quarta-feira, 2 de julho de 2014

Opinião do dia – Aécio Neves

O PT já me deu o tom da minha campanha. Eles vão ficar com as ameaças, a tática do medo e da mentira. Meu mote será a esperança, o futuro, propostas, vou falar para a frente. Não quero ganhar a presidência do Brasil para brigar e dividir.

Aécio Neves, senador (MG), presidente nacional do PSDB e candidato a presidente da República, O Globo, 2 de julho de 2014.

Luz mais cara que em 2012

• Aumentos na energia aprovados neste ano chegam a 30%, muito acima da redução média de 20% nas contas anunciada pelo governo. Em 2015, está prevista mais uma alta de 30%. Tarifas contribuirão para o estouro do teto da meta de inflação

Simone Kafruni – Correio Braziliense

Desde que sofreu intervenção do governo, em 2012, o setor elétrico acumula R$ 45 bilhões represados, defasagem que pode representar até 30% de reajuste na conta de luz dos consumidores no ano que vem. Em 2014, os aumentos já atingiram 40 milhões de brasileiros e, em alguns casos, chegaram a 30% (veja tabela), percentual superior ao desconto alardeado pelo governo, de 20%, numa medida considerada eleitoreira e intervencionista pelo mercado. Especialistas apontam que a fatura de energia elétrica, que compromete 3% do orçamento familiar, vai contribuir para que a inflação estoure o teto da meta do Banco Central (BC), calculado em 6,5%.

Não foi só o governo federal que politizou as intervenções no setor elétrico. A conta de luz continua norteando ações que buscam apenas vantagens nas urnas, e os governos estaduais também estão usando o setor como ferramenta eleitoral. A Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um reajuste de 32% e recebeu autorização para majorar suas tarifas em 35% em média. No entanto, o governador do Paraná, Beto Richa, pediu efeito suspensivo do reajuste, mesmo o governo estadual sendo acionista majoritário da Copel.

A concessionária paranaense perdeu a recomendação do mercado justamente pela intervenção. O analista da Ativa Corretora Lucas Marins afirma que não recomenda os papéis porque o reajuste nas tarifas da Copel seria primordial para reduzir a pressão sobre o capital de giro da companhia. "Os papéis não são recomendados desde o ano passado, quando ocorreu a mesma coisa. Acreditamos que, a exemplo do que aconteceu em 2013, haverá um reajuste, porém, menor do que o aprovado pela Aneel."

A agência reguladora ainda precisa avaliar o aumento anual de várias concessionárias, entre elas a Eletropaulo, uma das maiores do país em unidades consumidoras, que tem direito à revisão tarifária neste mês, e já pediu reajuste de 16,69%. A Companhia Energética de Brasília (CEB) pode majorar as tarifas em agosto, mas ainda não divulgou o índice que vai solicitar à Aneel.

Exposição
Não bastasse a intervenção política, o setor precisa de uma solução para fechar o rombo provocado pela exposição das concessionárias ao preço da energia no mercado livre, que bateu no teto de R$ 822,83 por megawatt/hora (MWh). Muitas distribuidoras estudam solicitar reajustes extraordinários à agência reguladora.

O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, reconheceu, ontem, que ainda existe uma diferença de custo das distribuidoras a ser coberta até o fim do ano. Para ele, há um descasamento entre os gastos com a compra de energia e o valor reconhecido na tarifa, embora as despesas mensais de curto prazo a partir de maio sejam menores do que as até abril. Rufino afirmou que a agência ainda está na expectativa da decisão do governo sobre uma eventual autorização para ampliação do empréstimo às distribuidoras.

Para especialistas, esse montante chega a R$ 5 bilhões. "O setor estava com R$ 40 bilhões represados, relativos a 2013 e 2014. Agora, ainda faltam R$ 5 bilhões para fechar a conta das distribuidoras expostas ao mercado livre, uma vez que o empréstimo de R$ 11,2 bilhões que o governo viabilizou via bancos e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) foi insuficiente para cobrir o rombo", estimou o diretor da Thymos Energia, João Carlos Mello.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a declarar, na segunda-feira, que "o governo não está considerando aporte de recursos para o setor elétrico". Entretanto, diante da ameaça de que os reajustes anuais e os pedidos extraordinários poderão ser responsáveis pelo estouro do teto da meta da inflação, tanto em 2014 quanto em 2015, será necessária nova intervenção. Na avaliação do economista da Fundação Getulio Vargas André Braz, 5% da inflação de 2014 já é reflexo dos vários reajustes autorizados pela Aneel. "Para cada ponto percentual de reajuste da energia, o impacto na inflação é de 0,03 ponto percentual. E isso é muito", explica.

Apesar de negar oficialmente, nos bastidores há quem diga que o governo já decidiu por um empréstimo adicional, que, no entanto, não poderá superar 25% do valor que já foi liberado para poder ser enquadrado como aditivo nos termos da Lei de Licitações, sem necessidade de outro instrumento legal. Portanto, o valor estudado pelo governo, sem alarde, é de algo entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, ainda insuficiente para cobrir o rombo.

Este ano, a CCEE já captou no mercado financeiro R$ 11,2 bilhões para o pagamento das despesas com a compra de energia para o mercado regulado. Esse empréstimo foi usado na cobertura da liquidação financeira das operações realizadas de fevereiro a abril. Em janeiro, parte desses gastos das distribuidoras — R$ 1,2 bilhão — foi coberta pelo Tesouro com recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

Audiência pública
A Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou ontem a realização de audiência pública sobre o edital do leilão A-5. O certame está previsto para 12 de setembro, quando serão negociados contratos de energia de fontes hidrelétrica, eólica, solar e termelétrica a carvão, a gás em ciclo combinado e a biomassa para entrega a partir de 2019. A audiência ficará aberta para receber contribuições por escrito até 23 de julho. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) cadastrou 1.041 empreendimentos com capacidade instalada de 50,9 mil MW, que ainda terão que ser habilitadas para o leilão.

Barbosa diz que deixa STF com sentimento de dever cumprido

• Na última sessão como ministro, Barbosa não fez discurso e saiu sem avisar

Evandro Éboli e Eduardo Bresciani – O Globo

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, afirmou na manhã desta terça-feira que deixa a Corte com a sensação de ter cumprido seu dever. Ele nega que o período em que esteve no STF tenha sido tumultuado e elogia o tribunal por ter tomado decisões importantes. Barbosa participou de sua última sessão no Supremo nesta terça-feira.

— Saio tranquilo, com a alma leve, e, o que é fundamental, com o sentimento de cumprimento de dever. Hoje tratamos de um tema especial da minha predileção que é o jogo entre os Poderes da República — disse Barbosa, referindo-se ao julgamento sobre número das bancadas na Câmara de Deputados.

Barbosa afirmou que, depois de passar onze anos no STF, se sente um privilegiado:

— A sensação depois de 11 anos é boa. Foi um privilégio imenso tomar decisões importantes para o pais. Não só eu, mas toda a corte. O Supremo teve papel extraordinário para a democracia.

Perguntado se não houve muito turbulência na sua passagem pelo tribunal, reagiu:

— O período foi turbulento só para a imprensa, para mim nem um pouco.

Perguntado se poderia se candidatar a um cargo político, ele respondeu:

— A política não tem na minha vida essa importância toda. A não ser como objeto de estudo, mas uma política bem elevada — disse — não tenho esse apreço todo pela política do dia a dia — complementou.

Questionado se sua alta popularidade não incentivaria uma carreira política, ele minimizou o fato.

— Pode ser uma mera impressão momentânea. Conheço bem o povo brasileiro e sei o quanto ele é as vezes mutante, cambiável — disse Barbosa.

Eleições 2014
O presidente do Supremo não quis dizer se vai apoiar algum candidato nas eleições presidenciais de outubro.

— A partir do dia que for publicado o decreto da minha aposentadoria, exoneração, serei um cidadão como outro qualquer absolutamente livre para tomar as posições que eu entender adequadas e apropriadas e no momento devido. Aqueles que acompanham a minha atuação aqui há anos saberão com certeza o que eu vou fazer e o que eu evitarei fazer — afirmou.

Barbosa deixou o plenário no meio do julgamento de um habeas corpus de um acusado de pedofilia. Saiu sem avisar, não fez discurso e nem permitiu que os outros ministros falassem sobre sua aposentadoria. "Sou low profile. Não gosto de homenagens", disse Barbosa aos jornalistas.

Advogado de Genoino: ‘momento mais chocante’
Barbosa disse que o embate há três semanas com o advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende José Genoino, foi o momento mais "chocante" de sua passagem pela Corte e afirmou que alguns buscam transformar a prática do Direito em um vale-tudo.

— Com relação a agressões de advogados a minha pessoa e a figura do Supremo Tribunal Federal foi a coisa mais chocante durante esses onze anos que passei aqui. Na verdade o que se tem é que a prática do direito no Brasil está se tornando um vale-tudo, uma constante quebra de braço, o sujeito perde nos argumentos e quer levar no grito, agredir, desmoralizar a autoridade — afirmou — No momento em que há conivência, complacência, dentro do Judiciário com esse abuso cometido por certas pessoas todo o edifício democrático rui — complementou.

O presidente da Corte falou ainda sobre as qualidades que deseja ver em seu substituto. Fazendo a ressalva que não buscava dar conselhos à presidente Dilma Rousseff, a quem cabe a escolha, disse que é preciso ser um "estadista" ter um bom "caráter".

