Democracia é a melhor resposta para mediar conflitos
O Globo
Eleitorado que vai às urnas reúne demandas
diversas, mas é possível — e necessária — convivência entre visões opostas
Neste domingo, quase 156 milhões de
brasileiros estão aptos a exercer seu direito de cidadania, cumprindo o ritual
democrático de comparecer às urnas para escolher os prefeitos que governarão
sua cidade pelos próximos quatro anos, seguindo à risca o plano de governo
apresentado durante as campanhas e chancelado pelo voto. Elegerão também os
vereadores responsáveis por formular as leis que nortearão o dia a dia das
cidades e de seus moradores. O voto é o momento que o cidadão tem para se fazer
ouvir.
Desse eleitorado, 52% são mulheres, a maior
parte está na faixa de 45 a 59 anos (25%) e quase metade (43%) vive na Região
Sudeste. Trata-se de contingente diverso, que desafia o discurso polarizado,
por vezes agressivo, que anima embates nas redes sociais, a propaganda
eleitoral ou mesmo debates em que nem sempre prevalecem a civilidade, a
sensatez e o tom propositivo.
Um retrato dessa diversidade e da convivência
entre diferentes perfis e posições políticas no país está na série de
reportagens da GloboNews “A cara do Brasil”, exibida também no Jornal Nacional
nos dias que antecederam a eleição. Repórteres conversaram com moradores nas
cinco regiões do país para conhecer suas expectativas, posições políticas e
entender como convivem com quem pensa diferente. Fica claro que, longe do
ambiente conflagrado das redes sociais, o entendimento é possível.
Em Manaus (AM), a família do ex-goleiro Edmilson Brabo, que se define como de direita, vive numa mesma vila. Foi a maneira encontrada para compartilhar as despesas, como explica o filho Abrahão Nicolas Brabo. “A gente precisa pagar conta de luz, conta de água, se alimentar todos os dias. O almoço às vezes é feito lá [na casa do pai], às vezes é feito aqui. A gente se une para ser família”, diz Abrahão. “A gente tem diferentes convicções políticas, mas convive de forma harmoniosa, como deveria ser a sociedade.” À pergunta sobre o que une o Brasil, Abrahão responde: “Todos nós temos um sonho de vencer, de ter um emprego, uma boa casa, um carro, poder trabalhar de forma digna”.