quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Debate sobre dominância fiscal serve de alerta

O Globo

Brasil está longe do ponto em que alta de juros é ineficaz contra inflação, mas economistas já cogitam tal cenário

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), aumentou a taxa básica de juros de 11,25% ao ano para 12,25%. Diante das expectativas de inflação acima do teto da meta em 2025, não havia outra alternativa senão aumentar o custo do crédito, para deter o crescimento da demanda e a alta dos preços. Foi o maior aumento nos juros desde fevereiro de 2022 e o maior do atual governo. A medida — necessária para deter a escalada inflacionária — ocorre num momento de intenso debate entre economistas sobre o risco de o Brasil chegar a um ponto em que subir os juros não adiantará mais para deter a inflação, situação conhecida tecnicamente como “dominância fiscal”.

Essa anomalia acontece quando a dívida pública sai de controle, e o aumento dos juros acaba contribuindo para aumentá-la ainda mais, deteriora a percepção de risco, alimenta a alta do dólar e repercute negativamente na própria inflação. Quando um país chega a tal ponto, a alta dos juros pode até surtir o efeito oposto ao desejado. É consenso que o Brasil ainda está muito longe dele, mas o simples fato de que a questão seja debatida revela até que ponto se deteriorou a credibilidade do governo para manter as contas públicas sob controle.

A ausência de Lula - Merval Pereira

O Globo

A ausência forçada de Lula mostra mais que nunca a fragilidade do governo do PT, sem solidez para negociar; não tem ninguém que seja identificado como poderoso a ponto de fechar um acordo

A ausência prolongada do presidente Lula, devido a uma nova intervenção cirúrgica, mostra mais uma vez que o governo não está preparado para atuar sem ele. A coincidência da doença com o momento delicado de votar as reformas tributária e fiscal, além da negociação com o Congresso sobre as emendas parlamentares, demonstra que o governo não está aparelhado para atuar sem a presença de Lula.

Os ministros Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, e Rui Costa, chefe da Casa Civil, estão negociando com o Congresso, mas nenhum dos dois tem credibilidade junto ao Centrão; nenhum deles tem habilidade para levar adiante uma votação difícil como as que se prenunciam. A oposição desdenha a capacidade política dos dois. Por isso Lula tem de entrar em campo sempre.

Lula, o mercado e um choque de realidade - Malu Gaspar

O Globo

Ninguém que acompanhe o xadrez de Brasília ignora que o Congresso Nacional é movido a dinheiro de emendas e toma lá dá cá. Mas o impasse no Parlamento em torno do pacote fiscal do ministro Fernando Haddad levou essa máxima ao paroxismo — e trouxe ao governo Lula um choque de realidade.

Na campanha eleitoral, Lula bateu sem dó no orçamento secreto. Não aceitava as emendas impositivas — a fatia do orçamento enviada de forma automática por deputados e senadores a seus estados e municípios, sem precisar de autorização do Executivo.

Mesmo assim, o presidente conseguiu aprovar a PEC da Transição ainda antes de tomar posse. Recebeu do Congresso autorização para gastar mais R$ 168 bilhões em programas sociais e investimentos. Depois disso, passou o arcabouço fiscal, que mudou a regra de contenção das despesas públicas, e a reforma tributária, que vinha sendo negociada havia décadas.

Choque de juros à vista e a prazo - Míriam Leitão

O Globo

Momento é difícil, mas não apocalíptico. O déficit primário, por exemplo, será metade do projetado pelo mercado

Banco Central não apenas deu um choque de juros ao subir a Selic em 1 ponto percentual, como trouxe de volta o forward guidance, ou seja, o aviso do que fará nas próximas reuniões. E serão outras duas altas de 1 ponto percentual a cada reunião. Isso significa que, em 19 de março, os juros brasileiros irão para 14,25%. O fim do mundo está próximo? Não. Olhando com objetividade, os dados da economia e da política, o Brasil tem sim problemas —e já volto a eles—, mas este ano está sendo bom também nos indicadores fiscais.

Para se ter uma ideia, o país no ano passado terminou com 2,4% do PIB de déficit primário, em parte pela herança do governo anterior. Para este ano, o mercado previa um déficit de R$ 90 bilhões a R$ 100 bilhões, e o país deve terminar o ano com um déficit de R$ 48 bilhões de reais, 0,4% do PIB. Um número muito melhor do que o esperado. A receita está crescendo 10% real no acumulado até novembro.

