segunda-feira, 12 de junho de 2017

Opinião do dia - Eliane Cantanhêde

Afinal, Janot pediu mesmo para Fachin instalar escuta ambiente no gabinete presidencial? Ele nega. E Temer determinou ou não a devassa da Abin na vida de Fachin? Ele também nega.

Cármen Lúcia consultou os colegas e divulgou nota rechaçando qualquer possibilidade de invasão de um poder no outro e de devassa ilegal contra um ministro do STF, que seria “própria de ditaduras”. Soa como um basta na rota da insensatez. Cá entre nós, nem Temer pode usar instrumentos de Estado para represálias, nem Fachin deveria abrir inquérito monocraticamente contra um presidente, nem Janot deveria partir para cima de um presidente com uma fita não periciada. E, obviamente, políticos não poderiam, jamais, fazer tudo o que faziam.

É nesse ambiente deteriorado, de meias-verdades, puras mentiras, vazamentos manipulados e aumento diário do nível de tensão, que Temer mantém o mandato, mas poderia se perguntar: vale a pena? A vitória no TSE projeta vida nova ou acirra os ânimos e abre espaço para múltiplas e desgastantes batalhas sem final feliz?

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É jornalista, “Temer, fera ferida”, O Estado de S. Paulo, 11/6/2017

Governo apela a Doria e a Alckmin para manter PSDB

Temer apela a Alckmin e Doria para manter PSDB

Presidente telefonou para os dois líderes paulistas para que reunião ampliada da Executiva do principal partido aliado do governo no Congresso termine sem decisão

Alberto Bombig e Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo

O presidente Michel Temer apelou ao governador do Estado, Geraldo Alckmin, e ao prefeito de São Paulo, João Doria, para que eles trabalhem no sentido de esvaziar o caráter deliberativo da reunião da Executiva ampliada do PSDB marcada para esta segunda-feira, 12, e que pode definir a saída dos tucanos da base aliada ao Palácio do Planalto.

Após a vitória de Temer no julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira, o presidente, por meio de aliados e ministros do PSDB, pediu a Doria e a Alckmin que deem mais tempo a ele para reorganizar sua base e mostrar que o governo ainda tem força para aprovar as reformas defendidas pelo prefeito e pelo governador, principalmente a da Previdência. Dentro do próprio PSDB é dado como certo que Temer não conseguirá fazer as reformas sem o apoio dos tucanos.

O medo de Temer é de que a saída do PSDB do governo crie um “efeito manada”, na expressão de um senador do PMDB próximo a Temer, às vésperas de a Câmara dos Deputados analisar uma eventual denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente. Ou seja, a saída dos tucanos pode motivar outros partidos a seguir o mesmo caminho.

PSDB faz reunião para discutir retirada do governo Temer

Bruno Boghossian, Angela Boldrini, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Ministros do PSDB e governadores contrários à saída do partido do governo pressionam os dirigentes da sigla para que não haja uma decisão nesta segunda-feira (12), dia de reunião marcada peça executiva nacional da sigla.

Eles argumentam que a legenda está rachada e que uma deliberação nesse cenário aprofundaria essa divisão.

"Acho que seria muito difícil chegar a alguma conclusão, num partido dividido. Não há urgência ou determinação para que haja decisão agora. Marcar data para uma reunião desse tipo não me parece uma coisa muito sensata", afirmou o secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres (SP).

O roteiro original da reunião previa discussão ampla, envolvendo a cúpula partidária, deputados, senadores, ministros, governadores, prefeitos de capitais e presidentes de diretórios regionais. Em seguida, a comissão executiva –instância de decisões da legenda– se reuniria e tomaria uma decisão, no voto.

Alckmin afirma que apoio do PSDB ao governo "não se discute"

Por César Felício | Valor Econômico

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que existe “unanimidade” no partido em manter o apoio ao governo federal.

O PSDB irá reunir seu diretório nacional em Brasília nesta segunda-feira para avaliar se fica ou sai da base governista.