— Aqui não é lugar para pessoas que chegam com vínculos a determinados grupos. Não é lugar para privilegiar determinadas orientações. As pessoas têm que chegar aqui com abertura de espírito até para, eventualmente, ter até que mudar seus pontos de vista e tomar as medidas que sejam de interesse da nação. Essa visão, aquilo que falei da constante quebra de braço, tentativa de utilização da jurisdição para fins partidários, de fortalecimento de grupos, de certas corporações, isso é extremamente nocivo em primeiro lugar à credibilidade do tribunal e à institucionalidade do nosso país.

Barbosa afirmou que espera levar uma vida normal após a sua exoneração ser oficializada.

— (Quero) poder caminhar livremente pelas ruas, entrar em um bar com amigos na maior tranquilidade.

Dilma usa evento da Petrobras para atacar adversários

• No ato, estatal comemorava o fato de a produção do pré-sal ter ultrapassado marca de 500 mil barris diários

• Petista voltou a ironizar tentativa do PSDB, em 2000, de mudar o nome da empresa para 'Petrobrax'

Samantha LIma, Pedro Soares – Folha de S. Paulo

RIO - A presidente Dilma Rousseff aproveitou cerimônia promovida pela Petrobras para comemorar o fato de a produção de petróleo do pré-sal ter ultrapassado a marca de 500 mil barris por dia para voltar a criticar o PSDB pela tentativa de mudar o nome da empresa para Petrobrax.

"A cada avanço, volto a ouvir o alarido das vozes que queriam que a empresa fizesse um papel menor. São as mesmas que quiseram tirar o bras' do nome da empresa e colocar um brax' estrangeiro", disse, sem citar o PSDB.

Na semana passada, em evento em Brasília, Dilma já havia citado o episódio para alfinetar o partido.

Em 2000, a Petrobras, com aval do então presidente Fernando Henrique Cardoso, chegou a anunciar a mudança de seu nome para "Petrobrax", sob a justificativa de que isso facilitava a internacionalização da empresa. A estatal acabou voltando atrás dias depois, diante da forte reação contrária à mudança.

Aécio Neves, do PSDB, é hoje o principal rival de Dilma na disputa ao Planalto, segundo pesquisas.
A cerimônia ocorreu no mesmo dia em que a Petrobras revelou ter atingido, em maio, média de produção diária de 1,975 milhões de barris no Brasil. Com o resultado, a média diária, em 2014, aponta alta de 0,2% em relação a 2013. A meta é crescer 7,5%.

Os 520 mil barris extraídos no pré-sal não foram suficientes para empurrar a produção diária da empresa além do patamar de 2 milhões de barris, em que está desde 2009, devido ao declínio da produção na Bacia de Campos.
No governo Dilma, considerando a média diária de 2011 confrontada com os primeiros meses de 2014, a produção de petróleo no Brasil caiu 0,9%.

"Quem olhar o que aconteceu com a Petrobras nos últimos dez anos e projetar para o futuro, conclui que fizemos um grande ciclo. Eu estive presente em todos os momentos", disse.

Para Dilma, a credibilidade da empresa não é abalada pelo que ela considera "fato isolado" e "tendência momentânea" --referências a recentes escândalos em torno da Petrobras.

Em março, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa foi preso pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro. Ele está detido no Paraná.

A Petrobras é investigada pela PF, pela Controladoria-Geral da União, pelo Tribunal de Contas da União e pelo Ministério Público Federal por suspeitas relacionadas à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, ao possível superfaturamento em construções de refinarias e ao fechamento de contratos com a fornecedora SBM Offshore entre 2007 e 2011.

Saída do PP da coligação petista em São Paulo abala candidatura de Padilha

• Aliados afirmam que só Lula pode salvar a eleição do ex-ministro de Saúde ao governo do estado

Renato Onofre – O Globo

SÃO PAULO - Um dia após perder o apoio do PP para a candidatura de Paulo Skaf (PMDB), o candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, tentou nesta terça-feira minimizar o impacto da saída do grupo político liderado pelo deputado federal Paulo Maluf da coligação. Contudo, o abandono foi sentido pela campanha petista e aliados. O presidente estadual da legenda Emídio de Souza também tentou colocar panos quentes na debandada, mas deixou transparecer um desconforto de ir para eleição com a menor coligação (PT/PR/PCdoB) entre os três principais candidatos:

- As forças políticas estão conformadas - sentenciou após a coletiva convocada pelo candidato petista.

A convocação da coletiva, que contou com membros das executivas estaduais do PC do B e PR, serviu para tentar estancar a rede de boatos que davam conta de uma desbandada geral da candidatura petista. O cantor-político Netinho e o ex-ministro Orlando Silva estavam presentes como o senador Eduardo Suplicy (PT), candidato a reeleição.

- Nós buscamos o diálogo com todos os partidos da base da presidente Dilma e o conjunto dos partidos acabaram definindo três campos no estado de São Paulo. O campo comandado por quem governa o estado de São Paulo há 20 anos, o campo que reúne os ex-governadores do estado de São Paulo que comandou nos 20 anos anteriores do final dos anos 70 até 1994 e a nossa coligação que vai liderar o estado a partir de 2015 - disse completando:

- Nada me surpreende na política. Teve uma decisão das várias forças políticas de conformar esses três campos na disputa ao governo do estado de São Paulo. Vamos debater politicamente no primeiro turno e aguardamos o apoio deles no segundo turno. Estamos preparados para conversar e continuar dialogando. Respeitamos as decisões que tomaram. Certamente eles que devem expressar (os motivos) - completou Padilha.

Dentro do PT estadual, o sentimento é de que Padilha foi “abandonado” pelo diretório nacional e pelo próprio ex-presidente Lula que não teria se dedicado a construção das alianças:

- Faltou o carinho que foi dedicado ao Haddad - afirmou um petista lembrando o empenho do ex-presidente da construção da chapa do PT em 2012 que elegeu Fernando Haddad prefeito.

Padilha negou o isolamento.

- Não só o PT Nacional, o presidente Lula e o governo federal acompanhou e vai continuar acompanhando muito de perto a nossa coligação. Cada eleição é uma eleição diferente. Neste eleição as forças políticas do estado de São Paulo resolveram se compor da seguinte forma: quem governo o estado de São Paulo há 20 anos, quem governou esse estado 20 anos antes e a única coligação que vai governar o estado pela primeira vez que é a nossa. Isso é política. Essa foi a conformação política. Estamos animados.

A convicção de Padilha, que o fez repetir a mesma resposta acima em todas as questões relativas ao abandono do PP, não encontrou a mesma afirmativa entre aliados que ficaram. Membros do PC do B e do PR resumiram o sentimento interno:

- Só Lula salva a campanha - afirmou mais de um aliado petista à reportagem.

O próprio ex-ministro da Saúde sabe a importância do peso de Lula na campanha:

- Tenho a convicção que o Lula será o principal cabo eleitoral dessa disputa - disse à imprensa.

Padilha evitou críticas mais fortes ao PP e praticamente ignorou o PMDB na disputa. E reforçou a estratégia de tentar polarização da candidatura com o PSDB. Para o petista, a eleição tem "forte" possibilidade de ter dois turnos.

Aécio vai começar campanha com viagens pelo Nordeste

• Candidato do PSDB à Presidência vai visitar até três estados por dia e levar um novo plano de desenvolvimento para a região

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA — Fechadas as convenções, a chapa nacional e as coligações estaduais, o candidato do PSDB a presidência, senador Aécio Neves (MG), não quer perder tempo e já tem estruturados os primeiros passos da campanha de rua: vai começar simbolicamente pelo Nordeste. Ele vai liderar uma caravana pelas cidades polos, visitando até três estados por dia, para apresentar um plano de infraestrutura e, segundo a campanha, a retomada do desenvolvimento para a região. Na quinta-feira, Aécio fará a primeira reunião do comando da campanha para definir a parte de comunicação e diretrizes do programa, que deve ser entregue junto com o registro da chapa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até sábado.

A atenção especial ao Nordeste, onde Aécio é pouco conhecido, é um contraponto ao perfil paulista da chapa, que tem como vice o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). A proposta da campanha tucana é ter uma coordenação logística em cada estado, para levantar os gargalos da infraestrutura. No plano de governo do tucano consta o término de obras inacabadas, como a transposição do Rio São Francisco e da Ferrovia Transnordestina. O candidato pretende levar a experiência de irrigação de uma grande área do nordeste mineiro, o Projeto Jaíba, considerado de sucesso pela gestão tucana, para o Nordeste.

Programas sociais serão mantidos
A chapa de Aécio Neves na região têm o intuito de diminuir o temor de que a possível eleição do tucano acabe com projetos sociais, como o Bolsa Família. Em reunião com aliados, realizada nesta terça-feira em Brasília, Aécio alinhou sua estratégia com colegas do partido:

— Vamos ter um capítulo muito claro para o Nordeste. A gente vai mostrar que dá para fazer, como começa e como termina uma obra para realmente atender a população. Se a gente ganhar, quando passarem dois anos, a população vai ver como esse governo é ruim, como é medíocre — disse o presidenciável.

Com a definição da candidatura do ex-ministro José Serra ao Senado, Aécio fechou a articulação política e já definiu o mote para a campanha paulista: “Aécio, Geraldo, Aloysio e Serra: para o bem de São Paulo e do Brasil”. Caso Serra seja eleito, a intenção é levá-lo para algum ministério e deixar o deputado José Aníbal, suplente no cargo, como senador. Ainda em São Paulo, a estratégia de campanha será demonstrar que o governo Alckmin, “ético, eficiente e de melhores indicadores sociais”, será fortalecido com a parceria do governo federal. O comando tucano avalia que a disputa em São Paulo será polarizada com o PMDB de Paulo Skaf.

