O Globo
Elogios ao 'silêncio' de Aras e negativas
cínicas de Heleno diante da CPI são tentativas intoleráveis de reescrever a
História
É cada vez mais comum, e mais imediato, que
homens públicos que faltem com a responsabilidade do cargo que exercem tentem
reescrever a História para maquiar suas faltas. Nesse mister nada digno,
costumam contar com a condescendência dos pares e dos que com eles se
relacionam. Os últimos dias foram pródigos em arreganhos dessa natureza,
carregados de desfaçatez e rapapés.
A omissão de Augusto Aras diante dos riscos
que Jair Bolsonaro, que o nomeou duas vezes para a Procuradoria-Geral da
República, ofereceu à democracia e à saúde pública na pandemia foi colocada na
conta de um certo silêncio salvador por parte de ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF).
E o general Augusto Heleno, um dos maiores entusiastas do bolsonarismo e das ações para desacreditar as instituições, com insinuações golpistas em relação ao processo eleitoral durante o tempo em que ocupou o estratégico Gabinete de Segurança Institucional, compareceu perante a CPI dos Atos Golpistas para bancar o senhorzinho inocente que nada sabia e minimizar as graves investidas de seu ex-chefe contra o Estado Democrático de Direito e as instituições. Seu depoimento foi um escárnio com os senadores e deputados que integram a comissão e a sociedade.