quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Maria Hermínia Tavares* - Outro Brasil é possível

Folha de S. Paulo

Estes quatro anos aprofundaram praticamente todas as nossas mazelas

Incerteza econômica, emergência climática e novas tensões geopolíticas dão o tom da conjuntura mundial, bem diferente daquela de apenas duas décadas atrás. Mesmo esse quadro sombrio, porém, não deve estiolar as oportunidades para uma nação como o Brasil, grande produtor de alimentos, muito rico em reservas de água —um bem que vai se tornando escasso— e abrigando em seu território um patrimônio incalculável de cobertura florestal e biodiversidade.

Esses podem ser os vistos no passaporte do país na sua jornada em busca de posição vantajosa no sistema internacional em transição, ampliando as condições objetivas para o combate a seus enormes problemas domésticos. Estes são tudo menos triviais: crescimento rastejante; governos enredados em limitações fiscais crônicas; intimidade entre máquina pública e interesses privados; degradação ambiental; e, sobretudo, extensa e abjeta pobreza na qual se ancoram violência e desigualdades superpostas de renda, raça, gênero, região, acesso a educação, saúde e tudo o mais que faz parte da proteção social devida aos cidadãos.

Merval Pereira - No fio do bigode

O Globo

Lula não pode achar que está perdoado, se vencer no primeiro turno. Muitos votarão nele apenas para se livrar de Bolsonaro

Se vencer no primeiro turno, o ex-presidente Lula não pode cair na esparrela de que a maioria dos eleitores terá votado nele por sua história, por seu carisma. Assim como Bolsonaro nunca foi dono dos 58 milhões de votos que teve em 2018, também Lula não será eleito no primeiro turno, se for, porque o PT, ou mesmo ele, detém a preferência hegemônica dos cidadãos brasileiros.

Bolsonaro acabou perdendo boa parte de seu eleitorado, pelo menos 20%. Está cada vez mais próximo dos 30% que dos 40% dos votantes. O Brasil é um país cheio de paradoxos. Muitos dos que votaram em Bolsonaro em 2018 não são bolsonaristas, o escolheram para conter o petismo. Agora, buscam em Lula a saída para se livrar da tragédia que foi seu desgoverno.

Um exemplo é o jantar dos empresários com o ex-presidente. Lula foi ao PIB, que já queria há muito conversar com ele. Ele foi adiando um convite feito há muito tempo, queria deixar o encontro para o segundo turno, mas antecipou-o diante da possibilidade de ganhar no primeiro, porque quis colocar os empresários como mais um elemento indicativo de um governo de centro, sem radicalismos.

Malu Gaspar - Não é hora de cobrar Lula?

O Globo

Estamos a poucos dias de um voto para presidente que pode até ser definitivo, dado que as pesquisas de opinião mostram haver chance de Luiz Inácio Lula da Silva ganhar a eleição já no primeiro turno. Nos bastidores da campanha bolsonarista, o desânimo é flagrante, e até os meninos da outrora olavista Brasil Paralelo foram dar uma pinta no jantar de Lula com os empresários.

Pode até ser que nos grotões esteja acontecendo algo diferente e que Bolsonaro esteja ganhando força para virar o jogo e vencer a eleição no segundo turno. Mas o visível, agora, é que as elites do país estão se rendendo a Lula sem dificuldade nem prurido.

Para aqueles que já tinham boas relações com o petismo, o momento é de glória. Nos bastidores do jantar com os empresários, o dono do BTG, André Esteves, e o presidente do conselho do Bradesco, Luiz Trabuco, foram tratados com carinho, como velhos amigos que são.

Outros registraram presença apenas para poder dizer no futuro que nunca foram de fato antilulistas — estavam só defendendo os próprios negócios. Como um integrante do Centrão que me ligou outro dia, às gargalhadas: "Será que você poderia registrar aí que, quando Lula estava preso, eu fui dez vezes a Curitiba, incógnito, gritar 'bom dia, Lula; boa noite, Lula'?".

Luiz Carlos Azedo - Centrão sai de fininho da campanha de Bolsonaro

Correio Braziliense

No jantar com Lula, os pesos-pesados da economia brasileira derivaram em direção à oposição. Bolsonaristas graúdos da Paulista e Faria Lima disputaram convites para participar do encontro

Alguém viu o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), acompanhando o presidente Jair Bolsonaro na campanha eleitoral fora de seu estado? Claro que não, ele está fazendo campanha em Alagoas para se reeleger. Saiu de cena de fininho, para articular a sua própria reeleição ao comando da Casa, mesmo que venha a ter de enfrentar um governo eventualmente hostil, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito. Digo eventualmente porque Lira nunca dinamitou suas pontes com a bancada do PT.