— São Paulo merece uma campanha quase exclusiva, com uma estrutura de comunicação específica e coordenadores regionais integrando, por baixo, 400 prefeitos, inclusive do PMDB e outros partidos. Agora, o Geraldo (Alckmin) vai ter o que lhe faltou até agora. Quem vai ficar contra um casamento que reúne Aécio na presidência, Serra no Senado, Aloysio na vice-presidência e Geraldo no governo de São Paulo? — disse o presidenciável em conversa com integrantes do comando da campanha.

Foco nos ‘problemas na economia’
Nas diretrizes programáticas que serão apresentadas, a situação econômica terá destaque. Os economistas que integram a equipe do programa de governo têm dito a Aécio que o quadro “vem se agravando muito nos últimos meses” e o comportamento de “leniência” do governo pode levar a um “quadro preocupante” para quem quer que ocupe o Planalto a partir de janeiro.

— A impressão que dá é que entregaram os pontos, não estão tomando as medidas que precisam ser tomadas, não se preocupam com as consequências para daqui a pouco. Se ficarem mais quatro anos, o que ainda não está em risco, pode vir a estar, risco democrático mesmo — avaliou Aécio.

O candidato tucano informou que vai investir na comunicação, principalmente rebatendo ‘ataques’ pela área jurídica. Aécio afirma que, pessoalmente, não vai “guerrear” nas redes, mas se defender das “picaretagens”.

— O PT já me deu o tom da minha campanha. Eles vão ficar com as ameaças, a tática do medo e da mentira. Meu mote será a esperança, o futuro, propostas, vou falar para a frente. Não quero ganhar a presidência do Brasil para brigar e dividir — concluiu o candidato.

Aécio aposta em SP e périplo por Nordeste na campanha

Erich Decat e Débora Bergamasco - Agência Estado

Com o início da campanha eleitoral prevista para ocorrer no dia 5, o candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB) pretende dar a largada na disputa apostando em duas estratégias: implantação de uma logística exclusiva para conquistar votos em São Paulo e um périplo pelo Nordeste.

Na agenda do tucano está previsto um encontro na próxima segunda-feira, 14, com os coordenadores de campanha para definirem uma comunicação específica e a logística que deverá ser implementada exclusivamente em São Paulo, maior colégio eleitoral do país.

Uma das ideias estudadas é fazer um "casamento" entre a campanha presidencial e a do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que disputará a reeleição tendo na chapa o ex-governador José Serra (PSDB), candidato a uma vaga para o Senado. Na área de comunicação, os tucanos pretendem investir no discurso de que os paulistanos vão sair ganhando tendo ao mesmo tempo o governador e o presidente da República da mesma legenda. Nesse sentido até um mote já vem sendo dito por Aécio informalmente aos aliados. "Aécio e Aloysio, Geraldo e Serra para o bem de São Paulo e do Brasil".

Outra linha de atuação no Estado é investir na mobilização dos prefeitos que hoje estão aliados ao PSDB. Nas contas dos coordenadores de campanha de Aécio há pelo menos 400 municípios em que ele poderia contar como puxadores de votos. Mesmo antes de iniciar os próximos passos da campanha, entre os aliados de Aécio há o sentimento de que saíram na frente em São Paulo, considerado como um Estado estratégico para qualquer eleição presidencial.

Essa avaliação se deve em parte com o fato de o senador ter conseguido trazer para a chapa o colega de partido Aloysio Nunes (SP) e ao atual desempenho de Alckmin nas últimas pesquisas de intenção de votos. Em relação aos adversários do governador de São Paulo há também um entendimento que dificilmente o candidato do PT, Alexandre Padilha, decolará na disputa e que na reta final da campanha Paulo Skaf (PMDB) se torne o candidato da presidente Dilma Rousseff.

Nordeste
Embora pretenda ter uma campanha exclusiva em São Paulo, Aécio Neves iniciará a disputa eleitoral percorrendo todos os Estados do Nordeste, região onde nas últimas eleições o PT tem conquistado grandes vitórias sobre a legenda. Logo no início de agosto, o tucano pretende se licenciar do mandato de senador e percorrer três Estados por dia para propor um "choque de gestão" para a região. O candidato também tem como expectativa ter conquistar um "exército" de aliados na região para tentar implantar uma "vacina" contra o discurso dos adversários de que caso seja eleito, irá acabar com programas sociais como o Bolsa família.

Antes de deixar o mandato, o senador deve ir à tribuna para apresentar uma análise da conjuntura econômica atual em que destacará que a "leniência" do atual governo deverá deixar um legado de dificuldades para o próximo presidente.

Campos causa crise no PSB em MG e pode levar a dissidência generalizada no estado

• Lançamento de candidato do partido estraga relação com Aécio e mina apoio da Rede

Júnia Gama – O Globo

BRASÍLIA - A intervenção de Eduardo Campos no diretório do PSB mineiro para imposição de candidatura própria acabou desagradando a gregos e troianos e pode se converter em dissidência generalizada no estado, o segundo maior colégio eleitoral do país. Se de um lado a candidatura própria minou sua relação com o tucano Aécio Neves — com quem havia feito um acordo de que um não lançaria candidatos ao governo no reduto eleitoral do outro —, de outro acabou ficando sem contrapartida da ampliação do apoio à sua candidatura tanto na Rede Sustentabilidade de Marina Silva, quanto em seu próprio partido.

O comando da campanha de Campos tenta minimizar a crise, mas a maior parte dos integrantes do PSB mineiro, com o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, à frente, ainda tenta reverter a situação, com a retirada da candidatura própria, até o último minuto – que se esgota em 5 de julho, prazo final para registro de candidaturas. Caso isso não seja possível, o grupo tende a permanecer ao lado de Aécio Neves, que vem mantendo contato frequente com a turma dos dissidentes.

Se Campos esperava atender a Rede de Marina Silva com a decisão, sua expectativa também será frustrada. O porta-voz da Rede em Minas, Apolo Heringer — que teve sua candidatura preterida pelo pernambucano — avisou que “a maioria esmagadora” da Rede no estado ficou insatisfeita com a solução e que o grupo não irá apoiar o PSB nas eleições majoritárias, ou seja, para a Presidência da República e para o governo.

— É muito diferente atender a Marina de atender a Rede em Minas. Ficamos muito prejudicados com esse acordo, que foi apenas no plano nacional, negligenciando o papel político dos estados. Há uma desunião total. O Eduardo não inspira mais confiança para ser a terceira força para mudar o Brasil. Eles vão tentar o voto pela TV, mas não terão palanque forte em Minas — sentencia Apolo.

Irritado com os movimentos de Eduardo Campos, Aécio comentou com interlocutores que a atuação do socialista em Minas está se assemelhando à formação de uma "quinta coluna do PT", pois está fragmentando a aliança entre os dois partidos de oposição ao PT no estado. O tucano relatou a pessoas próximas que tentou conversar com Eduardo Campos antes da ruptura em Minas para ponderar sobre os efeitos colaterais negativos daquele passo, mas que o pernambucano sequer o atendeu.

Em uma demonstração de fidelidade a Aécio Neves, Márcio Lacerda telefonou para o presidente do PSDB na segunda-feira, para contar sobre a nota que publicaria em desaprovação à decisão do diretório nacional do PSB de lançar Tarcísio Delgado ao governo. Mais uma vez, o prefeito de Belo Horizonte assegurou apoio ao tucano não somente de sua parte, mas de um número expressivo de prefeitos e deputados mineiros do PSB.

Enquanto alguns socialistas sinalizam que irão permanecer ao lado de Aécio, outros estão simplesmente optando por não participarem da disputa eleitoral. É o caso de Alexandre Kalil, presidente do Atlético mineiro, um dos nomes que era considerado um possível puxador de votos para o PSB. Kalil desistiu de apresentar sua candidatura a deputado pelo partido após a escolha de Tarcísio Delgado e disse que não irá fazer campanha para Eduardo Campos. Questionado sobre quem irá apoiar nesta eleição, diz que estará com Antônio Anastasia e que Aécio já tem pelo menos 50% de votos em Minas.

– O Eduardo morreu em Minas, abraçou um anão. Ele largou quem tem voto, que é o Márcio Lacerda, para ficar com os nanicos. Não vai ter nem 2% de votos em Minas sem o Lacerda. Não vou mais apresentar candidatura, só o imperador Júlio Delgado que vai. Eu estou fora! — esbravejou Kalil.

Integrantes do comando da campanha de Eduardo, no entanto, minimizam o cenário em Minas. Avaliam que os chamados "dissidentes" são os mesmos que já apoiavam Aécio e que não havia expectativa de que isso se revertesse. Para a cúpula do PSB, a dissidência era prevista e a decisão de candidatura própria é irreversível, pois levou em conta uma necessidade política, e não o tamanho do apoio que Campos terá no estado.

– O Márcio Lacerda e os prefeitos que estão com ele nunca apoiaram o Eduardo Campos, sempre fizeram campanha para o Aécio. Então, não tem nenhuma mudança, não há perdas. A Rede infelizmente nunca apresentou uma solução passível de ser aprovada pelo partido em Minas. A campanha vai contar com quem quiser apoiar — afirmou um interlocutor de Campos.

O presidente do PSB mineiro – e filho do candidato do partido ao governo do estado – deputado Júlio Delgado, também tenta minimizar a crise. Diz que a escolha de Tarcísio é irreversível por parte do PSB, mas deixa uma porta aberta, afirmando que a candidatura de Tarcísio só será retirada se ele desistir. O deputado afirma que a situação com a Rede em Minas não é tão grave e que as insatisfações estariam concentradas na figura de Apolo Heringer, até porque ele foi preterido.

