sexta-feira, 4 de outubro de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Governo faz bem em bloquear bets irregulares

O Globo

Antecipar suspensão das empresas de apostas que não solicitaram registro ajuda a inibir efeitos nocivos

Foi acertada a decisão do governo de antecipar para este mês o bloqueio de empresas de apostas, ou bets, que não se regularizaram junto à União ou aos estados no prazo estipulado — a suspensão estava prevista apenas para janeiro de 2025. Na quarta-feira, o Ministério da Fazenda divulgou uma lista com 93 empresas legalizadas, responsáveis por 205 bets, além de 18 autorizadas a atuar nos estados. Agora só falta a Anatel tomar as providências técnicas para impedir as irregulares de atuar.

O governo demorou a agir, embora fosse evidente a confusão que reinava no setor. Prova disso é haver bets patrocinadoras de alguns dos maiores clubes de futebol do país e ostentando suas marcas nos uniformes dos times que nem aparecem na lista de empresas legalizadas divulgada pelo governo.

Fernando Abrucio - Debate é a antessala do novo governo

Valor Econômico

Falta de um processo mais amplo de educação política na sociedade, que deve ser prévia aos processos eleitorais

Quem acompanha a eleição na cidade de São Paulo geralmente não tem dúvida de que os debates atuais têm sido os piores de todos os tempos. O nível de violência física e verbal foi inédito. Um dos candidatos, Pablo Marçal, veio para confundir, não para explicar, buscando desmoralizar a democracia. O descrédito da discussão foi ampliado pelo uso recorrente de pegadinhas sobre a trajetória dos candidatos, tentando colocar todos na mesma vala, o que é uma mentira. No fim, faltou responder o principal: como seria o governo de cada um deles? Esta é a pergunta que deveria estar no centro dos debates.

Se a utilidade dos debates pudesse ser definida em poucas palavras, a melhor definição é a produção de informação para definição do voto de acordo com o que se espera do exercício do cargo público em questão. Numa eleição municipal, o debate tem de servir para que os eleitores saibam como deverá ser o governo de cada um dos concorrentes a prefeito. Há outros elementos que podem ser julgados, porém, eles serão secundários frente ao conhecimento da agenda prioritária, das soluções para as políticas públicas e do modo de governar que será adotado.

José de Souza Martins - O que está em jogo nas eleições municipais

Valor Econômico

Em São Paulo, estará em jogo se o Brasil será por longo tempo um país autoritário ou um país democrático

Dentro de dois dias realizam-se as eleições municipais no Brasil inteiro. Em 5.569 municípios serão eleitos prefeitos e vereadores. Embora essas eleições pareçam de importância menor em relação às forças políticas nelas envolvidas, na verdade estará em jogo, no dia 6, o destino político da República, não só o das comunas locais. Em São Paulo, estará em jogo se o Brasil será por longo tempo um país autoritário ou um país democrático.

A esdrúxula propaganda eleitoral de um candidato alude à importância de uma vitória bolsonarista para que Bolsonaro volte ao poder. Uma pessoa envolvida tão claramente nas sucessivas tentativas de golpe de Estado é estandarte da continuidade do golpe violador da Constituição e das leis da ordem política.

Até um bispo e um padre católicos apelaram pelo voto contra o PT para barrar o avanço político do “materialismo histórico e ateu”. Sob o abrigo da liberdade de opinião suspeitam da suposta, descabida e inverídica ameaça de Lula e do PT à religião.

Luiz Carlos Azedo - O Rio não é para principiantes; São Paulo, pode ser

Correio Braziliense

Paes (PSD) disputa a reeleição no Rio com possibilidades de vencer no primeiro turno; Nunes (MDB) corre o risco de ficar fora do segundo turno em São Paulo

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, mais conhecido pelo nome artístico Tom Jobim, como todos sabem, foi compositor, pianista, violonista, arranjador, flautista e cantor brasileiro, entre os melhores e mais influentes da história de nossa música popular. É o autor de uma das frases mais antológicas sobre as peculiaridades nacionais: “David, o Brasil não é para principiantes”, disse, em meados 1960, ao fotógrafo norte-americano David Zingg, que decidira morar no Brasil. Pura antropologia.

A frase foi adotada como um mantra por todos que procuram explicar alguma coisa que não tem um sentido lógico na vida brasileira, devidamente adaptada para elevar o status profissional de quem a profere: “O Brasil não é para amadores”. Jobim, carioca da Tijuca, e o baiano João Gilberto faziam parte do grupo de músicos, compositores e cantores que criaram a bossa-nova, no apartamento de Nara Leão, então com 15 anos, na Avenida Atlântica, em Copacabana: Sylvia Teles, Roberto Menescal, Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli.

