terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Molambos golpistas

Roberto Freire
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Mais do que ficar na superfície dos trapos juntados pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP) numa trouxa que vem sendo chamada indevidamente de reforma política, o País precisa estar alerta para a traça que se esconde dentro desse embrulho. Escolhido pelo governo relator da “reforma” - cuja admissibilidade já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara -, ele deu vida a uma tese do fim da reeleição com prorrogação de todos os mandatos - tanto de parlamentares quanto de prefeitos, governadores e presidente da República. Feita a modificação, estaria consolidada uma situação nova que - sonham alguns golpistas - talvez pudesse, quem sabe, em vez da imoral prorrogação, viabilizar uma emenda que desse direito a Lula de se candidatar novamente.

A grande vitória do PT e de seus aliados na admissão da proposta de João Paulo Cunha é que neste ano se poderá instaurar uma comissão especial para tratar da “reforma” que eles querem. Na verdade, de alterações que interessam ao Palácio do Planalto, mas que em nada mudam a relação entre representantes e representados. Mudanças mais substanciais, que iriam fazer diferença na vida do País e aprofundar a democracia, foram propostas no relatório da Comissão Especial da Reforma Política ainda em 2008.

Mas a maioria dos deputados da base aliada impediu a aprovação delas. Esses parlamentares não viram vantagens para si e para suas candidaturas com o fortalecimento dos partidos e o fim da troca de favores entre os que investem em candidatos e aqueles que conseguem chegar ao posto de representantes - sabe-se lá se da sociedade ou daqueles que os financiaram. As propostas de adotar listas fechadas, financiamento público e outras, que trariam mudanças realmente importantes para a democracia no Brasil, quedaram-se derrotadas diante de um plenário lotado mais de interesses próprios que de deputados.

É de perguntar se o próprio PT - que votara a favor do relatório que visa à implantação dessa reforma profunda - e o governo, também, não se uniram a essa tese de que é melhor maquiar o ruim e apresentá-lo como novo do que realmente mudar algo em favor do futuro, da ética, da legitimidade da representação da cidadania, enfim, de novos tempos na política. Ao ver o teor da esfarrapada “reforma”, não tenho dúvida: houve mais um retrocesso desse partido, que, não é de hoje, perdeu o constrangimento de cometer toda e qualquer ação que um dia condenou. Para comandar mais essa indignidade escolheram um homem dentre aqueles que já carregam a marca do governo Lula: o processado por corrupção. Assim, não paira dúvida alguma de que a coisa não é para ser séria.

Além de atender a interesses de algumas lideranças e partidos, os farrapos da “reforma” vêm infestados de larvas, como a tentativa de prorrogação de mandatos, a esdrúxula e antidemocrática tese de coincidência das eleições em todos os níveis de representação. Não convém esquecer que tal propósito prorrogacionista e de coincidência de mandatos só foi concretizado uma única vez em toda a nossa história, pela ditadura que começou em 1964, no tristemente célebre Pacote de Abril. Quem diria: o governo de Lula e do PT, além de explicitar, várias vezes, admiração por generais e tecnocratas do regime ditatorial, passa a adotar os expedientes e casuísmos políticos que mandavam às favas os escrúpulos! Péssimo exemplo para nele se mirar.

Já seria trágico se essa enganação terminasse naquilo que o petista mensaleiro encalacrado no Supremo Tribunal Federal propôs. Mas, não. Aninhada onde a cidadania não pode enxergá-la e protegida da luz do sol e da decência está a traça do terceiro mandato, verdadeiro objetivo dessa variedade de molambos da “reforma” que passa a tramitar na Câmara este ano. Aliás, Chico Science, um grande e criativo pernambucano que sabia das coisas, já dizia: “Molambo, boa peça de pano pra se costurar mentira/ molambo boa peça de pano pra se costurar miséria...” Infelizmente, os molambos dessa “reforma” política que o Congresso vai digerir em 2009 podem servir para costurar um golpe!

É certo que a praga da tentativa de assalto ao poder está atacando candidatos a ditador na vizinhança. Exemplo clássico é o do coronel Hugo Chávez, que sonha com reeleição ilimitada. Insulta a democracia e tem o discreto apoio do amigo Lula, que contemporiza dizendo que o que não falta na Venezuela é eleição. Chávez apela para plebiscitos para se manter no poder. Perdeu o último, mas não desanimou. Já anunciou para este mês de janeiro uma nova consulta. Disse que não foi derrotado, que o resultado foi apenas um “por enquanto”.

O “por enquanto” de Lula são duas propostas descaradas de deputados sobre plebiscito pelo terceiro mandato. Ele finge que não vê, desconversa, diz que é contra, mas, vira e mexe, reclama ao povo que oito anos são pouco tempo para fazer tudo o que o País necessita.

