segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Oscar Vilhena Vieira* - Os inimigos da democracia

Folha de S. Paulo

Houve falha de setores, e apurar responsabilidades deve ser primeira tarefa

A ação violenta dos manifestantes bolsonaristas contra os Poderes constitucionais, com a conivência dos setores de segurança do Distrito Federal, configura crime de tentativa "abolição do Estado democrático de Direito", conforme disposto pelo artigo 359-L do Código Penal.

As autoridades constituídas não mais podem transigir com inimigos da democracia. Sem uma ação contundente que apure a responsabilidade, não apenas dos vândalos que invadiram e depredaram a sede dos Poderes da República, mas também aqueles que vêm vandalizando as nossas instituições democráticas nos últimos anos, a democracia perecerá.

Camila Rocha* - A rebeldia de direita e o homem comum

Folha de S. Paulo

Slogan da esquerda de 1968 tornou-se central para as direitas contemporâneas

Por que e em que momento a ideia da rebeldia foi apropriada pela direita? Foi com essa pergunta que o presidente chileno Gabriel Boric iniciou uma entrevista concedida à jornalista Mônica Bergamo. De fato, ao longo das últimas duas décadas, o "politicamente incorreto" ganhou ares de rebeldia. Hoje, o conhecido slogan da esquerda de 1968, "é proibido proibir", tornou-se central para as direitas contemporâneas.

As origens do fenômeno coincidem com a popularização da internet entre pessoas de classe média e alta. No início dos anos 2000, redes sociais como MySpace e Orkut, e fóruns como Reddit, 4chan e Vale Tudo, do brasileiro UOL Jogos, permitiram a circulação de ideias inusitadas, absurdas ou mesmo odiosas e violentas.

Vinicius Torres Freire - Bolsonaro, generais e governo do DF estimularam terrorismo; governo foi mole

Folha de S. Paulo

Três Poderes pareciam barata tonta, polícia e Exército largaram a capital; Lula tomou a decisão certa

Os terroristas da camisa amarela passeavam à vontade pelo Palácio do Planalto às 16h. Tiravam fotos diante do gabinete do presidente, riam, quebravam móveis, destruíam obras de arte. Era o "domingo no parque" dos seguidores de Jair Bolsonaro e adoradores da ditadura militar. Depredaram o Supremo, arrombaram armários, roubavam togas e portas; arruinaram o Congresso. Tomaram o centro do poder federal.

Às 17h53, Luiz Inácio Lula da Silva tomou a atitude devida mínima: intervenção no Distrito Federal.

Prometeu investigação e punição, inclusive para os omissos do seu governo. Falta ver qual será a estratégia para encurralar o golpismo, a subversão militar e empresários que financiam a baderna. Vai haver?

Igor Gielow - Apagão de segurança do DF e do governo federal gera Capitólio brasileiro

Folha de S. Paulo

Forças do DF e Exército deixam correr solta baderna, que gera oportunidade para Lula e Moraes

Um apagão claramente intencional de segurança proporcionou o Capitólio brasileiro, a versão bolsonarista da invasão do centro de poder emulando o ataque à sede do Legislativo americano por ativistas ligados ao ídolo do ex-presidente americano Donald Trump.

A intervenção no Distrito Federal, algo radical embora limitada à área de segurança e a um mês, foi a resposta possível que sobrou a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o desafio à sua autoridade. Mas escamoteia um problema maior, que envolve o papel da inteligência militar no monitoramento dos radicais que subiram rampas neste domingo (8).

O incidente era uma das bolas mais cantadas da transição presidencial, como os atos do dia 12 de dezembro mostravam, que resolveu ignorar os manifestantes em frente a quartéis do Exército em todo o país em nome de uma acomodação e buscando evitar um desgaste de saída ao desalojar adversários.

Mas a circunstância factual é tão grave quanto o fim em si da ação. Bolsonaristas, e chamá-los de radicais é ocioso, invadiram as sedes dos três Poderes do Brasil. E os fizeram de forma quase natural, sem oposição de ninguém.

José Alvaro Moisés* - Invasões em Brasília estavam anunciadas

O Estado de S. Paulo

A pergunta que grita e não quer calar, em face da criminosa invasão das sedes dos Poderes da República, é como explicar que todas as autoridades responsáveis não tenham levado a sério as notícias que há dias circulavam nas redes sociais e anunciavam que haveria nesses dias – próximos da data simbólica da invasão do Capitólio nos Estados Unidos – um novo e grave atentado contra a democracia brasileira? Os chamados “bolsonaristas radicais” anunciaram com antecedência que estavam preparando caravanas de centenas de ônibus em direção a Brasília para realizar uma mudança de estratégia de sua ação de contestação golpista dos resultados da eleição de 2022. A desmobilização em frente dos quartéis militares não foi uma ação política de reconhecimento de que seus participantes estavam errados, mas uma ação de preparo para o que aconteceu ontem, o questionamento e a deslegitimação das instituições democráticas – Executivo, Legislativo e STF. Só não viu que isso estava sendo preparado quem não quis.