A democracia pode travar a barbárie - Maria Hermínia Tavares

Folha de S. Paulo

Em São Paulo, força bruta tem carta branca no combate ao crime

As consequências sempre vêm depois, dizia o Conselheiro Acácio, criação do escritor Eça de Queiroz, que o fez autor de pomposas platitudes. O dito se aplica ao governador Tarcísio de Freitas: ele contratou o desastre quando, por indicação de Jair Bolsonaro, nomeou para a chefia da Segurança Pública em São Paulo um ex-PM matador confesso e deputado da bancada da bala chamado Guilherme Derrite. Tarcísio deu firme apoio às medidas tomadas pelo apadrinhado do ex-presidente que provocaram importante retrocesso nas políticas públicas para o setor e produziram a atual situação de descontrole da ação policial.

O governo volta a piscar para o centrão – Bruno Boghossian

Folha de S. Paulo

A malandragem arquitetada para destravar o pagamento de emendas parlamentares representa mais do que um dia comum na relação entre Planalto e Congresso. Ao definir regras que garantem a liberação do dinheiro no apagar das luzes de 2024, o governo Lula fecha um acordo generoso com o centrão para a segunda metade deste mandato.

O bloqueio imposto por Flávio Dino à farra das emendas colocava detonadores na estrutura de escoamento de verba montada pelo Congresso nos últimos tempos. O governo não escondia que enxergava a decisão como uma oportunidade para recuperar o poder sobre a distribuição de recursos em troca de apoio em votações na Câmara e no Senado.

Balas na cabeça e tiro no bolso de cidadão e governo - Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

No Natal parlamentar, tem projeto aprovado às pressas para aumentar poluição e custo da conta de luz

As festas de final de ano no Congresso são aqueles dias em que se pagam contas —se fazem favores para lobbies. São dias de cobrança de contas —esfolar o governo da vez de modo a conseguir o pagamento de atrasados, como dinheiros em geral, de emendas em particular, e cargos, o óbvio.

Há dinheiro para empresas amigas, mais conta para o consumidor pagar, mais dívida para o governo federal. Mais armas liberadas para mais gente neste país de massacres.

O trator legislativo pode passar por cima da lei que regula as usinas eólicas de energia elétrica em alto-mar, uma corrente submarina de oportunidades para amigos da poluição e seus produtores. A lei dá longa sobrevida a produtores de carvão e a usina termelétricas a carvão (até 2050, ano em que nossos filhos estarão vivendo em um planeta que torra).

Morrer pelo Brasil —até certo ponto – Ruy Castro

Folha de S. Paulo

Acontece nos melhores quartéis: a coragem dentro da farda esvai-se numa fralda

Pelo que se leu e se ouviu das mensagens trocada pelos golpistas de Bolsonaro, reveladas há pouco pela Polícia Federal, uma coisa pareceu clara: aqueles generais podiam ser tudo, menos cínicos. Acreditavam de verdade que as eleições tinham sido fraudadas e que, se o comunista Lula subisse a rampa, a liberdade iria para o beleléu. O grau de desespero em suas falas indicava uma urgência, uma premência, uma emergência de, literalmente, dar a vida para salvar o Brasil. Pois era a vida que eles estavam botando em jogo ao calcular, entre as probabilidades do desfecho, a possibilidade de o golpe fracassar —e, mesmo assim, valeria a pena.

A sutura que apontará os rumos de 2026- Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Saúde fragilizada do presidente coincide com oposição encurralada para 2026 e mostra que as saídas para a crise sinalizarão o rumo da sucessão

Até Roberto Kalil descer para a portaria do Sírio-Libanês para falar com os jornalistas sobre o novo procedimento a que o presidente da República será submetido, os únicos sobressaltos do ambiente eram as provocações dos pacientes e visitantes que, no entra e sai, soltavam provocações sobre a saúde do paciente mais ilustre.

Uma senhora aparentando mais de 80 anos, impecavelmente vestida, maquiada e penteada, abordou um fotógrafo para saber da saúde de Lula. Ao ser informada, soltou: “Tomara que morra logo”. Indagada se era cristã, dobrou a aposta: “Ele é um demônio que fez mal ao país”. Além dos transeuntes, motoristas que passam pela rua do hospital abaixam o vidro dos carros para gritar seus votos pela piora da saúde do presidente.

A hostilidade não é novidade na família Lula da Silva. Quando dona Marisa foi internada no Sírio para tratar o AVC que acabaria por matá-la, em 2017, a República baixou no Sírio para prestar solidariedade a Lula - do então presidente Michel Temer ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Chegavam e saíam sob vaias de manifestantes que torciam pela morte da ex-primeira-dama.

