quinta-feira, 26 de junho de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

Muito mais gente já desembarcou e o governo ainda não percebeu. Vão sugar um pouco mais. E eu digo para eles: façam isso mesmo, suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado.

 Aécio Neves, senador (MG), candidato a presidente da República pelo PSDB em O  Globo, 26 de junho de 2014. 

Uma pasta por 62 segundo

• Para atender o PR, Dilma Rousseff confirma a troca de César Borges por Paulo Passos no Ministério dos Transportes. A substituição garante a legenda na coligação à reeleição da petista e rende mais um minuto no horário eleitoral

Grasielle Castro, Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense

O medo de ver mais um partido migrar com o seu tempo de televisão para a campanha do principal adversário, o tucano Aécio Neves, levou a presidente Dilma Rousseff a promover uma minirreforma ministerial. A dança das cadeiras tirou o ministro dos Transportes, César Borges, para dar lugar ao presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Paulo Sérgio Passos — que já passou pela pasta outras vezes. Borges, entretanto, continua no governo, na chefia da Secretaria dos Portos, com status de ministro. Antonio Henrique Pinheiro Silveira, que chefiava o órgão, deve assumir a secretaria executiva. O acordo inclui ainda a retirada do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Jorge Fraxe. Com isso, o partido passa a ter o mesmo controle que tinha sob a pasta em 2011.

A manobra foi necessária para agradar ao PR e manter Borges no primeiro escalão. Donos de um minuto e dois segundos de televisão, os correligionários do agora ex-ministro reclamam desde o início do ano da gestão dele à frente da pasta. Dizem que o ex-senador fecha obras sem avisar e não libera emendas. Assim, condicionaram a presença no palanque de Dilma à substituição no ministério. A presidente, por outro lado, resistiu por considerar que o ministro se saiu bem na condução do processo de concessão das rodovias — uma das principais vitrines do governo.

A demissão de Borges foi acelerada na noite de terça, após uma reunião da coordenação de campanha com a petista. No encontro, foi discuta a audiência que representantes do PR tinham tido pela manhã com o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, em que eles disseram mais uma vez que Borges não os representava. A ala rebelde do PR argumenta que o ministro fazia parte da cota pessoal da presidente e aceitou de volta o ex-ministro Paulo Passos, que tinha sido demitido do cargo pelo mesmo motivo: não atender as demandas do partido.

Autônomo
A bancada, entretanto, afirma que Passos pelo menos recebia os parlamentares e era quase "autônomo" na pasta. "Ele é um técnico e sempre foi muito solidário. Tenho certeza de que fará um bom trabalho", diz o deputado Inocêncio de Oliveira (PR-PE). Entre os deputados, a avaliação é de que a troca atende especialmente à bancada mineira do PR, exatamente a mais próxima de Aécio Neves. Borges foi informado da troca de pastas na manhã de ontem pela presidente, no Palácio do Alvorada. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o substituto dele nos Transportes, Paulo Passos, também estavam presentes. Antônio Henrique chegou a ser convocado ao Alvorada, onde permaneceu por menos de dez minutos.

Na noite de ontem, o Planalto oficializou em nota a troca dos ministros. Apesar de a manobra ter sido articulada para agradar ao partido, o presidente da legenda, senador Alfredo Nascimento (AM) , evitou comentar o assunto. "O governo faz do jeito que quiser, não tenho nada a declarar", disparou Nascimento.

Alves pede respeito à Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), aproveitou o "recesso branco" para fazer um pronunciamento na rede de tevê aberta ontem, em cadeia nacional. Alves disse que o Legislativo é um poder aberto às pressões legítimas da sociedade e pediu respeito. "Aceitamos a crítica justa e equilibrada, mas repudiamos juízos generalistas e apressados, que atingem irresponsavelmente a imagem do Legislativo. Não queremos complacência. Queremos o respeito devido à Casa do povo brasileiro". Só para este ano, foram autorizados R$ 4,9 bilhões para o orçamento da Câmara.

A 10 dias do início da campanha, Dilma passará por 8 Estados

• Presidente tem agenda inensa até a sexta-feira da próxima semana, quando não poderá mais inaugurar obras

Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A presidente Dilma terá uma agitada agenda de viagens na reta final dos últimos 10 dias que a lei eleitoral permite que ela inaugure obras pelo País. Desde março, ela já tinha aumentado o ritmo das viagens e inaugurações e tem aproveitado todas estas cerimônias para fazer o embate político com a oposição.

"É disputa de quem tem muito o que mostrar contra quem só tem o que esconder", comentou um interlocutor da presidente, depois de lembrar que em algumas destas viagens Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estarão juntos seja em solenidades, seja em palanques.

Nesta quinta-feira, ela anuncia, em São Paulo investimentos em mobilidade e obras de prevenção a enchentes e assina contrato de financiamento entre BNDES e governo do Estado para a linha 6 do Metrô.

No final da manhã, em Santos, participa de cerimônia do PAC Mobilidade Urbana para a Baixada Santista. Na sexta-feira, Dilma estará com Lula em Salvador, para participar da convenção estadual do PT. No domingo, ela estará em Rio Branco, no Acre, para entrega de casas do programa Minha Casa, Minha Vida.

Na segunda-feira, a presidente volta ao Rio de Janeiro. Primeiro, em Saquarema, inaugura um hospital e depois, entrega casas no centro do Rio. Na terça, faz vistoria nas obras do Arco Metropolitano.

Quarta-feira, Dilma vai à formatura de mais uma turma do Pronatec, em Vitória, no Espírito Santo, e, na quinta, vai ao entorno de Brasília, entregar casas do Minha Casa, Minha Vida, no Paranoá. À tarde, segue para Curitiba, para entregar mais moradias do programa habitacional do governo. Na sexta, em Porto Alegre, inaugura um hospital.

A partir desta data, a presidente está proibida pela legislação eleitoral de fazer inaugurações de obras e a sua agenda estará dedicada ao final da Copa do Mundo e aos encontros dos BRICS, grupo que congrega Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que se encerram no dia 16 de julho.

Governo cedeu áreas à Petrobras para afastar críticas nas eleições

  • Pesquisas internas indicam que, na opinião do eleitorado, gestão Dilma tem prejudicado estatal
  • Para analistas, no entanto, medida tomada neste momento mais prejudica que beneficia a companhia

Valdo Cruz e Julia Borba – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto espera colher dividendos políticos com a decisão de repassar à Petrobras, sem licitação, mais quatro áreas de petróleo ainda neste ano.

Ao garantir, a poucos meses das eleições, um aumento das reservas da estatal, o governo acredita que terá munição para rebater a oposição, que afirma que a presidente Dilma Rousseff fragilizou as finanças da petroleira.

Segundo a Folha apurou, a decisão foi tomada depois de pesquisas feitas pela campanha de reeleição de Dilma constatarem que o discurso da oposição, de que medidas do governo prejudicaram a estatal, colou no eleitorado.

Segundo assessores, a operação permite que a presidente diga que seu governo elevou significativamente o volume de petróleo a ser explorado pela Petrobras.

Os campos de Búzios, entorno de Iara, Florim e nordeste de Tupi já são explorados pela estatal sob regime de cessão onerosa, na qual ela recebeu o direito de produzir 5 bilhões de barris mediante pagamento à União de R$ 74 bilhões.

Nas novas áreas cedidas, o petróleo já foi descoberto e o volume pode chegar a 15 bilhões de barris, o que quase dobraria as reservas comprovadas da empresa, de 16 bilhões de barris.

O setor privado, no entanto, reagiu mal à medida, o que levou a presidente a sair em defesa da operação em dois momentos nesta quarta-feira.

Empresários consideraram a operação um retrocesso para o setor, que vinha se animando com novos leilões para a exploração de petróleo.

Investidores se disseram incomodados com a falta de previsibilidade do governo e analistas que costumam avaliar a Petrobras consideram que a empresa será prejudicada com o desembolso de R$ 2 bilhões, num momento em que não há perspectivas de aumento de produção.

A cessão das áreas no modelo de partilha sem licitação foi adotada pelo governo justamente para restringir a R$ 2 bilhões o bônus a ser pago à União neste ano.

Se houvesse leilão, o montante poderia chegar a R$ 15 bilhões, o que comprometeria o caixa da Petrobras.

Como as regras impedem que os bônus sejam parcelados, o governo parcelou os R$ 13 bilhões restantes --de 2015 a 2018-- a título de adiantamento da parte dos lucros que cabem à União pela exploração --que deve ser iniciada apenas em 2021.

Para fechar as contas da operação, a participação da União foi aumentada, durante os 35 anos de vigência do contrato, de 75% para 76,2%.

Dilma troca dois ministros para ter mais tempo na TV

• Presidente cede à cúpula do PR e tira César Borges dos Transportes; Paulo Sérgio Passos é reconduzido ao cargo

• Caso partido se alie ao PT, presidente terá cerca de 45% do tempo na propaganda eleitoral no rádio e na televisão

Andréia Sadi, Natuza Nery, Valdo Cruz, Ranier Bragon, Tai Nalon e Flávia Foreque – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Para não perder mais tempo de TV no horário eleitoral depois da traição do PTB, Dilma Rousseff fez uma das maiores concessões a um aliado desde que assumiu o governo: trocou o comando de duas pastas bem avaliadas por ela para contemplar o PR, sigla habituada a traições à presidente no Congresso.

