terça-feira, 24 de maio de 2016

Opinião do dia – Michel Temer

Quero deixar claro que nós temos sido vítimas de agressões, de agressão psicológica. Não temos preocupação com isso. Os comentários são apenas para revelar que temos que cuidar do país. Aqueles que quiserem esbravejar façam o que quiserem, mas pela via legal. Devemos levar o governo adiante, aconteça o que acontecer.
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Michel Temer, presidente da República em exercício. 25/05/2016

Grampo derruba Jucá, desafia Temer e alarma cúpula do PMDB

Peemedebista falou em pacto contra Lava-Jato. - Presidente ouve gritos de ‘golpista’ no Senado. - Machado também gravou Renan e Sarney

Com apenas 11 dias no cargo, o presidente interino, Michel Temer, perdeu seu primeiro ministro, Romero Jucá (Planejamento), que pediu licença e foi exonerado após ser flagrado num grampo em que conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado sobre um pacto contra a LavaJato. Investigado no escândalo, Jucá disse ao ex-senador, na gravação de março, que era preciso “estancar a sangria” causada pela operação. Machado também grampeou, segundo LAURO JARDIM, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente José Sarney, o que deixou a cúpula do PMDB alarmada. O episódio criou novo embaraço para Temer. Ao levar ao Senado a proposta da meta fiscal, antes do anúncio do afastamento do ministro, o presidente ouviu gritos de “golpista”, principalmente de petistas.

Jucá, o breve

• Gravação revela tentativa de barrar Lava-Jato, e ministro é exonerado 11 dias após assumir

- O Globo

Temer decidiu tirar ministro para evitar sangria no governo

• Caso criou constrangimento para presidente, que foi alvo de protesto

Júnia Gama, Simone Iglesias e Catarina Alencastro - O Globo

-BRASÍLIA- A saída de Romero Jucá do Ministério do Planejamento foi decidida pelo presidente interino Michel Temer após a avaliação de que o governo não suportaria sangrar nos próximos dias ao ter um ministro exposto por gravações que complicam sua situação na Operação Lava Jato. Ao mesmo tempo, Temer buscou uma solução que não constrangesse Jucá e muito menos o Senado, Casa que será responsável pelo julgamento do impeachment de Dilma Rousseff e pela aprovação de medidas econômicas emergenciais, como a alteração da meta fiscal.

Segundo relatos, a princípio, Jucá resistiu em deixar o cargo. Avaliou que poderia explicar de forma convincente o conteúdo da conversa gravada com o expresidente da Transpetro Sérgio Machado. Mas, em reunião com Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) pouco antes da chegada do grupo ao Senado, no meio da tarde de ontem, Jucá foi convencido de que sua permanência iria fragilizar o governo em um momento em que a gestão peemedebista ainda está longe de ter estabilidade.

Na entrada do Senado, Jucá chegou minutos após Temer, o que não evitou que o presidente interino fosse alvo de manifestações e de gritos de “golpista”.

Na contramão de aliados, PSDB não defendeu a saída de Jucá

• DEM e PPS pediram afastamento; ex-ministro citou ‘esquema Aécio’

Maria Lima - O Globo

-BRASÍLIA- Com as principais lideranças do partido recolhidas ao longo de um dia de fogo intenso de parlamentares de PT, PCdoB, PDT e ex-ministros do governo Dilma, a direção nacional do PSDB divulgou nota para dizer que não existe nenhuma acusação aos senadores tucanos citados nos diálogos gravados entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDBRR). Os tucanos avaliam que houve uma clara tentativa de Machado de induzir Jucá a incriminar o PSDB e anunciam a disposição de investigar junto à Procuradoria-Geral da República “o que está por trás” da gravação feita “com o objetivo de incriminar pessoas”.

Governo Temer tem a 1ª baixa com 12 dias de vida

Valdo Cruz, Gustavo Uribe, Mariana Haubert, Marina Dias, Daniela Lima, Machado da Costa e Leandro Colon – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Apenas 12 dias após sua posse, o presidente interino, Michel Temer, perdeu seu ministro do Planejamento. Romero Jucá não resistiu e foi obrigado a deixar o governo depois de a Folha divulgar gravações em que ele sugere um pacto para deter a Operação Lava Jato.

