Copom acertou ao aumentar taxa de juros
O Globo
Além de dar recado claro no combate à
inflação, movimento dissipa incertezas sobre próxima gestão do BC
Era esperada a decisão do Banco Central (BC)
de subir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, para 10,75%
ao ano. Não faltam evidências de pressão sobre os preços: a economia segue
aquecida, o desemprego cai, a política fiscal do governo é expansionista, e o
dólar continua alto. Diante disso tudo, não causa surpresa que as expectativas
de inflação para 2024 estejam longe do centro da meta (3%). Levando tudo em
consideração, o Comitê de Política Monetária (Copom) fez a opção correta ao colocar
o pé no freio. Tomada por unanimidade, a decisão também transmite um recado
nítido de coesão no Copom — e contribui para afastar incertezas a respeito da
próxima gestão no BC, que começa em 2025.
O anúncio marca uma mudança de rota na política monetária. Entre agosto de 2023 e maio deste ano, a Selic caiu de 13,75% para 10,5%. De lá para cá, ficou estacionada. Com a subida gradual de agora, o mais provável é um novo ciclo de alta. Que ninguém se engane. A perspectiva de juro alto nunca é boa. Ao tornar o crédito mais caro, inibe o consumo e o investimento. Mas vale lembrar que adotar uma política monetária contracionista na hora certa evita males maiores no futuro, com escalada de preços e erosão no poder de compra.