quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Fim da ‘saidinha’ de presos corrige brecha na lei penal

O Globo

Apesar da derrota do governo, Lula não deveria vetar projeto caso ele seja referendado pela Câmara

O Senado aprovou na última terça-feira o Projeto de Lei (PL) que acaba com as “saidinhas” de presos da cadeia em feriados e datas comemorativas. A proposta, que tramitava havia 14 anos no Congresso, ainda voltará à Câmara para nova votação, pois o texto foi modificado pelos senadores. Mas não se espera resultado diferente. Além do consenso evidenciado pela maioria avassaladora — 62 votos a favor e apenas dois contra —, o governo, que se opõe ao PL, não conseguiu convencer sequer os senadores de sua base. O próprio líder governista, senador Jaques Wagner (PT-BA), decidiu liberar a bancada.

A aprovação do projeto traduz um sentimento que tem tomado conta da sociedade. Por mais bem-intencionada que seja a atual legislação penal, ela está repleta de brechas que precisam ser corrigidas, especialmente num momento de crise aguda na segurança pública.

Merval Pereira - Defeito de caráter

O Globo

As conversas entre o ajudante de ordens e generais quatro estrelas como Braga Netto mostram um nivelamento por baixo de funções e linguagem que impedem o respeito à hierarquia militar

Poucas vezes a face humana de uma crise política ficou tão revelada quanto na participação dos militares na comissão que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) montou para acompanhar a votação nas urnas eletrônicas na eleição de 2022. De um lado, o presidente do TSE, ministro do Supremo Luís Roberto Barroso, mostra-se “decepcionado” com a constatação da má-fé com que os militares usaram a chance de colaborar com as autoridades, garantindo uma eleição fora de dúvidas razoáveis sobre sua honestidade.

Do outro, um presidente da República que, se aproveitando do momento, colocou todo o seu esforço para demonstrar que a eleição era manipulada por forças políticas para eleger seu adversário. A fala de Bolsonaro na reunião ministerial em que um golpe de Estado foi discutido — diante do silêncio dos inocentes de sempre — é de uma frieza assustadora.

O que era uma oferta de colaboração foi visto como erro primário de um adversário desprezível pela fraqueza de estender a mão.

— Será que eles esqueceram que eu sou o comandante em chefe das Forças Armadas? — perguntou, incrédulo, aquele que se classificou como “um fodido, um deputado do baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado”.

Míriam Leitão - O ano econômico segundo Haddad

O Globo

Ministro fala sobre a negociação com o Congresso, o foco no déficit zero, crescimento da economia e redução dos juros aqui e nos EUA

O ministro Fernando Haddad fechou ontem em conversa com o presidente Lula e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a solução do problema da MP da reoneração, que tanta reação causou. Será mandado para o Congresso nas próximas semanas um projeto de lei com urgência tratando da reoneração exclusivamente. O programa do setor de eventos, o Perse, e a compensação tributária permanecerão na MP. Na semana que vem deve ser anunciado o novo seguro para reduzir a volatilidade cambial, em mesa na qual estarão o Banco Mundial e o BID, em São Paulo.

Entrevistei por quase uma hora o ministro da Fazenda, a íntegra está transcrita no blog, e foi ao ar ontem à noite na GloboNews. Perguntei sobre a polêmica da semana, a fala do presidente Lula sobre Israel. Ele disse que para ele é muito penoso falar sobre isso como filho de libanês que deixou sua terra pelo crescimento da intolerância religiosa.

— O Padilha (Alexandre, ministro) usou uma expressão no Roda Viva (programa) que eu gostei. Ele falou: aquilo foi um grito de socorro. O presidente passou muitas horas ouvindo depoimentos e vendo imagens fotográficas e filmes sobre o que estava acontecendo em Gaza. O presidente não é um político tradicional que se mantém frio diante da morte de crianças e mulheres na escala que está acontecendo. Eu acho que o grito de socorro do presidente é pertinente. Não podemos ficar indiferentes ao que está acontecendo, que é muito grave.