Enquanto a candidata anunciada pelo presidente à sua sucessão, a ministra Dilma Rousseff, não decola e as recentes eleições municipais demonstram que Lula não transfere voto, como seus aliados gostariam, os trapos de “reforma” acolhidos pela Câmara servem de cortina de marionetes que apontam para um outro caminho, digamos, alternativo: o fim da reeleição.

Até poderíamos discutir a possibilidade de acabar com a reeleição - embora, pessoalmente, eu seja favorável à sua vigência no País -, mas a condição sine qua non para isso seria que os princípios do respeito à democracia e à República presidissem o debate. O governo do PT, o presidente Lula e alguns partidos que o apoiam no Congresso, lamentavelmente, não possuem essa condição. Prova mais cabal disso é a própria “reforma”.

Não é com molambos que iremos costurar as mudanças que o Brasil reclama.

Roberto Freire é presidente do PPS

Visão oficial

Merval Pereira
DEU EM O GLOBO

NOVA YORK. O jornalista Ricardo Kotscho, primeiro assessor de imprensa do presidente Lula, ensinou a ele a diferença entre notícia e propaganda: notícia é tudo aquilo que o governo não quer ver publicado. O resto é propaganda. Mas Lula, ao que tudo indica, não aprendeu. Dando sequência a diversas declarações espaçadas com críticas à imprensa, que considera que só vê o lado negativo, o número de janeiro da revista "Piauí" traz uma reveladora entrevista do presidente feita pelo editor-chefe da revista, Mario Sérgio Conti, especificamente sobre sua relação com a imprensa, uma relação, do seu ponto de vista, tumultuada e injusta desde que assumiu a Presidência da República, em 2003.

Mas, a se julgar pelo que está dito na entrevista, o que está tumultuada é a capacidade de julgamento do próprio presidente, a começar pelo fato de que ele admite que não lê jornais e revistas, não acessa a internet para ler notícias, não lê blogs de jornalismo, não vê televisão, porque tem azia.

Embora passe a entrevista reafirmando a importância da liberdade de imprensa e que não quer que apenas falem bem dele, o presidente Lula revela todo o seu desagrado com o noticiário crítico e, assim como quando se vangloria de ter chegado à Presidência sem ter uma educação formal estimula a falta de estudos, desqualifica a importância da imprensa na vida do país.

Então, como se informa o presidente da República? Além das audiências, onde recebe representantes da sociedade brasileira que lhe transmitem suas opiniões e sensações que seriam, segundo ele, um painel amplo do que acontece no país, Lula recebe informações especialmente de dois assessores diretos: de Clara Ant, assessora especial, e do jornalista Franklin Martins, ministro da Comunicação Social.

Quando consideram que merece a atenção do presidente, eles até lhes levam recortes de jornais e vídeos de reportagens. Na maior parte das vezes, porém, o que lhes transmitem, como fica claro na entrevista de Lula, são suas opiniões pessoais sobre o que está sendo publicado.

Clara Ant, por exemplo, conta que fica revoltada quando insinuam que o presidente Lula não gosta de ler. Na Casa Branca, diz ela, os relatórios que saem de uma imensa estrutura de seleção e análise de notícias acabam em um documento para a secretária de Estado, Condoleezza Rice, em pequenos parágrafos de não mais de quatro linhas cada.

O que Clara Ant não conta, ou não sabe, é que é assim porque também o presidente George Bush não é muito chegado a uma leitura. Quem conta é Richard Clarke, chefe do conselho de contraterrorismo da Casa Branca, no número de fevereiro da revista "Vanity Fair", já nas bancas:

"No início da administração, Condy Rice e seu adjunto, Steve Hadley, disseram francamente: não deem ao presidente um bando de longos memorandos. Ele não é um grande leitor".

Temos então um presidente que confessadamente se informa do que acontece pelo mundo ou com assessores que pensam como ele, ou com pessoas que pediram uma audiência e dificilmente vão ao Palácio do Planalto para criticar, mas para pedir favores ou decisões do governo.

Mas tanto o presidente Lula quanto o ministro Franklin Martins têm opiniões muito parecidas sobre a importância da grande imprensa. Os dois acham que o surgimento de canais de informações alternativos, com os novos meios tecnológicos, dá mais pluralidade ao noticiário e neutraliza a influência dos formadores de opinião, o que ajudaria o presidente Lula, em última análise.

Embutida nessa tese está a teoria da conspiração de que os grandes veículos de informação estão unidos contra o governo Lula. Em mais uma incongruência, Lula repete na entrevista uma tese que já havia firmado anteriormente, de que ele só chegou à Presidência graças à liberdade de imprensa existente no país.

