Valor Econômico
Com chances reduzidas de reeleição e blefe
escancarado pela falta de respaldo militar, Bolsonaro fica sem poder de
barganha para salvo-conduto
“Ouvi
ontem que o pessoal dele está discutindo uma PEC para que ex-presidente não
possa ser preso, vire senador vitalício. Eu sou contra. Do que esse cidadão tem
medo?” O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trouxe à tona, ao UOL, a
constatação que domina Brasília: ficou mais difícil, para Jair Bolsonaro,
conseguir um salvo-conduto, tenha este o nome de mandato vitalício, indulto ou
anistia.
Este é um tema que acompanha seu mandato,
visto que, desde a posse, deixou claro que não se elegera para governar. Ainda
faltam 65 dias para o veredito de sua excelência, o eleitor, mas o que
aconteceu nesta semana tornou improvável para Bolsonaro uma aposentadoria na
Barra da Tijuca tomando cerveja com contrabandistas de fuzis.
As primeiras pesquisas pós-benesses e a deflagração de dois compromissos democráticos, dos ministros de defesa do continente e do PIB nacional, puseram fim às ilusões. Tanto o caminho para a reeleição se estreitou quanto o presidente perdeu poder de barganha para negociar uma saída. Sem as Forças Armadas, o que lhe restaria? Os policiais militares, que já demonstraram obediência aos seus comandantes no ano passado, terão redobrados incentivos para reprisá-la. A aposta em clones de Jorge Guaranho em nada mudaria uma eventual derrota nas urnas e só complicaria a situação jurídica de seu patrocinador.