“O nosso apoio não se discute, isto é unânime , ter ministro ou não ter ministro é secundário, um debate a ser aprofundado ao longo dos próximos dias”, disse, após encontro com o presidente de Portugal, Marcello Rebelo de Souza, na manhã deste domingo.

Segundo o governador, “é importante proteger o Brasil”. Para o tucano, “ o país estava começando a se recuperar e a curto prazo o que se precisa fazer é acelerar as reformas”.

De acordo com Alckmin, a reforma da Previdência Social pode ser aprovada no primeiro turno na Câmara dos Deputados ainda este mês e a reforma trabalhista já está em fase final no Senado. A base no Congresso precisaria acelerar a reforma política, de modo a aprovar um texto que já valha para as eleições de 2018.

“Temos que fazer tudo isso andar, não pode haver uma paralisia em função de questões jurídicas, as coisas devem andar de maneira concomitante”.

Presidente tenta recompor base e PSDB se reúne

Por Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - Vencida a batalha do TSE, a guerra não acabou para o governo Michel Temer. Ao lado da frente judicial, a recomposição da base aliada passou a ser uma empreitada decisiva, pois é no Congresso que se dará o embate final, a votação do pedido de autorização da Câmara dos Deputados para o Supremo Tribunal Federal (STF) processar o presidente da República.

O Ministério Público Federal promete fazer a representação ao STF nos próximos dias e,em princípio, a batalha da Câmara não deveria representar maior dificuldade para Temer. A base aliada conta com 412 votos nominais na Câmara, sendo que 312 sempre votam com o governo. Temer precisa de apenas 171 votos para barrar o processo.

É o procurador-geral Rodrigo Janot que precisará reunir os 342 votos necessário à aprovação do pedido, mesmo quórum exigido para a abertura de processos de impeachment. À época do impedimento de Dilma, o PT reconhecia que o presidente que não consegue um terço da Câmara não teria mesmo condições de governar.

Temer e seus aliados diziam o mesmo. Agora precisam combater os primeiros sinais de erosão da base aliada. Após a defecção de pequenos partidos, entre os quais o PPS e o PSB, que têm ministros no governo, a ameaça mais séria é a deserção do PSDB, o aliado que tem mais a perder (se o governo der errado) ou a ganhar (se o governo der certo) com a manutenção de Temer.

Aécio e Alckmin pressionam PSDB a ficar no governo

Reunião de hoje tem forte movimento pela manutenção da aliança com Temer

Enquanto o senador afastado luta por sua sobrevivência política e depende de votos do PMDB para não ser cassado no Conselho de Ética, governador de São Paulo tenta fortalecer sua candidatura EM 2018

Em conversas com o Palácio do Planalto lideradas pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e pelo senador afastado Aécio Neves, o PSDB, pressionado pelos dois tucanos, mudou a tendência da última semana e pode permanecer no governo. Apesar da insistência de parlamentares mais jovens do PSDB e de parte significativa da bancada pelo desembarque completo da base do presidente Michel Temer, o partido caminha para concluir a reunião da Executiva, hoje, sem uma votação que exponha o racha na legenda. Segundo dirigentes do PSDB, os quatro ministros que ocupam as pastas de Relações Exteriores, Secretaria de Governo, Cidades e Direitos Humanos devem continuar, mas os parlamentares poderão, se confirmado o movimento, posicionar-se como quiserem sobre o governo no Congresso. Já existem, porém, articulações para substituir deputados que pensem em votar pelo acatamento da provável denúncia contra o presidente que a Procuradoria-Geral da República prepara.

Em causa própria

Aécio e Alckmin pressionam por permanência do PSDB no governo para salvar mandato e candidatura

Júnia Gama, Cristiane Jungblut, O Globo

-BRASÍLIA- O PSDB chega ao dia da reunião de sua Executiva com um forte movimento contrário ao desembarque da base do governo Michel Temer, diferentemente do que se via na semana passada, quando a debandada era a hipótese mais provável no partido. Segundo tucanos da cúpula, a tendência, hoje, é que não haja o rompimento com o Palácio do Planalto, mas que todos fiquem livres para se posicionarem como quiserem sobre o governo.