Os ministérios dos Transportes e de Portos, duas áreas cruciais para tocar os projetos de infraestrutura, entraram na partilha, algo que Dilma, por convicção, se recusava a fazer até dias atrás.

A petista já havia conseguido o apoio oficial das convenções do PMDB, PDT e Pros. Nesta quarta-feira (25), ganhou o do PSD e do PP. E acredita ter amarrado o do PR, que, juntamente com PC do B e PRB, definem a linha de frente da coligação oficial até segunda, data final das convenções partidárias.

Dilma tirou César Borges (PR-BA) dos Transportes depois de passar os últimos meses afirmando que não mexeria no ministro por considerá-lo um excelente auxiliar.

A saída do ministro foi considerada um "retrocesso" pelo setor privado, diante da avaliação de que ele arrumou a casa e colocou as concessões para andar. Como prêmio de consolação, Borges foi transferido para a Secretaria de Portos, comandada por Antônio Henrique Silveira, técnico elogiado pela própria chefe e que foi deslocado para a secretaria-executiva.

Paulo Sérgio Passos, que antecedeu Borges nos Transportes por cobrança do próprio PR, retoma o cargo ministerial por ser visto pela própria sigla como um partidário "menos pior" que o sucessor no quesito "atendimento à base parlamentar".

Com isso, a coligação de Dilma caminha para ter cerca de 45% na fatia do tempo para propaganda eleitoral, principal instrumento das campanhas políticas. Projeta-se que ela tenha 11min25s em cada bloco de 25 minutos.

A decisão de ceder às pressões do PR ocorre após o PTB deixar a base governista para apoiar Aécio Neves (PSDB).

Segundo a Folha apurou, ambas as decisões passaram por políticos que estão presos. No caso do PR, a ordem de demitir César Borges contou com aval de Valdemar Costa Neto, preso no Complexo Penitenciário da Papuda devido à condenação no processo do mensalão.

Segundo petistas, Costa Neto transmitiu a mensagem de que o Planalto poderia nomear "qualquer um'', mas que tirasse Borges. Na avaliação da cúpula do PR, Borges não atendia parlamentares nem recebia seus partidários.

Já no PTB, o desembarque da base dilmista recebeu a bênção de Roberto Jefferson, preso no Rio em decorrência da ação do mensalão.

Nas duas convenções de ontem, Dilma foi apenas à do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. Em seu discurso, a petista criticou aliados de ocasião e elogiou muito a lealdade e a "palavra dada e empenhada" de Kassab, que liderou a confirmação do apoio apesar de ter negociado nos bastidores com tucanos.

"Tem uma espécie de esperteza que tem vida curta", criticou, num recado ao PTB.

A outra convenção, a do PP, terminou em polêmica --a decisão de apoiar Dilma, definida pela executiva partidária, é contestada na Justiça. Assim como no caso do PR, Dilma cedeu a PP e PSD. No primeiro caso, entregou ao partido cargos de direção em estatais.

No segundo, assegurou que o partido, o terceiro em peso político na coligação, terá seu espaço bem ampliado em eventual segundo mandato. Hoje a legenda de Kassab tem apenas a Secretaria da Micro e Pequena Empresa.

Ou nem isso, segundo aliados do ex-prefeito. "Não temos papel nenhum no governo. O ministro [Guilherme] Afif é escolha pessoal da Dilma. Agora, uma vez participando do processo eleitoral, é natural que o partido participe e tenha seu espaço no governo", diz o deputado federal Guilherme Campos (PSD-SP).

Após ser chamado de ‘vendido’, Ciro aprova apoio a Dilma em reunião secreta da Executiva do PP

• Presidente do PP saiu da convenção aos gritos de ‘covarde’ e ‘golpe’

Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA - Numa vitória da presidente Dilma Rousseff, o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), manobrou por duas vezes e aprovou, em reunião da Executiva Nacional a portas fechadas, a aliança em torno da reeleição da petista. Apesar das resistências na convenção realizada mais cedo e que terminou em bate-boca, Ciro fez duas manobras para garantir apoio a Dilma e mais tempo à petista. Depois de aprovar na convenção do partido, em votação simbólica, que a decisão final seria da Executiva Nacional, Ciro fez um encontro relâmpago, em seu gabinete, para oficializar o apoio a Dilma.

O encontro foi feito às pressas, sem o conhecimento de defensores da neutralidade, como a senadora Ana Amélia (PP-RS). Para viabilizar a manobra, o presidente do PP utilizou uma lista de presença antiga, coletada no início da convenção.

Em nota divulgada algumas horas após a decisão, o partido defende o caminho que foi escolhido para aprovar o apoio e afirma que havia maioria para apoiar Dilma. “O presidente do partido, senador Ciro Nogueira, disse que a decisão foi tomada em comum acordo com a maioria e que a discordância de dois diretórios estaduais (MG e RS) faz parte do processo democrático. O Partido Progressista segue coeso e caminha de forma coerente com sua proposta de continuar contribuindo para o desenvolvimento do país”, afirmou.

A primeira manobra foi realizada ainda durante a convenção do PP. No encontro, Ciro aprovou, em questão de minutos, a Resolução que deixava para a Executiva Nacional a decisão sobre a aliança com Dilma e liberava os acordos nos estados. Com o apoio do PP, Dilma ganha mais 1 minuto e 26 segundos de TV. A decisão de Ciro deverá ser contestada e deve se transformar numa brigada dentro do partido, que entrou em crise. Mais cedo, ele foi xingado de "vendido".

— Ficou definido o apoiamento (a Dilma). Apenas dois diretórios, dos 27, se rebelaram. A maioria quer o apoio a Dilma a aprovação. Não ficou um clima ruim. Apenas dois diretórios quiseram chamar a atenção — disse Ciro Nogueira.

O encontrou durou em cerca de cinco minutos, em seu gabinete. Ciro tomou a decisão enquanto Ana Amélia e outros davam entrevistas no local da convenção.

Minutos antes, na convenção, Ciro atropelou e aprovou, em questão de minutos, a proposta que deixava a decisão final para a Executiva Nacional. Nela, Ciro tem maioria para aprovar apoio a Dilma. Ele saiu da convenção aos gritos de "vergonha", "vendido", "covarde" e "golpe", sendo alvo de bolinhas de papel jogadas pelos convencionais que defendiam a neutralidade, principalmente os do Rio Grande do Sul.

Senadora vai recorrer à justiça eleitoral
Ana Amélia (PP-RS) disse que vai recorrer à Justiça Eleitoral contra a decisão tomada pela cúpula. Ela disse que lamenta a postura da direção do partido e que não aceita toma-lá-dá-cá nas negociações com o Palácio do Planalto.

- Estou extremamente desolada. A tendência majoritária na convenção era pela proposta da neutralidade. Mas a liberação nos estados é simbólica, para inglês ver, porque não posso mostrar o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, por exemplo. Estamos questionando a legitimidade. É um jogo na coxa pesado. Um jogo absolutamente de cartas marcadas - disse Ana Amélia.

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), reagiu com naturalidade, afirmando que cumpriu todas as regras. Ele realizou a convenção com o quorum obtido numa lista de presença colocado à disposição na entrada da convenção. Mas, na verdade, muitos assinaram sem saber que era para marcar a reunião da Executiva.

Ciro não quis dizer quantos estavam, de fato, na reunião feita a portas fechadas, na presidência do PP, que fica também no Senado. O senador Francisco Dornelles não participou. Ciro ainda lamentou atitudes como a do deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que chegou a colocar o dedo em riste contra ele, na convenção.

- Havia o suficiente (quorum) para a aprovação. Os outros resolveram se ausentar. é uma questão interna, está sacramentada, o recurso da senadora é mais para ganhar mídia. Ela tem reconhecer que tinha maioria para aprovar apoio a Dilma - disse Ciro, acrescentando: - O deputado Heinze está se tornando uma figura pitoresca.

Paulo Octávio participa da convenção
O ex-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, que foi preso no dia 2 de junho e liberado no dia 7, esteve na convenção. Ele passou rapidamente pelo evento, tirou fotos, e saiu, sem ter ocupado posto na mesa da direção da convenção. Ele foi apontado pelo Ministério Público por suspeita de participar de um suposto esquema de corrupção de agentes públicos para a concessão de alvarás para a construção de prédios.

A cúpula do PP estava pressionada pelo Palácio do Planalto para garantir o apoio à presidente Dilma Rousseff, dando tempo de TV ao PT, mas liberando as alianças com PSDB e PSB nos estados. A senadora Ana Amélia (PP-RS) e o governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, apresentaram na convenção a proposta de neutralidade na eleição nacional, sem dar apoio a Dilma, com libertados nas alianças regionais.