Quanto ao PSB, diz que é normal essa dissidência e que todos já sabiam que Márcio Lacerda tinha votado pela aliança com o PSDB. Agora, Delgado trabalha para garantir que o prefeito de Belo Horizonte ajude a eleger deputados do PSB e que ao menos não faça uma campanha ostensiva contra Tarcísio Delgado e Eduardo Campos. Ele não conversa com Lacerda desde quinta-feira, quando a decisão do PSB foi tomada. Somente no dia 05 de julho será possível ter a dimensão exata da debandada de candidaturas.

– Vamos ver o que vai acontecer até sexta-feira. A decisão do PSB ter candidatura própria ao governo de Minas é irreversível, não vai ter outra reunião para deliberar sobre isso, a não ser que haja desistência de Tarcísio. Em qualquer momento, inclusive durante a campanha, um candidato pode ser substituído, mas a decisão do partido está tomada —disse.

FHC alfineta Lula e Dilma em celebração aos 20 anos do Real

- Folha de S. Paulo

Por ocasião das comemorações dos 20 anos do Plano Real, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgou em sua página no Facebook um áudio em que celebra a data e alfineta o ex-presidente Lula, que chamou de "descrente", e a presidente Dilma, a quem acusou estar com "dificuldades em manter estabilização da moeda".

Em 1º de julho de 1994, o real começou a circular no país. A mudança era parte do Plano Real, lançado meses antes para tentar controlar a inflação. Considerado bem-sucedido, o plano freou a inflação, após quase dez anos de tentativas.

Leia o discurso

"No dia 1º de julho de 1994, lançamos uma moeda nova no Brasil: o real, fruto de esforço enorme de equipe econômica, que eu liderava como ministro da Fazenda, e tinha o apoio do presidente Itamar franco como presidente da republica.

O país estava cansado da inflação, 20, 30 % ao mês. Não havia salário que fosse suficiente para fazer frente a carestia, ao aumento dos preços. Quando estabilizamos a moeda, quando a inflação começou a ceder, imediatamente houve redução da pobreza de 40% para 30%, porque as pessoas podiam confiar que não precisavam sair correndo para fazer compra mal recebesse o salário. Porque confiavam que a moeda poderia ser estável. Graças a isso não só houve a possibilidade de novas politicas sociais, econômicas, como que tão importante quanto reganhamos a crença no futuro do Brasil.

Houve os descrentes. O presidente Lula dizia que o real não era sonho, era pesadelo, se enganou. Se enganou tanto que depois se esforçou como presidente para manter a moeda estável. Mais recentemente estamos vendo dificuldades com a estabilização, mas estamos sentindo que o povo todo estará a espera de medidas que mantenham a moeda estável porque o povo aprendeu que a inflação a carestia e seu pior inimigo.

Portanto, há muito o que comemorar pelos 20 anos do real."

FHC: Lula 'se enganou' ao não acreditar no Plano Real

Daniel Galvão - Agência Estado

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em gravação de áudio, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "se enganou tanto" ao ter sido "descrente" com o Plano Real que "depois se esforçou, quando presidente, para manter a moeda estável". No registro, divulgado na página que mantém na rede social Facebook, Fernando Henrique recorda a adoção da nova moeda, que entrou em vigor em 1º de julho de 1994 e completa duas décadas nesta terça-feira, 1º.

"Houve os descrentes. O presidente Lula dizia que o real não era um sonho, era um pesadelo; se enganou", afirmou. O ex-presidente tucano criticou também as atuais "dificuldades com a estabilização". "O povo todo está à espera de medidas que mantenham a moeda estável porque o povo aprendeu que a inflação, a carestia, é o seu pior inimigo", disse.

De acordo com FHC, o Plano Real foi "fruto de um enorme esforço" de uma equipe econômica que ele comandava como ministro da Fazenda na gestão do ex-presidente Itamar Franco. "O País havia estado cansado da inflação, 20%, 30% ao mês. Não havia salário que fosse suficiente para fazer frente à carestia, ao aumento de preços", disse. O ex-presidente declarou na gravação que, quando a economia foi estabilizada, a inflação começou a cair imediatamente e houve uma diminuição da pobreza de 40% para 30%. "As pessoas podiam confiar que não precisavam sair correndo para fazer compra mal recebessem o salário, porque confiavam que a moeda poderia ser estável", prosseguiu.

"Graças a isso", acentuou, "houve a possibilidade de novas políticas sociais, de novas políticas econômicas". "Tão importante quanto (as novas políticas), reganhamos a crença no futuro do Brasil."

Segundo FHC, há muito o que celebrar pelas duas décadas de real. "É por isso que, com emoção, eu me refiro a esses dias e volto a falar ao povo de Poços de Caldas, cidade na qual, pela primeira vez, senti a emoção de termos conseguido criar uma moeda nova, o real", acrescentou.

O aniversário de 20 anos do Plano Real será celebrado nesta quarta-feira, 2, a partir das 14 horas, no Palace Hotel, em Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais. A moeda foi lançada no município pelo então presidente Itamar Franco e por FHC

'Café com leite' visa a ampla vitória no Sudeste

• Para PSDB, chapa com mineiro Aécio e paulista Aloysio é essencial para compensar Nordeste

Débora Bergamasco e Ricardo Brito – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A decisão do candidato do PSDB à Presidência, senador mineiro Aécio Neves, de escolher como vice na sua chapa o tucano paulista e colega de Senado Aloysio Nunes Ferreira tem por objetivo construir uma expressiva votação nos dois principais colégios eleitorais, responsáveis por um em cada três votos no País. Também visa compensar a desvantagem que a chapa deve ter no Nordeste, reduto eleitoral do lulismo.

A avaliação entre tucanos é que a estratégia de dar prioridade à votação em São Paulo e Minas - que concentram 47,2 milhões de eleitores - garante ao candidato do PSDB vaga no segundo turno. Mas para vencer a eleição será preciso melhorar o desempenho no Nordeste.

A articulação montada por Aécio foi batizada de "Café com Leite", numa referência à política praticada durante a Primeira República (1889/1930), quando os dois Estados predominavam e se revezavam na gestão do País. Pela primeira vez sem um candidato tucano oriundo de São Paulo na cabeça de chapa, a estratégia do partido é unir o PSDB e evitar o "corpo mole" feito em eleições anteriores por alguns de seus integrantes - inclusive o próprio Aécio.

Levantamento feito pelo Estado revela que o desafio é grande. Desde 2002, o PSDB jamais teve uma vantagem sólida na corrida presidencial somando os dois Estados. No segundo turno de 2010, o então candidato do partido, José Serra, conseguiu apenas 48 mil votos de vantagem sobre a rival petista Dilma Rousseff em São Paulo e Minas. No primeiro turno, Dilma havia ficado 966 mil votos à frente do tucano.

Na ocasião, preterido na disputa pelo Planalto, Aécio foi acusado por integrantes da campanha de Serra de falta de empenho na campanha nacional e de ter cuidado apenas da eleição de seu aliado Antonio Anastasia (PSDB) para o governo estadual. A estratégia foi batizada de "Dilmasia" - voto em Dilma para presidente e Anastasia para o governo.

Nas eleições de 2002 e 2006, Aécio Neves foi eleito no primeiro turno para o governo mineiro e, nas duas ocasiões, o então candidato do PT, Luiz Inácio da Silva, venceu a corrida eleitoral naquele Estado. O voto casado em Lula e Aécio no Estado ficou conhecido como "Lulécio" nas eleições de 2002 e 2006. Somando São Paulo e Minas, Lula teve no primeiro turno de 2002 a maior vantagem eleitoral - 6,3 milhões de votos a mais do que Serra. No primeiro turno de 2006, foi a vez de os dois Estados somados darem a Alckmin a maior vantagem - 2,7 milhões de votos.

No entendimento dos coordenadores da campanha, deverão ser exploradas profundamente no Estado as candidaturas tucanas - que reúnem Aécio para presidente, Aloysio como seu vice, Geraldo Alckmin para a reeleição ao governo e José Serra para o Senado.

A avaliação interna é que com a chapa tucana AAAS (as iniciais dos quatro candidatos), o presidenciável "larga na frente" no Estado em que ele poderia encontrar resistências dentro das próprias hostes tucanas, devido a histórica rivalidade entre mineiros e paulistas na vida interna do partido.

Em São Paulo, os tucanos estão decididos a polarizar a campanha com o candidato do PMDB, Paulo Skaf, porque avaliam que, em breve, ele terá o apoio do PT estadual, mas também em nível nacional. Apostam que o nome do candidato Alexandre Padilha (PT) não vai decolar e ele acabará desprezado até por sua legenda.

Nordeste. Como na visão tucana a estratégia em São Paulo está resolvida, Aécio volta-se agora para o Nordeste, onde sua candidatura é mais frágil. No começo de agosto, assim que se licenciar do Senado, ele pretende lançar um projeto de "choque de infraestrutura" regional.

Anunciará projetos para deslanchar obras estruturantes essenciais, como a Transposição do Rio São Francisco e a Rodovia Transnordestina. Com tempo de TV três vezes menor que o de sua adversária Dilma Rousseff, Aécio pretende difundir na região a autoria do projeto de lei que propõe tornar o Bolsa Família definitivo, como uma obrigação de qualquer que seja o governo.

Foco especial no Nordeste

- Correio Braziliense

Além de dar atenção a São Paulo, o comando da campanha tucana também privilegiará o Nordeste, região que transformou-se em reduto petista ao longo dos últimos 12 anos e que, aos poucos, vem sendo desbravada pelo PSDB. A intenção é que as viagens do candidato Aécio Neves comecem pelos estados nordestinos, em uma tentativa de torná-lo mais conhecido. Ele vai se licenciar do mandato de senador em agosto para se dedicar em tempo integral à campanha.