52% votariam em Lula e 37%, em Bolsonaro, mostra pesquisa Genial/Quaest - Lilian Venturini

Valor Econômico

Potencial de voto do atual presidente é o maior entre dez nomes testados; Marçal supera governadores bolsonaristas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o político com maior potencial de voto entre dez nomes testados pela Quaest, de acordo com pesquisa divulgada nesta quinta-feira (12). Em segundo lugar está o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030.

No levantamento, o instituto não perguntou diretamente em quem o eleitor votaria em 2026, mas se os entrevistados conheciam os nomes apresentados e se votariam ou não neles. Ao todo, 52% afirmaram que conhecem e votariam em Lula, atualmente em seu terceiro mandato. Bolsonaro atinge 37%, mas a rejeição do ex-presidente (57%) supera a do atual mandatário (45%).

O instituto entrevistou presencialmente 8.598 pessoas, com idade a partir de 16 anos, em 120 municípios, entre os dias 4 e 9 de dezembro. A margem de erro é de 1 ponto percentual, para mais ou para menos. A pesquisa é financiada pela corretora Genial Investimentos.

Avaliação de Lula é copo quase pela metade – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Não se sabe quando o presidente da República reassumirá o comando pleno do país. Nesse vácuo de poder, quem tem esse papel?

O trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é aprovado por pouco mais da metade dos eleitores brasileiros, segundo pesquisa realizada pela Quaest, divulgada ontem. Sua gestão é apoiada por 52% e reprovada por 47%. Não sabe ou não respondeu representam 1%.

Esse índice de aprovação aumentou ligeiramente em relação a outubro, quando era de 51%, mas a rejeição subiu o dobro: era de 45%. Esses números podem ser impactados pela solidariedade em relação ao calvário de Lula, que, hoje, deve passar por uma segunda cirurgia na cabeça, para estancar o sangramento intracraniano provocado por uma queda no banheiro do Palácio do Alvorada, em meados de outubro.

Sem eles - William Waack

O Estado de S. Paulo

Qual a capacidade de Bolsonaro e Lula de decidirem as eleições se não forem candidatos?

Mesmo antes do indiciamento de Jair Bolsonaro pela PF e das cirurgias recentes do presidente Lula, já era evidente que a rota para as próximas eleições presidenciais seria um cenário aberto. É para ele que se caminha. Bolsonaro mantém viva a esperança de que algo como um canetaço o tornaria elegível. Todos os operadores políticos, inclusive bolsonaristas, sabem que as chances são das mais remotas, para dizer o mínimo. Uma boa parte do que é a direita usa Bolsonaro como grife, até como franchising, perfeitamente consciente de que ele não será candidato.

Lula mantém-se na típica dubiedade de “estar pronto” para ser mais uma vez candidato, mas sem pronunciá-lo claramente. Todos os operadores políticos, inclusive dentro do PT, sabem que a saúde do presidente, a avançada idade e, especialmente, seu evidente cansaço são obstáculos portentosos a uma candidatura, para dizer o mínimo.

Choque forte de juros - Celso Ming

O Estado de S. Paulo

Na última reunião do Copom comandada por Roberto Campos Neto, o Banco Central (BC) deu início a novo choque de juros, destinado a conter a inflação que vai escapando para perto dos 5% ao ano.

Por unanimidade foi decidida a pancada de 1,0 ponto porcentual, que empurra os juros básicos (Selic) aos 12,25% ao ano. E ficou avisado que, se nada mudar, vêm mais dois avanços de 1 ponto porcentual em cada uma das duas próximas reuniões, agendadas para 29 de janeiro e 19 de março, quando o Copom terá sete diretores indicados pelo presidente Lula entre os nove de sua composição. Isso empurraria a Selic em março para os 14,25% ao ano.

Agora com câmera corporal - Eugênio Bucci

O Estado de S. Paulo

No meio de tantas atrocidades, o lance do jovem ejetado como se fosse uma cusparada se converteu numa síntese imagética, virou o símbolo da insegurança pública

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mudou de ideia sobre a segurança pública. De uma hora para outra, passou a apoiar o uso da câmera dita “corporal” pela Polícia Militar (PM). Foi um cavalo de pau na postura do Palácio dos Bandeirantes.

Mas, fora a mise-en-scène, isso fará alguma diferença? Em parte, sim. Se o governador cumprir sua (nova) palavra, a tropa terá de lidar com mais fiscalização. No fundamental, porém, a resposta é não. A vida e a morte seguirão como dantes no quartel de Abrantes, e fora do quartel também. A polícia não vai acordar boazinha na segunda-feira só porque traz um aparelho ótico na indumentária.