A senadora gaúcha foi aplaudida pelos convencionais. O presidente da sigla, senador Ciro Nogueira, quer deixar a decisão final para a Executiva, numa reunião à noite, onde tem maioria dos votos para garantir o apoio a Dilma.

— Estamos aqui para mostrar ao país que o PP, tantas vezes enxovalhado, está revigorado. E temos a sábia decisão da neutralidade. O cenário muda a cada semana, e a oposição tem chance de vencer pela primeira vez. A neutralidade nos deixa numa posição de equilíbrio e respeito. A presidente Dilma é do Rio Grande, como mulher, a respeito muito. A nossa decisão será cobrada pela sociedade - disse Ana Amélia, candidata ao governo gaúcho.

A neutralidade é apoiada pelo senador Francisco Dornelles (RJ). Aqueles que defendem apoio a Dilma vêm sendo vaiados, como Ivo Cassol.

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse que se apresentou como candidato do partido e fez várias criticas a Dilma.

Ana Amélia prepara ação para anular convenção do PP

Daiene Cardoso - Agência Estado

Inconformada com o resultado da convenção nacional do PP, a senadora Ana Amélia, candidata ao governo do Rio Grande do Sul, anunciou na tarde desta quarta-feira, 25, que vai entrar com um recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular a deliberação do partido. Em votação rápida nesta manhã, foi delegado à Executiva Nacional o direito de deliberar sobre a aliança para a sucessão presidencial. Minutos depois, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), informou que o colegiado havia confirmado o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Para a senadora, a convenção apontava uma tendência majoritária favorável a uma resolução pela neutralidade do PP. Ana Amélia era uma das líderes do grupo de dissidentes que pedia que a sigla continuasse neutra na sucessão presidencial, como aconteceu nas últimas três eleições. "Estou extremamente desolada com o que aconteceu", afirmou.

Ana Amélia observou que, durante o evento, dois livros foram disponibilizados para a votação: um para os convencionais e outro para os membros da Executiva. A senadora conta que muitos membros da Executiva, que não participaram na sequência da reunião à portas fechadas com Nogueira, acabaram assinando o livro de presença na reunião da Executiva sem se dar conta. "É tudo muito bem urdido", reclamou.

A candidata ao governo gaúcho diz que a resolução permitindo que os diretórios regionais façam alianças independentemente da orientação nacional e com outros candidatos à Presidência da República é "para inglês ver". "Isso não tem eficácia, é ilegal. Eu não poderei colocar na minha propaganda o meu candidato, que é o Aécio Neves. Qual é a coerência e o objetivo de fazer essa deliberação simbólica? Não tem efeito legal", apontou.

A ação judicial questionando a legitimidade do resultado da convenção está sendo elaborada pela assessoria jurídica da senadora. Os advogados também já pediram a transcrição da gravação do evento.

Em nota divulgada nesta tarde, o PP diz que só os diretórios de Minas Gerais e Rio Grande do Sul eram contrários à aliança nacional com o PT. Nas contas dos dissidentes, no entanto, pelo menos sete diretórios (Santa Catarina, Amazonas, Ceará, Goiás, Rio de Janeiro, além de Minas e Rio Grande do Sul) eram favoráveis à neutralidade do partido."A forma como a imposição foi tentada sobre os convencionais é preocupante. O que está atrás disso?", questionou a senadora.

Aécio pede a Serra que dispute o Senado

Julia Duailibi – O Estado de S. Paulo

No momento em que voltou a ganhar força no PSDB a indicação do nome de José Serra para vice na chapa de Aécio Neves, o presidenciável tucano se encontrou com o ex-governador paulista ontem em São Paulo. O encontro ocorreu antes do lançamento do seu livro de memórias, Cinquenta Anos Esta Noite, evento do qual Aécio não participou.

No encontro, foi deixada de lado a questão da indicação de Serra para vice na chapa de Aécio, que pediu ao ex-governador que concorresse ao Senado. De acordo com interlocutores do mineiro, Aécio já não era grande entusiasta da dobradinha com o ex-governador, mas ouvia os argumentos dos tucanos que apontavam a chapa como imbatível. Serra também já disse não ter interesse em ser vice do candidato.

Para o presidenciável tucano, segundo aliados, Serra deveria concorrer ao Senado tendo o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) como suplente. Isso facilitaria a composição com Kassab, que queria ser vice do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Kassab perdeu a indicação para o PSB e agora ameaça não apoiar a reeleição do tucano em São Paulo.

Caso Aécio e Serra sejam eleitos, o ex-governador paulista assumiria um ministério no novo governo, e a vaga no Senado ficaria com Kassab.

Aécio trabalha com os nomes da ex-ministra do STF Ellen Grace e do senador Aloysio Nunes Ferreira para a vaga de vice. O ex-senador Tasso Jereissati também é cotado, mas a tendência hoje é que saia para o Senado pelo Ceará.

Suguem mais um pouco e venham para o nosso lado, diz Aécio à base de Dilma

• Em tom de provocação, candidato do PSDB à Presidência afirmou que novas siglas dissidentes vão aderir à sua campanha

Débora Bergamasco - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), candidato do PSDB à Presidência, afirmou nesta quarta-feira, 25, que novos dissidentes da base de apoio do governo vão aderir à sua candidatura. Segundo o tucano, o governo não percebeu ainda esse movimento porque esses aliados ainda vão "sugar um pouco mais" antes de anunciarem sua adesão à sua campanha. Aécio disse concordar com a estratégia desses supostos futuros aliados.

"Eu digo: façam isso mesmo. Suguem mais um pouquinho e depois venha para o nosso lado", disse essa tarde, em Brasília.

Aécio afirmou que espera conseguir fechar novos acordos políticos no Nordeste, considerado estratégico para sua candidatura pela hegemonia que o PT tem obtido na região nas três últimas eleições. Depois de fechar acordos importantes na Bahia, Piauí e Maranhão com dissidentes da base governista, o próximo alvo está no Ceará.

"Esperamos ter novidades no Nordeste nas próximas 48 horas", disse se referindo ao Ceará e a uma possível aliança com o senador Eunício Oliveira (PMDB).

Senador chama Dilma de ‘faxineira’ e ‘falsa moralista’

Cristiane Agostine | Valor Econômico

SÃO PAULO - Cotado para ser vice do presidenciável Aécio Neves (PSDB), o líder do partido no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), chamou nesta quarta-feira a presidente Dilma Rousseff de “faxineira” e de “falsa moralista”. Em nota divulgada pelo PSDB nacional, Aloysio criticou a política de alianças feita por Dilma para disputar a reeleição neste ano e afirmou que a campanha petista é feita sob tutela do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na nota, o líder do PSDB no Senado respondeu à crítica feita pela presidente Dilma ao PTB, que recuou na última hora do apoio à petista para aliar-se a Aécio Neves. Ao participar nesta quarta-feira de convenção do PSD, Dilma disse que “a lealdade é a base da política” e afirmou que “tem uma certa esperteza que tem vida curta”, em referências indiretas ao PTB.

Para Aloysio, a presidente “não conseguiu firmar-se como líder do país”. “A fama de gestora foi desmentida pela mediocridade do seu governo. Que faxineira é essa que traz de volta ao seu regaço os que haviam sido dele excluído com estardalhaço?”, afirmou o líder do PSDB no texto divulgado.

“Às favas com as razões éticas alardeadas à época da faxina: agora vale tudo em troca de alguns segundos de propaganda na TV. Para esse mesmo fim, Dilma, nos últimos dias, raspou o tacho do fisiologismo para aplacar o apetite insatisfeito de aliados descontentes, prestes à defecção”, disse o senador tucano. “Líder, gestora, faxineira: nada disso ela é”, completou.

Aloysio criticou Dilma por ter falado sobre a lealdade na política e disse que a presidente fez uma “vasta e subterrânea operação de aliciamento eleitoral com recursos públicos” para obter o apoio de partidos para sua campanha à reeleição.

“Na final de sua homilía, a falsa moralista saiu-se com uma surra do aforismo: a esperteza tem pernas curtas. Tem razão. E é por isso que seu governo também tem perna curta”, disse o senador, afirmando em seguida que a presidente não deve se reeleger nesta eleição.

Leia a íntegra da nota

“A presidente Dilma tentou firmar-se como líder do país e não conseguiu: faz campanha mais uma vez sob a tutela de Lula. A fama de gestora foi desmentida pela mediocridade do seu governo. Que faxineira é essa que traz de volta ao seu regaço os que haviam sido dele excluído com estardalhaço?

Às favas com as razões éticas alardeadas à época da faxina: agora vale tudo em troca de alguns segundos de propaganda na TV. Para esse mesmo fim, Dilma, nos últimos dias, raspou o tacho do fisiologismo para aplacar o apetite insatisfeito de aliados descontentes, prestes à defecção.

Líder, gestora, faxineira: nada disso ela é.

Pois não é que agora pretende posar de moralista?

Discorreu hoje sobre as virtudes da sinceridade e da lealdade na ação política. Nem bem concluiu os últimos retoques de uma vasta e subterrânea operação de aliciamento eleitoral com recursos públicos exalta, na convenção do PSD, a prevalência das convicções sobre as conveniências.