Isabella Kalil - O perigoso passo da extrema direita

O Estado de S. Paulo

A tentativa de golpe que resultou nos atos terroristas de ontem inaugura a fase do pós-bolsonarismo. Com isso, abre-se um novo e perigoso capítulo da extrema direita no Brasil, em que grupos extremistas já não precisam mais de Jair Bolsonaro para se mobilizarem contra a democracia. Esses atos representam também a união de extremistas do Brasil e dos EUA em tentativas de golpes e atentados contra as instituições democráticas. Trata-se da consolidação da transnacionalização do terrorismo da extrema direita.

Marcelo Godoy - Convocação falava em ‘tudo pago’ para quem participasse

O Estado de S. Paulo

Mensagens pregavam a invasão e ocupação das sedes dos três Poderes para a tomada da Presidência com o uso da força

Grupos de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro começaram a divulgar com intensidade mensagens em aplicativos de mensagens organizando caravanas para levar manifestantes de todo o País para Brasília desde a terça-feira. As viagens começaram na sexta-feira. As mensagens convocavam os extremistas e falavam em enfrentamento às forças policiais.

O plano era tomar os palácios dos três Poderes, acampar no interior, além de bloquear refinarias de combustível em todo País. E assim provocar o caos para levar à intervenção militar, com a deposição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Oferecia-se ônibus de graça – a maioria saiu da frente de quartéis. Em Jundiaí, partiram da frente do 12.º Grupo de Artilharia de Campanha.

César Felício - Defensores da pacificação devem perder terreno no governo

Valor Econômico

Desestabilização do bolsonarismo radical estava mais forte do que se supunha

Os acontecimentos deste fim de semana em Brasília mudaram a história do governo Lula 3. Nunca houve nada nem remotamente parecido na história do Brasil a um levante de extremistas que depredam a sede dos três Poderes. Está agora evidenciado que o potencial desestabilizador do bolsonarismo radical era maior do que o imaginado em alguns gabinetes da capital federal.

É possível divisar algumas consequências imediatas do desastre: os apóstolos do apaziguamento, os defensores da pacificação nacional, devem perder terreno. “Sofreram um tiro no peito”, comentou um ex-ministro com trânsito nos três Poderes.

Os episódios do fim de semana indicam, além de um colapso de inteligência de quem deveria ter reportado uma movimentação de grande porte, a muito provável contaminação do comando dos órgãos de segurança e das Forças Armadas pelo golpismo. É acefalia ou cumplicidade, ou uma mistura das duas coisas.

Maria Cristina Fernandes - Exército poderia ter evitado a invasão

Valor Econômico

Ameaça à segurança nacional ultrapassou os limites da praça dos Três Poderes

A intervenção decretada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Distrito Federal agilizará as prisões dos terroristas que invadiram os palácios do poder nesse domingo, as responsabilidades pela invasão e seu financiamento, mas não atinge a letargia da reação do Exército.

A Força tem dois batalhões que se revezam no subsolo do Palácio do Planalto, o Regimento de Cavalaria de Guarda e o Batalhão da Guarda Presidencial. As duas Forças respondem ao Comando Militar do Planalto e têm, como sua função primeira, a proteção do palácio presidencial.

Se a Polícia Militar deixou passar os 170 ônibus que chegaram ao Distrito Federal com os invasores, o Exército não poderia ter falhado em impedir que eles chegassem ao gabinete presidencial e depredassem o Palácio do Planalto. Faltou comando para movê-los no cumprimento de suas funções. Os invasores já dominavam o palácio presidencial quando as forças do Comando Militar do Planalto resolveram reagir. A atuação desta tropa independe de decretação de operação de Garantia da Lei e da Ordem.

Cristiano Romero - E o Batalhão da Guarda Presidencial?

Valor Econômico

BGP tem efetivo de mil soldados para proteger Palácio do Planalto e deveria estar de prontidão, uma vez que caravana foi anunciada há dias

Cabe somente à Polícia Militar do Distrito Federal cuidar da segurança do Palácio do Planalto, sede da Presidência da República? A resposta é não. A missão é atribuição precípua do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), também conhecido como Batalhão Duque de Caxias.

