quinta-feira, 23 de junho de 2016

Opinião do dia – Regis Cavalcante

A Lei de Responsabilidade das Estatais é bem-vinda. Onde não tem gestão séria e comprometida e um Congresso Nacional que só serve para negociatas essa proposta se torna muito importante. Contudo, ela [a lei] não deixa de ser remendo de um problema muito maior: o modelo político brasileiro. Ou fazemos uma profunda reforma do Estado brasileiro, ou não teremos uma solução definitiva. O País não pode mais estar à disposição de interesses político-privados. Na hora que a sociedade entender isso, cobrar de seus governantes e começar a eleger pessoas comprometidas com a República nós conseguiremos mudar o Brasil.”

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Regis Cavalcante é secretário de finanças do PPS, no portal do partido, Brasília, 22/6/2016

Ex-ministro Paulo Bernardo é preso em operação da Polícia Federal em Brasília

• PF cumpre mandado de busca e apreensão na casa de Gleisi Hoffmann e sede do PT em SP

Jailton de Carvalho / Isabel Braga / Sérgio Roxo – O Globo

BRASÍLIA e SÃO PAULO - O ex-ministro do Planejamento, do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e das Comunicações, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, Paulo Bernardo foi preso pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira, em Brasília, na Operação Custo Brasil, um desdobramento da 18ª fase da Lava-Jato. Ele é casado com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A residência do casal em Curitiba foi alvo de busca e apreensão. Policiais federais também cumprem um mandado de busca na sede do PT, no centro de São Paulo.

A operação apura o pagamento de propina, proveniente de contratos de prestação de serviços de informática com a empresa Consist, na ordem de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015, a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos do Ministério do Planejamento. O caso foi revelado pelo GLOBO em agosto do ano passado.

Na sede do PT, a busca se concentrou na sala da tesoureira do partido, que era comanda por João Vaccari Neto, que está preso por causa da Lava-Jato, em Curitiba. No local, foram apreendidos documentos. De acordo com agentes, não foi encontrado dinheiro no local.

PF prende Paulo Bernardo em operação que apura contratos de R$ 100 mi do Planejamento

• A ação decorre de fatiamento que ocorreu na investigação que estava no Supremo Tribunal Federal; estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão preventiva, 40 de busca e apreensão e 14 de condução coercitiva nos estados de São Paulo, do Paraná, Rio Grande do Sul, de Pernambuco e do Distrito Federal

Fausto Macedo, Julia Affonso, Ricardo Brandt e Mateus Coutinho – O Estado de S. Paulo

BRASILIA - O ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações no governo Lula), marido da senador Gleisi Hoffmann (PT-PR), foi preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 23, em Brasília, na Operação Custo Brasil, o primeiro desdobramento da Operação Lava Jato em São Paulo. A ação decorre de fatiamento de uma investigação que estava no Supremo Tribunal Federal.

A PF está ainda na casa do jornalista Leonardo Attuch. A ação é conjunta da PF com o Ministério Público Federal e a Receita Federal do Brasil e apura o pagamento de propina, proveniente de contratos de prestação de serviços de informática, na ordem de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015, a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos ligados ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG.

Paulo Bernardo, ex-ministro de Dilma e Lula, é preso na Lava Jato

• Sede do PT em SP e casa do petista e da mulher, Gleisi Hoffmann, em Curitiba, também são alvo de busca; ação mira esquema de propina de R$ 100 milhões no Planejamento

Paulo Bernardo, ex-ministro de Dilma e Lula, é preso na Lava Jato

Bela Megale, Mônica Bergamo – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA e SÃO PAULO Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, foi preso na manhã desta quinta-feira (23) em uma operação da Polícia Federal realizada em parceria com a Lava Jato. A informação foi confirmada pela defesa do petista.

Ele foi detido em Brasília, no apartamento funcional da mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A casa dos dois, em Curitiba, também é alvo de buscas.

A prisão do petista, que deve ser levado à sede da PF em São Paulo, é temporária.

O ex-ministro Carlos Gabas, amigo pessoal da presidente afastada Dilma Rousseff, é outro alvo da operação.