E tudo isso ao lado do ex-prefeito Gilberto Kassab, aliado correto que, há dois dias, fora impiedosamente vaiado na convenção do PT na presença da mesma presidente Dilma.

Na final de sua homilia, a falsa moralista saiu-se com uma surra do aforismo: a esperteza tem pernas curtas. Tem razão. E é por isso que seu governo também tem perna curta: vai acabar no próximo 31 de dezembro, sem direito à prorrogação."

Aloysio Nunes Ferreira (SP)
Líder do PSDB no Senado
Brasília, 25 de junho de 2014

O gato comeu Dilma

Ricardo Noblat - O Globo

Que autoridade tem a presidente da República se ela cede à pressão de um partido aliado e demite do seu governo um ministro que jamais passou pela cabeça dela demitir?

É o que Dilma está prestes a fazer. O PR pediu a cabeça de César Borges, ministro dos Transportes, sob a alegação de que ele não mantém uma boa relação com deputados.

A cabeça lhe será dada. Foi o que o ministro Aloisio Mercadante, da Casa Civil, garantiu a líderes do partido.

No lugar de Borges entrará Paulo Sérgio Passos, do PR, ex-ministro dos Transportes.

Uma vez atendido, o PR confirmará seu apoio à reeleição de Dilma. E lhe dará seu tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

Cadê a Dilma senhora do seu governo e que não se dobra às exigências descabidas dos políticos?

O gato comeu.

Vale tudo pelo poder.

Rede prepara-se para deixar PSB

Cristiane Agostine e Murillo Camarotto - Valor Econômico

SÃO PAULO e RECIFE - O porta-voz do Rede Sustentabilidade em São Paulo, Alexandre Zeitune, disse ontem que o grupo da ex-senadora Marina Silva já se prepara para deixar o PSB após as eleições. Segundo Zeitune, somente os candidatos eleitos do Rede continuarão no partido e deverão sair quando for criada a sigla de Marina. Aliados da ex-senadora, que é vice na chapa presidencial de Eduardo Campos (PSB), articulam-se para voltar a coletar em novembro as cerca de 50 mil assinaturas que faltaram em 2013 para criar o partido Rede Sustentabilidade.

A articulação para deixar o PSB ganhou força em meio a divergências entre o grupo de Marina e a cúpula partidária. Os pedidos feitos pela ex-senadora em 2013, quando se filiou à sigla, não foram acatados e o Rede está enfraquecido dentro do PSB. Marina foi derrotada nas alianças em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de desgastes em outros Estados. "A questão de alianças está crítica", disse o porta-voz.

O porta-voz afirmou que Marina não participará da eleição no Estado. O grupo discorda da aliança do PSB com o governador e pré-candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB). O vice deve ser o presidente do diretório estadual do PSB, Marcio França. "Não espere Marina nem a militância do Rede em São Paulo", disse. "O que nos pauta não são cargos nem o calendário eleitoral. Somos um partido independente dentro do PSB ".

O grupo decidiu adiar para segunda-feira, prazo final, a decisão sobre o lançamento de um candidato próprio para o Senado, por desconfiar as intenções da cúpula partidária. "Não temos garantia nenhuma de que o diretório não vai se aliar ao PSDB também na chapa para o Senado", disse Zeitune.

Marina tem confidenciado a amigos sua angústia com os rumos da aliança entre o Rede e o PSB. Pessoas próximas garantem que a vice de Campos não irá a São Paulo, Rio nem a Minas durante a campanha presidencial, por discordar das alianças.

Disposta a encampar uma terceira via, a ex-senadora tem sérias dúvidas sobre como sua chapa com Campos vai sustentar o discurso da "nova política". Além da aliança com o PSDB no Rio, o PSB firmou acordo com o PT no Rio, e tende a ficar próximo do PSDB em Minas.

"Não esperem que a Marina vá", disse um interlocutor da ex-senadora, que classificou o clima na aliança como "muito ruim". De acordo com a fonte, Marina está decepcionada com os acordos regionais, mas continua convencida de que a chapa com Campos é importante como alternativa à polarização PT-PSDB.

Aliados de Campos procuram minimizar a crise, mas reconhecem os problemas. "Sem dúvida a situação não é ideal, mas não havia possibilidade de ir contra toda a direção do partido em São Paulo", disse um ex-secretário de Campos. Os dois lados insistem, no entanto, que Campos e Marina nutrem expectativa de crescer nas pesquisas quando começar a propaganda na televisão.

Aécio corteja dissidentes

Naira Trindade – Correio Braziliense

Enquanto a presidente Dilma Rousseff (PT) criticava a "esperteza" da Executiva Nacional do PTB ao presidenciável Aécio Neves (PSDB), o senador mineiro discutia as articulações eleitorais com o presidente nacional da sigla, Benito Gama. A proposta do partido será apresentada na convenção nacional de amanhã, mas não terá apoio integral da legenda.

O líder da sigla na Câmara, Jovair Arantes (GO), avisou que a bancada de deputados deve permanecer ao lado de Dilma Rousseff. Aécio, porém, espera a adesão de mais aliados. "Eu digo: façam isso mesmo. Suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado", disse o presidenciável, afirmando "ter novidades no Nordeste nas próximas 48 horas". O senador mineiro refere-se ao Ceará, onde pode conseguir uma possível aliança com o senador Eunício Oliveira (PMDB).

Na aliança com o PTB, a tendência é o senador Aécio Neves ficar com o tempo de televisão do partido, devido à aliança nacional, e a presidente Dilma Rousseff deve ter o apoio dos deputados nos estados, com alianças estaduais. Jovair adiantou que a posição será discutida nas convenções estaduais da sigla, na segunda-feira. Na quarta, a bancada volta a se reunir para definir o futuro dos deputados. Para o líder, a decisão de Benito Gama , de apoiar Aécio, não será alvo de queda de braço na convenção nacional. "A Executiva desistiu de apoiar Dilma, mas a bancada não", afirmou Jovair.

Ontem, em nota oficial, o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), rebateu as críticas de Dilma ao apoio do PTB a Aécio. "Às favas com as razões éticas alardeadas à época da faxina: agora vale tudo em troca de alguns segundos de propaganda na TV. Para esse mesmo fim, Dilma, nos últimos dias, raspou o tacho do fisiologismo para aplacar o apetite insatisfeito de aliados descontentes, prestes à defecção."

O senador também criticou a ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à campanha e a "ausência" da prometida faxina contra a corrupção.

Planalto fez 'caça às bruxas' a prefeitos que aderiram ao movimento ‘Aezão’

• Assessor enviou e-mail ao PMDB do Rio pedindo lista de presença em ato

Guilherme Amado – O Globo

BRASÍLIA — O Palácio do Planalto tentou levantar junto ao diretório do PMDB no Rio o nome dos prefeitos do partido que aderiram ao movimento “Aezão”, lançado este mês, em apoio às candidaturas do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para a Presidência. Às 11h32m do último dia 12, um assessor da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI), Cássio Parrode Pires, enviou uma mensagem à assessoria de imprensa do PMDB no Rio. No e-mail, ele pedia a lista de presença no almoço de lançamento da aliança, na Barra da Tijuca, ocorrido na véspera. Ontem, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, afirmou que pretendia saber o nome dos prefeitos presentes ao encontro para convidá-los para almoçar.

— Prefeito negocia com todo mundo. Enviamos o e-mail para saber quem eram (os prefeitos) e chamá-los para almoçar. Prefeito, quando você chama para almoçar, para conversar sobre algum assunto, ele vem. O (Jorge) Picciani pode falar o que quiser, mas isso é do jogo — afirmou Berzoini.

Controle dos pré-candidatos
O assessor Cássio é lotado na Subchefia de Assuntos Federativos da SRI, ministério encarregado de, entre outras atribuições, fazer a articulação política do governo e da relação institucional com os governadores e prefeitos.

Nomeado em abril do ano passado pela ex-ministra Ideli Salvatti (PT), Cássio atua no Núcleo de Gestão da Informação, um departamento do ministério que, em tese, deveria coletar informações sobre os estados e municípios brasileiros para ajudar o ministro e a presidente no processo de tomada de decisão em temas relacionados à Federação. Ontem, no entanto, Cássio descreveu com outras palavras sua atribuição na SRI:

— Trabalho a informação nas diversas fontes. Eu busco em todos os meios de comunicação, on-line ou impresso. (...) A gente faz o controle de todos os pré-candidatos ao governo federal.

Cássio afirmou não haver uma motivação “eleitoreira” por trás de seu trabalho e disse não repassar os dados que coleta sobre Aécio Neves e os demais pré-candidatos a ninguém. Perguntado sobre quem é o seu chefe imediato, o assessor não respondeu. Tampouco disse qual é a utilidade dessas informações para a SRI e para o Planalto.

— A gente só trabalha a informação. Não tem para quem passar. Tem informações que a gente guarda para a gente. Não passa para ninguém — afirmou o assessor.