O BGP é uma unidade do Exército, vinculada ao Comando Militar do Planalto. Em sua estrutura, funcionam cinco Companhias de Infantaria de Garda (Cia Inf Gd, na sigla militar), além de outras duas companhias e duas subunidades - a do Cerimonial, a Banda de Música, a de Comando e Serviço (CCS) e o Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR). Cada Cia Inf Gd possui efetivo de aproximadamente 200 soldados. Duas funcionam como batalhões de choque.

Míriam Leitão - País colheu o que Bolsonaro plantou

O Globo

Ex-presidente é o principal responsável pelos ataques em Brasília, que tiveram leniência de políticos e apoio financeiro

Os prédios que representam os três Poderes foram profanados por golpistas e vândalos, que queriam atingir a própria democracia. É preciso seguir a linha de responsabilidade pelo que aconteceu em Brasília. Se o país não apurar e punir organizadores, financiadores e autoridades coniventes continuará convivendo com episódios como os de ontem.

Foram muitos os sinais de leniência em relação aos terroristas que ontem vandalizaram prédios símbolos do poder da República. Os terroristas puderam se preparar com calma, tempo e a certeza da impunidade. Antes de tudo, é preciso ficar claro: o movimento é resultado do trabalho diário, constante durante quatro anos – e que permaneceu impune – do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele é o principal responsável pelo que aconteceu ontem em Brasília, mesmo estando, covardemente, a 6.100 quilômetros da capital brasileira.

Pablo Ortellado - Onde está a mão dura do Estado para defender a democracia?

O Globo

São absolutamente chocantes as imagens de golpistas invadindo o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Se as forças policiais do GDF, da Força Nacional ou o Exército não agirem com grande rigor, esses grupos minoritários de golpistas vão empurrar o Brasil para a beira do abismo.

Durante semanas, o Ministério da Justiça, o Ministério da Defesa e o governo do Distrito Federal avaliaram que as mobilizações golpistas desapareceriam por exaustão. A avaliação estava equivocada e o preço deste equívoco vai sair caro para a democracia brasileira.

Havia muitos indícios de que as mobilizações golpistas eram resilientes. Os acampamentos em frente aos quartéis persistiram por mais de dez semanas. E eles prosperaram por tanto tempo porque as polícias militares dos Estados e o Exército não agiram para desfazer os acampamentos. Prevaleceu o entendimento de que o tempo cuidaria de dissuadir os golpistas. Um erro!

Fernando Gabeira - A invasão dos bárbaros

O Globo

Talvez as pessoas respirem aliviadas. Mas é um engano baixar a guarda. O novo governo atua sob difíceis condições

Toda essa barbárie de hoje não me surpreendeu. No meio da semana, enviei um texto para um grupo de amigos, manifestando minha preocupação. Observando as redes da extrema direita, constatei que estavam em via de mudar de tática. Não haveria mais concentração diante dos quartéis, mas uma tentativa de invadir o Congresso e o Palácio do Planalto.

Citei um vídeo do finado Olavo de Carvalho que circulava intensamente. Nele, o teórico da extrema direita dizia que era preciso compreender que as Forças Armadas não tomariam iniciativa. As iniciativas mais bem-sucedidas de derrubada de governo seriam pela invasão popular de áreas como o Congresso e o palácio do governo.

As condições para atuar em Brasília existiam. A cidade votou majoritariamente na direita, exceto em alguns pontos da Asa Norte. Havia ainda uma pequena resistência diante do Quartel-General do Exército.

Demétrio Magnoli - Os golpistas, os cúmplices e os lenientes

O Globo

A invasão do Capitólio deu-se em 6 de janeiro de 2021. Exatos dois anos depois, tivemos o “nosso Capitólio”. Lá, Donald Trump, o presidente golpista, tentou destruir a democracia americana instruindo uma turba com núcleos de milícias supremacistas a invadir o Congresso, na hora da oficialização do resultado eleitoral. Aqui, Jair Bolsonaro, o presidente golpista, fugiu para os EUA após a posse do novo presidente, entregando a seus articuladores de redes sociais a missão de promover um badernaço.

Os golpistas são todos conhecidos. Nomes e RGs. Alguns poucos brilham no inquérito do STF. A maioria segue livre, leve e solta, graças à cumplicidade da PGR (leia-se Augusto Aras) e da Polícia Federal. Atrás dos cúmplices diretos, avultam as sombras de certo número de generais, almirantes e brigadeiros que cultivam um sonho maluco de retorno ao passado.

Na Brasília do “nosso Capitólio”, a cumplicidade direta ficou a cargo do governador Ibaneis Rocha e de seu secretário da (In)Segurança Pública, Anderson Torres, ex-ministro da (In)Justiça bolsonarista. O circo golpista era pedra cantada. Simulou-se proteção policial aos Três Poderes. O contingente diminuto passou horas fingindo cumprir sua função, em meio a selfies com os vândalos. A repressão efetiva só começou no fim da tarde, quando Ibaneis sentiu a água chegar ao seu pescoço.