Aliados de Aécio confirmam a disposição do candidato de visitar até três estados por dia, com um discurso focado em obras de infraestrutura, um contraponto às iniciativas do governo federal como as etapas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para mostrar que tem experiência nesse tipo de ação, Aécio apresentará projetos exitosos adotado por ele quando governou Minas Gerais, como uma iniciativa de irrigação no Vale do Jequitinhonha, região que sofre tradicionalmente com os efeitos da seca.

Além disso, Aécio espera contar com os palanques fortes que construiu no Nordeste, especialmente na Bahia, com Paulo Souto (DEM), e no Ceará, com Eunício Oliveira (PMDB). Ele terá o cuidado de direcionar as críticas ao governo Dilma Rousseff, preservando o candidato do PSB ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos. (DG e PTL

João Bosco Rabello: Aécio consegue unidade e se fortalece no sul e sudeste

- O Estado de S. Paulo

Encerradas as convenções partidárias, que não apresentaram surpresas do lado do PT, tem-se um quadro de resgate da unidade partidária do PSDB, que esteve ameaçada na fase de negociações no principal colégio eleitoral, São Paulo.

O senador Aécio Neves logrou conquistar o que talvez fosse sua principal meta, um arco de alianças que fortalece sua candidatura no plano nacional nas regiões sul e sudeste, reeditando a parceria Minas/São Paulo, os dois maiores colégios eleitorais e explorando eficientemente a dissidência peemedebista no Rio de Janeiro.

No Paraná e Santa Catarina, eleitorados com histórico antipetista, o PSDB também alimenta legítima expectativa de vitória e, no Rio Grande do Sul, a aliança com o PP da senadora Ana Amélia se vale do desgaste do governo Tarso Genro, do PT, sustentando o favoritismo da candidatura.

No nordeste, a situação é mais difícil, principalmente pela escolha de um vice da região ter sido sacrificada em favor de uma estratégia nacional mais eficiente para a campanha. Mesmo assim, vale-se da dissidência governista na Bahia, importante colégio eleitoral em que a presidente Dilma não deve obter o mesmo resultado da última eleição.

No Ceará, a união com o PMDB, que pode devolver o empresário Tasso Jereissati ao Senado, numa chapa com o senador Eunício de Oliveira para o governo, a situação parece bem mais favorável que antes, ao tempo em que o senador governista ainda alimentava esperanças de um acordo com o governador Cid Gomes, do Pros.

Mas é em São Paulo que o resultado final fez justiça à forma mineira de se fazer política. Aécio conseguiu transitar entre os interesses que separaram o governador Geraldo Alckmin , por algum tempo, das metas desejáveis ao PSDB nos planos estadual e nacional, conciliando no limite possível as diferenças com potencial divisionista.

A perda do PSD, com a ida do ex-prefeito Gilberto Kassab para a candidatura do PMDB, guarda uma relação custo/benefício, apesar de inviabilizar o cenário ideal, que reuniria todos os atores identificados com um eleitorado antipetista.

Sem Kassab, que fora convidado por Alckmin para compor sua chapa como vice, foi possível equacionar da melhor forma a participação do ex-governador José Serra no processo, abrindo espaço para sua candidatura ao Senado, como queria e à altura de sua dimensão política, histórica e eleitoral.

O efeito no cenário estadual também é positivo. Alckmin selou sua aliança com o PSB, pacificou a aliança e a relação com o seu partido, e se beneficia da identificação da candidatura de Paulo Skaf como a tábua de salvação do PT, cujo candidato, Alexandre Padilha, permanece nos 3% nas pesquisas.

Skaf e Alckmin correm na mesma faixa do eleitorado paulista, aquela que as pesquisas mostram refratária ao PT e que reflete com maior nitidez o eleitor de resultados, menos sensível ao discurso ideológico, principalmente o da esquerda clássica, que se mostra defasado também em outros pontos do país.

Alckmin tem o dobro das intenções de voto de Skaf e pesará na decisão do eleitorado de ambos, a preferência petista pelo presidente da Fiesp, mantida a dificuldade de decolagem do ex-ministro da Saúde, afetado pelo escândalo em seu ministério envolvendo o doleiro Alberto Yousseff e seu laboratório de fachada.

Kassab, por sua vez, encontrou nesse desfecho a porta de saída para evitar o confronto com Serra, com o qual justificara sua adesão ao PMDB. Disputará o Senado por ter obtido a garantia de que não teria no ex-governador um concorrente, dado que este até teve sua inscrição para candidato à Câmara homologada na convenção.

Desse modo, quem produziu o conflito foi Serra, o que retira de Kassab qualquer constrangimento que, até então, o obrigava a mudar da calçada em que Serra estivesse. O ex-prefeito, no entanto, reduziu suas chances de vitória, pois concorrerá contra dois pesos eleitorais históricos de São Paulo: o ex-aliado e o senador Eduardo Suplicy, do PT, candidato à reeleição.

Há outros aspectos que somam na escolha do senador Aloysio Nunes para a chapa tucana à presidência. Seu trânsito entre a maioria dos prefeitos do Estado, sua origem serrista, de inegável poder pacificador, seu prestígio eleitoral atestado pela sua última votação – a maior de um senador, com 12 milhões de votos.

Sua biografia de esquerda, com passagem pela luta armada, na mesma organização clandestina que a presidente Dilma Rousseff, é a que menos importa ao eleitor. Tem, no entanto, o poder de neutralizar o discurso ideológico conveniente ao PT, que rotula todos os adversários como conservadores.

Essa manipulação, que visa ao monopólio do pensamento progressista, tem sua fragilidade exposta nas alianças com perfis que compõem a história da direita no país, como os ex-presidentes José Sarney (PMDB) e Fernando Collor (PTB), além daqueles identificados pela trajetória de mãos dadas com a corrupção, simbolizados na figura do ex-deputado Valdemar da Costa Neto (PR), hoje cumprindo pena por condenação do Supremo Tribunal Federal (STF).

A escolha de Ferreira também evidencia a opção pela soma política que resistiu a tentações marqueteiras como a de um nome feminino apenas pelo gênero, sem critério outro, ou a da escolha de um nordestino com o poder mágico de multiplicar a votação do candidato numa região em que não é conhecido.

Para esse último objetivo, aliança não precisa necessariamente passar pela inserção na chapa do líder regional. Basta que ele esteja na aliança e que milite pelo candidato. É o que deve ocorrer com o senador José Agripino, por exemplo, no Rio Grande do Norte.

Aécio fecha essa etapa do processo eleitoral no mesmo cenário em que a presidente Dilma Rousseff sofre baixas claramente determinadas pela percepção política de ex-aliados do aumento de seu risco eleitoral. PTB e PP, um no plano nacional outro no paulista, deram adeus à aliança sem a menor cerimônia, o seguindo inclusive justificando com a perda de perspectiva de ampliar sua bancada na Câmara.

O PSD manteve o compromisso na aliança nacional e, agora, também em São Paulo, ao aderir ao PMDB. Mas, na vida real, o partido está com Aécio, à revelia do seu presidente, Gilberto Kassab, em estados-chave para a eleição, como Minas, Rio, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul e Piauí.

Merval Pereira: Plano B?

- O Globo

A candidatura de Paulo Skaf a governador de São Paulo corre o risco de perder a singularidade de representar uma terceira via entre PT e PSDB. Não vimos, por enquanto, o próprio candidato assumir a ligação que o PT está querendo forçar, e para que mantenha o viço que o levou a ter 20% da preferência do eleitorado ele terá que esclarecer essa questão o mais rápido possível.

Tudo indica que a melhor postura para ele é a de se manter na oposição aos dois partidos hegemônicos, apresentando-se como uma novidade na política paulista. A pior coisa que poderia acontecer a Skaf seria ficar marcado como um candidato do grupo petista, que quer acolhê-lo na certeza de que a candidatura de Alexandre Padilha não caiu no gosto do eleitorado paulista.

Lula disse a Fernando Henrique que escolheu Padilha por que ele tem “um ar de tucano”, assim como Haddad também tinha e foi eleito prefeito da capital. Acontece que, provavelmente devido ao insucesso do petista na prefeitura, o candidato do PT ao governo do estado está sendo rejeitado pelo eleitorado oposicionista, que busca em Skaf uma alternativa ao governador Geraldo Alckmin.

O presidente da Fiesp dizia até bem pouco tempo atrás que não queria saber de maiores contatos com o PT e muito menos com a presidente Dilma. Tudo indica que esse movimento do PT a seu favor, reforçando sua aliança com a adesão de última hora do PP de Maluf, obedece mais a uma estratégia de salvamento de última hora do que uma aliança política que possa ser vendida como tal ao eleitorado.

A “cristianização” antecipada de Alexandre Padilha fala mais da tática do desespero que está tomando conta do PT em São Paulo do que de outra coisa qualquer. Até mesmo a frase que o ainda candidato petista ao governo de São Paulo proferiu ontem, em uma constrangedora entrevista coletiva, revela esse desespero: “Faço política desde muito pequeno. Durante sete anos, fui da coordenação política do governo Lula, lidando diariamente com o Congresso Nacional. Então, digo que nada me surpreende na política”.

Ao se referir à relação do governo Lula com o Congresso como uma atividade em que se viu de tudo, como a traição de última hora do PP de Maluf, o ex-ministro Padilha está dando o troco possível a quem o deixou pelo caminho sem dó nem piedade: o próprio ex-presidente Lula, que está por trás das manobras para desinflar sua candidatura e apostar no candidato que parece ter mais fôlego, o peemedebista Skaf.

Para mostrar o quanto está perdido na sua estratégia de campanha, Padilha procurou se mostrar como a única novidade da campanha: “Nesta eleição, houve três composições de força. A que está no comando do estado há 20 anos; outra, dos ex-governadores, que comandaram o estado nos 20 anos anteriores, e a nossa coligação, que representa a mudança”.