As coisas mudam, mas não mudam. Parece contraditório? Nem tanto. O discurso político tem esta prerrogativa curiosíssima: pode desdizer espetacularmente o que dizia ontem e não modificar patavinas, num paradoxo já bastante conhecido. “Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude”, lemos no romance O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Trata-se de ceder os anéis para não ter que ceder os dedos, ou, voltando à perspectiva do governo, trata-se de ceder sobre as câmeras para não ter que ceder sobre as armas.

Na sanha por recursos, a desmontagem fiscal - José Serra

O Estado de S. Paulo

A sensação é de que a institucionalidade fiscal vai se desfazendo na sanha por recursos, cujos contendores não entendem nenhum limite

Na Constituição de 1988, relatei o Capítulo das Finanças Públicas, na condição de deputado constituinte. Toda confusão fiscal da década de 1980 impunha que o redesenho do aparato de planejamento, orçamento e gasto fosse solidamente delineado pela nova Carta.

Na verdade, a ditadura militar nos brindou com uma bagunça institucionalizada nas contas governamentais. Com a arrogância própria daqueles que se julgam portadores das verdades econômicas assim como os golpistas de 2022, o governo militar executava um orçamento alternativo, muitas vezes maior do que as minguadas dotações do Orçamento que era votado no Congresso. Este último não poderia alterar nada, devendo aprovar a proposta do Executivo tal como enviada ao Legislativo.

Alta da Selic é incompreensível e totalmente injustificada, avalia CNI

Agencias de Noticias

Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (11)

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera incompreensível e totalmente injustificada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar em 1 ponto percentual a taxa básica de juros da economia, a Selic, após reunião nesta quarta-feira (11). Trata-se da terceira alta consecutiva da taxa, agora em 12,25% ao ano. 

Para a CNI, manter o ciclo de alta da Selic iniciado em setembro já configuraria um erro do Banco Central. Intensificar esse ritmo, como a autoridade monetária escolheu, portanto, não faz sentido no atual contexto econômico, marcado pela desaceleração da inflação em novembro e pelo pacote efetivo de corte de gastos apresentado pelo governo federal. 

Além disso, a decisão do Banco Central ignora a desaceleração da atividade econômica, já observada no PIB do terceiro trimestre, e a tendência de redução de juros nas principais economias globais, como os Estados Unidos, que partem para o terceiro corte seguido nos juros na próxima semana.

Poesia | O Amor, de Vladimir Maiakovski

 

Música | Mônica Salmaso - O velho Francisco

 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Congresso deve aprovar pacote fiscal com urgência

O Globo

Parlamentares precisam deixar de lado interesses paroquiais e agir em nome das necessidades do país

Ao priorizar os próprios interesses e postergar a votação das medidas de ajuste fiscal, os parlamentares viram as costas às necessidades urgentes do Brasil. É verdade que as medidas apresentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, são insuficientes para alcançar o equilíbrio desejável das contas públicas e resgatar a credibilidade do governo. Mas isso não significa que não sejam necessárias. É preciso que o Congresso aprove logo o pacote, a tempo de que ele surta efeito já no Orçamento de 2025. É desejável até que aprimore as medidas anunciadas, de modo a impor mais rigor ao controle de gastos. Do contrário, o Legislativo se tornará tão responsável quanto o Executivo pela incúria fiscal que alimenta a inflação, os juros e mina o crescimento da economia.

Vera Magalhães - Governo para nos boxes

O Globo

Além da votação do pacote de gastos, emergência de saúde do presidente compromete reforma ministerial e recomposição para 2026

A emergência médica por que passou Lula contribuiu para trazer ainda mais complexidade a um cenário de fim de ano já bastante desafiador para o governo. Por um lado, a preocupação com a saúde do presidente produz uma espécie de espírito de colaboração, mesmo por parte dos parlamentares até então dispostos a colocar a faca no pescoço do Planalto para votar alguma coisa. Por outro, a ausência do presidente do comando da articulação política faz com que esses mesmos atores desconfiem ainda mais da capacidade dos que assumiram a linha de frente de entregar o que é preciso para que as votações deslanchem: a execução das famosas emendas parlamentares.

No varejo, é essa a ambivalência que reina numa Brasília ainda preocupada em entender a extensão da gravidade do quadro clínico do presidente. A arriscada operação para removê-lo às pressas para se submeter a uma cirurgia na cabeça em plena madrugada não foi nada trivial e suscitou uma série de dúvidas a respeito da maneira como foi conduzido o pós-operatório da queda que Lula sofreu em outubro.