Já que escrevo dos Estados Unidos, não é demais relembrar o grande jornalista Jack Anderson, considerado o pai do jornalismo investigativo, segundo quem a necessidade de a imprensa ocupar um lugar antagônico ao governo foi percebida com clareza pelos fundadores dos Estados Unidos, e por isso tornaram a liberdade de imprensa a primeira garantia da Carta de Direitos.

"Sem liberdade de imprensa, sabiam, as outras liberdades desmoronariam. Porque o governo, devido à sua própria natureza, tende à opressão. E o governo, sem um cão de guarda, logo passa a oprimir o povo a que deve servir".

Thomas Jefferson entendeu que a imprensa, tal como o cão de guarda, deve ter liberdade para criticar e condenar, desmascarar e antagonizar. "Se me coubesse decidir se deveríamos ter um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir a última solução", escreveu ele.

Para o ex-presidente americano, o caminho mais eficiente até hoje encontrado para a busca da verdade é a liberdade da imprensa. "Por isso, é o primeiro a ser fechado por aqueles que receiam a investigação de suas ações".

A visão de Lula talvez se aproximasse mais da realidade, e ele saberia mais cedo que o mundo estava numa crise de proporções bem superiores a uma marolinha se, como todo cidadão interessado no país, lesse jornais, revistas, visse o noticiário da televisão, lesse os blogs, se informasse, enfim, com a pluralidade que a democracia oferece, e não apenas com subordinados ou dependentes.

Os canais de informação do presidente, porém, estão mais para propaganda do que para notícia. Ele montou uma estrutura de propaganda que não há no país talvez desde a Era Vargas, coroada pela criação de uma TV oficial, assim como, dentro de suas possibilidades, Evo Morales está lançando um jornal oficial na Bolívia.

Do que eles gostam mesmo é de uma imprensa oficial.

Gente que fala

Dora Kramer
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Visto assim do alto, o incentivo à gastança do presidente Luiz Inácio da Silva parece só mais um exercício de oratória à deriva, ainda mais quando em contraste com a defesa da contenção de gastos feita pela maioria dos prefeitos em seus discursos de posse.

A menos que o governo federal estivesse em vias de criar algum tipo de programa beneficente para municípios, uma espécie de bolsa-prefeitura, o que o presidente da República diz não guarda a menor relação com o que a realidade financeira dos prefeitos permite.

Examinada mais de perto, porém, a manifestação de Lula revela uma precisa intenção de natureza política: pontuar uma diferença, marcar um contraponto, prorrogar a identificação da era Lula com os tempos de bonança na economia, manter colada a imagem de Lula à fortuna, preservar a associação de sua figura à fartura.

Assim, quando os ventos mudarem e os efeitos dessa mudança trouxerem um cotidiano mais difícil, Luiz Inácio reinará consolidado como o arauto da boa sorte, do Brasil exuberante.

Fixada desse modo a lembrança, no mínimo fica garantido o registro histórico para sempre favorável. No máximo, pavimentado com bom asfalto o caminho de volta mais à frente se as circunstâncias permitirem.

Seja qual for a agenda da crise, sejam quais forem as necessidades de prefeitos, governadores, candidatos e até do futuro presidente, Lula continuará passando ao largo da adversidade enquanto os outros se encarregam de transmitir ao País as notícias mais realistas.

Ficam assim divididas as tarefas: “eles” fazem o que é preciso fazer e Lula fala o que lhe convém dizer.

Tal distribuição de trabalho serve tanto para os dois últimos anos de governo quanto para a campanha eleitoral de 2010 e, se for o caso, para o PT na eventualidade de voltar a ser oposição no próximo mandato presidencial.

A discrepância nos discursos não significa que os defensores da contenção sejam responsáveis e que Lula e a turma do todo vapor sejam desprovidos de juízo.

A estes talvez falte um pouco de escrúpulos quando vendem a exuberância, os investimentos, a melhoria da infraestrutura como se aqueles não abraçassem a mesma causa por ausência de sensibilidade ou de “vontade política”.

Detalhe que não chega a impressionar, muito menos a configurar novidade. Trata-se, aliás, de um dos aspectos em que Lula mantém a coerência. Sempre fiel à missão de renovar esperanças, não obstante a falta de compromisso com as circunstâncias objetivas.

Lua de fel

Há mais de um mês o PMDB tenta produzir uma conversa “sigilosa” e “definitiva” entre Luiz Inácio da Silva e José Sarney. No dizer da cúpula do partido seria uma conversa de “presidente para ex-presidente”, com a finalidade de resolver a questão da presidência do Senado.

Questão esta, diga-se, transformada em problema - o primeiro da série “rumo a 2010” - porque o PMDB assim deseja. Se o partido preferisse uma convivência pacífica com o governo, deixaria as coisas no curso natural, disputando a presidência da Câmara com o apoio do PT e apoiando o parceiro para o comando do Senado.

