O Globo
Jair Bolsonaro gostava de encher a boca
para dizer que em seu governo não há corrupção. Gostava, porque, nas últimas
vezes em que tratou do assunto, afirmou que não sabe dizer se há ou não.
Acontece que ele sabe, sim, a corrupção que
acompanha não só seu governo, mas sua família, desde a gênese da construção de
um império patrimonial erguido à custa de mandatos eletivos, lançando mão de
toda a sorte de expedientes rasteiros para “otimizar” os ganhos provenientes
deles.
E, desde que assumiu a Presidência da
República, se utiliza do peso de seu poder para exigir de subordinados que usem
a estrutura do Estado para blindar a família e os aliados e para impedir que
esses esquemas nebulosos sejam apurados a fundo.
O que acontece agora, simultaneamente, na Polícia Federal, no Coaf, na Receita Federal e no Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão do Ministério da Justiça, é uma tentativa desesperada de proteger o filho Zero Um do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, e o blogueiro explosivo Allan dos Santos, foragido da Justiça com extradição determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.