Quem se trumbica não se comunica – Elio Gaspari

O Globo

Sempre que o governo reconhece que tem um problema de comunicação, ele tem um problema, mas não é de comunicação. O velho Chacrinha dizia que “quem não se comunica se trumbica”. Certo, mas quem se trumbica não se comunica, e é esse o problema.

A ekipekonômica e o Planalto fizeram um pacote mal-ajambrado, tentando embrulhar uma vassoura, bananas e uma gaiola, o dólar passou os R$ 6, e o problema estaria na comunicação.

Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secom, não é nenhum Washington Olivetto, mas não é dele a responsabilidade pela encrenca. Indo aos fatos.

A ekipekonômika começou a divulgar o pacote plantando notícias de uma tunga sobre o salário-desemprego dos trabalhadores demitidos sem justa causa. Começaram a soprar essa tunga sem ao menos conversar com o ministro do Trabalho, coisa de onipotentes mal-educados. 

Bernardo Mello Franco – Viúvas do talvez

O Globo

País ainda precisa retificar certidões de óbito de 404 vítimas da ditadura

Numa das cenas mais fortes de “Ainda estou aqui”, Eunice Paiva ergue uma certidão de óbito como se fosse um troféu. A ditadura havia matado seu marido em 1971. Ela só conseguiu o documento em 1996, depois de 25 anos de espera.

“O não reconhecimento da morte de Rubens Paiva foi a forma de tortura mais violenta a que eles poderiam submeter nossa família”, disse Eunice, interpretada no filme por Fernanda Torres. Até hoje, centenas de famílias vivem uma angústia parecida.

Ontem o Conselho Nacional de Justiça aprovou resolução que obriga os cartórios a retificarem certidões de óbito de vítimas do regime militar. “Embora nunca tenha havido um pedido formal de desculpas, como deveria ter havido, pelo menos estamos tomando as providências possíveis de reparação moral”, disse o ministro Luís Roberto Barroso.

Como lidar com a era do baixo crescimento - Martin Wolf

Financial Times / Valor Econômico

Desaceleração do crescimento precisa estar no foco das políticas públicas

Terá chegado ao fim o rápido crescimento econômico dos países de alta renda do mundo? Caso tenha, será que o estouro da bolha em 2007 marcou o ponto de virada? Ou, de outra forma, será que estamos no início de uma nova era de rápido crescimento alimentada pela inteligência artificial (IA)? As respostas a essas perguntas deverão contribuir muito para moldar o futuro de nossas sociedades, uma vez que a estagnação das economias explica, em parte, nossa cizânia política.

Então, o que mostra o histórico e até que ponto ele dependeu de oportunidades irrepetíveis? Aqui, meu foco será o Reino Unido, em sua condição de ser um dos vários países que lutam para recuperar o dinamismo. O Reino Unido, na verdade, tem sido relativamente pouco dinâmico desde a Segunda Guerra. No entanto, segundo o Conference Board, o PIB real per capita no Reino Unido cresceu 277% entre 1950 e 2023. No mesmo período, o PIB real per capita dos Estados Unidos cresceu 299%, o da França, 375%, o da Alemanha, 501% e o do, Japão 1.220%. Os padrões de vida, de forma cumulativa, foram se transformando.

Cirurgia de Lula não foi capaz de conter a pressão política - Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Problema de saúde do presidente foi precedido e sucedido por desarranjos políticos que ameaçam segundo biênio do governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a se queixar de dor de cabeça no início da tarde da segunda-feira. Os sintomas, posteriormente descritos por seu médico, Roberto Kalil Filho, como de “estado gripal”, não o impediram de receber os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Palácio do Planalto, às 17h.

A reunião, que não estava na agenda, foi convocada em função da trava nas votações do Congresso evidenciada pelo adiamento da leitura do relatório da regulamentação da reforma tributária às 16h na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Além de Lula e dos dois parlamentares, participaram o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Teto da tributária, candidato a ser furado - Lu Aiko Otta

Valor Econômico

Para quem esperava que a reforma reduzisse de forma importante a carga tributária, os sinais que vêm do Congresso não são muito animadores

O Brasil, dizem especialistas, já lidera hoje o ranking do “maior IVA do mundo”. IVA, ou Imposto sobre o Valor Agregado, é o que se pretende adotar no país a partir da reforma tributária. Hoje, os tributos que serão substituídos pelo IVA somam algo como 34%, nas estimativas do governo.

Para quem esperava que a reforma tributária reduzisse de forma importante essa carga, os sinais que vêm do Congresso não são muito animadores. O relatório que o senador Eduardo Braga (MDB-AM) apresentou esta semana para o Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/24 aponta para uma alíquota de 28,1% como a necessária para Estados e municípios não terem perda de arrecadação após a reforma.

