNDES, adiantar receita a quem investir em ferrovias, transferir fundos para bancos financiarem a infraestrutura, socorrer distribuidoras de eletricidade, conceder mais desonerações a setores escolhidos e levar adiante o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Num ambiente mais prosaico, o governo proporia aos investidores planos coerentes e realistas, sem cometer, entre outras, a tolice de querer tabelar ideologicamente a taxa de retorno (em Nova York, o ministro Mantega tentou corrigir esse erro). Ao mesmo tempo, venderia seriedade, comprometendo-se com a solidez macroeconômica, sem truques e maquiagens. Deixaria claro, por exemplo, o compromisso com a meta de inflação de 4,5%. Com base na fala de Mantega, quem poderia dizer se a meta é essa ou qualquer ponto entre 4,5% e 6,5%?

* Rolf Kuntz é jornalista

Estímulos sem resposta - Miriam Leitão

O magérrimo PIB de 0,9% representa um fracasso maior do que parece. Fracassaram todas as medidas de estímulo, algumas boas, como a queda dos juros, outras que criaram tratamento desigual dentro da economia, com subsídios e vantagens distribuídas a escolhidos. O PIB per capita foi zero. O investimento caiu 4%. Olhando para frente, 2013 será melhor do que 2012. O que se discute é quanto melhor.

Na quinta-feira à noite, passando perto de um grupo de economistas reunidos numa livraria do Rio, perguntei a Silvia Matos, do Ibre/FGV:

- Que número sairá amanhã?

- 0,9% - respondeu.

Ela fez essa afirmação categórica porque estudou os dados que levam ao cálculo do PIB e chegou à conclusão de que esse era o número. Isso mostra que o IBGE fez com independência sua conta, apesar de trazer uma má notícia. Serve de consolo. Nossa vizinha Argentina tem um instituto de pesquisa que, por ordem do governo, tem que torturar os números para que saiam como o governo quer. É um alívio saber que os índices do IBGE são previsíveis e respeitados.

Olhando para 2013, houve nas últimas semanas uma série de previsões otimistas, de que o Brasil poderia crescer até 4%. Essa é a estimativa de Nilson Teixeira, do Credit Suisse, que foi muito criticado pelo ministro Guido Mantega, no ano passado, que afirmou que era piada sua previsão de 1% para 2012. Não foi piada, foi o que aconteceu. Outro otimista é Octávio de Barros, do Bradesco, mas sua estimativa de 3,5% entrou em viés de baixa, ontem. A consultoria inglesa Capital Economics cortou sua projeção de 3,5% para 3%, a mesma do HSBC. A Austin Rating manteve 3,7%. Entre os mais cautelosos, estão a Rosenberg & Associados, que prevê 2,5%, e a Gradual, em torno de 2%.

Sobre 2012, o PIB do quarto trimestre, quando anualizado, dá um crescimento de 2,4%, segundo Rafael Bacciotti, da Tendências. É um número bem menor do que dizia o governo: o país terminaria o ano crescendo 4%. A atividade ficou abaixo do esperado e o carregamento estatístico para este ano será menor, de 0,7%. Teremos que remar muito para chegar a um PIB 4%. Esse carregamento funciona assim: mesmo que o país fique estagnado ao longo do ano, ele terá, na média, um PIB 0,7% maior que a média de 2012.

O que foi pior em 2012 foi a queda de 4% do investimento. Foi a segunda queda anual e se igualou a 2009, que foi ano de crise. A indústria encolheu e também voltou a 2009. A maior retração foi a da agropecuária, e o melhor desempenho foi o dos serviços. A taxa de poupança caiu para 14,8% do PIB, e o investimento desceu a 18,1%.

De boas notícias, pode-se dizer três coisas. Na comparação trimestre contra trimestre, o investimento voltou a crescer, 0,5%, depois de cair quatro vezes seguidas. Os serviços também subiram, na taxa acumulada em 12 meses, depois de oito quedas: de 1,5% para 1,7%. Por fim, o próprio PIB acumulado em 12 meses parou de cair. Estava desacelerando desde 2010, saindo de 7,6% para 0,9%. Manteve a taxa no final do ano, e já é alguma coisa não ter ficado pior.