Vera Magalhães - Eleição de SP e o futuro da política

O Globo

Uma vitória sobre dois bolsonaristas na cidade mais importante do país equivaleria a uma chancela ao governo Lula

Muito já se escreveu de prognóstico furado tentando projetar a política nacional a partir de pleitos municipais, que acontecem dois anos antes das disputas presidenciais. Nem é totalmente verdade que as campanhas nas cidades funcionem como plebiscito a respeito da avaliação do governo federal de turno nem o cômputo de prefeituras e assentos em câmaras municipais projetam maiores ou menores chances de partidos e campos político-ideológicos.

Mas se tem uma eleição que agrega esses componentes nacionais mais que as outras, e em 2024 mais que em qualquer ano, é a que acontece na capital paulista.

A centralidade que a disputa paulistana adquiriu se deve, em grande parte, aos eventos bizarros e à figura exótica de Pablo Marçal. Por isso mesmo, a depender da configuração do segundo turno e, depois, do resultado final das urnas, esse fenômeno tem maiores ou menores chances de se expandir para o resto do Brasil, com consequências variáveis para as lideranças políticas até aqui estabelecidas ou que estavam em construção.

Bernardo Mello Franco - Saturnino e a honradez

O Globo

“A política é fascinante, mas a literatura é mais saudável”, disse gestor que dirigia o próprio Fusca e decretou a falência do município em 1988

A três dias da eleição municipal, o Rio perdeu seu primeiro prefeito escolhido nas urnas. Roberto Saturnino Braga morreu ontem aos 93 anos. Era um político à moda antiga, que acreditava no debate de ideias e na convivência civilizada com os adversários.

Saturnino se elegeu deputado em 1962, pelo velho PSB. Depois do golpe militar, entrou na mira da ditadura e foi impedido de concorrer à reeleição. Em 1974, candidatou-se ao Senado pelo MDB. Contrariando as próprias expectativas, venceu com folga e se juntou à linha de frente da oposição ao regime.

Com a redemocratização, filiou-se ao PDT de Leonel Brizola e se elegeu prefeito do Rio em 1985. O mandato foi breve e tumultuado. Ele rompeu com o governador, enfrentou uma crise financeira e teve que decretar a falência da cidade. Conhecido como um gestor honesto, que dirigia o próprio Fusca, deixou o cargo com os servidores em greve, sem receber salários. No Jornal do Brasil, Millôr Fernandes cunhou uma frase que o perseguiria até o fim da vida: “O homem que desmoralizou a honradez”.

Flávia Oliveira - Um canto carioca

O Globo

É lição de solidariedade, política de saúde bem planejada, empenho de servidores públicos

O Rio de Janeiro inteiro, dor e delícia, tragédia e compaixão, coube na saga de dona Maria Elena Gouveia por um fígado. Moradora de Belford Roxo, 69 anos, ela foi diagnosticada com câncer e doença hepática grave. Recebeu indicação para transplante e aguardava, havia três meses, como primeira da fila. A ligação redentora veio na noite de segunda-feira, 30 de setembro. O protocolo exige deslocamento imediato para o hospital.

No caso de dona Maria Elena, a cirurgia seria realizada no Hospital Adventista Silvestre, em Santa Teresa, área central da capital, distante 40 quilômetros do município onde mora, na Baixada Fluminense. A paciente deveria chegar no início da madrugada na unidade de saúde, mas só conseguiu se apresentar depois do amanhecer de terça-feira, 1º de outubro. Uma troca de tiros na região a impediu de sair de casa. Belford Roxo registrou, de janeiro a agosto deste ano, 120 mortes violentas, segundo dados oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ). No primeiro semestre, o Instituto Fogo Cruzado contou 269 tiroteios na Baixada.

Vinicius Torres Freire – O que querem os homens de Marçal?

Folha de S. Paulo

Candidato faz mais sucesso entre homens, mais jovens e eleitores de renda mais alta

Em uma eleição com diferenças de votos tão pequenas como na disputa pela Prefeitura de São Paulo, é uma temeridade avançar hipóteses sobre o perfil do eleitor dos candidatos. No entanto, há alguns traços notáveis no eleitorado, em particular no de Pablo Marçal (PRTB).

Cerca de 60% de seus eleitores são homens. No caso de Guilherme Boulos (PSOL) e de Ricardo Nunes (MDB), as diferenças de voto entre gêneros é tão pequena e engolida pela margem de erro que não vale a pena fazer a distinção.

Marçal lidera com 31% entre os eleitores de 16 a 24 anos, embora no caso das categorias de idade as margens de erro sejam grandes (Boulos tem 21%, Nunes, 18%). Entre os eleitores de 25 a 59 anos, as diferenças são mínimas. Entre os maiores de 60, idosos, Boulos fica com 34% (Nunes tem 31%, Marçal, 18%). É um sinal destes tempos que um esquerdista tenha mais a preferência de idosos; que uma espécie de liberalismo messiânico agrade a mais jovens.