A queda de Romero Jucá nesta segunda (23) atinge um dos principais articuladores da aprovação do afastamento de Dilma Rousseff no Congresso e fragiliza o governo Temer logo na sua largada.
O interino apostava na capacidade de articulação de Jucá no Legislativo e no meio empresarial para dar respostas rápidas na economia.

Jucá afirmou que irá tirar uma "licença" até que a Procuradoria-Geral da República responda a uma representação de seu advogado questionando se as gravações contêm alguma ilegalidade ou crime. Na verdade, ele será "exonerado a pedido" nesta terça para poder reassumir seu mandato no Senado pelo PMDB de Roraima.

Governo não deve interferir na Justiça, diz Moro após gravações de Jucá

Bela Megale – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O juiz Sergio Moro não quis comentar a gravação revelada pela Folha nessa segunda-feira (23) em que o ministro Romero Jucá sugere um pacto para deter o avanço da Operação Lava Jato.

"Não tenho comentário específico sobre essa situação porque não estou totalmente a par", disse Moro. Ele também defendeu que assuntos pertinentes à Justiça não devem ter interferência do governo e vice-versa. "Não deve haver nenhuma interferência do governo. Os trabalhos devem ser independentes", disse.

Moro é um dos convidados para um debate no Fórum Veja, evento promovido pela revista nesta segunda em São Paulo.

O ministro do STF Luís Roberto Barroso, que participou do debate com Moro, negou que Jucá tenha influência sobre os ministros do tribunal, como sugeriu o político na gravação, mas afirmou que recebe todos para audiências.

""Acho que é impensável, nos dias de hoje, supor que alguém tenha, individualmente, a capacidade de paralisar as instituições ou pensar que qualquer pessoa tenha acesso a um ministro do STF para parar determinado jogo", disse o ministro", disse Barroso.

Exoneração de Romero Jucá do Ministério do Planejamento é publicada no Diário Oficial

• Senador do PMDB de Roraima pediu para se afastar após revelação de conversas suas traçando plano para obstruir a Lava Jato

Luci Ribeiro - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O Diário Oficial da União desta terça-feira, 24, traz a exoneração, a pedido, de Romero Jucá (PMDB-RR) do cargo de ministro do Planejamento. Jucá deixa o cargo depois da divulgação de conversas gravadas entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado. No diálogo, o peemedebista sugere um pacto para deter a Operação Lava Jato com o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Depois de sua passagem relâmpago pelo ministério do governo Michel Temer, Jucá retoma seu mandato de senador.

Presidente do PPS diz que Jucá deveria pedir demissão

• Roberto Freire disse que, caso Jucá não saia por sua vontade, Temer tem a "obrigação" de afastar o atual ministro do cargo

Julia Lindner - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), declarou, nesta segunda-feira, 23, que o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RO), deveria pedir demissão após ele supostamente sugerir, em conversa telefônica interceptada pela Justiça, um acordo para impedir avanços da Operação Lava Jato.

Em nota, o parlamentar afirmou que, caso Jucá não o faça, o presidente em exercício Michel Temer "tem a obrigação de afastar o atual ministro do cargo e dar as garantias necessárias para a continuidade das investigações". Freire reiterou ainda o "completo apoio do partido ao combate a corrupção".

Na semana passada, após a nomeação de André Moura (PSC-SE) como líder do governo na Câmara, PPS, DEM, PSDB e PSB, ameaçaram criar um bloco antagonista ao grupo formado por 13 partidos da base aliada de Temer - liderados pelo PP, PR, PTB e PSD. Na última sexta-feira, 20, Temer conseguiu intervir e adiar a criação do bloco, porém ele ainda enfrenta a possibilidade de ter a sua base formalmente dividida.