A possível permanência dos tucanos foi conseguida às custas de muitas conversas com o Palácio do Planalto, capitaneadas, principalmente, por pressões do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), que luta por sua sobrevivência política, e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de olho nas eleições presidenciais de 2018.

Governo Temer busca reforçar oposição de políticos a Janot

Bruno Boghossian, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto vai argumentar que a PGR (Procuradoria-Geral da República) faz acusações sem provas contra o presidente Michel Temer, em sua estratégia para tentar barrar a denúncia que deve ser apresentada contra o peemedebista até a próxima semana.

Auxiliares do presidente querem, com esse discurso, fragilizar a acusação feita pelo procurador-geral Rodrigo Janot já na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, que precisa emitir um parecer sobre a admissibilidade da acusação antes que ela seja votada no plenário.

Para derrotar a denúncia, a equipe de Temer alegará que não há elementos suficientes na investigação para processar um presidente da República, que não há evidências de que ele recebeu vantagem indevida e que a gravação da conversa entre o peemedebista e o empresário Joesley Batista não é uma peça válida do inquérito.

Dessa maneira, o Planalto quer fornecer elementos aos deputados para que eles possam votar contra a abertura de um processo contra Temer e reforçar a oposição da classe política a Janot.

A PGR prepara uma denúncia em que vai ligar Temer ao recebimento de uma mala com R$ 500 mil que foi entregue ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), como a Folha mostrou no domingo (11).

Planalto quer votação rápida de denúncia

Aliados planejam liquidar em dez dias a provável acusação do procurador Janot a Temer. Ministro da Justiça liga para Fachin e nega espionagem.

Governo quer votar denúncia de Janot em dez dias no Congresso

Tentativa é barrar pedido contra Temer; Torquato liga para Fachin

Cristiane Jungblut Carolina Brígido, O Globo

-BRASÍLIA- O Palácio do Planalto e a base aliada já se preparam para enfrentar a denúncia a ser apresentada até o próximo dia 19 pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer: querem uma tramitação rápida. O plano é tentar garantir um placar de mais de 200 votos para barrar autorização da Câmara para abertura de processo. Aliados de Temer gostariam de “liquidar” o assunto entre uma semana e dez dias, encurtando os prazos regimentais.

A estratégia pós-TSE ou anti-Janot, como está sendo chamada a atual fase da crise política, começou a ser traçada mesmo antes do resultado que absolveu a chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Aliados dizem que a própria Câmara não quer ficar refém da agenda do Ministério Público. Parlamentares querem resolver tudo bem antes do recesso de julho, que começa na metade do mês.

Favoritos para o lugar de Janot

Por Maíra Magro | Valor Econômico

BRASÍLIA - A duas semanas das eleições para uma lista tríplice de candidatos ao comando do Procuradoria-Geral da República, organizada pela Associação Nacional dos Procuradores, dois nomes despontam como favoritos: os subprocuradores-gerais Mario Bonsaglia e Raquel Dodge. A escolha se dá em um momento inédito na história da sucessão de um procurador-geral da República. O presidente Michel Temer está prestes a ser denunciado criminalmente pela instituição cujo novo líder irá nomear. A escolha influenciará os rumos da Operação Lava-Jato e, portanto, as investigações contra o próprio presidente. Mais do que nunca, o ato terá um significado político.

O Valor entrevistou os oito candidatos à lista tríplice a respeito da Lava-Jato, como pretendem conduzir as forças-tarefas que atuam hoje na operação, sobre os acordos de leniência fechados pelo Ministério Público Federal e propostas de gestão.

Os outros nomes cotados para a lista tríplice são o atual procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, a subprocuradora-geral da República Ela Wiecko e os subprocuradores Carlos Frederico, Eitel Santiago de Brito Pereira, Sandra Cureau e Franklin Rodrigues da Costa.