Como investe na desarmonia, inventa obstáculos e transfere para Lula a tarefa de remoção. Se o presidente da República estivesse mesmo interessado em se avistar com Sarney ou se enxergasse nesse encontro a solução de fato, já teria chamado o senador.

O PMDB, da mesma forma. Se visse nisso uma saída real e se quisesse mesmo preservar o sigilo da conversa, não tomaria a iniciativa de manter o assunto vivo no noticiário.

Portanto, o objetivo do partido não é outro senão o de criar dificuldades para depois pôr preço nas facilidades.

O presidente da República tem clareza do quadro e o PMDB sabe que Lula enxerga a existência de ocultas intenções, mas ambos se fazem de mortos. Até o momento em que um dos dois resolva dar o bote no coveiro.

Tal qual

Pode ser só uma coincidência. Mas pode também ter sido fruto de um conselho de um antigo amado mestre, a visita de surpresa a um hospital público feita por Eduardo Paes no domingo, aos primeiros acordes de seu mandato como prefeito do Rio.

A presença física em filas e hospitais foi a forma escolhida por José Serra para inaugurar sua gestão à frente do Ministério da Saúde, no governo Fernando Henrique. Obedecendo à seguinte lógica: se um problema é de difícil solução, o agente público deve pelo menos transmitir à população interesse por ele.

Antes de se filiar ao PMDB, depois de sair do PFL, Eduardo Paes foi do PSDB, onde ocupou a secretaria-geral por obra de José Serra, a quem continua muito ligado.

Medida provisória

A nomeação do delegado Paulo Lacerda como adido policial da embaixada brasileira em Lisboa é da maior relevância. Além de urgente, claro.

O primeiro embate rumo a 2010

Raymundo Costa
DEU NO VALOR ECONÔMICO

Lula joga duro nas eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Em 2005, o presidente se omitiu numa disputa interna do PT e foi obrigado a engolir Severino Cavalcanti. Gato escaldado tem medo de água fria, e agora, no seu penúltimo ano de governo, ele tenta segurar a unha a sucessão para as Mesas do Congresso. É a prioridade política do governo no trimestre, mas está difícil.

O principal obstáculo é a insistência do PMDB, majoritário nas duas Casas, em eleger tanto o presidente da Câmara como o do Senado. Lula pensa diferente: é uma ou outra. Para o PMDB ficar com as duas, a condição é que no Senado seja eleito alguém da estrita confiança de Luiz Inácio Lula da Silva. Por lá, só um pemedebista atende esse requisito. Chama-se José Sarney.

O problema é o Senado porque supostamente a eleição na Câmara está resolvida por força do acordo firmado em 2007 entre PMDB e PT para eleger o deputado petista Arlindo Chinaglia. Agora seria a vez do pemedebista Michel Temer (SP) ser o nome do PT e da base do governo. Mas já há dois outros candidatos na praça: Ciro Nogueira (PP-PI) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Publicamente o PT diz que cumprirá o acordo firmado. Na prática, faz outras leituras da movimentação do PMDB e do presidente do partido, Michel Temer. Uma delas é a de que Temer, ao perceber que era movediça a areia na base de sustentação do governo, tratou de se aproximar rapidamente da oposição, reunindo-se com PSDB e DEM.

Nas palavras de um aliado de Lula foi como se Temer dissesse "olha, eu sou o candidato, vocês estão rompendo o acordo ou fazendo ouvidos moucos ao acordo, então eu tenho essa alternativa". Segundo esse petista Temer faria melhor se agitasse o acordo: "olha, nós temos um acordo, esse é o entendimento". Reunir com o DEM só serviria para queimar Michel Temer no governo tanto quanto ou mais do que a ligação de seu grupo com o governador de São Paulo, José Serra.

Se for cumprido à risca o acordo fechado pelo assessor de assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, que à época presidia o PT, Temer ganha a eleição sem precisar do DEM ou do PSDB. Mas a realidade é que a boa prática política recomenda que o presidente da Câmara governe também com a oposição, que tem na Mesa da Câmara uma posição proporcional ao tamanho de suas bancadas. O presidente da Câmara não é pau mandado do Executivo, É chefe de um Poder independente, e o segundo na linha sucessória em casos de impedimento do chefe da Nação.

No Senado, a situação se resolve se Sarney concordar em ser novamente candidato. Do contrário, Lula torce o nariz para qualquer outro nome da bancada do PMDB.

Em encontro recente com integrantes de um partido aliado, Lula mostrou um enfado estudado com as eleições para o comando da Câmara e do Senado.

Na conversa disse não entender como deputados e senadores brigavam tanto pelos cargos das Mesas Diretoras, para no final eleger um Severino Cavalcanti. A referência cabia também em Garibaldi Alves (PMDB-RN), atual presidente do Senado, "um desnorteado", segundo a expressão usada durante o encontro com os parlamentares aliados.