PF prende ex-ministro Paulo Bernardo no âmbito da Lava-Jato

André Guilherme Vieira e Letícia Casado - Valor Econômico

SÃO PAULO E BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente o ex-ministro Paulo Bernardo (PT-PR), que participou dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, durante a Operação "Custo Brasil", deflagrada nesta quinta-feira. O ex-ministro foi preso em apartamento em Brasília, mas ficará na carceragem da PF em São Paulo.

A operação é o primeiro desmembramento da Operação Lava-Jato em São Paulo e apura propina em contratos de R$ 100 milhões para serviços de informática entre 2010 e 2015 feitos entre o Ministério do Planejamento e a empresa Consist.

O advogado Guilherme Gonçalves, que trabalhou para a campanha eleitoral da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher de Paulo Bernardo, também teve prisão decretada pela Justiça Federal de São Paulo. Responsáveis pela coordenação jurídica das campanhas de Gleisi em 2008, 2010 e 2014, os escritórios do advogado Guilherme Gonçalves receberam R$ 7,2 milhões das empresas suspeitas de participarem do esquema de corrupção e pagamento de propina ligado à atuação da Consist no Planejamento, segundo a PF.

Planalto já articula sucessão na Câmara

• Governo Temer atua para garantir candidatura única ao comando da Casa, caso Cunha renuncie; líderes partidários aceitam interferência

Igor Gadelha, Erich Decat - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto começou a se envolver na disputa da sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados para tentar garantir um candidato único da base. O governo teme que um racha entre os aliados para a disputa prejudique a governabilidade na Casa e votações de seu interesse. Nesta semana, foram aprovados projetos considerados importantes pela equipe do presidente em exercício Michel Temer.

O envolvimento do Planalto tem se dado por meio do líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE). O parlamentar foi escalado para convencer lideranças do PMDB, da antiga oposição (DEM, PSDB, PPS e PSB) e do Centrão (grupo de 13 siglas liderados por PP, PSD, PR e PTB) a se unir e apoiar um candidato único para a disputa do mandato “tampão”, que vai até fevereiro de 2017. Principal sustentação de Temer na Câmara, os três grupos articulam candidaturas separadas, o que já tem gerado atrito.

Disputa por sucessão já tem 13 candidatos e ameaça rachar base

• Temer prega unidade, mas terá de lidar com a substituição de Cunha

Leticia Fernandes, Isabel Braga e Simone Iglesias - O Globo

BRASÍLIA - A expectativa de renúncia do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acelerou as tratativas para a sua sucessão. Interlocutores do governo contam 13 virtuais candidatos só entre partidos da base aliada do governo interino de Michel Temer (PMDB-SP).

Enquanto surgem interessados no mandato tampão, até o início de 2017, Temer tem apelado a aliados pela unidade. Aos presidentes de partidos da base, ministros e deputados que o procuram, a resposta é a mesma: “Achem um nome que una a base”, contou um interlocutor presidencial.

Temer quer base na Câmara unida para substituir Cunha

Estevão Taiar – Valor Econômico

SÃO PAULO - O presidente interino Michel Temer deu sinais ontem de que já pensa no futuro da Câmara dos Deputados sem o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Temer disse que os deputados precisam solucionar "com a maior rapidez" possível qual a punição que caberá a Cunha. Mas sugeriu que, no caso de essa punição ser a perda da presidência, a base aliada se una em torno de um único candidato.

"Não vale a pena cindir a base", disse em entrevista à "Rádio Jovem Pan". "Tenho dito aos deputados: se vocês harmoniosamente e após diálogos e mais diálogos tiverem um candidato único, isso será útil para a Câmara, que revelará unidade, e também para o governo, para mostrar que a base está efetivamente unida." Ele reafirmou que a decisão a respeito do futuro de Cunha cabe apenas aos deputados, sem interferência do Executivo.

Votação que pode cassar Cunha está prevista para julho

• Presidente afastado da Câmara apresenta recurso na CCJ

Leticia Fernandes e Isabel Braga – O Globo

BRASÍLIA - Palco da última batalha do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para evitar a cassação do seu mandato, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deverá votar em 7 de julho, uma quinta-feira, o recurso que será apresentado hoje pelo peemedebista.

O presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse ao GLOBO que a data leva em conta os feriados desta e da próxima semana. A data estimada por Serraglio para a votação leva em conta também a possibilidade de haver pedido de vista por parte de aliados de Cunha, o que atrasaria os trabalhos em mais dois dias úteis. No plenário, a previsão é que a votação ocorra em 13 de julho.