Bonsaglia e Raquel são favoritos para PGR
A duas semanas das eleições para a lista tríplice de candidatos ao comando do Ministério Público, organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), dois nomes despontam como favoritos: os subprocuradores-gerais Mario Bonsaglia e Raquel Dodge. A escolha ocorre em um momento inédito na história da sucessão de um procurador-geral. O presidente Michel Temer está prestes a ser denunciado criminalmente pela instituição cujo novo comandante irá nomear. A decisão influenciará os rumos da Operação Lava-Jato e, portanto, as investigações contra o próprio presidente. O mandato de Janot termina em 17 de setembro.

Senado ignora decisão do STF de afastar Aécio Neves do mandato

Talita Fernandes, Ranier Bragon, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Mais de 20 dias após o STF (Supremo Tribunal Federal) determinar que Aécio Neves (PSDB-MG)fosse afastado do mandato, o Senado ainda não cumpriu a decisão da corte.

O nome do tucano permanece no painel de votação e na lista de senadores em exercício do site do Senado. Seu gabinete tem funcionado normalmente. Se o tucano comparecesse a uma sessão estaria apto a votar, de acordo com técnicos consultados.

A Folha procurou desde quinta (8) o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), sua assessoria e a assessoria do Senado questionando as razões do descumprimento da decisão do STF. Não houve resposta.

O tema ainda não foi debatido pela Mesa do Senado, apesar de alguns senadores terem pedido reunião do colegiado a Eunício. É possível que haja encontro na próxima semana sobre o assunto.

Gilmar vê pressão sobre o judiciário

Cassação lançaria o país em quadro de incógnita, afirma Gilmar Mendes

Mônica Bergamo, Folha de S. Paulo

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes sai em defesa da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que, na semana passada, absolveu Dilma Rousseff e Michel Temer da acusação de abuso de poder econômico, mantendo o atual presidente no cargo.

Presidente da corte eleitoral, Mendes afirma que o papel dos juízes é "muitas vezes decidir de forma contramajoritária e desagradar tanto a chamada 'vox populi' quanto a voz da mídia".

Caso contrário, diz, seria melhor acabar com a Justiça "e criar um sistema 'Big Brother'" para ouvir o povo e a imprensa. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

*
O TSE está sofrendo críticas porque teria tomado uma decisão eminentemente política. O tribunal desprezou provas?

Gilmar Mendes - Não se tratou de nada disso. O debate se cingiu à discussão sobre o que foi pedido na inicial [da ação do PSDB contra a chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer por ter supostamente recebido, em 2014, dinheiro de propina da Petrobras].

A maioria do tribunal entendeu que o relator, Herman Benjamin, que fez um belíssimo trabalho, teria extrapolado, ido além do próprio pedido feito pelo PSDB.

A Constituição prevê prazo de 15 dias a partir da eleição para a impugnação de um mandato. Se houver o alargamento dos fundamentos à disposição do relator, estaremos burlando esse prazo.

E por que há prazo estrito? Porque há o valor do mandato, conferido pelo povo.

Não se pode banalizar a intervenção judicial.

Polêmico, Gilmar opera no conflito

Por Juliano Basile | Valor Econômico

WASHINGTON - Ele foi a pessoa mais criticada no Brasil durante os dias em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgou a chapa Dilma-Temer e registrou picos nessa posição após ter proferido o voto decisivo que manteve o presidente Michel Temer no cargo, no instante em que a votação estava empatada em três a três, mas Gilmar Mendes não está nem aí.

Segundo pessoas próximas ao ministro, ele não tem dificuldades em ser criticado e nem mesmo xingado nas ruas e na internet. "O que ele não admite são mentiras a seu respeito", dizem.

Gilmar tornou-se o juiz de confronto por excelência no Brasil. Ele não apenas vota as questões mais importantes do país como promove e articula reformas na política e na economia, conversa cotidianamente com deputados, senadores e ministros, tem linha direta de contato com o presidente e fala em tom elevado tudo o que pensa, mesmo que isso vá incomodar meio mundo e ainda voltar-se contra ele próprio.

