Violência na Amazônia exige ação federal
O Globo
Não será possível cumprir metas de redução no
desmatamento sem combater crime organizado na região
Não apenas as motosserras e dragas do garimpo
ilegal ameaçam a preservação da Amazônia.
Revólveres, pistolas e fuzis das quadrilhas do narcotráfico também põem a
região em risco. Isso fica evidente nas estatísticas
divulgadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública no estudo “Cartografias
da violência na Amazônia”. No ano passado, houve 9.011 assassinatos
nos nove estados que compõem o bioma, ou 36,5 por 100 mil habitantes (45% acima
da média nacional). Em relação a 2011, o crescimento foi de 77%.
São números preocupantes, que revelam o
tamanho do desafio das autoridades. A despeito das diferentes realidades
encontradas nos estados da Amazônia Legal, todos apresentam taxas de violência acima
da média nacional. Os casos mais gritantes são Amapá (50,6 mortes por 100 mil
habitantes), Amazonas (38,8) e Pará (36,9).
Quando o foco é dirigido aos municípios, a situação é ainda mais alarmante: 15 cidades apresentaram taxa superior a 80 mortes por 100 mil habitantes entre 2020 e 2022, a maioria nos estados do Pará e Mato Grosso. As mais violentas (com taxa superior a 120 mortes por 100 mil) foram Floresta do Araguaia (PA) — palco de conflitos fundiários —, Cumaru do Norte (PA) — cobiçada pelo garimpo — e Aripuanã (MT) — que combina exploração madeireira e garimpo. Os crimes se entrelaçam.