No dia 12, antes de enviar a mensagem, Cássio telefonou para pedir a lista. A assessoria de imprensa do PMDB solicitou que ele enviasse o e-mail formalizando o pedido. O assessor, porém, não usou o e-mail institucional, optando por sua conta pessoal.

O presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, criticou a atitude do assessor:

— Isso mostra como o “Aezão” incomodou o Planalto. Mas falei para quem atendeu ao telefonema desse rapaz que não enviasse a lista dos prefeitos. Ninguém vai intimidar os prefeitos. Falei à assessoria de imprensa para mandar ao Planalto os nomes do PT que estão com a gente — afirmou Picciani, às gargalhadas.

Preocupação com “Aezão”
Desde o começo do mês, o Palácio do Planalto tem feito uma série de contatos com aliados no Rio para tentar minimizar o impacto da chapa fechada em torno de Aécio Neves no estado. Segundo interlocutores da campanha da presidente Dilma Rousseff, o PT teme o estrago que pode ser causado pelo “Aezão” no desempenho durante a campanha no Rio, terceiro maior colégio eleitoral do país.

Lançado por Picciani, o “Aezão” tornou-se oficial esta semana, com a entrada do DEM do vereador Cesar Maia para a aliança. O governador Luiz Fernando Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) convidaram Cesar a candidatar-se ao Senado na chapa, em troca do apoio a Pezão.

Na última segunda-feira, Pezão admitiu pela primeira vez que receberá Aécio em seu palanque, e não prometeu exclusividade a Dilma:

— Eu sempre falei para ela (Dima): não fomos nós que rompemos a aliança com o PT. O PT participou do nosso governo durante sete anos e três meses. Agora, abriu essa possibilidade ter outros palanques dentro da nossa coligação.

Com a participação do prefeito Eduardo Paes (PMDB) — que se opôs ao “Aezão” —, o PT nacional espera formar uma frente de prefeitos que decidiram apoiar Dilma e intensificar a agenda de campanha nesses municípios. Atualmente, na visão de um interlocutor da presidente, Paes tornou-se um dos principais cabos eleitorais da campanha:

— Paes entendeu que a relação dele com a Dilma seguirá de alto nível.


E-mail de Cássio Parrode Pires: “Trabalho a informação nas diversas fontes”, disse o assessor- Reprodução

Aécio quer Tasso como candidato ao Senado no Ceará, e Serra em São Paulo

• Ex-senador cearense era cotado para vice, mas palanque no Nordeste é prioridade. Nome em São Paulo ainda depende de acordo com Alckmin

Silvia Amorim e Maria Lima – O Globo

SÃO PAULO e BRASÍLIA — Em nome de um palanque competitivo no Ceará para a candidatura de Aécio Neves à Presidência da República, o ex-senador Tasso Jereissati, que há algumas semanas estava entre os cotados para ser vice na corrida presidencial, está perto de anunciar postulação ao Senado numa coligação com o PMDB. O Ceará é o último nó que Aécio tem para desatar na montagem dos palanques estaduais.

Nesta quarta-feira, ele e o pré-candidato do PMDB ao governo cearense, senador Eunício Oliveira, se reuniram em Brasília. O PMDB oferece a Tasso a vaga para o Senado. À noite, Tasso faria uma reunião com a direção do PSDB no estado. Na semana passada, ele esteve no Rio para conversar com Aécio sobre o futuro dele nessas eleições.

— Tasso vai apresentar os últimos diálogos feitos em Brasília sobre o cenário no estado — disse o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE).

Horário eleitoral para Aécio
Aécio vê vantagens em dobro para ele na candidatura de Tasso no Ceará. Primeiro, ele passará a ter espaço num palanque forte no Nordeste, já que Eunício lidera as pesquisas de intenção de voto — e, mais uma vez, tiraria da presidente Dilma Rousseff um palanque exclusivo, como fez no Rio de Janeiro. Segundo, Tasso dedicará a maior parte do seu tempo no horário eleitoral para fazer campanha de Aécio. O Ceará é o terceiro maior colégio eleitoral do Nordeste, onde o PSDB patina nas eleições.

Seguem no páreo para vice de Aécio o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie (PSDB-RJ). Nesta semana o nome do ex-governador José Serra voltou às conversas. Em parte, por um movimento liderado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e com aval do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Aécio e Serra se encontraram ontem a sós em São Paulo. Alckmin defende Serra para vice para entregar a vaga ao Senado em sua chapa para o PSD. A oferta do posto já foi feita ao presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Em SP, Serra e Kassab são os nomes cotados para o Senado
Em uma reunião realizada nesta quarta a noite, em São Paulo, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo Alckmin, Aécio convidou o ex-ministro José Serra para ser candidato ao Senado, e ele teria aceitado. Mais cedo, no entanto, Alckmin teria avisado à cúpula do PSDB que o candidato ao Senado em sua chapa é o ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente do PSD, que aprovou apoio do partido a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Segundo dirigentes do partido, Alckmin considera fundamental para sua aliança impedir que Kassab vá para a campanha de Paulo Skaf, do PMDB. Tucanos creditam ao governador a tentativa de acomodar Serra na vaga de vice de Aécio; e também negam que a ideia seja patrocinada por Fernando Henrique, que, segundo eles, conhece Serra e sabe que ele não ‘funcionaria bem numa chapa como vice’. Os coordenadores da campanha de Aécio estão preocupados em deixar claro que não cabe ao presidenciável a responsabilidade de acomodar Serra, mas sim a Alckmin, pois ele ajudaria mais o governador do que a chapa nacional.

A interlocutores, Aécio defende que Serra tem todas as condições de disputar e vencer o Senado. Mas tudo vai depender da construção política que Geraldo Alckmin está fazendo em São Paulo.

— Na reunião com Fernando Henrique, Aécio e Geraldo, saiu de lá todo mundo achando que Serra era o candidato ao Senado. Geraldo ficou calado. Mas hoje disse que seu candidato ao Senado é Kassab. Penso quee Aécio vai colocar Serra na chapa para compensar. Mas Aécio não pode pagar essa conta do isolamento de Serra — contou um dirigente tucano.

Na construção de sua chapa, para fortalecer o seu desempenho no maior colégio eleitoral do país, Aécio tende a fazer uma chapa puro sangue, com um vice tucano paulista, selando assim a união do partido no estado. O nome mais cotado é do líder Aloysio Nunes Ferreira.

*José Serra: O PT fora do eixo

• Com receio de perder a eleição, acionou a tecla da intolerância tentando resolver tudo no grito

- O Estado de S. Paulo

O PT não é um partido muito tolerante já a partir de seus próprios pressupostos originais e de seu nome: quem se pretende um partido "dos" trabalhadores, não "de" trabalhadores, já ambiciona de saída a condição de monopolista de um setor da sociedade. Mais ainda: reivindica o poder de determinar quem pertence, ou não, a essa categoria em particular. Assim, um operário que não vota no PT, por exemplo, não estará, pois, entre "os" trabalhadores; do mesmo modo, o partido tem conferido a "carteirinha" de operário padrão a pessoas que jamais ganharam o sustento com o fruto do próprio trabalho.

A fórmula petista é conhecida: a máquina partidária suja ou lava reputações a depender de suas necessidades objetivas. Os chamados bandidos de ontem podem ser convertidos à condição de heróis e um herói do passado pode passar a ser tratado como bandido. A única condição para ganhar a bênção é estabelecer com o ente partidário uma relação de subordinação. A partir daí não há limites. Foi assim que o PT promoveu o casamento perverso do patrimonialismo "aggiornado", traduzido pela elite sindical, com o patrimonialismo tradicional, de velha extração.

Afirmei no final de 2003 o que nem todos compreenderam bem, que o petismo era o "bolchevismo sem utopia". Aproxima-se do bolchevismo nos métodos, no propósito de tentar se estabelecer, se possível, como partido único; nas instâncias decisórias aproxima-se do chamado "centralismo democrático", que nada mais é do que a ditadura da direção central do partido. É bolchevista também na certeza de que determinadas ações até podem ser ruins para o Brasil, mas serão implementadas se parecerem boas para o partido. Como se considera que é ele que conduz a História do Brasil, não contrário, tem-se por certo que o que é bom para o partido será, no longo prazo, bom para o País e para o povo. Nesse sentido particular os petistas ainda são bastante leninistas.

Quando afirmei que lhes faltava a dimensão utópica, não estava emprestando um valor necessariamente positivo a essa utopia. Na minha ação política miro a terra que há, não a Terra do Nunca. E nela procuro sempre ampliar aquilo que é percebido como os limites do possível. De todo modo, é inegável que o bolchevismo tinha um devir, uma prefiguração, um sonho de um outro amanhã, ainda que isso tenha desembocado na tragédia e no horror stalinista. Mas isso não muda a crença genuína de muitos que se entregaram àquela luta. Isso o PT não tem. E chega a ser piada afirmar que o partido, de alguma maneira e em alguma dimensão, no que concerne à economia é socialista ou mesmo de esquerda. Muitas correntes de esquerda são autoritárias, mas convém não confundir o autoritarismo petista com socialismo. O socialismo tem sido só a fachada que o PT utiliza para lavar o seu autoritarismo - associado, infelizmente, a uma grande inépcia para governar, de que tenho tratado sempre nesta página.