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente do PP, bem que tentou um movimento semelhante, ao se licenciar do cargo para fazer campanha no Piauí, mas houve pronta reação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), que interpretou o gesto como uma deserção, até porque Nogueira não é candidato. Mesmo Valdemar Costa Neto, presidente do PL, legenda que abriga a candidatura à reeleição de Bolsonaro, não queimou os navios com Lula. Seu objetivo é eleger de 60 a 75 deputados federais para ter condições de negociar com quem vencer a eleição e ser o fiel da balança nas votações da Câmara. Nas eleições proporcionais, vale tudo; predomina o pragmatismo.

William Waack - Aperto de mão útil

O Estado de S. Paulo

Não há ilusões de parte a parte na aproximação de Lula com o empresariado

Voto útil é quando o eleitor opta por quem não gosta, mas acha que é melhor do que prorrogar uma situação intolerável. O aperto de mão útil é quando o empresário, o banqueiro ou o produtor rural tinham esperanças frustradas com Bolsonaro e detestam Lula, mas não veem outro jeito senão se acertar com ele, diante do reiterado favoritismo nas pesquisas.

O PT aparentemente conquistou os dois, faltando horas para o primeiro turno. Porém, não é possível prever nesta quinta-feira se o voto útil leva Lula a liquidar a fatura no próximo domingo. Esse voto já foi captado pelos levantamentos mais recentes, como o derretimento de Ciro. Ocorre que as pesquisas não conseguem calcular o fator decisivo para determinar se a corrida presidencial acaba domingo: é a taxa de abstenção, maior no eleitorado mais fiel a Lula.

O aperto de mão útil foi fartamente ilustrado no jantar de terça-feira que reuniu Lula e nomes de peso de todos os setores relevantes da economia, incluindo o agroindustrial. O saudoso dramaturgo Ariano Suassuna teria aplicado ao encontro, que teve mais de cem pessoas, uma de suas frases inesquecíveis sobre a cordialidade brasileira: “Faz parte da nossa boa educação falar mal das pessoas só pelas costas”.

Maria Cristina Fernandes - Do que depende a eleição em 1º turno

Valor Econômico

O Lula de Grajaú tem mais chance do que o do Morumbi

Luiz Inácio Lula da Silva chega às vésperas da eleição, de acordo com as últimas projeções do Ipec, com uma sobra de 1,5 milhão de meio de eleitores. É pouco, mas suficiente para liquidar a fatura no primeiro turno. Só não o fará se a violência elevar a abstenção e se o debate for desastroso para o ex-presidente.

Não faltam relatos de viva voz e virtuais, de candidatos, governadores, parlamentares e cabos eleitorais, a demonstrar que o Brasil vive a campanha mais intimidatória desde a redemocratização. Pelo site do TSE é possível saber como votam as seções eleitorais de todo país. Não é difícil montar uma rede de tocaias para intimidar os eleitores daquelas zonas eleitorais que tradicionalmente votam no PT.

Some-se a isso a percepção de quem tem corrido o país sobre as divisões sociais na campanha. A carreata de Lula que percorreu São Luís três semanas atrás passou pela avenida beira-mar, onde ficam os melhores restaurantes da cidade. Os clientes ficaram sentados enquanto garçons, flanelinhas e biscateiros de toda ordem corriam para a calçada a manifestar apoio.

Há senadores petistas no Nordeste que não frequentam restaurantes da classe média alta para não serem constrangidos. Representam, no Legislativo, uma região que ruma para dar a Lula um percentual de votos válidos de 68%. O acréscimo derradeiro de caminhadas em Fortaleza e Salvador na sexta visam a arrancar o 1º turno do bastião nordestino.

Cristiano Romero - Campanha por “voto útil” é antidemocrática

Valor Econômico

Eleição em dois turnos é instrumento contra polarização

Tudo indica que o próximo presidente da República será Luiz Inácio Silva, do PT. A vitória pode não vir já na votação do próximo domingo, dia 2, mas dificilmente não será sacramentada no segundo turno da eleição. Nas últimas duas semanas, o sentimento “todos contra Bolsonaro” tomou de forma majoritária a classe política e inúmeros formadores de opinião, entre os quais, críticos contumazes do PT e de Lula.