Vinicius Torres Freire - Quando Lula chuta o balde

Folha de S. Paulo

Efeito maior na política, na diplomacia ou no que importa é o de impedir progressos

O tumulto causado pelas besteiras que Luiz Inácio Lula da Silva disse sobre a guerra de Israel vai resultar em nada ou quase isso. Não deve mudar a política doméstica, a diplomacia, a economia ou alterar qualquer assunto público de relevância. Isso é mau.

Entenda-se o sentido de "não mudar nada": uma situação ruim e problemas difíceis ficam na mesma, como na política doméstica. Em outros casos, a tolice ideológica temperada de ignorância e megalomania não basta nem mesmo para piorar relações condicionadas por forças muito maiores, como as relações diplomáticas com os EUA de Joe Biden.

É a inércia na lama.

A ultradireita no Congresso se aproveitou, claro, das declarações de Lula. Juntou 133 deputados para pedir impeachment. Não vai dar em nada. Já se sabia também que um quarto da Câmara é zona morta para o governo.

Maria Cristina Fernandes - Lula dá gás à polarização e sobrevida ao bolsonarismo

Valor Econômico

Antes da viagem à África, o governo vivia seu melhor momento e vai dar trabalho recuperá-lo

O afastamento de coronéis pioneiros na implementação do sistema de câmeras nos uniformes policiais de São Paulo, de uma corregedoria ativa e de pontes com o movimento social, é o último lance do bolsonarismo redivivo. Não é por coincidência que acontece agora.

Antes desta última viagem internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo vivia seu melhor momento. Indicadores econômicos positivos, barganhas congressuais sob a mira da Receita Federal e popularidade, finalmente, se mexendo para cima.

Com o Supremo e a Polícia Federal cuidando para que seu antecessor, sob flagrante golpismo, nunca mais voltasse a ver seu nome numa urna eletrônica, caberia a Lula derrotar politicamente o bolsonarismo. E foi a esta tarefa que se dedicou, com habilidade inaudita, ao encontrar os governadores dos três maiores colégios eleitorais, todos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao “normalizar” a política, Lula a trazia para o jogo que conhece, sabe e ganha.

Com a frase em que juntou Hitler e Gaza, Lula andou muitas casas para trás nesse tabuleiro. Transformou a política externa, novamente, em campo minado, quando poderia, facilmente, fazer a diferença neste terreno com moderação e equilíbrio.

Malu Gaspar - O saldo da doutrina Amorim

O Globo

Lula errou feio ao comparar a tragédia da guerra em Gaza com o Holocausto. A situação na Palestina se insere na lista de grandes atrocidades presenciadas pela humanidade, mas não chega perto do genocídio promovido por Adolf Hitler contra os judeus, como o presidente brasileiro sugeriu.

O governo Benjamin Netanyahu também errou ao tentar encurralar a diplomacia brasileira com uma emboscada diplomática e ataques destrambelhados — que podem até ter atraído algum dividendo político interno, mas não alteram o status de Israel no mundo.

Dois erros não produzem um acerto, mas parece ser isso o que pretende fazer o assessor especial do Palácio do Planalto para questões internacionais, Celso Amorim. Na última terça-feira, ele declarou que a fala de Lula “sacudiu o mundo e desencadeou um movimento de emoções” que pode ajudar a solucionar o conflito em Gaza.

Bruno Boghossian - Barulho internacional

Folha de S. Paulo

Palavras de Lula não conquistam casas no tabuleiro da guerra, e oposição se resume a reações desonestas e um 'perdido de impeachment'

Lula faz sua diplomacia como o político que é. Numa mesma entrevista, revestiu-se de cautela ao reclamar do que chamou de pré-julgamento do governo Vladimir Putin pela morte do opositor Alexei Navalni, escapuliu de uma pergunta sobre o cerco de Nicolás Maduro à ONU na Venezuela e citou o Holocausto ao criticar a matança em Gaza.

Presidentes têm uma latitude que é vedada aos diplomatas. Costumam ser ideologicamente seletivos em comentários sobre parceiros e adversários, dispensam coerência em posicionamentos públicos, surfam nas ondas de suas bases políticas e exageram no barulho para ganhar atenção em debates internacionais.

Ruy Castro - Debaixo de vara

Folha de S. Paulo

E não é que, quando Bolsonaro terá de desembuchar, Lula roubou-lhe as manchetes com uma frase?

