quarta-feira, 9 de outubro de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Aval a Galípolo é sinal de maturidade institucional

O Globo

Em sabatina no Senado, indicado ao BC demonstrou independência e qualificação para o cargo

A aprovação pelo Senado de Gabriel Galípolo como próximo presidente do Banco Central (BC) é bem-vinda. Como diretor de Política Monetária do BC, o nome escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir Roberto Campos Neto a partir de janeiro provou ter capacidade de exercer o novo mandato de forma técnica e independente, como esperam o Congresso e os brasileiros preocupados com as pressões inflacionárias.

Antes de integrar a diretoria do BC, Galípolo foi secretário executivo do ministro Fernando Haddad no início da atual gestão petista. Os senadores questionaram sua proximidade de Lula e sua autonomia em relação ao Planalto durante a sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos. Em resposta, ele afirmou que Lula lhe garantiu liberdade para tomar decisões e prometeu seguir à risca o objetivo de perseguir as metas de inflação. Foi a resposta certa. Mas não cabe ao presidente da República garantir nada ao do BC. A liberdade está assegurada na lei que concedeu autonomia à autoridade monetária — e essa é a maior das garantias.

Alberto Aggio - “Edição nacional” dá forma a um “novo” Gramsci

O Estado de S. Paulo

O século XXI parece demandar uma recepção mais complexa e sofisticada de Gramsci e, nesse sentido, dispensa tanto a fórmula “canônica” em seu tratamento quanto um relativismo interpretativo inconsequente.

No campo das ciências sociais, Antonio Gramsci talvez seja o autor italiano mais traduzido no Brasil. Um autor sui generis já que, em vida, nunca publicou um livro e seus escritos foram, por escolha dos seus editores, publicados primeiramente a partir dos grandes temas que se entrecruzavam nos cadernos escritos na prisão, para só depois ganharem uma “edição crítica” que se esmerou em acompanhar a cronologia da escritura gramsciana durante seu encarceramento. Referimo-nos aqui à “edição temática” coordenada por Felice Platone e Palmiro Togliatti, publicada entre 1948 e 1951, e à “edição crítica” dos Cadernos do Cárcere, de 1975, coordenada por Valentino Gerratana.1 

Atualmente, os Cadernos do Cárcere, somados a textos escritos para jornal, cartas (de Gramsci e dos seus interlocutores) e traduções, compõem o escopo da denominada “Edição nacional”, cujo primeiro volume veio à luz em 2007 e já conta com 9 volumes publicados na Itália. A “Edição nacional”, coordenada pela Fondazione Istituto Gramsci e publicada pelo Istituto della Enciclopedia Italiana – Edizione Treccani –, está projetada em quatro seções, a saber: 1. Scritti (1910-1926); 2. Epistolario (cartas anteriores e posteriores à prisão); 3. Quaderni del carcere (nova edição crítica e integral); 4. Documenti (dedicado à atividade político-partidária).2

Com a difusão dos seus escritos, inicialmente, Gramsci foi visto tanto como o “teórico da cultura nacional-popular” quanto um formulador “da revolução nos países avançados do capitalismo”, de cuja obra se extraíram conceitos que o tornaram um pensador assimilado em grande escala. Ao longo de décadas, Gramsci foi utilizado de maneira ampliada e, no mais das vezes, buscou-se, a partir dele, difundir algumas fórmulas desvinculadas do seu contexto de enunciação. Inevitável que tivesse ocorrido tanto um processo de instrumentalização — no PCI, Gramsci assumiu a figura de um formulador ortodoxo e também a de um precursor do “eurocomunismo” — quanto de diluição e empastelamento do seu pensamento, sendo muitas vezes citado por opositores declarados às suas aspirações políticas de emancipação dos subalternos. Por esses descaminhos, diluiu-se a riqueza do seu pensamento, o que parece estar sendo recuperado, como a sua complexa leitura do nacional a partir de um “cosmopolitismo de novo tipo”3 ou sua aspiração por um “comunismo como sinônimo de igualdade e democracia”.4 

Olhando essa trajetória de recepção e assimilação, pode-se dizer que Gramsci chegou a um patamar de utilização que passou a exigir um novo tratamento, que desmontasse mitos, simplificações e falsificações, e pudesse resgatar Gramsci como uma obra que se confunde com sua vida, contextualizada nos conflitos e transformações daqueles anos febris que marcaram o alvorecer do século XX.