Acontece que a composição que governou o estado nos 20 anos anteriores aos governos tucanos foi justamente a que até pouco tempo atrás estava com o PT de Padilha, que não se vexou de aparecer em fotos com Paulo Maluf quando esse parecia apoiá-lo.

Desta vez, nem Lula aceitou posar para a foto, como fez para alavancar Fernando Haddad, e também Skaf recebeu o apoio sem precisar passar por esse vexame político.

Se não reagir publicamente à tentativa do PT de transformá-lo em seu plano B, Skaf pode vir a sofrer o mesmo desgaste do candidato à Presidência da República do PSB, Eduardo Campos, que tentou se equilibrar entre ser a terceira via em alternativa a PT e PSDB e poupar o ex-presidente Lula de suas críticas, que atingem principalmente a presidente Dilma.

Além disso, não há nada que demonstre que o eleitor de Paulo Skaf se identifique com o PT ou com a presidente Dilma Rousseff. Resta saber onde se meteu o eleitor do PT em São Paulo.

Dora Kramer: Dupla face

- O Estado de S. Paulo

O PT passou maus bocados na composição das alianças para concorrer às eleições em São Paulo e no Rio de Janeiro. Seu algoz não foi o oponente, mas o aliado PMDB.

Foi um revés atrás do outro, com a digital da mão (nem sempre leve) do gato. O que pôde o PMDB tirou do parceiro nos dois Estados de maior visibilidade do País, onde residem quase 35 milhões de eleitores.

Não que isso vá influir direta e necessariamente no resultado, dado que partidos não orientam - principalmente nos grandes centros - o voto do eleitor.

O movimento, entretanto, é interessante de ser observado e analisado nas suas origens, que remontam ao ano de 2008, cujas consequências se expressam de maneira contundente agora.

No Rio, a chapa liderada pelo governador Luiz Fernando Pezão juntou seis partidos além do PMDB, deixando para o petista Lindberg Farias o PC do B e o PSB.

Tudo certo para a candidatura da presidente Dilma Rousseff se o proclamado apoio do candidato a ela correspondesse à prática do partido no Estado, cuja maior demonstração de descompromisso foi o ato de adesão de prefeitos ao candidato do PSDB, Aécio Neves, organizado pelo presidente do PMDB fluminense.

Prefeitos e vereadores não comparecem a manifestações desse tipo por geração espontânea. Antes perguntam à chefia política se é para ir; só vão mediante determinação ou autorização.

Não consta ter havido rompimento entre os organizadores do ato e a "chefia" - Pezão, Sérgio Cabral e companhia. Da mesma forma ainda não se sabe quando será marcado um encontro semelhante para que prefeitos e vereadores manifestem seu apoio a Dilma.

Em São Paulo, a candidatura de Paulo Skaf atraiu o PSD, o PDT e PROS e, no último minuto, o PP de Paulo Maluf. Há quem diga que o PMDB derrotando o PSDB estará de ótimo tamanho para o PT.

Digamos que, se ocorrer, estará no máximo de tamanho médio. Entre outros motivos porque o PMDB não dividirá o poder com os petistas. Assim como estes, ao juízo daqueles, não o dividiram de fato no governo federal.

A versão de que a candidatura de Skaf "substituirá" a de Alexandre Padilha caso ela realmente não decole só interessa a Dilma e aos tucanos. À presidente, para reduzir os danos políticos de possível desempenho pífio do petista; ao PSDB interessa para tentar "colar" em Skaf a rejeição ao PT.

Por isso mesmo o PMDB não acha a companhia conveniente. O candidato ao governo deixou isso bem claro quando deu um "alto lá" diante da declaração da presidente de que ele também era o candidato dela, junto com Padilha, em São Paulo.

Relatadas as consequências, vamos às causas dessa desforra que o PMDB dá ao PT de forma bastante explícita no Rio e em São Paulo. Faz tempo que os pemedebistas prometiam esperar os petistas "na esquina".

Desde a eleição municipal de 2008. Ali começaram as divergências sérias por causa do comportamento do PT e do governo em relação à chamada política de alianças. Compromissos desfeitos, acordos quebrados, o Planalto sempre favorecendo o seu partido.

A prática se repetiu em 2010 e 2012. Popularidade presidencial em alta, o PMDB foi engolindo o sapo. O passivo de insatisfações aumentou com o tratamento dado pela presidente ao partido no governo, tido como humilhante, e a janela de oportunidade, ou melhor, a "esquina", surgiu com a queda nas pesquisas. Daí o troco.

Cidadela. Aécio Neves deixa o Senado na primeira sessão depois da volta do recesso do Congresso. No discurso de despedida vai antecipar partes da proposta do programa de governo. Já o candidato a vice, o também senador Aloysio Nunes Ferreira, mais cedo ou mais tarde terá de se afastar porque a ideia do titular da chapa é que ele não arrede pé de São Paulo.

Enquanto Aécio corre o País, Aloysio viaja pelo Estado. De preferência em agenda "casada" com a do governador Geraldo Alckmin.

Fernando Rodrigues: A torcida postiça na política

- Folha de S. Paulo

"O PSDB nunca esteve tão unido" foi a frase mais ouvida nos últimos meses no entorno do maior partido de oposição brasileiro. Na prática, essa assertiva ainda terá de ser comprovada.

Tome-se o caso de São Paulo. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) tenta se reeleger. Mira uma possível candidatura presidencial em 2018. Mas se o tucano Aécio Neves for bem-sucedido agora na corrida pelo Palácio do Planalto, certamente tentará um segundo mandato em 2018.

Para Alckmin, é melhor que Aécio vença ou perca a disputa presidencial deste ano? Depende. Se Aécio se transformar numa potência eleitoral e favoritíssimo na disputa de outubro --situação ainda inexistente"", o paulista terá de se alinhar e honrar as juras de fidelidade eterna.

E se Aécio patinar na faixa de 20% a 25% das intenções de voto? E se Dilma Rousseff (PT), com seu mundo maravilhoso (sic) mostrado nas propagandas estatais na TV, se consolidar como forte concorrente a ficar mais quatro anos no Planalto? O cenário então muda. Até porque, se o projeto nacional petista se fortalecer, Alckmin sabe que hostilizar Dilma Rousseff colocaria em risco seu objetivo de passar mais quatro anos no Palácio dos Bandeirantes.

Quem conhece bem essa equação é Aécio. Em 2006, estimulou em Minas Gerais o voto "lulécio" --Lula para presidente, Aécio para governador. À época, o candidato a presidente tucano era Geraldo Alckmin.

Desde 1994, as disputas para presidente e governadores de Estado são casadas. Há uma simbiose enorme entre o chefe do Executivo local e o nacional durante uma campanha.

A tal união do PSDB está condicionada ao desempenho de Aécio. Uma vez competitivo, Alckmin o apoiará.

Mal comparando, Aécio está como os times de futebol no Brasil. A torcida só aplaude depois que a equipe já fez um gol, está na frente e jogando bem. Antes, ficam todos (há exceções) quase mudos na arquibancada.

Rosângela Bittar: Depois da Copa

• À exceção de velhos cacoetes, um viva às celebrações

- Valor Econômico

Feliz e aliviado, já com forças para tripudiar como gosta e atribuir culpa aos pessimistas pelas previsões de incompetência brasileira para organizar evento de tal envergadura, o governo registra, neste momento, faltando ainda 10 dias para o fim da Copa do Mundo de 2014, a conclusão de que tudo deu certo. E deu mesmo, dentro e fora do campo, no que era de sua alçada e da alçada da Fifa, o que era função dos Estados e dos municípios, e no que dependia da proteção dos santos e divindades. Mesmo se o Brasil sair antes da hora final, e nesse caso os black blocs se encorajarem a desafiar a alma brasileira na última semana do Mundial, já terá dado tudo certo, estruturalmente certo. O governo reconhece que seria mais prejudicado se os problemas aparecessem mais fora que dentro do campo. A taça vai para o conjunto da obra.

Para faturar na política esse sucesso todo, porém, e afinal foi para isso que brigou para trazer a Copa, o ex-presidente Lula, e a presidente Dilma, que estavam recolhidos e silenciosos quanto ao tema à espera da prova dos nove, começam por atribuir aos seus adversários políticos, à imprensa brasileira, e sua enorme e irresistível influência sobre o negativismo da imprensa estrangeira - os culpados de sempre na visão da legenda do poder - previsões da catástrofe que acabou não acontecendo. Argumento que só fica de pé como farsa de campanha eleitoral, pois nem a Fifa anteviu derrocada tão completa, embora ache que são os governos, e não os atletas, que devem jogar bola nos seus torneios.

Mas aí é o DNA, nada há o que fazer. Se a imprensa não for culpada, não são fogos caramuru do PT.

E o que foi mesmo que deu certo? No campo, o belo futebol apresentado nesta Copa do Mundo, a excelência técnica, o modelo ofensivo que permitiu tantos e tantos gols, uma das três maiores médias de todos os tempos, e para 'nosotros' e africanos, a volta da alegria e do gingado, marcas nacionais adormecidas por fases de brutalidade do esporte.

Fora do campo, a estrutura aeroportuária, a locomoção nas cidades, os hotéis, a recepção ao turista, as condições dos estádios, a segurança pública. Tudo deu tão certo que é natural o desejo, agora, de que essas condições se perpetuem e continuem depois da Copa. Os desconfiados já fizeram a analogia: "Imagine depois da Copa", em referência ao "Imagine na Copa", quando se temia o pior. Agora, teme-se que o bem-bom se perca, que o voo não saia mais no horário, que a polícia não esteja vigilante à travessia para o estacionamento, que o hospital não receba qualquer um que passar mal na rua.