Todos conhecemos a expressão "debaixo de vara". Já a vimos ser aplicada a garotos rebeldes cujos pais, esgotadas as tentativas racionais para sua regeneração, viam-se obrigados a adotar medida drástica —tomar o malandro pela orelha e levá-lo à força até o castigo. A orelha em chamas deveria representar o opróbrio, a vergonha de estar passando por aquilo. Era um privilégio da autoridade, da qual o "debaixo de vara" era um símbolo, reminiscente de um tempo em que a vara de marmelo, flexível e impenitente como um chicote, era um cruel instrumento de punição.

Maria Hermínia Tavares* - A bússola da política externa está avariada

Folha de S. Paulo

Brasil ainda é país intermediário, mas as circunstâncias externas vêm mudando para valer

No campo internacional, o Brasil joga no time dos intermediários. São países dotados de peso regional e alguma capacidade de influir nos assuntos globais, desde que de forma coordenada. Organizam coalizões, negociam conflitos e figuram entre os grandes defensores das instituições multilaterais­ –que lhes oferecem condições melhores para lidar com as grandes potências.

Nesse figurino, nossa política externa soube aproveitar, décadas a fio, as possibilidades abertas pelo porte do país e os seus recursos de poder. Para tanto, arrimou-se numa diplomacia profissional sóbria nos gestos, consciente dos seus limites, atenta às oportunidades e, sobretudo, firme na defesa da autonomia em face das nações mais poderosas.

William Waack – O Brasil e a anarquia

O Estado de S. Paulo

O Brasil tem grandes vantagens no embate geopolítico, não precisa buscar conflitos

Abriga desnecessária com Israel estragou a festa de presidir o G-20, mas é provável que o presidente considere que “avançou”. Faz sentido dentro da visão de mundo que orienta sua política externa personalíssima, segundo a qual a hegemonia americana explica pobreza, desigualdade, injustiças, guerras (como a de Gaza) e assim por diante, incluindo a Lava Jato.

Nessa ordem das coisas, Israel é visto como preposto de Washington, e suas ações poderiam ser inibidas se os americanos quisessem. Como comprovação está aí mais um veto dos EUA a uma resolução de cessar-fogo em Gaza no Conselho de Segurança da ONU. Cuja reforma, repete Lula, traria mais “governança” ao mundo e incluiria mais “pobres”.

Eugênio Bucci* - A foto sem fato

O Estado de S. Paulo

Somos a civilização da falsificação da imagem que interpretava os fatos. Um milhão de fotos vale mais que uma palavra de honra. E como vende. E como funciona

A credibilidade da fotografia entrou numa espécie de fadiga do material. Não há mais como não duvidar da autoridade daquela imagem realista que se abria diante dos nossos olhos como se fosse a prova definitiva de um acontecimento. Uma foto, muitas vezes, é um embuste.

Tempos atrás, quando as câmeras ainda se valiam de filmes para registrar um instante, o negativo era reverenciado como se fosse a verdade em pessoa. Acreditava-se que naquele pequeno rolo de triacetato de celulose estavam impressos fragmentos genuínos da História, um documento tão confiável quanto um caco de cerâmica de civilizações extintas, um manuscrito autêntico de um escritor célebre, um dente de dinossauro. Hoje, a conversa mudou. Estão aí as evidências escarradas de que as fotografias mentem.

José Serra - Gasto público: cortes e eficiência

O Estado de S. Paulo

Adoção no Brasil de um processo sistemático e transparente de revisão de gasto conversaria muito bem com o novo arcabouço fiscal e as regras da LRF

Desde a crise do endividamento brasileiro, nos anos 80 do século passado, a necessidade de ajuste das contas públicas aparece como uma recorrência no debate econômico. A expressão “corte de gastos” talvez seja uma das mais lidas no noticiário destes 40 anos.

É lógico que os cortes, por vezes, são necessários para que se encontre uma posição fiscal percebida como sustentável pelos agentes econômicos. O problema principal é que nosso país é excessivamente desigual e desprovido de infraestrutura, o que torna as demandas sociais sobre a máquina pública múltiplas e inescapáveis, sob a perspectiva de um país civilizado e solidário. De outro lado, há segmentos importantes de nossa economia que vivem da interação com o Estado, tanto como fornecedores de bens e serviços como beneficiários de recursos públicos. Este contexto de pressões, legítimas e ilegítimas, tende a levar as autoridades a optar por cortes lineares, especialmente em investimentos públicos, justamente para fugir às pressões setoriais e de interesses específicos.