Vera Magalhães - Lula de ouvidos fechados para as urnas

O Globo

Presidente segue entoando o samba de uma nota só e pode perder chance de buscar atender frustrações demonstradas pelo eleitor

Lula, até aqui, parece ter passado os últimos dias de olhos e ouvidos fechados para os recados que emergiram das urnas no último domingo. Passadas 48 horas, com vencedores colhendo os louros e vencidos lambendo as feridas, o presidente segue entoando o samba de uma nota só que tem marcado seu segundo e encruado ano do terceiro mandato.

Voltou a falar que os juros estão altos e a dizer esperar que baixem em breve, mesmo sabendo que isso não está no radar, justamente no dia da sabatina no Senado de Gabriel Galípolo, seu escolhido para presidir o Banco Central. Não causou nenhum ruído, a aprovação se deu com o pé nas costas — mas para quê? Deixa no ar a ideia de que a próxima gestão terá sobre si a sombra da pressão palaciana, o que não ajuda em nada a transição na autoridade monetária.

Bernardo Mello Franco - Abaixo da crítica

O Globo

Tucanos sofreram derrota histórica em SP e perderam metade das prefeituras no país

O poço do PSDB parece não ter fundo. Depois de definhar no Congresso e ser varrido do governo paulista, o partido levou novo tombo nas eleições municipais. Os tucanos viram seu número de prefeituras cair pela metade. Pela primeira vez, não vão administrar nenhuma capital.

O fracasso mais retumbante foi em São Paulo. A aposta em José Luiz Datena expôs a sigla a um vexame em sua antiga cidadela. Ele terminou com 1,8% dos votos, um desempenho de candidato nanico. Seu maior feito na campanha foi interromper um debate para dar uma cadeirada em Pablo Marçal.

A aventura com o apresentador ajuda a entender o declínio do PSDB. Esvaziado, o partido traiu sua origem social-democrata e tentou pegar carona na fama de um ícone do telepopulismo. Ao renegar o passado, espantou quem ainda acreditava em seu futuro. O que restava do eleitorado tucano se dispersou entre concorrentes de outras legendas, como Ricardo Nunes e Tabata Amaral.

Elio Gaspari - Boulos tem uma tarefa de Hércules

O Globo

O centro migrou para o conservadorismo

Com cinco capitais e cerca de 15 milhões de eleitores pendurados no segundo turno, é arriscado dizer quem prevaleceu na eleição municipal. Os números não favorecem o PT. Ele está fora da disputa em Belo Horizonte e Goiânia. Suas batalhas serão três: São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre. Se levar as três, poderá cantar vitória, mas São Paulo, a joia da coroa, prenuncia um trabalho de Hércules para Guilherme Boulos.

Numa conta de padaria, admitindo que Ricardo Nunes fique com a mesma votação e Boulos carreie todos os votos de Tabata Amaral e de outros seis deixados de fora, partirá de 42%. Para chegar aos 50%, terá de buscar mais de 600 mil votos no estoque de Pablo Marçal. (Como 2,5 milhões não foram votar no domingo, essa conta só fechará na noite da eleição.)

As eleições municipais não antecipam prognósticos para as gerais, mas as duas rimam. A de 2020 mostrou que o trator de 2018 — que elegeu Bolsonaro, Wilson Witzel no Rio e João Doria em São Paulo — havia perdido tração. Dois anos depois, Lula venceu na capital paulista.

Roberto DaMatta - Jogo e povo

O Globo

Fingimos não saber que o jogo, como a ‘boa vida’, não se destina a um ‘todo mundo’ igualitário

Descobrimos alarmados que o povão também joga. Que plebeus fregueses de ajuda-esmola governamental garantidora de sua ignorância cívica jogam nas bets, esses cassinos digitais. Alguns reacionários de esquerda e direita estão revoltados e confusos. Não podem proibir a jogatina da internet (onde também fazem sua “fezinha”) nem, tampouco, a aspiração mais que legítima dos pobres de “subir na vida” e sair deste massacrante “populismo de merda”, correndo o bom risco de enriquecer.

Tal como nos contos de fada em que, obviamente, acreditamos quando pensamos em controlar tudo, esses plebeus desejam viver aristocraticamente tendo a liberdade e o direito de jogar. De investir em números, bichos, times, gols ou o que mais apareça, assim como os capitalistas e políticos “aplicam” e especulam nas bolsas de valores, esse coração do sistema econômico em que vivemos. Esse mercado autorregulado — visto por Karl Polanyi como rematada loucura — que hoje governa governos.