JBS: na véspera de vazamento, venda de R$ 10 milhões em ações

Ex-diretora da CVM vê indício de ‘insider trading’ em operação de donos

Danielle Nogueira, O Globo

Na véspera de delação vazar, venda de ações por controladores foi de R$ 10 milhões. Os controladores da JBS venderam R$ 9,9 milhões em ações um dia antes do vazamento da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa. Segundo formulário da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foram vendidas 984.900 ações ordinárias (com voto) da companhia em 16 de maio ao preço de R$ 10,11. Em 17 de maio, o colunista do GLOBO Lauro Jardim revelou detalhes da delação. No dia seguinte, os papéis fecharam em queda de quase 10% na Bolsa.

Os controladores da JBS são a FB Participações e o Banco Original, que pertencem à família Batista. A venda de ações do dia 16 foi a primeira do mês feita pelos controladores, seguida por outras nos dias seguintes. No total, foram seis operações de venda, totalizando R$ 55,5 milhões.

Delação divide candidatos à vaga de Janot

‘Estado’ ouviu os 8 subprocuradores-gerais que concorrem ao cargo; apesar de críticas à atual gestão, todos se dizem favoráveis à Lava Jato

Beatriz Bulla e Fabio Serapião, O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Os termos do acordo de delação premiada entre o Ministério Público Federal e os irmãos Joesley e Wesley Batista dividem os candidatos à procurador-geral da República. Na disputa pela cadeira de Rodrigo Janot, o Estado questionou os subprocuradores que pleiteiam o posto. O trabalho na área penal e a defesa da Lava Jato são pontos em comum dos candidatos.

O novo procurador-geral da República, que assumirá em setembro, quando vence o mandato de Janot, será indicado pelo presidente da República – que, atualmente, é investigado pela instituição. Oito subprocuradores se inscreveram para concorrer na eleição interna organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). No fim do mês, uma eleição entre membros do Ministério Público Federal determina a lista tríplice que será entregue ao presidente com os nomes escolhidos pela carreira.

Dentre os oito candidatos à chefia do Ministério Público Federal que se inscreveram nas eleições, metade é considerada de oposição a Janot: Carlos Frederico Santos, Raquel Dodge, Eitel Santiago e Sandra Cureau. A outra metade tem o aliado do atual procurador-geral, Nicolao Dino, e candidatos que apresentam críticas moderadas à gestão: Mario Bonsaglia, Ela Wiecko e Franklin da Costa.

Entre o congelamento e a asfixia | Ricardo Noblat

- O Globo

“O Supremo Tribunal Federal repudia espreita espúria inconstitucional contra qualquer cidadão.” Cármen Lúcia, presidente do STF

É como se Michel Temer fosse um alpinista com dificuldade de respirar a certa altura de uma perigosa escalada. Socorrido por uma equipe de resgate, ao invés de descer foi levado para um ponto mais alto, o que aumentou a escassez de ar. A qualquer momento poderá ser atingido por fortes rajadas de vento. A temperatura caiu muitos graus abaixo de zero. Arrisca-se a morrer congelado ou por asfixia.

MORRER CONGELADO significa permanecer aparentemente vivo, no exercício da Presidência da República, com direito aos salamaleques inerentes ao cargo. Dará pequenas ordens sem a garantia de que todas serão obedecidas. Viajará muitas vezes para apressar a passagem do tempo. O país viverá tristes e improdutivos meses como os que viveu no crepúsculo do mandato do ex-presidente José Sarney.

Ibope, internet e voto | José Roberto de Toledo

- O Estado de S.Paulo

Web virou maior influência para eleger um presidente

Pela primeira vez, uma pesquisa extraiu da boca do eleitor o que urnas e ruas sugeriam mas faltavam elementos para provar: a internet virou o maior influenciador para eleger um presidente. Sondagem inédita do Ibope revela que 56% dos brasileiros aptos a votar confirmam que as mídias sociais terão algum grau de influência na escolha de seu candidato presidencial na próxima eleição. Para 36%, as redes terão muita influência.

Nenhum dos outros influenciadores testados pelo Ibope obteve taxas maiores que essas. Nem a mídia tradicional, nem a família, ou os amigos - o trio que sempre aparecia primeiro em pesquisas semelhantes. Muito menos movimentos sociais, partidos, políticos e igrejas. Artistas e celebridades ficaram por último.