Há razões para algum otimismo este ano: o Brasil está colhendo uma supersafra e os preços internacionais estão bons em várias culturas porque não houve ainda recuperação dos estoques reduzidos. Também vai ser o primeiro ano completo de juros baixos. Ainda que oscilem, eles o farão em patamar menor do que estavam no início de 2012. Em janeiro, houve vários indicadores fortes que podem ajudar a produção industrial do trimestre ser boa. Isso vai aumentar o otimismo.

Um ano melhor do que o desastre de 2012 é fácil. Difícil é iniciar uma nova etapa de crescimento sustentado, o que o governo só poderá conseguir se deixar de lado a obsessão desta campanha eleitoral extemporânea e realmente governar com os olhos nos fundamentos da economia.

Fonte: O Globo

Aécio critica estagnação econômica e diz que País está ‘no rumo errado’

Provável candidato do PSDB à Presidência em 2014 disse que Dilma não tomou medidas necessárias e escolheu o 'irrealismo'

Daiene Cardoso

SÃO PAULO - O senador Aécio Neves (MG), provável candidato do PSDB à Presidência da República em 2014, criticou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que ficou em 0,9% em 2012. Em nota, o tucano afirmou que o governo Dilma Rousseff poderia ter tomado medidas no ano passado para evitar a estagnação, mas escolheu o "irrealismo". Em sua avaliação, o Brasil segue "no rumo errado".

"Se o governo Dilma não optasse pelo irrealismo e pela auto enganação, o País talvez tivesse se livrado do mau resultado do PIB anunciado hoje pelo IBGE", inicia a nota do senador. "Tivesse o governo do PT tomado melhor pé da situação já no decorrer de 2012, é possível que nossa economia não tivesse tido desempenho tão negativo quanto o crescimento de 0,9% conhecido nesta manhã. Tempo perdido não se recupera", afirma.

O tucano aponta que o Brasil cresceu "muito menos que o resto do mundo", que setores como a indústria "vão de mal a pior" e a expectativa para os próximos meses na área de investimentos "não é das melhores". "São diagnósticos que vimos apresentando ao longo dos últimos meses, mas aos quais a gestão da presidente Dilma Rousseff contrapôs-se com previsões tão otimistas quanto irrealistas. O resultado oficial do IBGE mostra que estávamos certos, infelizmente", acrescenta.

Aécio reforça que a economia brasileira não cresceu em 2012 e que o PIB per capita estagnou. "Num ano em que a média de crescimento mundial foi o dobro da brasileira e a de muitos países, incluindo os latino-americanos, foi bem maior que a nossa, uma conclusão se impõe: o problema está aqui dentro. Estamos no rumo errado."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Uma carta em defesa da REDE- Luiz Eduardo Soares

Esta carta foi gentilmente publicada pelo destinatário, Merval Pereira, quase na íntegra. em sua coluna de O Globo, em 27 de fevereiro de 2013. Sou grato à sua gentileza e ao espírito democrático.

Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2013.

Caro Merval,

leio sempre com interesse sua coluna e, quando ela tematiza questões que me mobilizam mais diretamente, sinto impulso de lhe escrever para trocar ideias. Sina de colunista: você está exposto a leitores chatos como eu. Em geral, guardo o impulso para preservá-lo. Imagino que muitos não agirão com a mesma prudência... Hoje, não me contenho, porque creio poder contribuir para um esclarecimento relevante, considerando-se a importância de sua opinião na formação da consciência pública. Tomo a liberdade, portanto, de submeter à sua apreciação um par de reflexões sobre o novo partido que se está formando, sob a liderança de Marina, com o nome inusitado de REDE. Meus comentários não são os do cientista político ou do antropólogo, mas do cidadão. Não são neutros, porque estou envolvido nesse processo. Por outro lado, não falo em nome de Marina ou da REDE, mas em nome exclusivamente pessoal.