Nesse ambiente, a campanha pelo chamado “voto útil” ganhou força, desidratando as intenções de voto de candidatos que se apresentam como uma “terceira via”, como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). A maioria dos votos desses dois candidatos tende a ir para o candidato do PT no primeiro turno, mas, não se tenha dúvida, uma parte relevante irá para Bolsonaro.

Ciro tem razão quando se queixa do movimento agressivo pelo voto útil que aliados de Lula têm feito, especialmente nas redes sociais (que este colunista prefere chamar de redes antissociais, uma vez que estas funcionam como instrumento de destruição de reputações, disseminação de notícias falsas, tudo isso protegido, em muitos casos, por um inaceitável anonimato). Constranger eleitores em nome da atual polarização protagonizada por Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL) desmoraliza o sistema de votação em dois turnos, é manobra antidemocrática. Como define acertadamente o tema um perfil do Twitter (Ivo Viu ou @IvoViu), não existe voto útil, mas, sim, “candidato inútil”.

Bruno Boghossian - Bolsonaro desistiu do voto

Folha de S. Paulo

Jogada ensaiada, auditoria contratada pelo PL é aviso formal de que presidente vai tentar tumulto

A campanha de Jair Bolsonaro lançou o aviso formal de que o presidente tentará tumultuar a eleição. Em papel timbrado, o PL divulgou o que seria uma auditoria das urnas eletrônicas, sem apresentar uma única prova de fraude no sistema. A sigla preencheu duas páginas com linguagem técnica (e convenientemente vaga), sugeriu a existência de vulnerabilidades e criou mais uma brecha para contestar o resultado da votação.

A turma de Bolsonaro não tentou disfarçar o fato de que que o objetivo único dessa jogada é a confusão. O documento estava pronto desde 19 de setembro, mas só veio a público nesta quarta-feira (28), a quatro dias do primeiro turno.

Thiago Amparo - Por que votar em Lula no domingo

Folha de S. Paulo

Adiar a decisão por quatro semanas não significa, como antes, divergência saudável

Não são tempos normais. Adiar a decisão sobre a eleição por mais quatro semanas não significa, como outrora, divergência saudável; significa pôr em risco a democracia. Adiar para o segundo turno aquilo que podemos encerrar no primeiro significa pôr pólvora no canhão já preparado para disparar: deslegitimar uma eleição na qual o Congresso Nacional será escolhido é infinitamente mais difícil do que fazê-lo no segundo turno. Quantas pessoas queremos que morram junto com a democracia se esperarmos o segundo turno?

Vinicius Torres Freire - O risco de sujeira no fim da campanha

Folha de S. Paulo

Reação social ao golpe mudou o clima no país, mas pode haver tentativa desesperada

Jair Bolsonaro (PL) corre o risco de terminar o domingo comendo pizza fria. Uma vitória de Lula da Silva (PT) no primeiro turno está na linha do gol. O imponderável de indecisões da última hora, abstenções e votos inválidos podem levar a bola para lá ou para cá, por diferença pequena. Quem sabe chova demais ou até falte ônibus para o povo ir votar, né. A dúvida maior é se o bolsonarismo vai tentar um lance de mão, um pontapé ou bater no juiz.

Parece preocupação amanhecida. Mas ainda nesta quarta-feira (28) as facções mais fanáticas do bolsonarismo requentavam a história da eleição roubada. O PL divulgou um papelucho sobre "vulnerabilidades relevantes" do sistema eleitoral, "com grave impacto nos resultados das eleições".

Conrado Hübner Mendes* - 2º turno é guerra atômica

Folha de S. Paulo

Derrotar Bolsonaro mais cedo não é salvação, mas atenua riscos, danos e violência

Se sobrevivemos a 45 meses de governo contra a vida e contra a lei, por que não 46? Se, apesar do esforço do governo Bolsonaro de cortar oxigênio cívico e pulmonar, ainda respiramos, e se o exitoso programa de empobrecimento e embrutecimento não nos matou em 45 meses, por que não deixar a festa da democracia correr por mais quatro semanas? Que diferença fariam no nosso futuro esses 28 dias entre 2 e 30 de outubro?

A resposta curta: 1º turno é guerra de trincheira; eventual 2º turno, na presença do maior programa de delinquência política na história da democracia brasileira, converte-se em guerra atômica. Quem afirma que Bolsonaro não tem chance de virada eleitoral, e prefere esperar o 2º turno para o voto do mal menor, ignora a diferença. Subestima a magnitude do risco.

A guerra de trincheira produz incidentes graves e mortes. Voto menos livre. A guerra atômica ameaça a possibilidade da eleição e magnifica a incerteza das consequências que o resultado das urnas pode produzir.