Os intelectuais e o mito da revolução total | Bolívar Lamounier

O ideólogo se apresenta como portador de capacidades extraordinárias – entre elas, conhecer o curso da história e conduzir a humanidade a um paraíso terrestre

-IstoÉ

Numa coisa eu sempre me engano. Sempre imagino já ter visto toda a leviandade, todos os desvarios e toda a covardia dos intelectuais de esquerda latino-americanos, mas eles, volta e meia, surpreendem-me. O último foi Atílio Borón, um decano da sociologia política argentina. Dias atrás, segundo informação publicada em 30 de maio pelo jornal El Clarín, de Buenos Aires, Borón conclamou o ditador venezuelano Nicolás Maduro a colocar as Forças Armadas na rua a fim de “aplastar” (esmagar) a oposição.

Em busca do túnel | Murillo de Aragão

- IstoÉ

O túnel por onde passarão nossas esperanças em busca da luz ainda não está construído. O fim não está próximo.

O que já era desequilibrado – com evidente predomínio do Poder Executivo – transformou-se em um novo desequilíbrio, onde a democracia dos que não têm votos, mas têm legitimidade, predomina sobre os que foram eleitos.

E por que acontece isso? A Operação Lava Jato, com sua extraordinária sequência de delações, revelou um sistema político absolutamente apodrecido que produzia eleições fraudulentas e maculadas pelo abuso do poder econômico e das máquinas sindicais e governamentais.

O PSDB e a atual crise | Marcus Pestana

- O Tempo (MG)

Hoje, às 17 horas, em sua sede nacional em Brasília, o PSDB tem um novo encontro com a história do Brasil. Governadores, Ministros, Senadores, Deputados Federais, Presidentes de Diretórios Estaduais, Prefeitos de capitais se reúnem em torno da Executiva Nacional para deliberar sobre a permanência ou não no Governo de Michel Temer. Já vivemos momentos delicados como esse desde a fundação do partido em 1988. Os impeachments de Collor e Dilma, a sustentação do Governo Itamar Franco, a luta pelo Plano Real.

O PSDB não é um partido qualquer. É o partido de nossos fundadores Mario Covas, Franco Montoro e José Richa, do ex-presidente FHC, de sete governadores, centenas de prefeitos, milhares de vereadores e de uma das maiores bancadas no Congresso Nacional.

Guerra e política | Denis Lerrer Rosenfield

- O Globo

Em países desenvolvidos, com Estado forte e regras democráticas compartilhadas por todos os cidadãos, a guerra fica a cargo do estamento militar, e a política, dos representantes populares, eleitos com tal função. Para quem foi formado na arte da guerra, os seus opositores são tidos por inimigos que devem ser eliminados. Para quem foi formado na arte da política, opositores são adversários com quem se convive a partir de valores constitucionais comuns.

Ora, o país vive uma situação assaz bizarra, havendo uma espécie de inversão entre os militares e os políticos, aí incluindo representantes de poderes constitucionais como a cúpula do Ministério Público Federal e alguns membros do Supremo.

Fosse outro o momento histórico, os militares já teriam intervindo. Por muito menos, tomaram o poder em 1964. A segurança pública é um descalabro, fazendo por ano tantas vítimas quanto as registradas entre os soldados americanos durante toda a Guerra do Vietnã.

A classe política está totalmente desmoralizada, pois boa parte de seus membros foi capturada nas teias da Lava-Jato. O mesmo vale para ministros do atual governo e dos anteriores. As instituições estão frequentemente em conflito entre elas e internamente. O lulopetismo montou um esquema de corrupção do Estado que o minou em seus fundamentos. A sua herança nas áreas econômica e social é desastrosa.

A confiança abalada | Vinicius Mota

- Folha de S. Paulo

A evidência historiográfica, de 30 anos para cá fortalecida por técnicas oriundas das ciências duras, deixa cada vez mais nítido o papel decisivo dos laços de confiança entre as pessoas para o sucesso ou o fracasso relativo das nações.