Oficialmente, o "desnorteado" é o candidato da bancada do PT, muito embora seja discutível juridicamente se ele pode concorrer novamente ao cargo. Aliás, ao lado de intervenções inconvenientes em cerimônias públicas de outro poder, como a Presidência da República, a própria recandidatura Garibaldi tem um quê de "déjà vu" na política brasileira.

A opção do PT é o senador Tião Viana, do Acre. Viana tem problemas com mais de uma bancada, mas tem sido criticado mais por suas virtudes que pelos defeitos. O seu maior adversário é o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que tenta recuperar espaço político depois que foi obrigado a renunciar à presidência do Senado, por razões amplamente conhecidas.

A eleição para as Mesas é o primeiro desafio, para Lula, de uma jornada política que começa agora em 2009 e termina nas eleições de 2010. O próximo será mudar o ministério, mesmo a contragosto. Uma reforma cuja extensão dependerá do tamanho do estrago que as eleições para a Câmara e o Senado fizerem na autoridade e na base do governo.

Raymundo Costa é repórter especial de Política, em Brasília. Escreve às terças-feiras

Reis mortos, rei posto

Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Depois das baixas de um lado e de outro, petistas e tucanos acabaram sem nomes que possam ser considerados "naturais" na disputa por São Paulo, a joia da coroa entre os governos estaduais. É assim que emerge o novo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho. Marta Suplicy não apenas perdeu a eleição para Gilberto Kassab como perdeu a compostura ao usar preconceitos sexistas, logo ela!, contra um adversário político. Ela tem voto, mas enfrenta resistências crescentes no próprio PT.

Aloizio Mercadante perdeu uma enorme chance de ficar na dele ao se enredar pela história, até hoje muito mal explicada, das malas de dinheiro para fabricar dossiês contra oposicionistas. Fernando Haddad faz boa figura, mas nunca disputou eleições assim e jura que não quer, João Paulo está soterrado sob o processo do "mensalão" e Antonio Palocci, esse, sim, seria um candidato de bom calibre.

Sua campanha, porém, tende a ser uma corrida de obstáculos, para saltar o julgamento do caso do caseiro Francenildo, explicar aquela turminha da pesada em Ribeirão Preto e sobreviver à pancadaria implacável da oposição.

Já Luiz Marinho... Bem, ele é amigo do homem, tem a origem sindical do homem, foi ministro do homem e teve suporte do homem -o que se traduziu em apoio em espécie. Um dos recordistas em arrecadação, o novo prefeito também foi o quinto maior doador de campanhas de vereadores aliados.

Ao recuperar São Bernardo para o PT, depois de 16 anos de abstinência, Marinho também surpreendeu anunciando um acordo com Kassab (DEM), que lhe rendeu dois votos dos demos e a maioria na assembleia. Não está aí para brincadeira.

Com tanto petista descendo a ladeira, o mínimo que se pode dizer é que Marinho, 50, embalou na subida. O problema é que, quanto mais Lula der um empurrãozinho para cima, mais os postulantes petistas tentarão empurrar para baixo.

Uma bolha nova e o rinoceronte


Vinicius Torres Freire
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Povo dos mercados nos EUA mais e mais fala sobre o risco da alta excessiva do preço dos títulos do governo americano

QUANDO OS estilhaços da bolha de ações ainda faziam estragos, em 2002, já havia alertas sobre uma nova bolha que se formava nos EUA: a imobiliária. Havia diagnósticos inteligentes e experts mercadejando profecias. Para citar apenas um nome ilustre, Paul Krugman, ora Nobel de Economia, escrevia assim: "Se tivermos, de fato, uma bolha imobiliária, e, se ela estourar, vamos [os EUA] ficar incomodamente parecidos com o Japão".

Não se tratava de discussão arcana, mas um rumorejo ao alcance de quem lesse jornais financeiros ou "papers" de seminários econômicos.

Escrevendo em setembro de 2002, um articulista da Folha observava: "Parênteses sobre a nova bolha: começa a se discutir nos Estados Unidos o perigo da bolha imobiliária. Isto é, uma valorização desmedida de propriedades imobiliárias, as quais serviriam de base para financiar gastos. Se desinflada, a bolha imobiliária criaria uma onda de calotes", com o que o valor de parte dos ativos escorados no preço de imóveis desapareceria.

O mercado de ideias e palpites econômicos sempre oferece adivinhações catastrofistas e otimismos abilolados para quem quiser comprá-los. Em geral, profecias erradas desfazem-se e são esquecidas como o papel barato em que foram escritas. Mas alguns palpites, ainda que se revelem errados, podem ser equívocos úteis. Pode ser o caso do rumor sobre a "bolha" do mercado de títulos do governo americano.