Luiz Carlos Azedo - Volta do X impactará campanhas de segundo turno

Correio Braziliense

A plataforma pagou R$ 28,6 milhões em multas com recursos próprios, não envolveu valores da empresa Starlink, que teve R$ 11 milhões bloqueados pelo Supremo

Após a designação de seu representante legal e o pagamento de R$ 28,6 milhões em multas por descumprimento de decisão judicial, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou, nesta terça-feira, a retomada das operações da rede social X (antigo Twitter) no Brasil, que estavam suspensas desde agosto. "Decreto o término da suspensão e autorizo o imediato retorno das atividades do X Brasil Internet Ltda. em território nacional e determino à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que adote as providências necessárias para efetivação da medida, comunicando-se esta Suprema Corte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas", decidiu.

Cristovam Buarque - A armadilha da renda mínima

Correio Braziliense

O Brasil precisa sair do binômio assistência-aos-pobres e proteção-aos-ricos, incentivando a capacidade de concorrência conforme o talento e vocação de cada pessoa.

Há mais de 30 anos, a economia brasileira não consegue superar a renda média de US$ 10 mil per capita por ano. O país está prisioneiro dessa armadilha a que se impôs por não tomar as medidas necessárias para dinamizar a economia. A consequência é o baixo nível de renda social para o conjunto da população, forçando sucessivos governos a aumentar a carga fiscal para obter capital necessário ao financiamento dos programas sociais e da infraestrutura econômica. A saída tem sido endividamento público e inflação, que agravam a armadilha. O resultado é que, embora o país já disponha de programas que reduzem a penúria, a pobreza persiste e a concentração de renda se mantém.

Bruno Boghossian - O desvio para o centro é uma ilusão

Folha de S. Paulo

Vitória em números não diz tudo sobre o ambiente político e as preferências dos brasileiros

Os relatos sobre a vitória do centro nas eleições municipais são um pouco exagerados. O crescimento do PSD de Gilberto Kassab e o bom desempenho do MDB refletem máquinas partidárias fortes e estratégias eleitorais inteligentes, mas não dizem tudo sobre o ambiente político nacional e as preferências dos brasileiros de forma geral.

ranking das prefeituras, encabeçado pelos dois partidos, poderia parecer um sinal de que o eleitor optou pela moderação e decidiu renegar a polarização entre esquerda e direita. A identificação de alguns sintomas é precisa, mas o diagnóstico falhou.

Hélio Schwartsman – Centronoceno

Folha de S. Paulo

Rearranjo do equilíbrio de forças entre Executivo e Legislativo federais ajuda a explicar resultados municipais

Acho que já dá para carimbar que a política brasileira entrou no centronoceno, época caracterizada pela dominância do centrão. Bolsonaro saiu-se um padrinho político mais eficiente do que Lula, mas os verdadeiros vencedores das eleições de domingo (6) foram partidos tradicionais não radicalizados como PSDMDB e PP.

Essas três siglas fizeram as maiores bancadas de prefeitos —878, 847 e 743, respectivamente. Se considerarmos o número de vereadores eleitos, são os mesmos três partidos, mas em outra ordem: MDB, PP e PSD.

Vinicius Torres Freire - Esquerda tem a pior eleição do século

Folha de S. Paulo

Declínio começou em 2016, com choques políticos e econômicos e mudança social e cultural

Nesta eleição de 2024, a esquerda teve a menor votação para prefeito deste século, a menor pelo menos depois de 1996. Por esquerda entendem-se aqui PTPSOL, PC do B e partidos que estiveram, não raro, associados de alguma forma ao PT, como PSBPDT, PV e Rede.

Não se recorreu a um "esquerdômetro" para classificar as legendas. Trata-se de partidos que podem ser chamados de "comunistas" por pastores furibundos e outras lideranças estridentes e militantes digitais da direita.

Na eleição de 2000, os candidatos a prefeito da esquerda tiveram 26,6% do total dos votos. Essa proporção foi a 37,4% em 2012. Minguou para 27,2% em 2016, desidratação devida à queda dos votos no PT. A míngua continuou até os 19,6% deste ano.

Além da ascensão das direitas, houve também direitização profunda dos partidos desse espectro e daquilo que, por comodidade ou geografia espectral, se chama de centro. O PSD, o vitorioso desta eleição, tenta ocupar a vaga ociosa do centro e até recolhe espólios do PSDB (o centro que o PT chamava de direita). A julgar pelas lideranças, o PSD parece um PFL algo mais ameno.