Na Argentina, Serra enfrenta protesto e encontra Macri

• Manifestantes acusam ministro de ‘golpista’; tucano fala em ‘desinformação’

Janaína Figueiredo - O Globo

-BUENOS AIRES- Em sua primeira viagem ao exterior como ministro das Relações Exteriores, José Serra enfrentou ontem protestos nas ruas de Buenos Aires organizados por movimentos sociais kirchneristas e grupos de brasileiros que moram no país. Os cerca de 300 manifestantes o acusaram de “golpista”, em alusão ao afastamento de Dilma Rousseff, e conseguiram atrapalhar seus movimentos na capital argentina.

Eles esperaram Serra na porta da embaixada brasileira, na noite do último domingo, e ontem tumultuaram o encontro entre o ministro e a chanceler argentina, Susana Malcorra. Perguntado sobre os incidentes, que o obrigaram a entrar na sede do Ministério das Relações Exteriores argentino por uma garagem lateral, Serra afirmou que “não têm nenhum significado”.

PSDB vê ação deliberada de ex-tucano para viabilizar delação premiada

Por Fernando Taquari e Thiago Resende – Valor Econômico

SÃO PAULO E BRASÍLIA - Tucanos avaliaram que houve uma ação deliberada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado para prejudicar o PSDB e viabilizar sua delação premiada junto à força-tarefa da Operação Lava-Jato. O diálogo entre Machado e o ministro do Planejamento, Romero Jucá, sugere que os senadores tucanos Aloysio Nunes (SP), Aécio Neves (MG), Tasso Jereissati (CE) e José Serra (SP, licenciado por ser ministro das Relações Exteriores) estavam cientes da necessidade de deter a Lava-Jato.

"Vejo como um ato deliberado. Trata-se de uma conversa privada e gravada entre os dois em que ele [Machado] por seis vezes tenta, sem sucesso, envolver o PSDB", disse o líder da legenda na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). O partido, contudo, não pretende tomar nenhuma medida.

"A saída [de Jucá] atenua uma situação desagradável. A decisão foi acertada", afirmou Imbassahy. Ao longo do dia, tucanos fizeram questão de defender a continuidade das investigações e de negar qualquer acordo contra a Lava-Jato. "Não há força no planeta capaz de barrar essa operação", acrescentou o líder do PSDB. Evitaram, porém, comentar a situação do pemedebista. Nos bastidores, esperavam que Jucá tomasse a dianteira e pedisse para sair ou que o presidente interino, Michel Temer, o demitisse.

Lewandowski vai comandar julgamento de Dilma no Senado

Por Thiago Resende e Vandson Lima - Valor Econômico

BRASÍLIA - O julgamento final da presidente afastada Dilma Rousseff pelo Senado Federal deve ocorrer até 10 de setembro. O cronograma foi acordado pelo presidente da comissão especial do impeachment, Raimundo Lira (PMDB-PB) e pelo relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG) em reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que comandará a sessão decisiva para o futuro da petista.

O prazo final tem uma explicação: é quando termina o mandato de Lewandowski à frente da Suprema Corte. Ainda não está fechada a data exata da votação. Mas a estimativa, que varia entre o fim de agosto e os primeiros dias de setembro, será apresentada amanhã ao colegiado instalado especificamente para analisar as acusações contra Dilma.

‘Interinidade não significa que o país deve parar’, diz Temer

• Presidente nega que seu governo quer eliminar investigações e afirma que não pode ‘invadir’ competência de outro poder

Por Martha Beck, Bárbara Nascimento, Eduardo Barretto e Simone Iglesias – O Globo

BRASÍLIA - Em discurso de apresentação de medidas econômicas no Palácio do Planalto nesta terça-feira, o presidente interino Michel Temer afirmou que, apesar de estar em situação de interinidade, isso não significa que o país deve parar. Ele refutou que haja qualquer ruptura com a Constituição em seu governo e disse que o cargo de vice-presidente e a possibilidade de que este assuma a chefia de Estado em caso de afastamento do titular é uma consequência do próprio texto da Constituição.