Comparada à inflação dos ativos "pontocom" e imobiliários, a alta dos preços dos títulos do Tesouro dos EUA é um problema muito menos "estrutural", digamos, e de dimensão menor. Mas o rumor sobre o risco da alta excessiva desses papéis fica cada vez mais intenso.

Os títulos americanos tornaram-se uma espécie de colchão universal. O temor do risco, entre outros fatores, levou investidores a comprarem tais papéis, que assim se valorizaram. Assim, o rendimento dos títulos que vencem em três meses flutua, desde setembro, pouco acima de zero, quando não é zero mesmo. No vácuo dessa fuga do risco, o valor de outros ativos despencou (embora por vários motivos), encarecendo o custo do crédito para o setor privado e barateando o financiamento da enorme e crescente dívida americana.

Se os investidores se cansarem do rendimento zero e/ou a economia mundial começar a se recuperar ("quando e se"), o valor de tais títulos cairá, os juros "básicos" americanos aumentarão e o valor de algum outro ativo vai inflar.

O governo dos EUA poderia, então, comprar seus papéis, baixando o seu custo de financiamento, mas despejando mais dinheiro na praça, em tese aumentando o risco de inflação e de o dólar perder valor (o que em tese poderia provocar alguma fuga de ativos dos EUA) etc. Como disse o economista Kenneth Rogoff, na atual crise, temer um pouco mais de inflação é como se preocupar com sarampo quando o risco é de peste. E o rápido e monumental aumento da dívida americana, e o movimento de placas tectônicas que tal fenômeno provoca, talvez nem seja uma "bolha".

Mas que isso parece com um rinoceronte bravo preso dentro de uma loja de cristais, ah, isso parece.

Por um pacifismo radical

Marcos Nobre
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

É PRECISO tomar posição nos conflitos no Oriente Médio. Mas qual? E, sobretudo, como? A única coisa de certo no momento é que Israel tem de ser obrigado a parar sua ofensiva militar. Se o objetivo for a guerra, basta tomar posição por um dos lados. Mas e se o objetivo for a paz, e não derrotar um inimigo?

Os ataques de Israel podem ser qualificados, sem medo de errar, de massacre. (Em vista das barbaridades perpetradas na história, no século 20 em particular, a expressão "genocídio" deveria ser utilizada com muito critério). Mas é fato também que o Hamas tem por objetivo a destruição de Israel, e não a convivência entre dois países soberanos. Há uma aliança perversa entre os que desejam aniquilar o outro dos dois lados, o que, na prática, garante uma guerra até o fim dos tempos.

É verdade que Israel saiu de Gaza. Mas estrangulou o governo local do Hamas em todos os sentidos, de modo que atacar Israel parece mais um último recurso desesperado. Como os ataques são frequentes dos dois lados, é difícil dizer quem atacou primeiro. Seja como for, com o ataque, Israel passou a ter então o legítimo direito de se defender. Mas, em lugar de se defender, aproveitou para lançar uma ofensiva.

Na situação atual, qualquer perspectiva de paz parece enterrada por um bom tempo. Israel passou décadas tentando influenciar a política palestina de maneira a fazer surgir um líder moderado e confiável. Quando finalmente conseguiu -com Mahmoud Abbas-, suas ações levaram à divisão da Palestina em duas e à desmoralização completa de Abbas.

Em um quadro como esse, a única maneira de resistir à guerra é defender um pacifismo radical, sem tomar posição prévia por nenhum lado. Toda e qualquer ação que tenha consequências bélicas deve ser condenada, independentemente de que lado venha.

Se Israel impede o funcionamento do governo do Hamas em Gaza, se o Hamas se nega a reconhecer o direito de existência a Israel, se Israel se recusa a reconhecer o governo do Hamas como legítimo, se o Hamas ataca militarmente Israel, em todos esses casos, ambos os lados devem ser condenados da mesma maneira.

Isso não significa dizer que há equilíbrio entre as forças. É patente a superioridade de Israel em termos de aparato estatal e de poderio militar. Um ato bélico praticado por Israel é certamente mais destrutivo do que um praticado pelo Hamas. Mas, em um estado de guerra, a pior ilusão é a de achar que a paz só pode ser buscada depois de alcançado um equilíbrio de forças. É o ingrediente mais poderoso para a continuidade da própria guerra.

Marcos Nobre escreve às terças-feiras nesta coluna.

Solavancos da sabedoria econômica

Luiz Gonzaga Belluzzo
DEU NO VALOR ECONÔMICO


"Os fanáticos do livre mercado argumentam que a crise financeira decorre de uma falha dos governos que mantiveram o dinheiro muito barato depois do estouro da bolha tecnológica em 2000. Os mercados teriam sido temporariamente enganados pelos governos. Para dizer pouco, uma defesa ridícula: se os mercados são tão facilmente ludibriados, não podem ser lá muito eficientes." - Robert Skidelsky na revista Propect, 12/2008

Nos Estados Unidos, desde meados dos anos 90, no terreno fértil das hipóteses fantasiosas sobre as virtudes da Nova Economia medraram previsões majoritárias sobre um crescimento ininterrupto e prolongado.