Wilson Gomes - A desilusão progressista e a nova realidade

Folha de S. Paulo

A direita não conquistou as massas, foram as massas que foram radicalizadas à direita

Da perspectiva dos progressistas e da esquerda, cada eleição traz uma mensagem desoladora. De vitória em vitória, os conservadores avançam rapidamente suas posições, ampliando suas bases parlamentares, conquistando cada vez mais cargos no Executivo e, por consequência, exercendo crescente influência sobre as legislações e políticas públicas que afetam a todos.

Ainda mais impressionante é o fato de que a extrema direita vem drenando o eleitorado da direita tradicional republicana e avançando sobre o centro e até parte da esquerda, mantendo entre um terço e metade dos votos em democracias importantes nas Américas e na Europa.

Veja-se o resultado das eleições municipais até agora: a esquerda se segura como pode, o bolsonarismo se consolida, e a direita fisiológica —que o jornalismo, de forma complacente, insiste em rotular como "centrão", embora de centro não tenha nada— avança. Não se enganem com as manchetes que dizem coisas como "o centrão foi o grande vencedor".

Martin Wolf - Protecionismo de Trump debilitará o mundo

Valor Econômico

É preciso torcer para que essa nova guerra comercial nunca chegue nem a começar

Donald Trump acredita que as tarifas têm propriedades mágicas. “Eu parei guerras com ameaça das tarifas”, chegou a dizer em seu discurso no Clube Econômico de Nova York, em setembro. “Parei guerras com dois países que foram muito importantes”, acrescentou. Tamanha é sua fé nas tarifas que ele propôs elevá-las a 60% nas importações provenientes da China e a até 20% nas do resto do mundo. Sugeriu até uma tarifa de 100% sobre as importações provenientes de países que ameaçam deixar de ter o dólar como sua moeda internacional de preferência.

É possível defender políticas tão desestabilizadoras? Em um artigo na revista “The Atlantic”, em 25 de setembro, Oren Cass, diretor-executivo do American Compass e editor colaborador do “Financial Times”, argumenta que os economistas críticos às propostas de Trump ignoram os benefícios. Em particular, eles ignoram uma importante “externalidade”, a de que os consumidores que compram produtos estrangeiros “provavelmente não considerarão a importância mais ampla de fabricar coisas nos Estados Unidos”. As tarifas podem compensar essa externalidade, ao persuadir as pessoas a comprar produtos americanos e a empregar americanos.

Fernando Exman - Dois pontos de atenção no ambiente de negócios

Valor Econômico

‘Rochedos’ no Judiciário preocupam executivos com atuação em Brasília, associações empresariais e integrantes do corpo diplomático estrangeiro

Vem do latim a palavra “risco”. Mais precisamente, do vocábulo “resecare”, que significa “cortar separando”, e remete à noção do perigo que os navegantes tinham ao passar por rochas perigosas e pontiagudas. Pois a maré das eleições municipais baixou, e expôs dois rochedos que preocupam executivos com atuação em Brasília, associações empresariais e integrantes do corpo diplomático estrangeiro. Ambos no Judiciário.

Nos últimos dias, é claro, esses interlocutores também mantiveram expectativas em relação à sabatina de Gabriel Galípolo, indicado para a presidência do Banco Central (BC) e depositário das esperanças do governo quanto à redução das taxas de juros a partir do ano que vem. A trajetória da dívida brasileira e a situação estrutural das contas públicas permanecem no radar. Mas, ainda que afastadas as incertezas macroeconômicas, permanecerá a necessidade de análise de outros aspectos do risco político existente no Brasil.

Lu Aiko Otta - Bolsonaro, desmatamento e revisão de gastos

Valor Econômico

Governo Bolsonaro foi o que mais colocou recursos públicos em programas de combate ao desmatamento na última década, porém gasto foi pouco eficiente

Com uma pauta contrária à preservação ambiental, o governo de Jair Bolsonaro (2019 a 2022) foi, paradoxalmente, o que mais colocou recursos públicos em programas de combate ao desmatamento na última década. Porém, o gasto foi pouco eficiente: naquele período, a perda de cobertura florestal na Amazônia aumentou e o número de autos de infração por crimes ambientais caiu.

Essa é uma das constatações da avaliação sobre a política de prevenção e combate ao desmatamento conduzida pelo Conselho de Monitoramento e Avaliações de Políticas Públicas (Cmap), do Ministério do Planejamento. O trabalho analisou todos os aspectos dessa política e trouxe uma lista de recomendações de melhoria, cuja implementação é discutida com o Ministério do Meio Ambiente.

