O Globo
Ao afirmar que fez um pacto com seu
indicado a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, de que
ele abriria toda semana os trabalhos no tribunal com uma oração e de que se
encontrariam toda semana para conversar, o presidente Bolsonaro parece querer
dificultar ainda mais a aprovação do ex-advogado-geral da União no Senado.
Anunciar que “despachará” semanalmente com um ministro do Supremo é desmerecer
o tribunal, embaralhar a separação dos Poderes, rebaixar o Judiciário a um
“puxadinho” do Palácio do Planalto. Não se sabe se o outro ministro indicado
por Bolsonaro, Nunes Marques, tem esse hábito de “despachar” com o presidente,
mas dá para perceber a interferência dele nos votos, quase sempre favoráveis às
posições do governo.
Tanto quanto dá para vislumbrar no procurador-geral da República, Augusto Aras,
agora reconduzido, uma postura mais que respeitosa ao presidente da República.
Basta ver que Aras, em sua sabatina no Senado, fez questão de dizer que não era
o PGR da oposição, mas não fez a ressalva quanto à situação.
Quanto às orações semanais no início das sessões do Supremo, André Mendonça
prometeu o que não poderá cumprir. Depende do presidente do STF, hoje o
ministro Luiz Fux, abrir as sessões. Se alguém tivesse de rezar, seria ele ou
outro de seus pares quando presidir as sessões, não um ministro, muito menos o
mais novo.