Bernardo Mello Franco -Ataque anunciado à democracia

O Globo

Bolsonaristas avisaram que tentariam um golpe; governador e ministro da defesa precisam ser cobrados por atos terroristas

Pode-se dizer tudo sobre os atos terroristas deste domingo, menos que foram inesperados. Os bolsonaristas sempre avisaram que tentariam um golpe. A começar por seu líder supremo, que não reconheceu a derrota nas urnas e fugiu do país para boicotar a posse do sucessor.

Em janeiro de 2021, o ainda presidente Jair Bolsonaro festejou a invasão do Capitólio, orquestrada por seu aliado Donald Trump. Acrescentou que o Brasil poderia enfrentar “um problema maior que os Estados Unidos”. Dois anos depois, o desejo do capitão foi atendido.

O Capitólio candango foi mais grave que o original. Em Washington, o ataque se limitou ao Legislativo. Em Brasília, atingiu as sedes dos três Poderes da República.

Merval Pereira - Bolsonaro marginal

O Globo

Não se sabe onde isso vai parar, e nunca foi tão necessária uma união nacional pela democracia

Depois do que aconteceu em Brasília, Bolsonaro passa a ser não o líder da direita brasileira, mas de um bando de golpistas que escolheram a ilegalidade sob seu estímulo, até mesmo orientação. Inevitável comparar o vandalismo dos bolsonaristas com o que aconteceu, dois anos atrás, no Capitólio em Washington. A motivação é a mesma, impedir a alternância no poder. Naquela ocasião, tentaram impedir que o Congresso oficializasse a eleição de Joe Biden.

Agora, a tentativa foi de tomada do poder, uma revolução popular financiada por interesses privados que derrubaria o presidente já empossado. Não foi a primeira tentativa, várias outras aconteceram nesses quatro anos trágicos para o país. Sempre à espera de que algum militar aderisse, que algum pronunciamento pudesse motivar uma revolta generalizada. Nada disso aconteceu.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Democracia tem de se blindar contra o terrorismo de direita

Valor Econômico

O núcleo radical bolsonarista pretende cumprir suas inteções e não pode mais ser tratado como algo inofensivo

Não foi um raio em céu azul a invasão e a depredação ontem, por milhares de radicais bolsonaristas, do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto. A manutenção de acampamentos por longo tempo em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, serviu de base para um triplo ataque físico contras as instituições democráticas, inédito na história republicana. O governo decretou intervenção no Distrito Federal restrita à segurança pública, sem enfrentar de imediato a negligência ou conivência do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).

Não surpreende que a invasão das sedes dos Poderes tenha sido realizada por golpistas que pedem, desde a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de outubro, uma intervenção militar. Avisos e correntes no WhatsApp indicavam há tempos que isso estava sendo planejado. Surpreende a falta de reação do aparato da Polícia Militar do DF, a quem cabe cuidar da segurança de Brasília, e que foi escandalosa.

No seu comando está Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e radical bolsonarista. Sua exoneração pós-fato deu razão à intenção do ministro da Justiça, Flavio Dino, de impedir que ele retornasse ao cargo no DF, ao assinar portaria na quinta-feira que impede que servidores federais sejam cedidos caso respondam a processos criminais ou administrativo, caso de Torres. Ibaneis fez-se de mudo diante da sugestão para a demissão de Torres até ontem, quando a força dos elementos desencadeados já produzira efeitos destrutivos na ordem política.

Poesia | Graziela Melo – Meus ossos

Como garranchos
Secos,
meus ossos
se trituram,
se esfacelam,
se misturam...

Doloridos e
perplexos

depois de
sustentarem
um corpo
que se vai

sem deixar
vestígios

sem deixar
reflexos!!!

Onde
me levaram
esses ossos,

no resfolegar
da vida?

Daquí
para ali,

de ali
para
acolá,
de acolá
para cá!

E cá
estou!

E para
onde vou?

A única
certeza
é o cemitério!!!

Espaço
triste,
solitário,
deprimente,
deletério!!!

Alí,
minha carne
se desmancha,

mistura-se
com a areia...

restará
aquela
horrível
caveira,

magra,
esquelética
horripilante,
de cara feia!!!

Bom,
mas sou eu,
de fato!

Sem roupa
e sem
sapato!!!

Música | Tributo a Gal Costa, com Dora Morelenbaum, Lívia Nestrovski, Rubel e Tim Bernardes.