Apresentação:
Armênio Guedes
Em
1970, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) vivia um momento de grandes
dificuldades políticas. E não era diferente a situação dos comunistas da antiga
Guanabara, cujo Comitê Estadual havia sido eleito em 1967, na conferência
preparatória do VI Congresso do Partido.
A
derrota do movimento de massas em 1968/69 e a promulgação do AI-5, que liquidou
os últimos restos de liberdades existentes no país após o golpe de 1964,
colocaram as correntes políticas e o movimento operário e popular perante uma
situação nova e complexa. As formas de luta e de organização que as forças
democráticas deviam adotar a partir de posições necessariamente defensivas, de
resistência, impostas por derrotas sucessivas após 64 e principalmente no
período que se seguiu ao insucesso político de 68, nem sempre foram assimiladas
com a rapidez que a situação do país exigia. Faltaram para isso a todas essas
organizações – e entre elas o PCB – lucidez e agilidade políticas.
Muitos
– pessoas e organizações –, levados pelo desespero e pela falta de perspectiva,
se deixaram arrastar, com base numa análise falsa, para as posições da luta
armada e do uso indiscriminado da violência, como formas únicas e exclusivas de
ação política no combate para liquidar a ditadura. A um tal comportamento não
estiveram alheios militantes e setores do PCB, que posteriormente dele se
desligaram. Em 1970, apesar da condenação do VI Congresso ao "foco
guerrilheiro" e a outras formas de luta que não apresentavam caráter de
massa, ainda tinham influência nas fileiras do PCB muitas das idéias defendidas
pelos "foquistas". Parcialmente influenciados por tais idéias, muitos
membros do PCB vacilavam em realizar esforços para reconstruir o movimento de
massas e, assim, colocar em prática a linha de resistência ao processo de
fascistização do país, executado pelo regime mais abertamente após a adoção do
AI-5. Essa não era certamente uma tarefa simples nas condições de repressão e
terror então existentes; mas era o único caminho possível e viável para a
resistência e o gradativo avanço das forças democráticas.