O Globo
Já era previsível que Jair Bolsonaro fosse
experimentar uma melhora em seus índices de intenções de voto e de avaliação do
governo.
O leitor desta coluna há de lembrar que
escrevi, em 23 de fevereiro, que o presidente se beneficiaria da entrada dos
profissionais no comando de sua campanha e da entrada de dinheiro do Auxílio
Brasil nas contas dos mais necessitados para dar um salto. E que os riscos que corria
de ver estancada essa esperada melhora eram a inflação fora de controle e a
rejeição quase impeditiva de uma reeleição.
Os números do Datafolha mostram que
Bolsonaro ganhou pontos entre os mais pobres e no Nordeste, reduzindo sua
distância para Lula no segmento e na região em que o petista vai melhor. Num
país em que a desigualdade e a pobreza só cresceram, a injeção de recursos do
Orçamento ainda é um poderoso cabo eleitoral.
Além disso, o silenciamento das atrocidades ditas por Bolsonaro no curso da pandemia, operado pelos profissionais da política, fez com que a classe média que elegeu o capitão em 2018 perdesse a vergonha de sair do armário. E aqui entra um fenômeno de duas mãos importante de analisar: o salto alto que acometeu o entorno de Lula desde que suas condenações nos processos derivados da Lava-Jato foram anuladas.