Faltou luz em um estádio; o gramado saltou na chuteira; filas de quilômetro nos restaurantes e lanchonetes; falta d'água nos banheiros da estreia; os estádios elefantes brancos; a invasão do Maracanã... Ora, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a maior autoridade do governo na coordenação do evento, líder do comitê organizador, com a autoridade de quem fez, em dezembro do ano passado, a este jornal, a previsão de que o Brasil faria uma grande Copa, não a Copa da Alemanha, não a da África do Sul, mas a Copa brasileira, ao nosso jeito, descreve, com a calma que lhe é peculiar:

"Me disseram, no início do torneio: está tudo bem, relaxa. Não dá, tem que estar tudo bem todos os dias. A segurança pública, o trânsito, os hotéis, os serviços, os transportes, tudo tem que funcionar todos os dias". Aqueles problemas relacionados acima, colhidos no noticiário, são por ele desconsiderados: "Os gramados são os melhores do mundo e saem mesmo, em qualquer lugar; a energia piscou, durante o dia, em um teste, apenas; banheiro sem água foi residual; filas em lanchonetes há em Wimbledon também e em qualquer jogo de campeonato nacional; a falha do Maracanã decorreu da opção por uma organização menos militarizada, menos truculenta", e por aí vai, numa resposta objetiva para cada questão.

Aldo concorda com o PT na avaliação de que a imprensa criou a ideia da sublevação contra a Copa (ele, também, não admite que foi o movimento "não vai ter copa", nem o "passe livre", nem os blocs, nem a Fifa).

"Isso faz parte do jogo, foi assim na Independência, na República, na abolição, em 30, em 64, na redemocratização. Quando a sociedade se divide, a imprensa também se divide", concede.

Mas não quer olhar para trás: "Os aeroportos têm funcionado, o sistema de tráfego tem funcionado, a hospedagem, a segurança". Se há turistas dormindo na praia é por falta de dinheiro, não de vaga em hotel. O governo providenciou até caminhão-pipa para o banho dos que se hospedaram na rua.

A realidade superou a expectativa do ministro do Esporte. "O Fabio Capello, um dos papas do ramo [italiano, hoje técnico da Rússia, um dos maiores do mundo, já dirigiu os times da Inglaterra e da Itália] disse que esta Copa foi a de maior nível técnico que já viu. E fora do campo, tudo o que precisava funcionar, funcionou", resume.

O ministro dá um exemplo do nível de detalhes dos cuidados na gestão do evento: "Ia chegar a seleção da Austrália? Está vindo de onde? Por onde? Vai fazer alfândega onde? Espírito Santo não tem aeroporto internacional, vai fazer em Curitiba. Os batedores, a postos, são treinados há 20 anos, não são voluntários. Os centros de comando e controle já verificaram toda a segurança? Os hotéis estão funcionando? O prefeito organizou a recepção? A imprensa está tendo acesso? A Anvisa está a postos? A seleção pegou o ônibus? Entrou no hotel?"

Segundo Aldo, havia gente querendo guerra com o sistema hoteleiro até, depois de duas reuniões, se convencerem de que haveria superoferta e não falta de acomodações. Na Copa, todas as atividades que não são Copa são canceladas. "Sobram hotéis e vaga em avião", informa.

O Comitê Olímpico Internacional levou ao governo brasileiro sua expectativa para que a Olimpíada tenha pelo menos a metade do sucesso da Copa. Até nos Estados Unidos, país líder em medalhas distribuídas pelo COI, a Copa bateu, em público na TV, a partida final da NBA, o campeonato de basquete americano.

Para o público voyeur, ainda teve o bônus do ar de país atraente ao turismo que se respirou nesses dias de levas de turistas pelas ruas, com suas cantorias, máquinas e garrafas em punho, shoppings e restaurantes lotados diante da TV. Em Brasília, então, onde não é comum ver-se vivalma, o apito final sobrecarregará psicólogos e psicanalistas. Mais ainda porque dará lugar à propaganda eleitoral dos candidatos às eleições de outubro.

Luiz Carlos Azedo: Um debate inevitável

• De todas as variáveis negativas que atrapalham a reeeleição da presidente Dilma Rousseff, a baixa expansão da economia é a mais importante, pois, de fato, tornou a eleição uma disputa aberta

- Correio Braziliense

Vinte anos após o Plano Real, cuja paternidade divide com o presidente Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso volta à ribalta do processo eleitoral, em plena Copa do Mundo e na largada da campanha. O ex-presidente aproveita a efeméride para subir o tom das críticas à presidente Dilma Rousseff, acusando-a de leniência com a inflação, e busca resgatar seu legado na condução da economia. Como o PT agarra com as duas mãos a comparação entre os governos de FHC e do ex-presidente Luiz Inácio lula da Silva, o debate sobre a inflação ocupa cada vez mais espaço na disputa eleitoral.

A presença de Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central (BC) no segundo mandato de FHC, no centro da campanha do candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves, acirra a polêmica. Tanto FHC como o candidato tucano advertem o risco de descontrole de preços num momento em que o próprio BC admite que o dragão fugirá da gaiola nos próximos meses, com a inflação ultrapassando o teto da meta de 6,5%. As previsões são de que serão necessários dois anos para trazer a inflação de volta ao centro da meta, de 4,5%, mantidos os parâmetros que hoje o governo adota para gerir a economia.

Para FHC, o governo menospreza a busca pela redução da inflação, limita-se a não ultrapassar o teto da meta inflacionária, mas, como há muitos preços represados por decisão governamental, esse risco aumenta. "Não creio que seja iminente nem que estejamos diante do que aconteceu no passado, mas é preciso mudar a atitude leniente e estar sempre de olho no que já está indexado", adverte. Essa é a outra face da moeda da estratégia adotada ainda no governo Lula para enfrentar a crise mundial: mais crédito público e mais consumo. Como não foi dada a devida atenção à produtividade e à atração de investimentos produtivos, a conta está ficando alta. E todos os indicadores da economia, inclusive o superavit fiscal, preocupam os analistas.

Em campanha para a reeleição, a presidente Dilma Rousseff rebate as críticas meio na defensiva, mas atirando pra cima do governo de Fernando Henrique Cardoso. Afirma que as críticas tucanas, traduzidas em ações governamentais, resultariam em redução do salário real e aumento do desemprego. Aproveita as oportunidades para ressaltar que o governo Lula, cujos louros tenta capitalizar, enfrentou a crise com mais empregos e transferência de renda e não com privatizações de empresas públicas. Dilma foi eleita graças a essa política, com o Brasil crescendo, em 2010, a uma taxa de 7,5% do PIB, ao contrário do que acontece neste ano, em que ela disputa a reeleição, pois a previsão do PIB para 2014, segundo o BC, não passará de 1,6%.

Efeito Copa
De todas as variáveis negativas que atrapalham a reeleição da presidente Dilma Rousseff, a baixa expansão da economia é a mais importante, pois, de fato, tornou a eleição uma disputa aberta, na qual, porém, a política propriamente dita ganha mais centralidade. Não é à toa que a candidata petista é obrigada a fazer acordos humilhantes com pequenos partidos da base, como foi o caso da substituição do ministro dos Transportes, para ganhar mais tempo de propaganda na televisão. Enquanto isso, o principal candidato de oposição, Aécio Neves, nada de braçada nas articulações dos palanques regionais, minando as bases eleitorais da candidata governista em grandes colégios eleitorais, como o Rio de Janeiro e o Ceará, onde, na eleição passada, Dilma esteve absoluta.

O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, candidato do PSB, ao lado da ex-senadora Marina Silva, também busca sair do confinamento eleitoral, aproveitando-se do debate sobre a inflação. Dá uma no cravo e outra na ferradura, ou seja, encampa tanto as críticas dos tucanos ao atual governo, como a dos petistas ao governo de FHC. É pura política também o esforço feito pelo Palácio do Planalto para capitalizar a Copa do Mundo, evento esportivo e turístico internacional cujo sucesso é indiscutível. Fala-se até que a presidente Dilma decidiu comparecer à partida final no Maracanã, que vaia até minuto de silêncio, para entregar o troféu ao vencedor, como reza o protocolo do evento.

Cada vez mais eletrizante, com disputas duríssimas, nas quais as seleções favoritas — Brasil, Alemanha, Argentina, Bélgica, Colômbia, Costa Rica, França e Holanda — prosseguem com dificuldades crescentes, a Copa do Mundo apaixona o país, encantado com a invasão de torcedores estrangeiros. Ninguém sabe, a rigor, qual será o impacto da Copa no processo eleitoral, mas pesquisas para aferir o que está acontecendo já foram para a rua. Assim como havia um cenário pessimista antes da Copa, depois da euforia atual, teremos uma espécie de volta à calma, reflexivo, quando será feito o devido balanço do que foi efêmero e do que é permanente em tudo isso. É aí que entram gastos com estádios, as obras dos aeroportos, os investimentos em mobilidade urbana e o tema da violência cotidiana. Nessa hora, a inflação será uma espécie de tara da balança.

*José Neumanne: É só mais do mesmo

- O Estado de S. Paulo

Antes de se lançar candidato à Presidência da República, o então governador de Pernambuco e presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos, defendia em conversas com interlocutores políticos a teoria de que era preciso que os políticos de depois da redemocratização se unissem para fazer uma reforma de verdade na gestão pública. O exemplo mais próximo que encontrava para apontar como possível aliado era o do senador tucano mineiro Aécio Neves, já então tido como inevitável candidato do maior partido de oposição contra a reeleição da petista Dilma Rousseff. A hipótese de uma união entre os dois ainda parecia plausível quando Campos abriu fogo contra o governo de que fora aliado para tornar viável a própria candidatura. Hoje a proposta sumiu de cena e não está afastada a possibilidade de o socialista apoiar a petista num eventual segundo turno.

