Folha de S. Paulo
Estes quatro anos aprofundaram praticamente
todas as nossas mazelas
Incerteza econômica, emergência
climática e novas tensões geopolíticas dão o tom da conjuntura
mundial, bem diferente daquela de apenas duas décadas atrás. Mesmo esse quadro
sombrio, porém, não deve estiolar as oportunidades para uma nação como o
Brasil, grande produtor de alimentos, muito rico em reservas de água —um bem
que vai se tornando escasso— e abrigando em seu território um patrimônio
incalculável de cobertura florestal e biodiversidade.
Esses podem ser os vistos no passaporte do país na sua jornada em busca de posição vantajosa no sistema internacional em transição, ampliando as condições objetivas para o combate a seus enormes problemas domésticos. Estes são tudo menos triviais: crescimento rastejante; governos enredados em limitações fiscais crônicas; intimidade entre máquina pública e interesses privados; degradação ambiental; e, sobretudo, extensa e abjeta pobreza na qual se ancoram violência e desigualdades superpostas de renda, raça, gênero, região, acesso a educação, saúde e tudo o mais que faz parte da proteção social devida aos cidadãos.