Quero chamar a atenção é para o recrudescimento da face intolerante do partido. Como também já abordei aqui, vivemos o fim de um ciclo, que faz cruzar, episodicamente, a História do Brasil e a do PT. As circunstâncias que permitiram ao petismo sustentar o modelo que aí está - que nunca foi "de desenvolvimento", mas de administração oportunista de fatores que não eram de sua escolha - se esgotaram. Na, infelizmente, longa agonia desse fim de ciclo temos a economia semiestagnada, os baixos investimentos e a desindustrialização, os déficits do balanço de pagamentos em alta e a inflação reprimida. E, nota-se, o partido nada tem a oferecer a não ser a pregação terrorista de que qualquer mudança implicará desgraça nacional.

Não tendo mais auroras a oferecer, não sabendo por que governa nem por que pretende governar o País por mais quatro anos, e percebendo que amplos setores da sociedade desconfiam dessa eterna e falsa luta do "nós" contra "eles", o petismo começa a adentrar terrenos perigosos. Se a prática não chega a ameaçar a democracia - tomara que não! -, é certo que gera turbulências na trajetória do País. No apagar das luzes deste mandato, a presidente Dilma Rousseff decide regulamentar, por decreto - quando poderia fazê-lo por projeto de lei -, os "conselhos populares". Não por acaso, bane o Congresso do debate, verticalizando essa participação, num claro mecanismo de substituição da democracia representativa pela democracia direta. Na Constituição elas são complementares, não excludentes. Por incrível que pareça - mas sempre afinado com o bolchevismo sem utopia -, o modelo previsto no Decreto 8.243 procura substituir a democracia dos milhões pela democracia dos poucos milhares - quase sempre atrelados ao partido. É como se o PT pretendesse tomar o lugar da sociedade.

Ainda mais detestável: o partido não se inibe de criar uma lista negra de jornalistas - na primeira fornada estão Arnaldo Jabor, Augusto Nunes, Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Guilherme Fiuza, Danilo Gentili, Marcelo Madureira, Demétrio Magnoli e Lobão -, satanizando-os e, evidentemente, expondo-os a riscos. É desnecessário dizer que tenho diferenças, às vezes severas, com vários deles. Isso é parte do jogo. É evidente que o regime democrático não comporta listas negras, sejam feitas pelo Estado, por partidos ou por entidades. Mormente porque, por mais que se possa discordar do ponto de vista de cada um, em que momento eles ameaçaram a democracia? Igualmente falsa - porque há evidência dos fatos - é que sejam tucanos ou "de oposição". Não são. Mas, e se fossem? Num país livre não se faz esse tipo de questionamento.

Acuado pelos fatos, com receio de perder a eleição, sem oferecer uma resposta para os graves desafios postos no presente e inexoravelmente contratados para o futuro, o PT resolveu acionar a tecla da intolerância para tentar resolver tudo no grito. Cumpre aos defensores da democracia contrariar essa prática e essa perspectiva. Não foi assim que construímos um regime de liberdades públicas no Brasil. O PT está perdendo o eixo e tende a voltar à sua própria natureza.

• Ex-governador e ex-prefeito de São Paulo

Merval Pereira: Nem vítimas nem algozes

- O Globo

Muito embora o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) tenha reformado a decisão monocrática do ministro Joaquim Barbosa com relação à exigência de cumprimento de 1/6 da pena para que o condenado no regime semiaberto possa ter um trabalho externo, não aconteceu o que os militantes petistas tanto queriam, uma desmoralização do presidente demissionário, identificado por eles como um perseguidor dos mensaleiros condenados.

A começar pela manutenção da negativa de prisão domiciliar para o ex-presidente do PT José Genoino, o plenário do STF analisou as decisões de Barbosa referentes à execução das penas do processo do mensalão dando-lhe razão em alguns casos e discordando em outros, sempre ressaltando, por praticamente todos os membros, que a lei de execuções penais compreende diversas interpretações, não sendo nenhuma das decisões de Joaquim Barbosa questionável por ilegal ou despropositada.

Não há no caso nem vítimas nem algozes, como ressaltou o decano do Supremo, o ministro Celso de Mello, que fez questão de ressaltar a justeza das condenações e o caráter antidemocrático dos atos praticados pelos réus do mensalão.

O caso de Genoino se transformou em emblemática questão política, já que petistas utilizaram todos os meios para espalhar a ideia de que o ex-presidente do PT, contra o que dizem diversos laudos médicos, corre risco de vida se não for liberada sua prisão domiciliar.

O ministro Luís Roberto Barroso, que assumiu a relatoria das execuções penais com a demissão de Barbosa, desde o primeiro momento que participou do julgamento do mensalão parece constrangido em condenar Genoino, e ontem voltou a elogiá-lo. No primeiro momento, lamentou “condenar um homem que participou da resistência à ditadura no Brasil, em um tempo em que isso exigia abnegação e envolvia muitos riscos”.

Esse discurso elogioso provocou a reação de diversos ministros na ocasião. A ministra Cármen Lúcia disse que “o juiz, infelizmente, não julga histórias, porque as histórias às vezes são feitas de desvios que seriam impensáveis de serem praticados em outra circunstância”.

Ontem, Barroso classificou Genoino de “símbolo do republicanismo e do igualitarismo” antes de negar o pedido para que a prisão fosse transformada em domiciliar.

Mas, sem que a questão estivesse em pauta, lembrou que Genoino cumpre 1/6 da pena em dois meses, dando a entender que a partir daí poderá ir para casa.

A questão do cumprimento de 1/6 das penas para a autorização de trabalho externo suscitou uma boa discussão sobre o sistema penitenciário e demonstrou que Barbosa não estava exagerando ao interpretar ao pé da letra a exigência do Código Penal.

Celso de Mello foi o único voto a apoiar Barbosa, mas não é o único a considerar que a jurisprudência do STF deve prevalecer sobre a do STJ, que desde 1999 vem admitindo o trabalho externo sem o cumprimento mínimo da pena.

Mesmo os que votaram contra a posição de Barbosa, a começar pelo relator Barroso, admitiram que a situação do sistema penitenciário é um descalabro, e que a flexibilização da lei é necessária para conviver com nossa triste realidade.

A tese vencedora foi que a razoabilidade exige interpretação mais generosa da legislação, sendo lembrado que o Rio Grande do Sul já definiu que os presos em semiaberto devem ir para prisão domiciliar por falta de vagas compatíveis com o tipo de condenação. Esse assunto será levado ao plenário do STF pelo ministro Gilmar Mendes para que haja deliberação sobre essa decisão da justiça gaúcha.

Ficou claro que o estilo centralizador e autoritário do presidente demissionário Joaquim Barbosa não é o da preferência do plenário, tanto que a execução das penas será transferida para Vara de Execuções Penais de Brasília, e não centralizada pelo novo relator.

Mas ficou evidenciado que Barbosa não abusou de seu poder nem tomou decisões sem o apoio da lei. E certamente há um pensamento majoritário na sociedade, já detectado por pesquisas: o mensalão petista só levou poderosos para a cadeia e os manteve lá pelo estilo centralizador e autoritário de Barbosa, amplamente aprovado pela população, a ponto de uma parcela representativa querê-lo como candidato à Presidência.

Jarbas de Holanda: Nas ruas, a Copa esvazia cobranças. Na política, estreita-se palanque de Dilma

Cinco ou seis dias de tensões, à frente, nos dois planos. No da Copa, a mobilizadora expectativa popular de uma boa vitória, no próximo sábado, de nossa seleção no jogo Brasil/Chile, passo importante no avanço às quartas de final e da meta de conquista do hexa campeonato mundial. E no encaminhamento das campanhas para os pleitos eleitorais de outubro, o prazo final – na segunda-feira, dia 30 – da formalização das alianças partidárias para os palanques das disputas presidencial e nos estados. Quanto à torcida por Neymar e seus companheiros, o que a impulsiona é a emoção. Com o sucesso do time brasileiro amortecendo as críticas e os protestos contra prioridades erradas e custosas de gastos governamentais na preparação do evento. Cenário que poderá esgotar-se ou reforçar-se, na dependência dos resultados da seleção nas etapas seguintes dos jogos. Sem que, numa ou noutra hipótese, o quadro tenha qualquer conotação político-eleitoral.