Concordo inteiramente com você quanto ao equívoco de movimentos que pretendam mudar a política assumindo identidades e práticas antipolíticas. Seu destino é o reforço da dinâmica que corrói a legitimidade das instituições democráticas, o esvaziamento da confiança popular, o esgarçamento do instituto da representação e, portanto, o agravamento da degradação institucional que se desejaria reverter. Movimentos antipolíticos para transformar a política produzem efeitos perversos, não antecipados, contrários às intenções dos protagonistas da iniciativa bem intencionada. São avessos à democracia, apesar da disposição de aprimorá-la e aprofundá-la. A história está repleta de exemplos. Os movimentos antipolíticos costumam perder-se em um voluntarismo estéril. Voluntarismo sem prumo, sem rumo, sem vertebração, que acende emoções respeitáveis e evoca valores morais em si mesmos dignos, mas desperdiça toda essa energia com sua retórica vazia, suas bandeiras negativas, suas ideias fragmentárias e refratárias ao debate sobre alternativas realistas e objetivas.

Nada disso corresponde às motivações e aos compromissos que estão gestando o novo partido. A REDE dispõe-se a jogar o jogo democrático, parlamentar e eleitoral com absoluta fidelidade aos marcos legais. Tem plena consciência de que mudanças têm de ser promovidas por meios constitucionais e sabe que é imensa a complexidade desse processo. Distante das crenças doutrinárias e dogmáticas, distante dos messianismos sectários e insurrecionais, a REDE confia na via democrática para qualquer transformação da sociedade e quer ser leal ao pacto constitucional cuja construção custou ao país tantas vidas e sacrifícios. A democracia é um patrimônio inestimável. Esse reconhecimento, caro Merval, não significa que concordemos com o modo pelo qual os partidos têm se portado, muitas vezes deixando de extrair o potencial virtuoso das instituições democráticas. Com frequência, os partidos têm se servido das instituições para instaurar jogos de cartas marcadas que servem pouco aos interesses públicos e apenas alimentam projetos de poder de determinados grupos políticos e segmentos sociais. Ser realista, como você próprio já disse, não significa resignar-se a reproduzir as dinâmicas em curso e a aceitar o espetáculo degradante que as lideranças políticas têm oferecido. Se, eventualmente, a REDE obtiver vitórias eleitorais e alcançar o poder, ver-se-á obrigada a repetir o roteiro lamentável das negociatas entre o Executivo e o Legislativo? Não há espaço para negociações mais democráticas, transparentes, programaticamente concebidas, decentemente articuladas? Claro que há. A democracia nos faculta distintas vias de ação. A postura não pode ser o desprezo pelo Congresso, cujo papel é indispensável para a democracia, por maiores que sejam suas deficiências. Por outro lado, a postura tampouco pode ser a da aceitação das práticas medíocres e orientadas por interesses subalternos, porque, sob a aparência de valorizar a instituição, esse caminho corrói as bases da confiança popular, da eficiência e da legitimidade. Por esses motivos, posso afirmar que antipolítica é a prática que hoje predomina, traindo a dignidade dessa palavra, que merece ser cultivada como eixo civilizatório: democracia.

Para que a REDE tenha densidade suficiente para resistir à força gravitacional da antipolítica, hoje vigente nas instituições políticas, ela precisa fazer o que os partidos deixaram de fazer: constituir-se em conexão profunda e permanente com a pulsação criativa da sociedade, com a participação social, não para reduzir-se a sua extensão — o que negaria a autonomia relativa da política, que envolve múltiplas mediações —, mas para municiar-se de anticorpos à antipolítica. Mandeville nos ensinou que não devemos edificar instituições pressupondo apenas a virtude humana, tão escassa. Sua lição demonstrou que é preciso construir instituições capazes de transformar vícios privados em virtudes públicas. Por isso, a REDE pretende experimentar novas regras de funcionamento, antecipando-se a eventuais reformas institucionais e as suscitando. Daí a limitação das reeleições, as restrições no acesso a apoios financeiros, a determinação de que se divulguem as doações on line em tempo real — e muitas outras novidades. Talvez elas sejam excessivas ou inadequadas. O tempo vai mostrar. Mas elas funcionarão como contraponto destinado a provocar reflexões, revisões e debate público. Elas ajudarão a mostrar que a política pode ser diferente e que há um campo de experimentação possível, perfeitamente legal, legítimo e responsável. As instituições não brotaram da natureza. Foram inventadas pelo engenho humano. Nascem e morrem, transformando-se. Talvez a REDE possa produzir uma dinâmica de mudanças significativas não para arruinar a democracia ou a política democrática, mas para restituir-lhes vitalidade e fidelidade aos princípios que inspiraram sua origem.