Bruno Boghossian - Bolsonarismo empurra Marçal contra Nunes

Folha de S. Paulo

Gangorra na direita deixa aberta disputa pelo 2º turno, e nem Boulos pode ficar aliviado

Uma migração de eleitores bolsonaristas deu impulso final à candidatura de Pablo Marçal (PRTB) e se tornou uma ameaça séria para Ricardo Nunes (MDB). A capacidade do influenciador de renovar os apelos aos simpatizantes do ex-presidente será decisiva na disputa por uma vaga no segundo turno.

A batalha por esses votos teve uma mudança significativa, segundo a nova pesquisa do Datafolha. Há uma semana, Marçal e Nunes dividiam praticamente ao meio o eleitorado de Jair Bolsonaro: 43% declaravam voto no influenciador, e 39% no prefeito. Agora, Marçal abriu vantagem, com o apoio de 51%, contra 32% de Nunes.

Ruy Castro - Banana no lugar do voto

Folha de S. Paulo

É o que Ricardo Nunes pode ganhar de seus eleitores vendedores de cachorro-quente

Num dos 150 debates de que participaram nas últimas semanas, Ricardo Nunes acusou Guilherme Boulos de não poder ser prefeito de São Paulo por não ter condições de administrar "nem um carrinho de cachorro-quente". Ao denunciar a suposta incapacidade administrativa de Boulos, Nunes se traiu e revelou sua opinião sobre os carrinhos de cachorro-quente —para ele, a forma mais baixa, desprezível e reles de comércio.

Por que Ricardo Nunes despreza os honestos carrinhos de cachorro-quente? Será que não vê nenhum valor na arte de botar a salsicha para ferver, calcular o ponto exato do cozimento, abrir um pão ao meio, depositar nele a salsicha e escoltá-la com o molho, adrede preparado, de cebola, tomate e pimentão? O que Nunes sabe de picar ingredientes de modo a que adquiram o equilíbrio que irá determinar o seu sabor? E se o cliente também quiser mostarda? Como tratar a salada para harmonizá-la com a mostarda e a meiga textura da salsicha?

Eliane Cantanhêde - Uma eleição, muitas emoções

O Estado de S. Paulo

Sustos, surpresas e curiosidades até a reta final numa eleição que favorece a direita

A eleição de 2024 é uma das mais eletrizantes, e não mais pela insistência do empate triplo em São Paulo, mas também pela reviravolta em Belo Horizonte e as surpresas no Rio na última hora. Os partidos da direita e do Centrão parecem levar a melhor, a esquerda patina e o PT, particularmente, não está bem na foto.

Dos 5.569 municípios, 103 têm mais de 200 mil habitantes, entre eles, 26 capitais. Na grande maioria, as eleições se encerram no primeiro turno deste domingo, mas nessas 103 há possibilidade de segundo turno, caso nenhum candidato obtenha 50% ou mais dos votos válidos, excluídos os nulos e brancos.

Bruno Carazza- Disputa municipal será prévia para 2026?

Valor Econômico

Apesar de evidências de influência sobre pleito seguinte, não é bom partidos contarem com isso

Eleições municipais são bons preditores do resultado para as eleições federais dali a dois anos, revelam os estudos empíricos. E é nessa máxima que se fiam deputados federais e senadores, a ponto de suspenderem por meses o seu trabalho no Congresso Nacional para se dedicarem a pedir voto para aliados que disputam prefeituras e vagas nas Câmaras municipais de todo o país.

Existem muitos caminhos pelos quais a política local afeta a nacional (e vice-versa). Carreiras políticas, alianças, cabos eleitorais, estruturas partidárias, descentralização de recursos orçamentários, execução de políticas e obras públicas, distribuição dos fundos partidário e eleitoral, preferências do eleitorado - essas são apenas algumas das armas do arsenal à disposição de partidos e candidatos para turbinar campanhas no plano municipal, estadual e federal.

A visão de que eleições não são fatos isolados, mas se enquadram numa disputa contínua por poder, em rodadas sucessivas que se alternam com novos ou velhos jogadores a cada dois anos, é comprovada por diversas pesquisas acadêmicas aplicadas. Em 2012, por exemplo, George Avelino, Ciro Biderman e Leonardo Barone demonstraram que a eleição de prefeitos em 2008 teve um forte efeito sobre os resultados no pleito estadual de 2010, indicando que uma boa base municipal traz benefícios para seus partidos nas eleições posteriores.