Já quanto aos acertos conclusivos das alianças eleitorais, o episódio mais significativo dos últimos dias foi a montagem institucional do chamado palanque Aezão. No qual o PMDB fluminense se coligou ao PSDB, ao DEM, ao PSD, ao PP, ao PPS, em favor das candidaturas de Aécio Neves, ao Palácio do Planalto, do governador Luiz Fernando Pezão, à reeleição, e de Cesar Maia para a vaga de senador. O Aezão, no Rio, e a possível composição, no Ceará, do peemedebista Eunício Oliveira, candidato a governador, e do tucano Tasso Jereissati, candidato ao Senado (esta igualmente abrindo espaço para a campanha de Aécio), refletem, a um só tempo, os conflitos entre o PMDB e o hegemonismo do PT, bem como crescente incerteza (e até apostas em contrário) nos diversos partidos não esquerdistas de base governista sobre a sorte da presidente/candidata no 2º turno de 26 de outubro. Cabendo incluir um terceiro episódio semelhante ocorrido no Nordeste, ontem: a rup-tura do governador peemdebista do Piauí, José Moraes de Souza, com a candidatura de Dilma Rousseff. Anunciada com declaração simultânea de apoio a Aécio, numa composição que envolve 18 partidos e articula sua candidatura à reeleição (contra a do petista Wellington Dias) às do tucano Silvio Mendes, para vice, e de Wilson Martins, do PSB, para o Senado.

Em resposta a esses problemas da campanha de Dilma e nos palanques estaduais do PT é o próprio ex-presidente Lula que se encontra esta semana à frente do esforço (político e administrativo) do Palácio do Planalto para manter a qualquer custo, no palanque governista federal o PP, o PR e o PSD (por causa dos valiosos tempos de cada um no horário eleitoral “gratuito”). Forçando as cúpulas dessas legendas a resistirem às pressões da maioria de suas bancadas e dos diretórios para que elas sigam o exemplo do PTB de deslocamento para apoio a Aécio, ou para que assumam postura de neutralidade.

Nova aliança ou neutralidade defendidas, também, pelas evidências de piora dos indicadores básicos da economia (que ganharão relevo após a Copa, com ou sem vitória final de nossa seleção); quedas sucessivas das projeções do PIB; crescimento negativo da indústria (agravado pela recessão na Argentina) e estagnação do setor de serviços, com efeitos restritivos na geração de empregos; inflação (já represada artificialmente) rondando ou ultrapassando o teto da meta; e forte pressão de Lula sobre o governo para mais aumento dos gastos federais, com inevitável maior deterioração das contas públicas.
Jarbas de Holanda é jornalista

Luiz Carlos Azedo: Líderes da transição

• Sarney revelou-se um dos mais sagazes líderes políticos do país, capaz de se adaptar às circunstâncias e se antecipar aos fatos. Como agora, ao anunciar a aposentadoria, para evitar uma provável derrota eleitoral no Amapá

- Correio Braziliense

Dois dos principais remanescentes da geração de políticos que comandou no Congresso a transição à democracia estão saindo de cena nestas eleições. O ex-governador do Rio Grande do Sul Pedro Simon (PMDB) resolveu pendurar as chuteiras desde o ano passado, é uma espécie de guardião da ética no Senado, onde tornou-se um Dom Quixote a investir contra os acordos e práticas políticas fisiológicas, inclusive de seu próprio partido. A surpresa foi a decisão do ex-presidente José Sarney (PMDB-MA), que é uma espécie de patriarca do chamado "presidencialismo de coalizão". Nesta semana, desistiu de disputar mais um mandato. Sai de cena depois de receber uma vaia ao lado da presidente Dilma Rousseff, no Amapá, estado que por três vezes o elegeu ao Senado. Dos três políticos, porém, é o que ainda preserva poder de fato na União, com influência real no Congresso, no Executivo e até mesmo no Judiciário.

O pregador
Simon foi eleito senador na leva de 1978, depois de três mandatos de deputado estadual no antigo MDB. De origem trabalhista, tornou-se grande amigo de Ulysses Guimarães, o líder da oposição legal ao regime militar. Por outro lado, virou adversário de Leonel Brizola, que havia voltado do exílio, a quem atribuiu a responsabilidade por sua derrota ao governo do estado nas eleições de 1982, que perdeu para o candidato do PDS, a antiga Arena, Jair Soares. Coordenou a campanha das Diretas Já e apoiou a eleição de Tancredo Neves à Presidência.

Com a morte do político mineiro, foi confirmado no cargo de ministro da Agricultura por José Sarney, que assumira a Presidência na condição de vice eleito no colégio eleitoral. Fora a testemunha da negociação política entre o general Walter Pires, ministro do Exército do último presidente militar, João Batista Figueiredo, e o presidente do PMDB, Ulysses Guimarães, que garantiu a posse de José Sarney e o fim do regime.

No ano seguinte, elegeu-se governador do Rio Grande do Sul, na onda eleitoral gerada pelo Plano Cruzado. Voltou ao Senado nas eleições de 1990 e foi um dos principais articuladores da campanha do impeachment de Fernando Collor, que renunciou ao mandato por causa das denúncias de corrupção no seu governo e das articulações para apeá-lo do poder. Líder do governo Itamar Franco, que assumira a Presidência, desde então destacou-se como um pregador da ética na política e derrubou vários ministros sob suspeita de corrupção, inclusive do seu próprio partido. Tornou-se adversário de Sarney e desafeto do atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

O patriarca
Mais longevo político brasileiro ainda em atividade, José Sarney controla o estado do Maranhão desde quando se elegeu governador pela primeira vez, em 1966, dois anos após o golpe militar, que apoiou. Ex-integrante da chamada UDN Bossa Nova, Sarney revelou-se um dos mais sagazes líderes políticos do país, capaz de se adaptar às circunstâncias e se antecipar aos fatos. Como agora, ao anunciar a aposentadoria, para evitar uma provável derrota eleitoral no Amapá, estado que adotou como uma espécie de "santuário eleitoral". mas que hoje é governador por um adversário, João Capiberibe (PSB).

Em 1985, na crise governista provocada pela escolha do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf como candidato do PDS à Presidência da República, com o então governador do Rio Grande do Norte, José Agrpino, e o governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, liderou a dissidência que apoiou Tancredo Neves. Porém, não se filiou PFL, mas ao PMDB, para ser o vice na chapa de oposição. Acabou assumindo a Presidência da República, com apoio dos militares e de Ulysses Guimarães.

Desafeto de Fernando Henrique Cardoso, em cujo governo foi marginalizado, tornou-se aliado de primeira hora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já na campanha eleitoral de 2002. Apoiou o governo Lula em todos os momentos, inclusive na crise do mensalão. Mantém boa relação com a presidente Dilma Rousseff, cuja reeleição apoia, e tem aliados em postos estratégicos da administração federal. Manteve seu prestígio no governo, mesmo depois que deixou a Presidência do Senado, com aliados em postos influentes, como é o caso do senador Edison Lobão (PMDB-MA), atual ministro de Minas e Energia. A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), é sua principal herdeira política, uma vez que o filho Zequinha Sarney (PV-MA) tem uma atuação mais focada em temas alternativos do que no jogo pesado do poder. Membro da Academia Brasileira de Letras, o patriarca sempre disse que gostaria de se dedicar mais aos romances.

Dora Kramer: Aparências, nada mais

- O Estado de S. Paulo

Na condição de secretário-geral da Presidência da República, interlocutor do governo junto aos movimentos sociais e braço avançado de Lula no Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho não seria quem é nem estaria onde está se andasse ou falasse em completa desconexão com os mandamentos do "projeto".

Quando pareceu divergir do tom ufanista do PT estava dourando a pílula, contornando na superfície um discurso que no conteúdo reforça o lema central de ataque escolhido pelo partido para essas eleições. Senão, vejamos.

Num primeiro movimento, disse que os insultos dirigidos à presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo não eram coisa só da "elite branca". Deu a impressão de que fazia uma análise realista e ponderada do cenário. O PT reagiu negativamente.

Cinco dias depois, no segundo movimento, em entrevista à Folha de S. Paulo, o ministro detalhou o tema. Foi bastante específico ao dizer que o partido se ilude ao achar que "o povo pensa que está tudo bem". Na opinião dele, "um erro de diagnóstico" que impede a aplicação do "bom remédio".

Em tese haveria ali matéria-prima para polêmica, mas o PT não reagiu. Motivo para se voltar à entrevista. Relendo com lupa, logo se vê a razão do silêncio: justamente o diagnóstico detalhado de Gilberto Carvalho, que isenta o governo de qualquer responsabilidade pelo que não vai bem. A julgar por seu retrato da cena, é uma vítima.

Não faz ali referência alguma à necessidade de correção nessa ou naquela política governamental. Nada diz sobre inflação, baixo crescimento, inoperância, má qualidade de serviços públicos e tudo o que nas pesquisas aparece como motivo da crescente má avaliação do governo.

Para o ministro, a origem do mal estar é uma só: "Um pensamento conservador que se expressa fortemente por meio dos veículos de comunicação e que opera um cerco contra nós". O "cerco", segundo ele, "tem dado resultado na medida em que ganha amplitude".

A receita dele para ganhar as eleições, construir "pontes" com toda a sociedade, não é corrigir o que não anda bem. É, antes, "furar esse grande bloqueio, para mostrar ao País num debate aberto, sem mediações, o que de fato foi e está sendo realizado".

Quer dizer, "de fato" está tudo bem; errados estão os meios de comunicação que resolveram montar um "cerco" ao governo e, na base de mentiras, tem levado os brasileiros a pensar que algo não vai bem. Aqui a análise do ministro se coaduna perfeitamente com o lema do PT de que a imprensa independente é o inimigo a ser combatido.