O milagre de Milei: menos salários, mais aplausos - Guilherme Frizzera*

Correio Braziliense

Perpetua-se um ciclo em que austeridade não resgata economias, mas aprisiona sociedades em um labirinto de desigualdades 

A política econômica de Javier Milei, fundamentada no ultraliberalismo e apresentada sob o rótulo de austeridade, tornou-se o novo experimento de um modelo que há décadas flerta com a eficiência econômica em detrimento do custo social. Embora tenha abandonado a retórica da dolarização, Milei mantém a ênfase em cortes drásticos de gastos públicos e reformas econômicas amplamente elogiadas por mercados e instituições financeiras internacionais. No entanto, as contradições de sua estratégia começam a se impor, com manchetes ressaltando que, "surpreendentemente", a economia argentina continua encolhendo mesmo após a implementação dessas medidas.

Enquanto a pobreza atinge 53% da população e o poder de compra dos salários caiu 10%, o ajuste fiscal é celebrado como sinal de responsabilidade. Clara Mattei, autora de A ordem do capital, argumenta que a austeridade é ideológica, não técnica, pois reforça hierarquias e justifica sacrifícios sociais em nome de um progresso ilusório. Em vez de corrigir desequilíbrios, a austeridade os aprofunda, precarizando serviços e agravando a pobreza, enquanto investidores ganham a curto prazo.

Câmbio a 6. Choque de juros? – Zeina Latif

O Globo

Diz-se que política monetária tem uma dose de ciência e uma dose de arte. Sem dúvida

O risco de um ambiente macroeconômico mais instável e menos saudável, com alta do dólar, da inflação e dos juros, tem sido há tempos apontado por muitos analistas por conta da gestão das contas públicas.

Para piorar, assiste-se o recrudescimento no humor do mercado e nas expectativas de inflação. Não se trata de mera volatilidade, mas de mudança de patamar dos indicadores.

Esse quadro exigirá maior esforço da política econômica para recuperar a confiança dos agentes econômicos, de modo a fortalecer as “âncoras nominais” da economia, contendo preços, inclusive o câmbio e salários. Explico: se a inflação subiu e pode subir mais, na dúvida, o formador de preços faz mais reajustes. Nesse caso, é necessário um freio de arrumação.

As opções do Copom - Fábio Alves

O Estado de S. Paulo

Diante da piora na percepção do risco fiscal, um erro na política monetária vai abrir uma crise

Em meio à piora nas expectativas de inflação, disparada do dólar e PIB rodando forte com um mercado de trabalho apertado, restam ao Copom duas opções para a sua decisão de hoje: acelerar o ritmo de alta dos juros para 0,75 ponto porcentual, deixando em aberto o que vai fazer na sua próxima reunião, ou antecipar boa parte do orçamento do aperto monetário, ajustando a taxa Selic em 1 ponto e já sinalizando outra alta dessa magnitude na reunião seguinte.

Há argumentos plausíveis para as duas opções. Talvez os diretores do Banco Central acabem votando por uma delas com base na cotação do dólar e no que indicar a curva de juros ao fim do pregão de hoje. Com o dólar acima de R$ 6 e a curva de juros apontando para uma Selic acima de 15,50% no fim do ciclo de aperto, uma decisão do Copom que desagrade ao mercado poderá ter impacto negativo no câmbio, além de desancorar ainda mais as expectativas inflacionárias.

Jogo de 2026 depende da decisão de Lula - Vera Rosa

O Estado de S. Paulo

Dirigentes do PT dizem que presidente é como a Bíblia, que cada um interpreta como quer

A cirurgia sofrida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na madrugada de ontem jogou luz sobre a sucessão de 2026 para o Palácio do Planalto. Muito antes de Lula ser submetido à drenagem de um hematoma provocado por hemorragia intracraniana, porém, o assunto já movimentava os bastidores da política e até da economia.

Nem mesmo nas fileiras do PT há certeza de que o presidente concorrerá ao quarto mandato, daqui a dois anos. Além disso, para cada interlocutor ele afirma uma coisa. Tanto é assim que dirigentes do partido produziram há tempos uma frase para definir o seu estilo. Diz o PT que “Lula é como a Bíblia: cada um interpreta como quer”.

Lula convalesce com governo à matroca – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimiza as dificuldades do governo com o Congresso e desmentiu rumores sobre reforma ministerial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, operado na madrugada desta terça-feira, por causa de uma hemorragia intracraniana, convalesce em meio a uma crise com a bancada no Congresso e outra na comunicação do seu governo. Lula sentiu-se mal na segunda-feira à noite e foi submetido a exames médicos que constaram o sangramento, em razão das sequelas do tombo que levou em outubro, ao cair de um banco no banheiro quando cortava as unhas. A cirurgia foi bem-sucedida, e Lula passa bem.