Em seu recurso, Cunha questionará a opção pelo sistema nominal de votação no Conselho de Ética e o fato de o relator, Marcos Rogério (DEM-RO), pertencer ao mesmo bloco partidário do PMDB, seu partido. Na avaliação de Cunha, os dois fatos violam as regras da Câmara.

Impeachment de Dilma só irá ao plenário do Senado no fim de agosto

Por Vandson Lima – Valor Econômico

BRASÍLIA - O eventual julgamento da cassação definitiva do mandato da presidente afastada Dilma Rousseff deverá ocorrer só daqui a dois meses, entre os dias 22 e 26 de agosto. É o que indica o novo cronograma de trabalho, aprovado ontem, pela comissão processante do impeachment instalada no Senado.

Após seguidos atrasos na previsão anterior, proporcionados pela demora em ouvir todas as 40 testemunhas apresentadas pela defesa da petista - as oitivas irão até quarta-feira -, o colegiado revisou seu calendário.

Dilma poderá prestar depoimento e fazer sua defesa pessoalmente à comissão do impeachment no dia 6 de julho. Segundo o advogado José Eduardo Cardozo, ainda não está definido se a presidente comparecerá ou se ele ficará encarregado de fazer a defesa da denunciada na sessão, daqui a duas semanas.

Temer diz que não vale a pena falar em impeachment de Janot

• Segundo o presidente em exercício, Janot 'cumpriu o seu papel' ao pedir a prisão de caciques peemedebistas

Carla Araújo - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente em exercício, Michel Temer afirmou na manhã desta quarta-feira, 22, em entrevista à rádio Jovem Pan que não acredita que a discussão sobre o impeachment do Procurador da República, Rodrigo Janot, deve ser levada adiante. “Eu acho que realmente não vale a pena”, disse. Temer disse ainda que o presidente do Senado, Renan Calheiros, arquivou cinco pedidos de impeachment do procurador. “Se não me engano esse é o sexto e que eu tenho a sensação de que não irá adiante”, afirmou.

Na quinta-feira passada, 16, Renan disse que Janot "extrapolou" os limites ao pedir a prisão e emitir mandatos de busca e apreensão de senadores no exercício do mandato e que iria responder sobre o pedido de impeachment até esta quarta, o que não aconteceu. O senador não deu novo prazo para a análise. Apesar das fortes críticas, negou que estivesse tentando intimidar o procurador.

Renan acha inusitado tantos pedidos para afastar Janot

• Jovem de 21 anos protocola o décimo; Temer diz que solicitações contra procurador-geral não devem prosperar

Cristiane Jungblut - O Globo

BRASÍLIA - No mesmo dia em que o presidente interino Michel Temer declarou que os pedidos de afastamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não devem prosperar, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que o Senado agirá “com responsabilidade” nestes casos, mas considerou “inusitado” que tantos pedidos de impeachment do chefe do Ministério Público sejam apresentados no Senado. Nos bastidores, Renan foi aconselhado pela cúpula do PMDB a baixar o tom em relação aos pedidos de afastamento de Janot. Ele esteve com o próprio Temer em jantar na noite de anteontem.

Renan já comunicou à cúpula do PMDB que não vai dar prosseguimento ao penúltimo pedido, apresentado por duas advogadas.

Janot 'fez seu papel' ao pedir prisão de cúpula do PMDB, afirma Temer

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O presidente interino Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (22) que o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, "fez seu papel" ao pedir as prisões de líderes do PMDB e que "não vale a pena" pedir seu impeachment, como cogitou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

No começo do mês, o PGR pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal), as prisões de Renan, do senador Romero Jucá (PMDB-RR), do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do deputado afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por suspeita de agir para atrapalhar a Operação Lava Jato.

"Acho que o procurador fez o papel dele –[embora] eu não saiba quais foram suas razões, possivelmente ele está motivado por depoimentos que tem em suas mãos. E o ministro Teori [Zavascki, do STF, que recusou os pedidos,] também fez o dele adequadamente. No instante que começamos a perceber que temos que obedecer e enaltecer a atividade das instituições estaremos aprimorando uma tentativa do que eu chamo de reconstitucionalizar o país", afirmou o peemedebista em entrevista à rádio Jovem Pan.