Recuo como gesto de boa cultura - Paulo Fábio Dantas Neto[1]

A Tarde (BA)

O recuo do governo da decisão de extinguir o Ministério da Cultura deve ter naturalmente alegrado os defensores genuínos da causa “fica Minc”. Após o conflito rumoroso que se deu em torno da questão, o tema da cultura pode até vir a ter um lugar melhor na agenda política. Se bem que isso não se deveria tanto à extinção ou à recriação do ministério. A qualidade e a sustentabilidade do lugar político da cultura dependem de mobilização lúcida e prudente de recursos materiais e de diálogo entre diversas experiências de vida civil autônoma, não de convivência tensa (e belicosa) de grupos de interesse no interior de espaços estatais. Vê­se, aliás, que o recuo ainda não encerrou os protestos. Por que?

O simbolismo da cultura tem sido usado, no contexto político do impeachment, para tentar desconstruir o simbolismo da democracia. Do aparelhamento político da área, que já deformava a instituição, passou­se a uma ação antidemocrática aberta. Pela leviandade com que a falácia do golpe foi e está sendo difundida no Brasil e mundo afora, esse ativismo faccioso do grupo político da Presidente afastada torna­se reacionário. Busca desmoralizar o valor central que o controle institucional e constitucional do exercício do poder político e administrativo passou a ter na nossa
democracia, a partir da consolidação da ordem da Constituição de 1988.

Todos contra a Lava-Jato - Merval Pereira

O Globo

Temer talvez não tenha entendido ainda, ou não possa entender por circunstâncias de sua vida política passada, que a principal tarefa à frente do país nos próximos anos não é restabelecer as bases de economia minimamente organizada, mas é, sobretudo, restabelecer a confiança da sociedade no governo. Sem essa credibilidade, não há medida econômica que dê certo, nem haverá facilidades para aprovar medidas impopulares, mas necessárias, no Congresso.

Ele já deu muitos passos em falso na formação de seu Ministério, entre eles nomear políticos que estão sob a mira de investigações. Alguns, consertou a tempo, mas o que incomoda é que muitos se referem ao modo de tratar a Lava-Jato. Quando escolheu o advogado Antonio Mariz para ministro da Justiça, sabia, até mesmo porque Mariz assinou manifesto contra as delações premiadas, e por ser seu amigo, que ele tinha críticas à atuação da Polícia Federal, do Ministério Público e do próprio Sérgio Moro.

De Delcídios e Romeros - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

O presidente em exercício Michel Temer sabia que não seria fácil, mas não sabia que seria tão difícil. Cada dia, sua agonia – ou, cada dia, o seu amigo ou ministro problemático. Se Eduardo Cunha é um peso enorme, Romero Jucá não fica atrás. Os dois, juntos, já puxam Temer e seu projeto para um limbo de interrogações. Mas eles não são os únicos.

Na fita revelada ontem pelo repórter Rubens Valente, Jucá discute com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado um “pacto” para garantir o impeachment de Dilma Rousseff, a posse de Michel Temer e a interrupção pelo meio da Operação Lava Jato. No caso da Lava Jato, era inexequível, pouco mais que um devaneio, mas virou um imenso constrangimento para o governo interino e um explosivo combustível para o discurso da nova oposição e os movimentos que acossam Temer.

A fila anda - Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Quando um ministro precisa dar mais explicações sobre seu prontuário policial do que sobre os planos que tem para a pasta, é porque já perdeu as condições políticas de exercer o cargo. A permanência de Romero Jucá à frente do Planejamento ficou insustentável após a divulgação da fita de áudio em que ele, um investigado na Lava Jato, aparece mantendo diálogos suspeitos sobre a operação.

Michel Temer precisava livrar-se de Jucá rapidamente, a fim de tentar transmitir a imagem de que seu governo não tem o propósito de deter as investigações policiais. Não fazê-lo ou demorar muito daria a impressão de que sua gestão veio exatamente para parar a Lava Jato -o que seria um desastre de relações públicas.