Queixava-se de dores de cabeça desde a semana passada, sem saber que o problema era decorrente do sangramento, que pressionava o cérebro. Transferido para São Paulo e operado às pressas no Hospital Sírio-Libanês, segundo os médicos, o presidente da República está lúcido, se alimenta e fala normalmente, mas continua na unidade de tratamento intensivo (UTI) e não tem previsão de alta antes da próxima semana, quando está prevista sua volta para o Palácio do Alvorada.

Acordão podre das emendas – Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Congresso faz chantagem, governo se vira para driblar decisão do STF, também uma gambiarra

Congresso, Supremo e governo organizam um acordão de Natal que deve nos dar de presente outro pacote de apodrecimento da República. Isto é, outro passo na institucionalização progressiva de espécie de feudalismo orçamentário, parte daquilo que por vezes se chama de "semiparlamentarismo", um exagero para uma degradação para a qual ainda não temos nome melhor. É também mais um aspecto da deterioração fiscal que vai nos levar a alguma crise econômica, social e política.

O Supremo definiu umas regras razoáveis para a elaboração de emendas parlamentares ao Orçamento federal. Muito melhores do que as regras definidas pelo Congresso faz pouco, que apenas passam um óleo de peroba na cara de pau da farra antirrepublicana e antieconômica com dinheiros públicos. É aquela lei para inglês ver, que fingia atender a exigências do STF, do ministro Flávio Dino.

Lula precisa de Lula - Bruno Boghossian

Folha de S. Paulo

Ausência parcial traz o lembrete de uma dependência acentuada e da chantagem direta feita pelo Congresso

A cirurgia que deve tirar Lula de campo até a próxima semana exibe sintomas agudos de deformações conhecidas do governo e das relações de poder no país. A internação do presidente não oferece um grande risco político imediato, mas expõe anomalias institucionais e fragilidades domésticas da gestão petista.

A concentração da autoridade política nas mãos de Lula é a marca mais cantada deste mandato. Não é uma grande deformação para os padrões do presidencialismo brasileiro, mas essa característica condicionou toda a estrutura do poder a uma dependência acentuada da porta para dentro e da porta para fora.

A coincidência da internação com a corrida acelerada para a aprovação do ajuste fiscal mostra o quanto Lula precisa de Lula. Ainda que o presidente esteja disposto a despachar do hospital, o momento politicamente delicado é um lembrete de que parte da influência do petista está ancorada em seus gestos públicos e conversas reservadas em Brasília.

Fúria, narcisismo e ofensas: o estranho mundo dos comentários - Wilson Gomes

Folha de S. Paulo

Informação e análise, em vez de servirem de esclarecimento, viram combustível para raiva

Há uma máxima destes novos tempos cuja inobservância inevitavelmente aumenta a taxa de infelicidade de quem ganha a vida publicando em jornais, revistas ou qualquer veículo de informação online: não leia os comentários. É um princípio que há quase 25 anos tenta ajudar aqueles que se dedicam a análises, críticas ou, simplesmente, como se diz hoje, à produção de conteúdos para consumo digital, a preservar algum contentamento e autoestima.

Essa máxima vale para qualquer assunto, mas especialmente para os que frequentemente dividem opiniões: futebol, política, religião, moral, celebridades ou até se um desconhecido deveria ceder seu lugar na janela do avião. Em resumo, a quase tudo, pois no verão de 2024 não há coisa que se ame mais do que odiar.

Encontrando a esperança na era do ressentimento - Paul Krugman

The New York Times / Folha de S. Paulo

Como o otimismo de 2000 deu lugar à raiva nos tempos atuais

Esta é minha última coluna para o The New York Times, onde comecei a publicar minhas opiniões em janeiro de 2000. Estou me aposentando do Times, não do mundo, então ainda expressarei minhas opiniões em outros lugares. Mas esta parece uma boa ocasião para refletir sobre o que mudou nesses últimos 25 anos.

O que me impressiona, olhando para trás, é como muitas pessoas, tanto nos EUA quanto em grande parte do mundo ocidental, eram otimistas naquela época e até que ponto esse otimismo foi substituído por raiva e ressentimento.

E não estou falando apenas de integrantes da classe trabalhadora que se sentem traídos pelas elites; algumas das pessoas mais irritadas e ressentidas nos Estados Unidos agora —pessoas que parecem muito almejar ter muita influência com o governo Trump que está por vir— são bilionários que não se sentem suficientemente admirados.