Míriam Leitão - A eleição começa a se despolarizar

O Globo

O movimento de Lula ao centro e do centro em direção a ele criou outra dinâmica nesta eleição, enquanto Jair Bolsonaro se isola em seu radicalismo

A eleição está se despolarizando. Não é mais apenas dois grupos opostos que se enfrentam. Formou-se uma onda de declarações de voto em favor de Lula que reúne ex-ministros do Supremo, economistas de diversas tendências, cientistas sociais, ex-ministros do governo Fernando Henrique, artistas que não votariam no PT, milhões de cidadãos e cidadãs. A natureza desse movimento, que não se viu em outras campanhas, vai além do próprio Lula. É o corpo da democracia reagindo aos ataques. Foram tantos, tão constantes, estão ainda presentes no ar que, mesmo sem articulação, formou-se esse arco de autoproteção nestes dias prévios da escolha coletiva.

Escrevi aqui algumas vezes que nesta eleição nunca houve dois extremos se enfrentando. Havia e há apenas um único extremista. Jair Bolsonaro, ao longo do tempo, só confirmou essa visão com seus atos e palavras. Lula, por seu lado, fez movimentos ao centro, e o centro caminhou em direção a ele.

Muitos dos que declaram apoio não deixam de lembrar que têm, eventualmente, divergências, como acontece com os economistas, mas todos afirmam que Lula reúne as melhores condições para derrotar o projeto autoritário encarnado por Bolsonaro. O presidente alimentou esse isolamento com os seus seguidores. Mesmo nestes tempos finais, seu partido, seu entorno, os militares a ele ligados permanecem afligindo a nação com problemas inexistentes no sistema eleitoral.

Cora Rónai - O jornal sempre sai

O Globo

Teremos as eleições mais importantes desde o fim da ditadura, é impossível pensar em outra coisa, falar sobre outra coisa

Faz uma eternidade que estou aqui no escritório olhando para a tela do computador sem saber como começar a coluna. Já fiz carinho nos gatos, já fui para a cozinha beber água, já fiz café, já fui olhar a paisagem lá fora, já tentei contar os peixinhos que nasceram ontem no aquário. Vou e volto, vou e volto. E nada. Tenho amigos que me dizem:

— Eu nunca conseguiria escrever uma coluna toda semana!

Mas escrever coluna é meu ofício, coisa que faço para viver há mais tempo do que vocês têm de vida, de modo que “não sei o que escrever” não é argumento válido. Aliás, tenho uma história a respeito disso.

Em 1991, Evandro Carlos de Andrade me chamou para editar um caderno de tecnologia para O GLOBO (tecnologia, na época, atendia por “informática”). Fiquei entusiasmada com a proposta, mas tive dúvidas se estaria à altura. Há tempos eu já não trabalhava em redação, como editora menos ainda. Eu escrevia de casa, e um motoqueiro levava as laudas datilografadas da coluna para o “Jornal do Brasil”, ali onde hoje fica o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (“lauda” era como chamávamos as páginas em que escrevíamos).

— Tenho confiança na sua capacidade — me tranquilizou o Evandro.

Não fiquei convencida.

— E se eu não conseguir? E se o caderno não sair?!

Ele me olhou como se eu estivesse dizendo o maior dos absurdos:

— Isso nunca aconteceu. O jornal sempre sai.

Fernando de la Cuadra* - Brasil: Un Frente Amplio para derrotar al fascismo

Centro latinoamaricano da análisis estratégico (Chile)

Vamos a andar, con todas las banderas, trenzadas de manera que no haya soledad. Vamos a andar, para llegar a la vida…” Silvio Rodríguez

Según la mayoría de las encuestas electorales, el candidato Lula da Silva puede ganar en la primera vuelta electoral del próximo domingo 2 de octubre. Sin embargo, todavía no se disipa del todo la amenaza golpista divulgada por Bolsonaro en sus últimos mítines y apariciones en público.

En su breve estadía en Londres, el excapitán declaró que, si no gana en el primer turno con el 60 por ciento de los votos, será debido a que se va a cometer un fraude electoral que deberá ser rechazado inmediatamente por sus huestes.

Por lo tanto, advierte a sus seguidores para estar atentos ante una eventual derrota y no reconocer el triunfo de Lula. Con ello se buscará crear un clima de caos y violencia en el país que pueda generar una situación de inestabilidad que amerite la intervención de las Fuerzas Armadas que, utilizando el argumento de restituir el orden, determine finalmente anular las elecciones y sacramentar la continuidad del candidato de la situación.