Marcelo Godoy - Uma lei para salvar os ladrões

O Estado de S. Paulo

Projeto que muda a Lei da Ficha Limpa premia os corruptos ao atacar uma iniciativa popular

Menos de 24 horas depois de as urnas terem sido fechadas, o Senado pautou para ser votado hoje o projeto que modifica a Lei da Ficha Limpa, com o objetivo de abreviar e dificultar condenações e salvar ladrões do erário, abusadores do poder econômico e político, bem como os que dolosamente cometeram toda sorte de improbidade na administração pública. Brasília é assim. Depois que os eleitores não podem mais se manifestar, os senadores assumem o risco de parecer dispostos a cuidar apenas de seus próprios interesses.

O procurador Roberto Livianu, do Instituto Não Aceito Corrupção, lembra que a Lei da Ficha Limpa foi uma iniciativa popular. “As assinaturas foram recolhidas durante 14 anos, o que confere à lei uma legitimidade ímpar.” Livianu é uma voz no deserto. À direita e à esquerda, sob a desculpa de se afastar entendimentos draconianos das Cortes a respeito das condenações, procura-se salvar os seus.

Paulo Delgado - O sonho como única realidade

O Estado de S. Paulo

Forma estranha de sucesso mistura heresia, decrepitude e zombaria, que desvia a concentração do cidadão da nobreza que é buscar vencer na vida

A política eleitoral sucumbe em prol de si mesma em patética autoidolatria. Tudo se expressa quase que exclusivamente em termos pessoais. Tanta confusão, tão pouca luta! Na deformadora escola de eleições, políticos neófitos e partidos autoritários se esquecem de que ninguém vence eleição sem voto dos adversários. Buscar coalizões fora das urnas produz governos sem reserva de poder autêntico e base instável com partidos adversários.

A redemocratização não surgiu do enterro do coronel, nem de uma ordem nacional competitiva, com regras claras em direção à produtividade econômica, ambiente de paz psicossocial e emancipação cultural. Formou-se aos trancos e barrancos em virtude das deficiências na circulação de classes e a crônica desigualdade social que não permite ao País uma grandeza calma previsível para nenhum setor da sociedade.

Aldo Fornazieri - Um Brasil de centro-direita

Em São Paulo não deu a lógica. A lógica seria um segundo turno entre Boulos Marçal. Nunes fez uma gestão medíocre e os paulistanos queriam mudança. Mas tudo indica que o próprio Marçal se tirou do segundo turno ao publicar um laudo falso a respeito de Boulos. Recebeu uma saraivada de ataques vinda de todos os lados. A grande imprensa se engajou ativamente nessa ofensiva. A diferença entre Nunes e Marçal ficou em torno de 80 mil votos. De tanta esperteza, Marçal morreu pela sua burrice.

A tarefa de Boulos no segundo turno não será fácil. Não basta atrair os votos de Tábata. Terá que ganhar votos de Marçal e/ou tirar votos de Nunes. A campanha de Boulos cometeu alguns erros significativos no primeiro turno. Construiu-se um candidato ambíguo, com propostas genéricas. A falta de uma identidade de perfil e de programa gerou uma adesão pouco empolgante.

Fernando de la Cuadra - La derecha avanza, la izquierda se tiene que reinventar

Las cifras que resultaron de las recientes elecciones municipales parecen corroborar una tendencia que se viene produciendo en el último tiempo, Brasil atraviesa por una etapa de creciente conservadurismo y es urgente revertir dicha tendencia.

Concretamente, los partidos de derecha y extrema derecha obtuvieron un incontestable triunfo en la mayoría de los 5570 municipios existentes en el país. En esta primera vuelta, solo el Partido Social Democrático (PSD) fue ganador en 878 alcaldías, entre las cuales, la importante ciudad de Rio de Janeiro con Eduardo Paes (60,5 %). Le sigue otro partido de derecha, el Movimiento Democrático Brasileño (MDB), que consiguió elegir a 847 alcaldes. Seguidamente viene el Partido Progresista (PP), con 743 municipios y Unión Brasil con 578 alcaldes electos, entre los cuales el de Salvador de Bahía.

Estos cuatro partidos que lograron las mayores votaciones, forman parte de ese conglomerado gelatinoso, pero muy influyente, que se hace llamar de centrão, aunque a diferencia de su nombre es un grupo de partidos fundamentalmente de derecha. Ya hacia la extrema derecha del espectro ideológico, el Partido Liberal, del ex presidente Bolsonaro, obtuvo el triunfo en 510 municipios, seguido en sexto lugar por el Partido Republicano con 430 alcaldías.

Poesia | Vinicius de Moraes - Poética

 

Música | Xande de Pilares - Testamento de Partideiro (Candeia)