É difícil transmitir o quão bem a maioria dos norte-americanos se sentia em 1999 e no início de 2000. As pesquisas mostravam um nível de satisfação com a direção do país que parece surreal nos padrões atuais. Minha percepção sobre o que aconteceu na eleição de 2000 foi que muitos americanos consideraram a paz e a prosperidade como garantidas, então votaram no cara que parecia ser mais divertido de se conviver.

Na Europa, também, as coisas pareciam estar indo bem. Em particular, a introdução do euro em 1999 foi amplamente saudada como um passo em direção a uma maior integração política e econômica —em direção a um Estados Unidos da Europa, se preferir. Alguns de nós, norte-americanos, tínhamos precauções, mas inicialmente elas não eram amplamente compartilhadas.

Poesia | Não há vagas, de Ferreira Gullar(interpretação do ator Ivan Lima)

 

Música | Mônica Salmaso - A volta do malandro

 

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Queda da tirania de Assad é razão para celebração

O Globo

Mas futuro da Síria, nas mãos de grupos jihadistas, desperta preocupação e traz incerteza à região

A realidade convulsiva do Oriente Médio ganhou novo capítulo com a queda da ditadura da família Assad, que governou a Síria por mais de 50 anos. O exílio de Bashar al-Assad na Rússia marca o fim do regime tirânico iniciado por seu pai, Hafez. Os dois governaram o país na base da repressão e da tortura, financiados por aliados externos. Somente na década passada, mais de 300 mil morreram numa guerra civil sangrenta que opôs milícias e facções religiosas, em que as forças de Assad chegaram a usar armas químicas contra o próprio povo. Com a vitória dos rebeldes, celebrações pelo fim da era Assad despontaram na capital, Damasco, pelo país e pelo mundo. Mas os casos de tiranias recentes também derrubadas no Oriente Médio — como Saddam Hussein no Iraque ou Muammar Gaddafi na Líbia — são suficientes para despertar preocupação com o futuro.

Antonio Lavareda: Quem evitou golpe em 2022 em última instância foram os EUA

Anna Satie / UOL

Para o cientista político Antonio Lavareda, não foi a consciência das Forças Armadas, mas a posição do governo dos Estados Unidos que frustrou os planos golpistas para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder em 2022.

Em entrevista ao UOL, o analista disse que os comandantes brasileiros não podem levar o crédito pela manutenção da democracia quando as investigações mostram que eles tinham conhecimento prévio da trama e não fizeram denúncia alguma.

Ele destaca que, durante o processo eleitoral daquele ano, enviados pelo presidente Joe Biden se reuniram com os chefes das Forças Armadas e deixaram claro que o país não apoiaria uma ruptura institucional.

Forças Armadas do Brasil e dos EUA têm ligação histórica

Em pé de guerra - Merval Pereira

O Globo

O ambiente hoje no Congresso é mais favorável a um recrudescimento do sentimento de polarização política que de pacificação, levando a reforma ministerial a ser a única solução para apaziguar os ânimos

A recusa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino em rever detalhes de sua decisão sobre o pagamento das emendas parlamentares, mudança solicitada pela Advocacia-Geral da União (AGU), fez aumentar o clima de revolta entre os parlamentares, que se recusaram a dar quórum para o início do debate da reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

As prioridades do Congresso não são as mesmas do país — reforma tributária, pacote fiscal, corte de gastos, entre outros. Como está em jogo a disputa para as presidências da Câmara e do Senado, a maior preocupação dos deputados e senadores é agradar aos eleitores — dentro do Congresso, não os nacionais, que os elegem. Há muito pouco tempo para aprovar tudo o que precisa — faltam dez dias para o recesso.

Juros, novo BC e crise política - Míriam Leitão

O Globo 

Conflito entre o Supremo e Congresso sobre as emendas trava votações importantes em uma semana já tensa com a alta maior dos juros

Esta última reunião do Copom do ano e da gestão de Roberto Campos Neto é a mais importante em muito tempo. O Banco Central deve acelerar de novo a alta dos juros. Um grande número de bancos e consultorias projetam uma alta de 0,75 ponto percentual na Selic, para 12%, com algumas apostas chegando a 1 ponto percentual. O clima de país em crise se espalhou entre operadores e dirigentes de instituições financeiras. Desde a última reunião, o dólar subiu de R$ 5,67 para R$ 6,08 e a inflação no acumulado de 12 meses ultrapassou o teto da meta. Com o IPCA a ser divulgado hoje, deve chegar a 4,8%, mesmo número da mediana das previsões do Focus para o ano.