Temer não fará vetos a lei que afasta políticos da direção de estatais

Valdo Cruz, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente interino, Michel Temer, não vai vetar nenhum ponto considerado essencial do projeto que estabelece as novas regras para nomeação de diretores e conselheiros de estatais, aprovado nesta terça-feira (21) pelo Senado. Segundo um assessor presidencial, a orientação é para sancionar todos os pontos classificados de moralizadores, como a proibição de que pessoas com atuação partidária ou com cargos políticos ocupem diretorias de estatais.

Temer prometeu aos senadores sancionar o projeto ainda nesta quarta-feira (22), destravando as nomeações de diretores das estatais. Uma das primeiras será a de Wilson Ferreira para comandar a Eletrobras. O nome dele foi confirmado por um assessor de Temer e se encaixa no perfil técnico desejado pelo governo para resolver a crise da empresa do setor elétrico.

Ferreira hoje é presidente da CPFL e deixará a companhia a partir de julho. Seu nome é bem visto pelo mercado como um técnico no mesmo estilo de Pedro Parente, que assumiu a Petrobras.

MP quer explicações sobre obra do Maracanã

O MP quer a devolução de R$ 93 milhões que teriam sido pagos indevidamente ao consórcio do Maracanã. Segundo delator, houve propina.

MP cobra explicação sobre obra do Maracanã

• Auditorias do TCE concluíram que R$ 93 milhões foram pagos indevidamente

Juliana Castro - O Globo

O Ministério Público Especial que atua junto ao Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCERJ) quer saber se foram devolvidos os R$ 93 milhões pagos indevidamente ao consórcio que reformou o Maracanã, segundo concluíram duas auditorias feitas por técnicos do tribunal. O pedido do MP consta do parecer enviado ao conselheiro da Corte José Graciosa, relator do processo que analisa a reforma do estádio.

Sem espaço - Merval Pereira

- O Globo

STF mostra que Cunha não tem mais como escapar. Não adiantou de nada as palavras respeitosas que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, proferiu sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão de ontem de torná-lo mais uma vez réu por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas demonstra que Cunha não tem mais espaço para escapar de punições.

A derrota mais sofrida, no entanto, deve ter sido a de desmembrar os processos, levando para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, os casos da mulher de Cunha, Cláudia Cruz, e de sua filha. Chamou a atenção no julgamento de ontem a explicitação de elogios ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, feitos por diversos ministros, principalmente pelo relator dos processos da Lava-Jato no STF, ministro Teori Zavascki.

O último baile fiscal - José Roberto de Toledo

- O Estado de S. Paulo

Para quem chegou ao poder com o compromisso de frear a gastança e arrumar a bagunçada economia brasileira, a coleção de feitos e desfeitos do governo interino em 40 dias pode surpreender – pelo menos os infelizes que não são iluminados pelo sol de Brasília.

Medida provisória de Michel Temer obrigou a União a dar R$ 2,9 bilhões para o governo do Rio de Janeiro, em parcela única, ainda em 2016. A desculpa é a segurança da Olimpíada. O motivo é que o Rio quebrou. Outros Estados também choraram e ganharam carência para pagar suas dívidas – um calote legal e a prazo. Devem ganhar a mesma folga no pagamento de dívida de R$ 10 bi com o BNDES. Prefeitos viram, berraram e querem mamar também.

A regra do jogo – Bernardo Mello Franco

-Folha de S. Paulo

O escândalo do mensalão mostrou por que tantos políticos se estapeiam pelo controle de estatais. A disputa pelas empresas públicas é parte do jogo sujo das eleições. Os órgãos mais cobiçados são chamados de "fabriquinhas". Produzem milhões de incentivos para bancar partidos e campanhas.

Quem nomeia passa a influir em contratos e licitações. Também garante acesso privilegiado aos fornecedores, que pagam pedágios e retribuem favores com doações. Assim funciona a parceria ancestral entre políticos e empreiteiros, foco das investigações da Lava Jato.