Luiz Carlos Azedo - Werneck Vianna, intérprete do Brasil contemporâneo

Correio Braziliense

Difusor do pensamento gramsciano no Brasil, produziu ensaios que servem de referência para o estudo do liberalismo, do Judiciário e da nossa modernização conservadora

O sociólogo carioca Luiz Jorge Werneck Vianna faleceu, nesta quarta-feira, aos 85 anos. Fez parte de uma geração de artistas e intelectuais que formou o pensamento crítico da esquerda brasileira nas décadas de 1960, 1970 e 1980, entre os quais, destacam-se Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Joaquim Pedro, Walter Lima Jr., Zelito Viana, Luiz Carlos Barreto, Glauber Rocha, Leon Hirszman, Ferreira Gullar, Leon Amoedo, Tereza Aragão, Zuenir Ventura, Milton Temer, Norma Pereira Rego, Leandro Konder, Darwin Brandão, Marilia Kranz, Ziraldo, Jaguar, Albino Pinheiro, Ferdy Carneiro, Hélio Oiticica e Hugo Bidet, Hugo Carvana, Paulo Góes, Vergara, Carlinhos Oliveira, Zózimo Amaral, Tom Jobim, Carlos Lira, Vinicius do Moraes e Oduvaldo Viana Filho.

Residentes no Rio de Janeiro, em sua maioria, formavam a chamada República de Ipanema. Apesar da influência do antigo PCB no meio cultural carioca, muitos não eram comunistas e tinham profundas divergências com os militantes do setor cultural do velho Partidão, do qual Werneck fez parte. Com raízes familiares na aristocracia cafeeira fluminense, Werneck Vianna foi criado em Ipanema e estudou nos melhores colégios da Zona Sul carioca, mas teve trajetória rebelde, influenciado por autores como Monteiro Lobato, Eça de Queiroz, Fiódor Dostoiévski e Miguel de Cervantes.

Morre aos 85 anos Luiz Werneck Vianna, referência na sociologia brasileira

Folha de S. Paulo

Referência nas ciências sociais do Brasil, acadêmico foi opositor da ditadura e um dos críticos iniciais da Lava Jato

SÃO PAULO e RIO DE JANEIRO - Morreu nesta quarta-feira (21) aos 85 anos Luiz Werneck Vianna, professor e ex-presidente da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) e referência na sociologia brasileira.

O acadêmico foi autor de livros como "Liberalismo e Sindicato no Brasil" (1976), "Esquerda Brasileira e a Tradição Republicana" (2006) e a "A Judicialização da Política e das Relações Sociais no Brasil" (1999). Foi mestre em ciência política pelo Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e doutor em sociologia pela USP.

Também era graduado em direito e foi advogado de presos políticos durante a ditadura militar. Integrante do Partido Comunista Brasileiro nos anos 1960, o sociólogo teve que ir para a clandestinidade durante o período autoritário e passou um período exilado no Chile.

Vianna foi criado no bairro de Ipanema, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, e frequentou colégios de elite, mas dizia que sua família era de "de classe média, de recursos não abundantes, também não muito escassos".

Em depoimento a centro de pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas), falou sobre a aproximação no auge da ditadura de intelectuais com o MDB, que incluía a atuação de Fernando Henrique Cardoso, também acadêmico.

"Fizemos esse programa, que foi editado um livrinho vermelho: era o programa do MDB de 74 e fomos a uma reunião em Brasília", disse ele.

Morre o sociólogo Luiz Werneck Vianna: Um pensador fundamental para entender o Brasil

Luis Felipe Azevedo / O Globo

Autor de obras importantes da Sociologia brasileira, se exilou durante a ditadura e ajudou a redigir o programa político do MDB  

Morreu nesta quarta-feira o cientista social Luiz Werneck Vianna, aos 86 anos, no Rio de Janeiro. O intelectual era professor da PUC-Rio e publicou livros considerados fundamentais para a sociologia brasileira, como “Liberalismo e sindicato no Brasil” (1976) e “A revolução passiva: iberismo e americanismo no Brasil” (1997).