Nathan Nunn, de Harvard, concluiu que o maior peso na exportação de escravos entre 1400 e 1900 causou subdesenvolvimento em regiões africanas que figuravam entre as mais prósperas do continente antes do início do ciclo escravista.

Quando a própria liberdade está ameaçada pelo vizinho, disposto a guerrear e sequestrar para vender gente, a confiança desaparece, e a sociedade se fragmenta e empobrece. Leia-se "O Esplendor de Portugal", de Lobo Antunes, para ter uma ideia do que isso significou para Angola.

Reformando a natureza | Fernando Limongi

- Valor Econômico

Brasil já tem financiamento público de campanhas

A chapa Dilma-Temer foi absolvida. Ou melhor, absolveu-se a chapa Temer-Dilma. Boa parte dos votos, os pela absolvição pelo menos, dependeu desta inversão. O presidente foi mantido no cargo. A decisão final pouco dependeu dos fatos. Gilmar Mendes, ao iniciar seu voto, declarou claro: "Não se substitui um presidente da República a toda hora." Não, ao menos, os que contam com seu apoio.

O mandato preservado foi o de Temer e isto contou. Mas não se pode esquecer que se julgava uma chapa, isto é, que o fosso aberto dividiu aliados de ontem.

A decisão do TSE deixou claro, se é que alguém ainda tinha dúvidas, que não é a moralidade pública que define o lado dos contendores. Não é também a política social. Temer não acabou com o Bolsa Família e a Reforma da Previdência não acabará com a proteção social. Em tempos de crise, ajustes e cortes são necessários e o PT os faria se não tivesse sido apeado do poder. As diferenças entre PT, PMDB e PSDB são menores do que os discursos, disparados das duas trincheiras, deixam entrever.

Sr. Congresso | Cida Damasco

- O Estado de S. Paulo

Temer depende da economia. E os dois, dos votos do Parlamento

Temer deve ter passado um fim de semana aliviado, com a vitória por 4 a 3 no Tribunal Superior Eleitoral, mas sabe que essa sensação não vai durar muito tempo. A Procuradoria Geral da República (PGR) prepara-se para denunciar o presidente, o doleiro Lucio Funaro já prestou depoimento e Rocha Loures, o homem da mala de R$ 500 mil, pode romper o silêncio, em novos e eletrizantes capítulos dessa interminável série da crise política brasileira.

Enquanto o final não se aproxima, a economia vai tentando se segurar, mas com dificuldades para atravessar a pinguela entre a recessão e o crescimento. Na hipótese mais provável, o que aguarda o governo Temer é se arrastar e tentar que o fim do mandato chegue antes da decisão sobre a sua parte nesse enorme latifúndio de caixas 2, propinas, relações espúrias com empresários e outras formas da corrupção. E, se essa espécie de “sarneyzação” é a hipótese mais provável, pode-se imaginar seus efeitos sobre a economia e a vida do País.

Prioridade número um | Leandro Colon

- Folha de S. Paulo

O presidente "reformista" ficou para trás, ao menos agora, e por culpa do próprio Michel Temer, que recebeu um empresário para uma conversa espúria no Palácio do Jaburu no dia 7 de março.

Exato um mês depois, em uma sexta-feira e sem saber do encontro com Joesley Batista, perguntei a Temer, em entrevista que ele deu à Folha em seu gabinete, se poderia mencionar um erro de gestão. "Eu acho que não cometi nenhum erro. Cometi acertos derivados de muita coragem", respondeu, corajosamente.

Virada a página constrangedora e vergonhosa do TSE, Temer começa a semana tentando conter a debandada de tucanos e em busca de uma ofensiva para barrar na Câmara a denúncia que será feita contra ele pelo procurador-geral, Rodrigo Janot.