Primeiro, foram celebrados os ganhos de produtividade proporcionados pelo avanço tecnológico. No período 1996-2000, a economia americana foi, de fato, abalroada por uma onda de inovações que animou os investimentos e estimulou uma forte concentração de capitais - não só na área produtiva, mas também nos bancos e nas finanças. A onda de inovações nucleadas pelas tecnologias de informação e estimuladas pela criatividade financeira excitou a formação de capacidade produtiva e viabilizou ganhos importantes de produtividade. As avaliações favoráveis quanto à evolução dos lucros na Nova Economia deslancharam o crescimento do gasto privado (consumo e investimento) nos novos produtos, amparado na forte expansão do crédito e na conseqüente ampliação das margens de endividamento das famílias e das empresas. As avaliações otimistas engendraram a formação de um processo altista nas bolsas, o que valorizou o balanço das empresas e o patrimônio líquido das famílias, revigorando o gasto privado. As perspectivas de novos ganhos patrimoniais e o crédito abundante impulsionaram as fusões e aquisições e estimularam a recompra de ações; isto, por sua vez, realimentou a capitalização nas bolsas.

No período 1996-2000 a economia real "explodiu": as empresas e as famílias aumentaram significativamente os gastos acima da renda corrente e as avaliações otimistas acerca dos lucros e dos rendimentos futuros - ainda alentados pelo espetacular desempenho das ações na bolsa de valores e pelo mito da nova economia - levaram o dispêndio privado a exceder a renda corrente. Esta diferença chegou a 6% do PIB no último trimestre de 2000.

No segundo ciclo de expansão - a farra das hipotecas - a construção residencial e a valorização exuberante dos imóveis generalizaram o estímulo ao consumo e o sobre-endividamento para as famílias que não tinham acesso ao mercado de ações. Nas duas etapas da inflação de ativos e de consumismo turbinado, a "poupança externa" dos produtivistas asiáticos fechou a conta, sancionando os déficits privados.

No primeiro episódio da "exuberância irracional", os ganhos de produtividade - realmente impressionantes - deram força à argumentação de Alan Greenspan, empenhado em justificar a resistência do Fed às sugestões de controle do crédito. No segundo tempo da jornada nas estrelas - o da supervalorização dos imóveis residenciais - outro argumento, já exarado na primeira "bolha", começou a prevalecer: a chamada Hipótese dos Mercados Eficientes. Formulada nos anos 70 por Eugenio Fama, a hipótese pretendia ensinar que todas as informações relevantes sobre os "fundamentos" da economia estão disponíveis em cada momento para todos os participantes dos mercados que avaliam os títulos de dívida e os direitos de propriedade. Diante das informações existentes, as decisões dos agentes racionais dariam ensejo à melhor estimativa possível sobre os preços dos ativos e, consequentemente, à melhor distribuição possível dos recursos entre os diferentes ativos. Em condições competitivas, não sobrevivem estratégias "ganhadoras" capazes de propiciar resultados acima da média.

A escultura do touro que dá boas vindas aos freqüentadores e visitantes de Wall Street sabe que a Hipótese dos Mercados Eficientes é uma fábula moralista recheada de letras gregas para simular respeitabilidade científica. Com ela, os nefelibatas da academia tratam de explicar aos trouxas que as estripulias bem remuneradas dos criativos rapazes do mercado são "ineficientes" para bater o mercado. Em artigo recente na revista Prospect, Robert Skidelsky, autor da mais completa biografia de Keynes, afirmou que a hipótese dos mercados eficientes "revela a falência intelectual da corrente dominante em economia. Ela não pode prever nem explicar a derrocada financeira porque os economistas acreditam que os mercados são auto-regulados".

A julgar pelo valor dos bônus, as façanhas dos mercados financeiros têm sido muito úteis para os rapazes do mercado. Também são "eficientes", se compreendidas tais façanhas em seu papel de impulsionar o "animal spirits" dos possuidores de riqueza na busca de novas oportunidades de lucro. Na economia capitalista moderna, a grande concentração de capital fixo, a competição feroz pela inovação tecnológica incorporada nas novas gerações de bens de produção e de consumo e os instrumentos de alavancagem financeira estão articulados de modo a suscitar o aumento continuado da produtividade social do trabalho.