O cientista social estava internado no Hospital Copa D'Or. Em nota, a unidade de saúde lamentou a morte do paciente.

"O Hospital Copa D’Or lamenta profundamente a morte do paciente Luiz Jorge Werneck Vianna na tarde desta quarta-feira (21). O hospital se solidariza com a família e amigos por essa irreparável perda, também informa que não tem autorização para divulgar mais detalhes."

Nascido em 1938 no Rio, Vianna foi criado no bairro de Ipanema, na zona sul da cidade. A trajetória em escolas de elite contou com percalços. Ele chegou a ser expulso de uma instituição devido à denúncia de pais por receio de possível “influência comunista”.

Amante da literatura, o afinco por livros era observado desde a juventude. Monteiro Lobato, Eça de Queiroz, Fiódor Dostoiévski e Miguel de Cervantes são exemplos de autores que influenciaram a inclinação de Vianna pelos valores humanistas que perpassam sua carreira.

Ele ingressou na faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ UERJ) em 1958. Dois anos depois, Vianna passou a fazer parte do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Sociólogo Luiz Werneck Vianna morre no Rio

Valor Econômico

Professor da PUC, ele é autor de livros como 'Liberalismo e sindicato no Brasil'

O sociólogo Luiz Werneck Vianna morreu nessa quarta-feira (21), aos 86 anos. O sociólogo estava internado no Hospital Copa D'Or, que confirmou a morte por meio de nota e informou não ter autorização para divulgar mais detalhes.

Werneck nasceu no Rio em 1938 e se formou em direito na antiga Universidade do Estado da Guanabara, atual Uerj, em 1962. Depois, graduou-se em ciências sociais pela UFRJ, em 1967.

O sociólogo militou em movimentos comunistas e atuou no Centro Popular de Cultura. Em fins de 1970, no auge da repressão do regime militar, foi perseguido e exilou-se no Chile. Retornou um ano depois ao país e foi detido por seis meses.

No Brasil, publicou uma série de livros considerados fundamentais para a sociologia brasileira, como “Liberalismo e sindicato no Brasil”.

Werneck Vianna foi colunista do Valor entre 2010 e 2011, onde escrevia semanalmente às segundas-feiras, e fazia análises do cenário político do país.

O sociólogo atuou em mais de uma dezena de instituições universitárias pelo país. Atualmente, era professor da PUC-Rio, que, em nota, lamentou a morte do sociólogo: “Luiz Werneck Vianna foi um intelectual de grande relevância para o campo da sociologia e para a comunidade acadêmica como um todo. Seu legado se estende nas orientações de muitas gerações, estudos e reflexões sobre a sociedade brasileira, onde deixou uma marca indelével na história do pensamento social no Brasil.”

Na nota, a universidade lembrou da trajetória de Werneck Vianna e sua contribuição para o “avanço do conhecimento científico e para o debate público”.

Abaixo, a íntegra da nota divulgada pela universidade.

Luiz Werneck Vianna* - Onde mora o perigo (O último artigo, do meu amigo, no Blog, 17.2.2023.

Quase dois meses da defenestração do fascismo tabajara do Estado já se respira melhor e o alento da esperança se faz sentir mesmo no caminho de pedras que temos pela frente. Verdade que o governo democrático tem agido com tino, reforçando e ampliando suas alianças, além de perseguir pautas de larga aceitação como as da consolidação das nossas instituições e, principalmente, na sua opção pelos temas ambientais, hoje quase consensuais. Contudo, o cenário, na aparência inofensivo, mal esconde as ameaças que nos rondam. Estropiado como está, depois do insucesso da trama golpista de 8 de janeiro, o bolsonarismo ainda é um movimento político com forte representação no poder legislativo e conseguiu atrair segmentos da população curtidos pelo ressentimento, homens e mulheres, boa parte de meia idade, que encontraram nele um sentido para suas vidas obscuras e solitárias e deve persistir como força eleitoral, ao menos a curto prazo.

Poesia | Soneto da doce queixa, de Federico García

 

Música | Marisa Monte - Você não liga