Fernando Carvalho* - Bolsonaro sem querer ajudou a esquerda

Bolsonaro, sem querer, ajudou a esquerda. Com essa obsessão golpista, e especialmente sua campanha contra as urnas eletrônicas, levou o que a sociedade brasileira tinha de forças democráticas a se unir num esforço gigantesco em prol dos mecanismos oriundos da Constituição de 1988. O trabalho do TSE no aperfeiçoamento das urnas, liberando o acesso dos código-fonte até para militares, mesmo sendo eleições assunto das forças desarmadas.

A Carta aos Brasileiros, um repeteco da histórica Carta de Goffredo Telles contra a ditadura militar, em Defesa do Estado Democrático de Direito que foi assinada por mais de um milhão de pessoas. O Jornal Nacional da Globo criou a série O Brasil em Constituição, muito educativa quanto ao significado de nossa Carta.

Nessa série vimos que até os índios ajudaram a escrevê-la. O movimento em prol do aumento do número de eleitores estimulando a participação de idosos e adolescentes. E também em prol da participação das mulheres na política. Alexandre de Moraes dando uma dura nos oito bilionários golpistas. Levando meia dúzia deles a fazer declarações de amor à democracia pela televisão.

Aylê-Salassié Filgueiras Quintão* - Renúncias fiscais: bondades comprometedoras

Nenhum candidato à Presidente da República do Brasil apresentou até agora proposta consistente, capaz de estabelecer limites e cobrar resultados efetivos da chamada "renúncia fiscal" do Estado, aquela isenção na cobrança de impostos, na concessão de subsídios e desonerações   que, em 2022, deverá consumir R$ 371 bilhões. A aparente omissão induz a supor que o vencedor, seja quem for, continuará a fazer uso amplo da estratégia para governar.  

São as "bondades ", que abrem para o próximo governo um buraco no Orçamento fiscal, da ordem de    R$ 200 bilhões ou mais, já que o teto do déficit foi ultrapassado em muito, destruindo o próprio o teto. 

Desde Delfim Neto, no Ministério do Planejamento (1979 a 1985), ouve-se falar na extinção desses privilégios. Paulo Guedes, quando assumiu o Ministério da Fazenda de Bolsonaro, uma de suas promessas era” reduzir as excepcionalidades". Na sua gestão essas despesas subiram, entretanto, 49 por cento.   

São privilégios conhecidos como” despesas fiscais" que somam desde a distribuição de recursos aos mais vulneráveis -  2O ,2 milhões de pessoas sem renda nenhuma ou insuficientes para subsistência, aos    subsídios e desonerações fiscais beneficiando as grandes empresas, até a Zona Franca de Manaus (R$ 55,3 bilhões).  Trata-se de algo aparentemente incontrolável e até, eleitoralmente, invisíveis.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões

A intolerável ameaça de Bolsonaro

O Estado de S. Paulo

A poucos dias da eleição, o presidente continua ameaçando descumprir a vontade do eleitor. O País não pode ser refém do golpismo. As instituições têm os instrumentos para puni-lo

O presidente da República, Jair Bolsonaro, manifestou mais uma vez sua disposição de não respeitar a vontade do eleitor caso esta lhe seja desfavorável. Este jornal, que considera a alternância no poder e o respeito às instituições como algumas das mais preciosas bases da democracia, entende que é inaceitável que qualquer candidato, sobretudo na condição de presidente da República, lance suspeitas infundadas sobre o processo eleitoral e sobre a lisura da Justiça Eleitoral, tentando, assim, deslegitimar o resultado das urnas. 

No Jornal da Record, quando o repórter lhe perguntou se aceitará o resultado das eleições caso seja derrotado, Bolsonaro respondeu: “Olha, eu vou esperar os resultados”. Na sequência, ainda levantou suspeitas sobre a imparcialidade da Justiça Eleitoral. Escancaram-se, assim, suas pretensões golpistas. As instituições precisam estar em alerta máximo.

Seguindo a cartilha do mau perdedor, Bolsonaro começou já em 2020 suas agressões ao sistema eleitoral, afirmando que as urnas eletrônicas eram suscetíveis de fraude. Depois, foi além, e, sem nenhum indício digno de nota, muito menos prova, disse que as eleições de 2014 e as de 2018 foram fraudadas.

Poesia | Carlos Drummond de Andrade - Morte do Leiteiro

 

Música | Teresa Cristina - Último Desejo (Noel Rosa)