O discurso é coincidente até nas pinceladas de autocrítica, as mesmas de sempre quando o PT se vê de frente para a adversidade: reconhecimento dos erros de "alguns", admissão de que o vírus da "velha política" contaminou o PT, burocratização da estrutura partidária, necessidade de produção de um "grande debate interno" e, claro, a indefectível reforma política.

Não há, portanto, divergência. Há, sim, convergência de fundo no velho truque de transferir a culpa pela má notícia ao mensageiro e de eleger um foco de hostilidade a fim de distrair a plateia dos problemas concretos.

Deu certo outras vezes. Pode ser que dê de novo. A conferir se diagnóstico e remédio vão dialogar de maneira eficaz. Primeiro entre si e depois com o eleitorado.

Obsequioso. A versão oficial do PSD para a manutenção da aliança com a presidente é o dever de gratidão. Pelo fato de Dilma ter ajudado com apoio político e logístico o partido em seu processo de criação.

Além disso, ao contrário do PSDB, o PT ficou ao lado do PSD na luta judicial (ganha) pelo direito ao tempo de televisão e dinheiro do fundo partidário.

O agradecimento, contudo, limita-se à figura do ex-prefeito Gilberto Kassab. Em atenção a ele o partido não submeteu a decisão a votos. Para evitar constrangimento.

Eliane Cantanhêde: "Bacanal eleitoral"

- Folha de S. Paulo

Dilma reagiu no segundo tempo e emplacou o apoio oficial do Pros, do PP e do PSD e deu a alma, além dos Transportes, para segurar o PR. Trocou um baiano por outro e ficou com o PR, ou melhor, com o tempo de TV do partido.

Dilma também conseguiu uma brecha para minimizar as perdas no Rio para Aécio Neves. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) rebelou-se contra seus múltiplos criadores, criticou a "bacanal eleitoral" e tenta mobilizar prefeitos em torno de Dilma.

A campanha da presidente registra ainda que há resistência de parte do PTB à aliança com Aécio e que o partido, independentemente da decisão da cúpula nacional, segue com o PT em um terço dos Estados.

Pode-se dizer, portanto, que Dilma tende a sair desta semana melhor do que entrou, mas isso implica enormes custos políticos, administrativos e até emocionais (ter de engolir em seco e trocar ministro sem querer...). E é só uma parte de toda a história.

Quando se fala em "apoio oficial", deve-se ter cuidado para traduzir corretamente. Significa que os partidos dão seu tempo de TV para Dilma, Aécio ou Eduardo Campos durante a propaganda eleitoral dita gratuita. Mas não, necessariamente, que esse apoio e esse tempo de TV vão converter em palanques estaduais. Muitíssimo menos, em fidelidade. Fidelidade em política? Que bicho é esse?

O PMDB deu o seu enorme tempo de TV para Dilma e ganhou em troca a manutenção de Michel Temer como vice na chapa. Enquanto isso, os pemedebistas se esbaldam nas mais variadas alianças estaduais e assumem o namoro com Aécio ou Eduardo Campos no Rio, na Bahia, no Piauí, no Rio Grande do Sul.

O PR cobra caro, o PSD é o PSD, no PP a decisão teve de ser a portas fechadas, Dilma prega a "paz", mas o Pros já chega atacando Marina Silva, e o PDT tem o Ministério do Trabalho quando o emprego formal em maio é o pior para o mês em 22 anos. Todos eles "estão", mas não "são" exatamente Dilma e PT.

Marcos Del Roio - Cenário difícil anima partidos a subir seu preço

- O Estado de S. Paulo

Dentro de mais quatro dias - na segunda-feira, dia 30 - termina o prazo para as convenções partidárias definirem suas candidaturas e alianças para as eleições. Até aqui, elas passaram um tanto despercebidas por conta da Copa do Mundo - mas na prática já se começa a delinear o cenário político do ano que vem.

Os acordos vão sendo fechados - mas até para os que acompanham as negociações no dia a dia muita coisa surpreendente tem aparecido nas definições dos indicados e das alianças.

E, aos poucos, já se negociam também os cargos em possível futuro governo. O cenário tem sido esse desde a instauração do atual regime. Uma federação republicana presidencialista e multipartidária exige amplas coligações e negociações.

Em cada Estado vêm sendo urdidas alianças que frequentemente se chocam com as alianças nacionais, pois cada Estado tem um sistema partidário particular. O processo eleitoral que está se definindo para a largada logo após a Copa do Mundo indica que alguma novidade começa a pairar.

Resta pouca dúvida de que o cenário nacional e internacional positivo que beneficiou o octênio de Lula já se foi e, qualquer que seja a pessoa a ocupar a Presidência em janeiro de 2015, encontrará muitas dificuldades. Os políticos sabem disso e buscam se realocar e subir seu preço.

Veja-se a dificuldade que o PT tem enfrentado para manter o arco de alianças que sustentou o governo Lula e sua primeira eleição, em 2002. O PTB debandou, o PR se divide, o PSD faz o jogo do quem paga mais, e mesmo o PMDB se divide em Estados como o Rio de Janeiro.

No entanto, no outro lado não se veem ainda ganhos concretos da parte dos dois braços mais visíveis da oposição, o PSDB e o PSB. Até porque eles ainda estão na fase do ensaio de um discurso capaz de atrair a enorme massa de cidadãos descontentes com o governo - com qualquer governo, não só do PT ou do PSDB - mas que se sentem indignados pela carência de serviços públicos decentes diante de obras faraônicas de uso restrito.

Pode-se antever que o número de abstenções vai aumentar e haverá uma fragmentação maior de votos, que irão não só para candidatos mais em evidência, mas para partidos que não jogam o jogo por saberem que não participarão de qualquer governo.

Marcos Del Roio é professor titular de Ciências Políticas da Unesp/FFC

Murillo de Aragão: Desinteresse e reprovação

- O Tempo (MG)

Cinquenta e cinco por cento (55%) do eleitorado, de acordo com pesquisa do Ibope divulgada em 19 de junho de 2014, não está interessado ou está pouco interessado nas eleições de outubro próximo. É um número alto, já que apenas 16% dos entrevistados se disseram muito interessados.

A preocupação com o tema aumenta quando vemos que somente 25% dos jovens com 16 e 17 anos, segundo levantamento do Tribunal Superior Eleitoral, tiraram título de eleitor. O número de jovens que se cadastram como eleitores vem caindo a cada ano, pelo menos desde 2006.

Tal resultado provoca algumas reflexões. A primeira delas na direção de tentar entender por que a maioria da população não quer saber das eleições. Pontualmente, devemos considerar que o fim da Copa do Mundo e o início da propaganda eleitoral, em 19 de agosto, devem provocar maior interesse pelo processo.

Assim, mesmo com a ampla cobertura midiática de questões políticas importantes, a pesquisa evidencia que a maior parte da população não entende o processo como essencial. Como se a política fosse algo desconectado de suas vidas, como se a solução de seus problemas não passasse pelo processo político. E isso é gravíssimo.

O pior é ver o desinteresse dos jovens, que preferem não exercer seu direito de votar. Tal gesto mostra sua reprovação à política. Na reportagem do jornal O Globo que trata do assunto, publicada em 20 de junho de 2014, alguns justificam dizendo que não acreditam em candidatos que não venham do povo e, também, que não confiam em ninguém. Daí não quererem tirar o título de eleitor.

O desinteresse é "primo-irmão" da reprovação, que, atualmente, é uma tendência global. Políticos e política no mundo inteiro estão sendo mal avaliados. As razões podem ser estruturais (faltam informação, transparência, exemplos) e conjunturais (economia, inflação, emprego, escândalos, desconfiança etc). Independentemente dos motivos, as pesquisas em diversos países apontam: a política e os políticos estão sendo malvistos.

No levantamento do Ibope, chama a atenção o aumento da rejeição a todos os candidatos à Presidência. A taxa de rejeição à presidente Dilma Rousseff (PT) subiu de 38% (4 a 7 de junho) para 43% (13 a 15 de junho). Já a do
pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, aumentou de 18% para 32%. E a do pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, foi de 13% para 33%.

O que significa tudo isso? O primeiro ponto é que o aumento do desinteresse pelas eleições e da reprovação à política é uma ameaça à democracia. Assim, o prenúncio de um grave questionamento vem à tona. Qual o risco? Muitos. Basta examinar a história.

O processo democrático não é inexorável, apesar dos avanços da democracia no planeta. Quando vemos vândalos destruindo carros e agências bancárias sob o olhar bovino e complacente da sociedade e das autoridades, temos certeza de que as franquias democráticas estão sendo forçadas por indivíduos que defendem soluções não democráticas. O nazismo começou assim.

Sem cuidado, interesse e participação dentro do marco democrático não há garantia de que a evolução da política prosseguirá de forma clara. E, ainda, que regimes democráticos não venham a ser diretamente ameaçados por surtos autoritários. Mesmo que tais ameaças estejam disfarçadas e sejam parasitas do próprio regime democrático, como as que vemos hoje no Brasil.

Murillo de Aragão é cientista político.