O Globo
Reforma vira jogo de tabuleiro em que Lula,
Lira e bolsonaristas tentam prevalecer, e resultado pode ser nova estagnação
A discussão da reforma tributária chegou
àquele ponto em que se assemelha a uma partida de duração avançada daqueles
jogos de tabuleiro de guerra quando um jogador tem de destruir os exércitos dos
outros. Depois de muitas rodadas, todo mundo já fortaleceu demais suas
guarnições, e qualquer avanço se torna difícil de prever, por depender de um
misto de sorte e estratégia.
Vencidos alguns oponentes mais fracos,
restam na disputa Arthur Lira, com os tanques do Centrão, o governo, que tenta
esconder o jogo, e a oposição, que nas rodadas mais recentes levou a melhor nos
dados e avança pelo mapa depois de ser bastante desacreditada. Parecia que a
batalha se resolveria logo, mas agora periga avançar indefinidamente.
A entrada de São Paulo no jogo foi um fator a mudar os prognósticos. Tarcísio de Freitas demorou a se posicionar em relação aos principais pontos, mas, quando se posicionou, conseguiu juntar os governadores do Sudeste e do Sul em algumas reivindicações e na resistência ao Conselho Federativo nos moldes em que tinha sido desenhado. De quebra, vem conseguindo transformar a discussão da reforma justamente naquilo que o Executivo tentou evitar: uma disputa entre governo e oposição.