A REDE não reúne pessoas melhores do que ninguém. Tampouco foi criada para servir de trampolim a uma candidatura presidencial. Pode dar certo ou não. Mas me parece saudável que haja quem se disponha a arriscar-se a cometer erros novos. Bem vindos os novos erros, pois os antigos são conhecidos e têm sido devastadores.

Grande abraço,

Luiz Eduardo Soares

Fonte: Gramsci e o Brasil

Bersani rejeita aliança com Berlusconi e tentará governo de minoria na Itália

Andrei Netto

ROMA - Pier Luigi Bersani, líder do Partido Democrático (PD, centro-esquerda) e primeiro colocado nas eleições parlamentares da Itália, descartou ontem a hipótese de formar um governo de coalizão com o ex-premiê Silvio Berlusconi. A aliança entre as duas coligações, que obtiveram 30% e 29% dos votos no final de semana, respectivamente, solucionaria o impasse político no país, mas contrariaria sua base eleitoral.

Mesmo com a minoria no Senado, o ex-comunista promete governar a partir de 15 de março. A decisão de não se aliar a Berlusconi foi reiterada em entrevista publicada ontem pelo jornal La Repubblica. "Eu quero afirmar claramente: a ideia de uma grande coalizão não existe e não existirá jamais", afirmou, referindo-se à possível aliança com o partido Povo da Liberdade (PDL, centro-direita), liderado por "Il Cavaliere". Berlusconi foi mais uma vez alvo de denúncias nesta semana, quando o Ministério Público de Nápoles abriu uma investigação para apurar as suspeitas de compra de votos de parlamentares entre 2006 e 2008.

Distante de Berlusconi, Bersani chegou a acenar ao comediante Beppe Grillo, líder do "antipolítico" Movimento 5 Estrelas (M5S), convidando-o a discutir uma proposta de aliança. Por sua vez, Grillo recusou a oferta.

Ontem, Bersani prometeu apresentar na próxima quarta-feira ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano, um programa de governo centrado em "sete ou oito pontos" de reformas que serão defendidos por seu governo. O passo seguinte será apresentar ao parlamento, em 15 de março, um pedido de voto de confiança, com o qual ele assumiria a presidência do Conselho de Ministros, passando a premiê. "Governo minoritário, governo de objetivos, chame-me como quiser. Eu chamo de governo da mudança", afirmou ao jornal.

O problema é que, sem uma coalizão, Bersani não terá a maioria no Senado, ficando à mercê de um voto de desconfiança a qualquer momento de sua gestão - o que implicaria na convocação de novas eleições. Para acalmar os ânimos, o PD analisa a hipótese de oferecer aos adversários a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, o que atribuiria à oposição "papeis institucionais". "Nós estamos prontos a analisar qualquer cenário", garantiu o ex-comunista.

No programa de Bersani, constarão reformas políticas e uma proposta que deve causar polêmica na Europa: a reorientação da política econômica do bloco, hoje baseada na austeridade fiscal. A prioridade passaria a ser o crescimento e a geração de emprego. "A austeridade por si só nos leva ao desastre. Na Europa, todos devem entender que o saneamento da dívida e do déficit é um tema que deve ser postergado", defendeu. "Agora existe outro tema urgente: o trabalho."

Um aliado de Bersani na corrida para a formação de um governo poder ser o tempo. Com o passar dos dias, a incerteza sobre o governo estaria levando eleitores de Grillo e do M5S a apoiar a ideia de uma coalizão ou, no mínimo, de uma aliança efêmera com vistas a conseguir realizar as reformas.

Fonte: O Estado de S. Paulo