Andrea Jubé - Para Siqueira, voto útil dificulta apoio de Tabata

Valor Econômico

Para presidente do PSB, esquerda deveria ir para o divã após 2º turno

Atuando na política há quatro décadas, com 35 deles filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), o presidente da legenda, Carlos Siqueira, é um observador experiente da cena política nacional. Neste ano, ele completou dez anos na presidência do PSB, função que assumiu após a morte trágica de Eduardo Campos na campanha de 2014. Ele recebeu a coluna para uma conversa na sede do PSB nessa quinta-feira, a três dias das eleições.

Siqueira já se acostumou aos apelos dos candidatos nos últimos dias pré-eleição por mais recursos para a campanha. Quando ouve a reclamação de que o adversário gastará o dobro ou o triplo na campanha, ele responde ter convicção de que o postulante do PSB vencerá o adversário mesmo com menos dinheiro, e porque é mais preparado para o cargo.

Maria Cristina Fernandes - Disputa põe em xeque as bases dos pivôs da polarização e turbina a de seus avalistas

Valor Econômico

Marçal ofusca bolsonarismo e fortalecimento do Centrão pode ameaçar governabilidade de Lula

O avanço da metade à direita do espectro partidário sobre as bases municipais do país é um resultado fora da margem de erro. Convém aguardar o que dizem as urnas de domingo para dimensioná-lo, mas é possível esquadrinhar os caminhos que levam a este desfecho e a viela estreita para que dele se depreendam causa e efeito.

A primeira evidência é que as bases locais da política são tradicionalmente mais conservadoras e a eleição municipal favorece largamente o incumbente. A segunda é a proporção de candidatos lançados por partidos à direita. O PL de Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto lidera entre as legendas que mais ampliaram o número de candidatos, tirando o Novo, cujo crescimento estratosférico (ver tabela) se deve à pequenez de 2020, agora refastelada, pela primeira vez, no fundo partidário.

César Felício - Disputa mostra avanço da direita, força do Centrão e tendência à continuidade

Valor Econômico

Quatro partidos despontam como predominantes no cenário nacional - União, PSD, PP e MDB

A eleição municipal deste ano, a se confirmarem os resultados das pesquisas, tende a ter três eixos: o avanço eleitoral da direita, a tendência forte à reeleição e o predomínio de quatro partidos no balanço partidário: União Brasil, PSD, PP e MDB. A força da direita se mede nas capitais e em grandes cidades, em especial naquelas em que o atual prefeito é politicamente frágil e com baixa avaliação de gestão no período da pré-campanha.

O avanço de candidatos mais à direita fica claro em capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza. As duas primeiras são governadas por vices que assumiram ou por morte do titular ou por renúncia. Nem Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo, e nem Fuad Noman (PSD), na capital mineira, tinham experiência prévia em disputas majoritárias ou expressão política. No caso de José Sarto (PDT), em Fortaleza, o problema, além da gestão mal avaliada, foi o enfraquecimento de seu partido, com a ruptura dentro do grupo que era liderado pelo ex-governador Ciro Gomes.

Isso catapultou para os primeiros lugares Bruno Engler (PL) na capital mineira e André Fernandes na cearense e abriu espaço para Pablo Marçal (PRTB) ser tão bem-sucedido em São Paulo. Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, Nunes e Marçal aparecem com 24%, empatados tecnicamente com Guilherme Boulos (Psol), que tem 26%. Em Belo Horizonte, a liderança de Engler é compartilhada com Mauro Tramonte (Republicanos) e Noman em um inédito empate triplo, com 21%.

Marco Aurélio Nogueira* - Agressões gratuitas e uma promessa emergente

Campanha eleitoral em São Paulo deixou a cidade de lado, em que pesem os esforços de Tabata Amaral

O que esperar de uma eleição como a da cidade de São Paulo em 2024? Ela chega aos dias finais com três candidatos enrolados entre si na ponta das pesquisas de intenção de votos. Correndo por fora, a candidata mais promissora.

Os ponteiros não são iguais entre si, mas pecam por características equivalentes. O deles, o fanfarrão, não interage com ninguém, é contra o centro e a esquerda, despreza a democracia e tem muito pouca coisa na cabeça. Concorre basicamente para perturbar a disputa e se cacifar ou para voos políticos mais altos, ou para alavancar seus negócios particulares.

Ricardo Nunes, prefeito atual, quer se mostrar um executor de obras pragmático, como cabe a um incumbente quando disputa a reeleição. Sua característica complicadora é que, sendo de centro, não consegue dialogar com a esquerda, campo com o qual tem relações atormentadas. Tem o apoio discreto de Bolsonaro, que, no entanto, não conseguiu manter sua tropa unida e pesa pouco na disputa.

Poesia | Se as minhas mãos pudessem desfolhar, de Federico García Lorca

 

Música | Chico Buarque - Conversa de Botequim (Noel Rosa)