Proposta que anula delações de presos não deve ir adiante
O Globo
Ideia era descabida no tempo em que Lula era
alvo da Lava-Jato. Continua descabida agora, a favor de Bolsonaro
Não pode prosperar a manobra que ganha
terreno na Câmara para acabar com as delações premiadas feitas por réus presos.
Num movimento surpreendente, deputados tiraram do baú um projeto apresentado em
2016 pelo então deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), hoje secretário nacional
do Consumidor.
Na época, quando as delações premiadas da Operação Lava-Jato causavam estrago nas fileiras petistas, e os acordos com empreiteiros presos ameaçavam o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT demonizava as colaborações e queria invalidá-las. Agora, o objetivo implícito da manobra, promovida por expoentes da oposição e do Centrão, é beneficiar o maior rival petista: o ex-presidente Jair Bolsonaro, exposto pela delação de seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid. Quem era a favor antes agora é contra, e quem era contra antes agora é a favor. A iniciativa sempre foi descabida.