O simples fato de os dois candidatos à mudança radical no comando da gestão pública brasileira serem netos de dois dos principais líderes da atividade política no período entre a queda do Estado Novo, em 1945, e o golpe militar de 1964 já bastava por si só para dar à ideia sua verdadeira dimensão: a de papo para espantar o tédio. Afinal, a simples menção aos dois protagonistas dessa aliança "renovadora" nacional (não por acaso uso o nome do partido que congregava civis que apoiavam o regime militar) bastaria para trazer a lume a evidência de que não passava de uma nova roupagem para a única oferta que os políticos têm dado sempre aos cidadãos: "mais do mesmo".

Eduardo assina Campos (do pai, o escritor Maximiano), mas é neto de Miguel Arraes, da mais notória oligarquia nordestina, a Alencar do Ceará. Aécio não assina Cunha, do pai, mas Neves, como o avô materno ilustre, Tancredo, que foi ministro da Justiça do suicida Getúlio Vargas e uniu a dissidência do partido governista, o PDS, com o principal partido de oposição à ditadura na época, o PMDB, para se eleger no colégio eleitoral e faltar à posse por doença.

A citação avoenga de ambos pode até parecer implicância boba deste autor ranheta. Mas os primeiros passos dados na (vá lá) pré-campanha já indicam desde logo que a candidata à reeleição e os dois pretendentes a tirá-la do trono dão indícios claros de que "tudo continua como dantes" no palanque de Abrantes - já que de quartel não se trata mais. Ciente de que a aliança com a ambientalista Marina Silva não o credenciará por si só a chegar ao provável segundo turno contra a presidente, o filho da ex-deputada feita por ele ministra do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes, partiu contra o filho do ex-deputado Aécio Cunha com sangue nos olhos e faca nos dentes.

O PSB de Campos - alavanca com que, a exemplo de Arquimedes, ele diz querer remover os compromissos com o passado da política para lançá-la rumo ao futuro ou, no mínimo, para o presente - protagonizou um dos episódios mais óbvios de pragmatismo eleitoral: explicitou apoio ao PT de Dilma no Rio e ao PSDB de Aécio em São Paulo. Mas isso, embora seja mais uma prova de que tudo continua sendo só mais do mesmo, não implica uma prática malfazeja em si, que justifique o apelido dado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, ao movimento: "bacanal eleitoral". Como de hábito na política brasileira, o sujo apenas maldisse o mal lavado. Há pouco, Paes deixou de ser um oposicionista ferrenho ao PT federal para se eleger e reeleger pelo PMDB e, assim, aderir ao partido de Lula, que fingia abominar. Nesse caso, Campos tem toda a razão ao afirmar, como o fez na convenção de seu partido, que "o povo brasileiro que não tem filiação partidária, que não vai disputar eleição, não quer saber se a coligação em tal Estado é assim ou assado, mas se tem na política alguém disposto a fazer o debate que não é só do mundo dos políticos, mas do seu mundo, da sua pauta, do seu sonho". Os candidatos deveriam decorar essa sentença.

Mas não bastaria enunciar o nobre conceito. Vai ser preciso praticá-lo. Dilma, ainda em primeiro lugar nas pesquisas e ainda com perspectiva de ganhar no primeiro turno, teve a desfaçatez de repetir todas as promessas que fez na eleição para seu primeiro mandato, em 2010. Manteve, então, o hábito de prometer mais, mesmo já tendo mostrado que nem sempre cumpre. A distância entre discurso e ação no palanque dela reproduz uma incoerência que atinge as raias do absurdo. Em 2011, em nome de uma pretensa faxina moral que prometeu fazer na Esplanada dos Ministérios, afastou Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes. A três meses do pleito de outubro, nomeou para o posto o indicado pelo presidente do PR, Valdemar Costa Neto, que ora mantém residência fixa no presídio da Papuda. Depois, fez uma profissão de fé nas "convicções" que comungaria com Gilberto Kassab, dono do PSD, para alcançar o triplo do tempo de propaganda na TV e no rádio do seu perseguidor mais próximo, Aécio, e sete vezes o de Campos.

Este, de olho nos 72% de eleitores que querem mudar já, lembrou que PSDB e PT estão no poder há 20 anos, mas omitiu que não faz tanto tempo assim que um aliado por ele indicado para o governo Dilma, Fernando Bezerra Coelho, carreou para o Estado que governava 90% dos recursos do Ministério da Integração Nacional. E Aécio, que não consegue se aproximar do primeiro lugar na disputa pela preferência do voto, conseguiu bater a favorita Dilma em baixaria ao sugerir que os dissidentes das legendas governistas "suguem o máximo que puderem" e, depois, votem nele. Esqueceu-se de que o leite que engorda as tetas do Estado é pago pelo povo.

Diante disso, muitos cidadãos creem que a resposta mais inteligente será abster-se ou votar nulo e em branco. É mais cômodo, mas também o meio menos responsável de manifestar desagrado pelo "mais do mesmo" que inevitavelmente virá aí. Afinal, os políticos são escolhidos na urna pelo cidadão e este não deve se omitir.

*Jornalista, poeta e escritor

Painel - Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Mudança de foco
O ministro Ricardo Lewandowski indicou a colegas que pretende mudar as prioridades do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), cuja presidência também herdará de Joaquim Barbosa. Quer que o órgão atue menos como corregedoria e se dedique mais ao planejamento administrativo do Judiciário. Nos últimos anos, o CNJ ganhou visibilidade ao investigar juízes suspeitos de corrupção. A ex-corregedora Eliana Calmon, que disse haver "bandidos de toga", hoje é candidata ao Senado.

A fila anda No STF (Supremo Tribunal Federal), Lewandowski promete desafogar os gabinetes e julgar mais casos de repercussão geral, cujas decisões passam a valer para instâncias inferiores.

Ringue Dois ministros apostam que a corte continuará a viver embates na nova gestão. Sem Barbosa, Lewandowski tenderia a polarizar discussões com Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello.

Até o fim O presidente do STF foi criticado por colegas por ter encerrado sua última sessão sem uma despedida formal. Outro integrante da corte reclamou de Marco Aurélio, que esperou Barbosa sair do plenário e pediu a palavra para acusá-lo de arranhar a imagem do Supremo.

Vai ter Copa Segundo um ministro, Barbosa indicou que espera ter a aposentadoria publicada no "Diário Oficial" de 15 de julho. Se isso se confirmar, ele ainda estará no cargo na final do Mundial.

Além da vaia O PT pediu ao Ministério Público Eleitoral que investigue a origem de panfletos distribuídos no jogo de abertura da Copa, no Itaquerão. O material apócrifo trazia a bandeira do Brasil, a estrela do partido e a inscrição "Fora! Corruptos!".

Esqueleto Enquanto tucanos celebravam a escolha do vice de Aécio Neves, um advogado do PSDB mexia em papeis do processo em que o marqueteiro Luiz González cobra dívida de cerca de R$ 4 milhões deixada pela campanha de José Serra em 2010.

Papagaio Aliados de Eduardo Campos (PSB) acusam a campanha tucana de imitar o mote de que Dilma será a primeira presidente a entregar o país pior do que recebeu. Ele já repetiu a expressão em dezenas de discursos.

Estranho... A chapa do PSDB em São Paulo tem uma primeira desavença a resolver. José Serra, candidato ao Senado, e Márcio França (PSB), vice de Geraldo Alckmin, se desentenderam na convenção no fim de semana.

... no ninho O tucano se irritou porque o pessebista disse que a chapa estava "purificada". Ao final, mal cumprimentou França e usou palavras duras contra ele.

Na geral Do deputado Guilherme Campos (PSD), aliado de Gilberto Kassab, que se lançou ao Senado por achar que Serra havia desistido: "Ele está parecendo aquele jogador que dizia: Fiz que fui, não fui, e acabei fondo'".

Retranca Sem conseguir ampliar o leque de alianças, Alexandre Padilha (PT) deve reformular o discurso de sua candidatura ao governo de São Paulo. Antes determinado a seduzir o eleitorado antipetista, ele agora tentará garantir, ao menos, o voto tradicional da sigla.

Pilatos A campanha petista reclama que o Palácio do Planalto não teria agido para impedir a debandada de aliados, como PP e PDT, que apoiarão Paulo Skaf (PMDB).

Sem demissão A gestão Fernando Haddad (PT) promete manter os indicados do PP de Paulo Maluf na Prefeitura de São Paulo. "Nosso acordo é municipal. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa", diz o secretário Chico Macena (Governo).

Tiroteio
"A candidatura de Serra é envelhecida e desgastada. Ele e Suplicy formam uma dupla de rivais que vai facilitar a vida do Kassab."
DE RICARDO PATAH, dirigente do PSD, sobre a decisão de José Serra de se candidatar em São Paulo e enfrentar Gilberto Kassab na disputa pelo Senado.

Contraponto
Pipa no ventilador
Em sessão na Câmara paulistana no fim de maio, vereadores discutiam a permissão para a venda de cerveja dentro dos estádios durante a Copa do Mundo. Eduardo Tuma (PSDB), da bancada evangélica, fez um apelo:
--Estou tentando sensibilizá-los a votar contra, a fim de preservarmos as famílias brasileiras!
Alfredinho (PT) pediu a palavra e disse que o tucano defendia a restrição por nunca ter frequentado estádios. Ex-cartola, Marco Aurélio Cunha (PSD) arrematou:
--Seu discurso parece o daquele garoto que empinava pipa com ventilador, jogava bolinha de gude no carpete!