Delação à vera - Luiz Carlos Azedo

Investigações revelam a existência de muitas conexões entre a Odebrecht e as campanhas de candidatos aliados do PT nos países onde a empresa tem obras financiadas pelo BNDES

- Correio Braziliense

O empresário norte-americano Percival Farquhar (1864-1953) foi uma das figuras mais controvertidas da história econômica do Brasil. Natural da Pensilvânia, formou-se em engenharia na Universidade de Yale e tornou-se um magnata dos transportes, da energia e da mineração no começo do século passado. Seu império incluiu os bondes em Nova Iorque, a Companhia de Eletricidade de Cuba, ferrovias na Guatemala e minas na Europa Central. Na Rússia, negociou seus investimentos nesses setores pessoalmente com Lênin, para quem “o socialismo era a eletrificação”. Entre 1905 e 1918, foi o maior investidor privado do Brasil.

O acordo da dívida. Custoso mas de bons dividendos institucionais e políticos - Jarbas de Holanda

O acordo firmado anteontem entre o presidente Michel Temer e os governadores dos Estados – para a suspensão por seis meses e, depois, descontos até o final de 2017, do pagamento da vultosa dívida destes com a União – teve a contrapartida do apoio a uma peça-chave das mudanças fiscais propostas pela nova equipe econômica do Palácio do Planalto: a PEC da limitação constitucional dos gastos públicos federais, dos estados e municípios. Além de demonstrar a capacidade de Temer de juntar todos os governadores em torno do enfrentamento da explosiva crise dessa dívida, que se arrastava há anos e já fora transferida para o STF (o que agora está suspenso). As concessões feitas terão um alto custo para o Tesouro Nacional. Mas o acordo abre caminho para a aprovação da PEC do Teto, após a confirmação pelo Senado da recriação ampliada da DRU (já aprovada na Câmara), e reforça as perspectivas favoráveis ao envio ao Congresso de outras reformas relevantes, como a da Previdência e a da terceirização das relações de trabalho. E para a viabilidade de iniciativas importantes à retomada de investimentos, como a do relançamento, em bases realistas, de concessões nas áreas da infraestrutura. Bem como, antes disso, para a conversão de interino em permanente do chefe do novo governo.

A turbulência como ativo de Michel Temer - Maria Cristina Fernandes

• O empurrão que faltava para o presidente interino

- Valor Econômico

A cruzada do presidente Michel Temer para atravessar a barreira da interinidade ganhou um empurrão da trindade promotor-juiz-polícia. Depois de comprometer o futuro eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de varrer três ministros do governo, as operações agora miram a alternativa mais vistosa à permanência do presidente interino no poder, Marina Silva.

A ex-senadora tem viajado para promover as candidaturas do seu partido às disputas municipais sem descuidar das chances de vir a disputar eleições presidenciais, seja por decisão do Tribunal Superior Eleitoral de cassar a afastada e o interino, seja pelo retorno de Dilma Rousseff casado com a convocação de um plebiscito.

Da fartura à calamidade - Míriam Leitão

- O Globo

Ajuda traz alívio, mas problema do Rio é estrutural. O economista Paulo Tafner foi subsecretário geral da Fazenda do Rio até outubro de 2015 e viu de perto alguns dos erros do estado. Houve um forte aumento de gastos, ou mesmo farra em algumas situações. A queda do preço do petróleo e o “descalabro na Petrobras", como define, tiveram sério impacto na economia fluminense. O socorro da federação alivia, mas o estado ainda tem um problema estrutural para resolver.

Temer, licença para gastar – Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

Michel Temer está com crédito. Apesar de críticas, a tolerância ainda é grande. Pelo menos entre os mais ou menos adeptos da "ponte para o futuro" liberal que o presidente prometeu no ano passado.

Por enquanto, Temer gasta quase tudo em casos tidos e havidos como perdidos: contas a pagar do governo Dilma Rousseff, aumentos de funcionários, esqueletos, a ruína dos Estados. Jogou um tanto de recursos fora, com nomeações obviamente furadas para ministérios e cercanias.

As elites econômicas, que andaram meio dispersas antes do impeachment, declaram apoio a Temer, até porque mesmo os grandes recalcitrantes acreditam que não haveria alternativa antes de 2018.

O gringo era carioca - Carlos Alberto Sardenberg

• É equivocada e atrasada a legislação que limita a participação estrangeira em companhias aéreas — só agora sendo modificada

- O Globo

Está em votação no Congresso a medida provisória pela qual estrangeiros poderão ser donos e controladores de companhias aéreas brasileiras.