O processo de reprodução capitalista - em suas indissociáveis dimensões material, financeira e monetária - impôs a dominância do sistema de crédito e dos mercados de avaliação da riqueza - incluído o Banco Central - na hierarquia de poderes que comandam a concorrência entre as empresas. (As inovações financeiras recentes e outras nem tanto são descendentes das técnicas de "alavancagem" dos bancos de depósito e dos procedimentos de repartição do risco).

No capitalismo realmente existente, o jogo da concorrência nos mercados alavancados obriga os gestores da grana e do risco a buscarem o rendimento acima da média, sob pena de serem desbancados pelo rival da esquina. Ligada a ignição da ganância infecciosa, os tripulantes não podem brecar o comboio da alegria. Por isso, no auge da euforia financeira quase todos os agentes estão numa situação Ponzi: se a ciranda pára de rodar, a tigrada quebra. Bernie Madoff não é a exceção, mas o abuso da regra.

Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, e professor titular do Instituto de Economia da Unicamp, escreve mensalmente às terças-feiras.

Palestina: Criação de dois Estados

Dina Lida Kinoshita
Professora da USP e da Executiva Nacional do PPS

A decisão da ONU de novembro de 1947 foi pela partilha da Palestina e da criação de dois Estados: o Estado de Israel e um Estado Palestino. O primeiro foi criado em maio de 1948 e o outro até hoje não saiu do papel. Em 1967 Israel ocupou na Guerra dos Seis Dias as Colinas do Golan que pertenciam à Síria, Jerusalém Oriental, a Cisjordânia, Gaza e o Sinai. Ainda nos anos 80 Israel devolveu o Sinai para o Egito e selou a paz com este país. A direita nacionalista e os fundamentalistas religiosos de Israel não permitem a solução de "paz por terra" e os fundamentalistas palestinos do Hamas, da Jihad e do Hizbolah bem como diversos países árabes não querem reconhecer o Estado de Israel.

devemos lutar por dois Estados para dois povos com suas fronteiras seguras e as respectivas capitais em Jerusalém ou por uma Jerusalém internacionalizada. Quando digo que devemos lutar por uma solução pacifica e negociada através do diálogo para que os palestinos tenham o seu Estado nos territórios ocupados desde 1967 e o Estado de Israel seja reconhecido por árabes e palestinos, é porque a história vem mostrando que a via militar não resolve mais os conflitos que surgem no mundo.

O Hamas tem utilizado população civil palestina como "escudo" para lançar mísseis nas cidades israelenses fronteiriças de Gaza, para atingir alvos civis em Israel e a resposta violenta do Estado de Israel só faz aumentar a espiral de violência. Mas há o "campo da paz" na região tanto entre árabes e palestinos como em Israel. E é neles que devemos apostar. Sábado saíram em manifestação 150 mil israelenses, árabes e judeus, pedindo o fim do conflito.

Num país com 6 milhões de habitantes, não é pouca coisa. Há jovens presos porque não querem servir o exército nas zonas ocupadas. É nisto que devemos apostar e não nos fundamentalismos.

A política exige cabeça fria, nervos de aço e não podemos deixar só o emocional funcionando. Não tem bandido e mocinho nesta história e quem é mais forte no momento causa mais estragos.

Amanhã a situação pode se reverter e os maiores estragos podem acontecer do outro lado da fronteira. Mas nós devemos lutar pela substituição da política da força pela força da política. Só uma solução pacífica e negociada, justa e duradoura para todos os povos da região pode resolver o conflito.

Devemos lutar por dois Estados para dois povos, com fronteiras seguras e Jerusalém dividida como capital de cada um deles ou Jerusalém internacionalizada. Para tanto árabes e palestinos devem reconhecer o Estado de Israel que por sua vez deve sair dos territórios ocupados para que finalmete possa ser criado o Estado Palestino.

É um problema complexo que envolve outros estados árabes. Os territórios ocupados pertenciam mormente à Jordânia e ao Egito de modo que não basta Israel desocupar os territórios uma vez que estes podem ser reanexados.

Os países árabes não estão muito interessados em ajudar a resolver este conflito porque esta questão é a que os une. Uma vez resolvida, vão aparecer os diversos conflitos tais como Síria com Líbano, Iraque com Kuweit e Iraque com Síria, a questão curda que envolve Iraque, Turquia e Irã e por aí vai. Com o desmoronamento do Império Otomano, os mandatos ingleses e franceses deixaram um rastro de problemas não muito diferente dos que deixaram na África. E com a Guerra Fria tudo isto foi exacerbado, sem solução à vista até o momento.

Eu creio que nenhuma solução militar resolve isto. A Guerra Irã-Iraque nos anos oitenta acabou num empate, os EEUU se encontram num atoleiro no Iraque e no Afeganistão, boa causa da crise mundial, e a via militar só faz aumentar a espiral de violência entre Israel e palestinos.

O QUE PENSA A MÍDIA

Editoriais dos principais jornais do Brasil
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