Para ir além da mediocridade – Editorial |O Estado de S. Paulo

O impeachment da presidente Dilma Rousseff, há cerca de um ano, foi um fato político capaz de deflagrar no País um processo de renovação nacional em todos os aspectos, pois deixava para trás não apenas um governo desnorteado e incompetente, mas principalmente um modelo de desenvolvimento baseado em desvarios terceiro-mundistas. Ao ser desmoralizado o voluntarismo lulopetista, abriu-se ao Brasil uma oportunidade para a implantação das bases de um crescimento sustentável, coerente com seu potencial humano e natural. Ao mesmo tempo, graças à vigorosa ação anticorrupção simbolizada pela Lava Jato, criou-se a ocasião de melhorar os quadros políticos e de reduzir o raio de ação dos parasitas do dinheiro público, ou pela implacável aplicação da lei ou pela redução da interferência do Estado na vida nacional – e, portanto, das ocasiões que fazem o ladrão. Mas o que temos visto, graças a uma mistura de messianismo de uns e esperteza de outros, é uma frustrante reversão dessas expectativas.

Operação de salvamento – Editorial | O Globo

Corrupção e projetos mal feitos faliram a empresa, que não pode contar com o Tesouro

Maior empresa do país, a mais atingida pelo esquema lulopetista de drenagem de dinheiro público para financiar o projeto de poder do PT — sem deixar de melhorar a vida de companheiros —, a Petrobras seria, também, por óbvio, a maior vítima corporativa do esquema.

A derrocada foi proporcional à decolagem da empresa no período em que o petróleo subiu para a faixa acima dos US$ 100 o barril, que fez a estatal mudar de patamar no ranking mundial das petroleiras. Já tendo descoberto reservas importantes na região do pré-sal, nas costas paulista e fluminense.

O ufanismo contagiou o Planalto de Lula e Dima. Mas o pior é que induziu o governo, inspirado na clássica ideologia estatista e dirigista do velho PT, a usar a estatal como alavanca para a execução de um temerário programa de substituição de importações de equipamentos diversos usados na indústria do petróleo (sondas, navios, plataformas etc.).

Retrocesso ambiental – Editorial | Folha de S. Paulo

Até o dia 19, o presidente Michel Temer (PMDB) tem uma decisão significativa pela frente: vetar ou não as alterações promovidas pelo Congresso nas medidas provisórias 756 e 758, ambas editadas pelo Executivo no ano passado.

O que decidir servirá (ou não) para confirmar a guinada da política ambiental. Haverá repercussões internacionais, pois ficará claro para os outros 194 signatários do Acordo do Clima de Paris se o presente governo federal leva a sério os compromissos assumidos em 2015.

Em tela encontram-se tamanhos e limites de várias unidades de conservação. O destaque vai para a Floresta Nacional do Jamanxim (PA), na Amazônia, que na origem tinha 13 mil quilômetros quadrados (área 60% maior que a da região metropolitana de São Paulo).

Na proposta do Executivo, sob pretexto de acomodar obras da ferrovia Ferrogrão, ela perderia 3.000 km². Com a modificação pelo Legislativo, a redução foi para 7.400 km² (parte dos quais foram reclassificados em categorias menos restritivas de área protegida).

Cabe ao Congresso ajudar o país a sair da recessão – Editorial | Valor Econômico

A polêmica decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que se manifestou majoritariamente contrário à cassação da chapa presidencial Dilma Rousseff e Michel Temer, na sexta-feira, não encerra a turbulência política que o país vive desde a divulgação da delação dos irmãos Batista, da JBS. Depois da tempestade, há o risco de mais tempestade.

Nos próximos dias a Procuradoria Geral da República deverá apresentar denúncia contra o presidente Michel Temer no Supremo Tribunal Federal (STF) por fatos relacionados com a delação de Joesley Batista. Para abrir o processo contra Temer, o STF terá que pedir autorização à Câmara dos Deputados.

O presidente precisará do apoio de pelo menos 171 deputados para evitar que a Câmara conceda tal autorização. Temer deverá mobilizar os seus aliados para garantir esses votos e se manter no cargo. Esse é um processo que poderá acirrar ainda mais os ânimos políticos já por demasia exaltados.

Motivo | Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Pablo de Sarasate - Zigeunerweisen Gypsy Airs Melodii Lautaresti