Mas já não pode?, perguntará o leitor acostumado, por exemplo, a voar pela Azul. O dono é o americano David Neeleman, que havia fundado três companhias aéreas nos EUA, uma das quais a revolucionária JetBlue. A brasileira Azul foi a sua quarta, criada em 2008.

Além do capital próprio que trouxe dos EUA, Neeleman recolheu investimentos de George Soros e de um fundo de São Francisco, aos quais se juntaram, minoritariamente, acionistas brasileiros.

Sucessão de maus negócios levou a Oi à bancarrota – Editorial / Valor Econômico

A maior bancarrota de uma empresa da América Latina teve como protagonista uma empresa que já nasceu torta, a Telemar, depois Oi, fruto de uma privatização no geral bem sucedida, porém com falhas, e precedida por intervenções de governo desastrosas pelos resultados e suspeitas pelas intenções. A Oi entrou em recuperação judicial sob peso de dívidas de R$ 65,4 bilhões, dois terços delas em mãos de credores estrangeiros. Superalavancada em consequência de uma fusão ruinosa com a Portugal Telecom, a Oi tentou, sem sucesso, pôr de pé um plano de recuperação que colocaria 70% do capital da outrora "supertele brasileira" nas mãos dos investidores externos, que não aceitaram a oferta - queriam 95% do capital.

De volta ao século 21 – Editorial / O Estado de S. Paulo

O Brasil começa a voltar ao século 21, ao jogo da globalização e da multiplicação de acordos comerciais, depois de 13 anos de atraso e de reclusão num mundo imaginário onde ainda se agita a bandeira do terceiro-mundismo.

Um sinal disso é a tentativa de entrar nas negociações de um acordo para liberalização de serviços, já avançadas na Organização Mundial do Comércio (OMC). O ingresso brasileiro, com grande atraso, dependerá das potências participantes, mas a mera disposição de entrar no processo é um forte sinal de mudança.

O mercado de serviços, com transações anuais de cerca de US$ 4 trilhões, nunca esteve entre os interesses da administração petista, voltada para políticas de 40 ou 50 anos atrás.

Permissão para gastar – Editorial / Folha de S. Paulo

A pretexto de evitar o colapso dos serviços públicos do Rio de Janeiro, o governo de Michel Temer (PMDB) vai conceder R$ 2,9 bilhões ao Estado, que em tese destinará os recursos à segurança da Olimpíada.

Trata-se oficiosamente de doação; na prática, não há como verificar se o dinheiro terá outros usos, como o pagamento de salários de servidores, compromisso que um governo degradado ao extremo não consegue cumprir regularmente.

A calamidade fluminense, produzida por gestões calamitosas do PMDB, apressou um acordo de renegociação das dívidas estaduais com a União. "Apressado" é o nome conveniente para um socorro financeiro com contrapartidas que ainda não são bem conhecidas.

Os Estados obtiveram moratória de seis meses. Voltariam a pagar as prestações integralmente daqui a dois anos. Está previsto também um alongamento do débito por 20 anos e renegociação com o BNDES.

Cunha também nos achaques em torno de CPIs – Editorial / O Globo

• É golpe antigo ameaçar com a convocação para depor em comissões a fim de cobrar propinas. O deputado de mandato suspenso também atua neste ramo

Não é inédito parlamentar aproveitar-se de CPI para literalmente vender a convocados em potencial a blindagem contra convocação. O primeiro-vice-presidente da CPI do Carf, Hildo Rocha (PMDB-MA), revelou ao GLOBO que um empresário lhe disse ter sido achacado por um deputado: teria de pagar propina para não ser convocado, o velho golpe. Rocha não informou nomes.

O certo é que o mercado da corrupção deve estar agitado no Congresso, porque essa comissão foi constituída na Câmara para vasculhar traficâncias milionárias que teriam sido feitas no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, a fim de livrar grandes empresas de multas bilionárias.

A Criança que ri na rua - Fernando Pessoa

A criança que ri na rua,
A música que vem no acaso,
A tela absurda, a estátua nua,
A bondade que não tem prazo -

Tudo isso excede este rigor
Que o raciocínio dá a tudo,
E tem qualquer cousa de amor,
Ainda que o amor seja mudo

Choro N° 1 (Heitor Villa-Lobos) - Turibio Santos