Esperando o quê? - Luiz Carlos Azedo

• A nomeação de Jucá comprovou-se um erro, como muitos advertiram. Amizade e gratidão são valores da política, mas não podem estar acima do interesse público e dos valores da sociedade

- Correio Braziliense

O ministro licenciado do Planejamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), não durou duas semanas no cargo. Era pedra cantada que as suspeitas do seu envolvimento no escândalo da Petrobras, sob investigação da Operação Lava-Jato, poderiam se tornar um grande problema para o presidente interino, Michel Temer. O que ninguém sabia é que uma conversa comprometedora sobre as investigações com o ex-presidente da Transpetro, o ex-senador Sérgio Machado, que negocia sua delação premiada com o Ministério Público Federal, havia sido gravada pelo próprio. Supõe-se que outras conversas com líderes do PMDB, entre os quais o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente da República José Sarney, também tenham sido gravadas. Nitroglicerina pura.

Temer ouve muito e decide rápido - Raymundo Costa

• Saída de Jucá é primeiro teste efetivo do governo

- Valor Econômico

O presidente interino Michel Temer abriu um amplo leque de consultas sobre a conveniência de manter ou não o senador Romero Jucá no Planejamento, gravado em áudio em supostas articulação para abafar a Operação Lava-Jato. Um duro golpe para Temer, que levou Jucá para o centro nervoso do governo contra indicações de auxiliares e amigos próximos, pela reconhecida capacidade de articulação política e de trabalho do senador pelo PMDB de Roraima. A forma Temer de governar surpreende, sobretudo, se comparada ao centralismo que vigorou no Palácio do Planalto, até recentemente, contra a opinião geral e até o senso comum. Temer ouviu muito e decidiu rápido. Estabeleceu um critério para ministros apanhados na Lava-Jato.

Em uma semana de governo, Jucá deixou Temer ainda mais impressionado por seu conhecimento e trânsito na área econômica. Diz tudo sobre a capacidade de articulação política de Jucá o fato de ele ter sido líder dos presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Sempre com uma solução pronta para os mais complicados impasses em torno de emendas constitucionais, projetos de lei ou medidas provisórias. A novidade, para Temer, foi a desenvoltura do senador na economia.

A crise previsível - Míriam Leitão

- O Globo

Era previsível que a primeira crise do governo Temer seria com Romero Jucá. O senador tem qualidades para assumir o cargo, entende de orçamento, afinou o discurso com o ministro da Fazenda, mas ele tinha, desde o começo, um calcanhar de Aquiles. Mais do que citado na Lava-Jato, ele é um investigado. O presidente interino assumiu um risco ao nomeá-lo e ontem pagou o preço.

Não demorou 15 dias para que a crise estourasse com a divulgação das conversas de gravação oculta que teve com outro encrencado da Lava-Jato. O curioso é como pessoas inteligentes não veem o óbvio: não há como interferir na Operação. O Ministério Público é independente, a Justiça Federal é independente, se tentarem amordaçar a Polícia Federal a opinião pública saberá. Se tentarem pressionar ministros do Supremo podem ser presos. De onde é que tiram a ideia de que podem estabelecer um freio na Lava-Jato?

Primeira crise – Editorial / Folha de S. Paulo

Durou pouco a pretensão de Romero Jucá, presidente interino do PMDB e senador licenciado (RR), de se manter no cargo de ministro do Planejamento do governo Michel Temer (PMDB).

Na manhã desta segunda-feira (23), Jucá concedeu entrevistas nas quais dizia não ver motivos para se afastar do ministério. Menos de dez horas depois,rendeu-se ao óbvio: sua permanência no governo tornara-se insustentável.

Era impossível amenizar o conteúdo de suas conversas com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro (subsidiária da Petrobras). Como esta Folharevelou, Jucá sugeriu ao aliado que o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) possibilitaria um pacto com vistas a deter o avanço da Operação Lava Jato.

Saída de Jucá estabelece norma positiva no governo – Editorial / O Globo

• Temer sinaliza comprometimento com a Lava-Jato e o combate à corrupção em geral, mas fica a lição do risco dessas nomeações

Nas duas frentes em que o presidente interino, Michel Temer, precisa atuar na crise, a política e a econômica, nesta, apesar das enormes e conhecidas dificuldades, ele parece contar com melhores condições para enfrentar a situação do que no jogo político, sua especialidade.

Para começar, ele tem conseguido montar uma equipe competente, sob o comando do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e cujo diagnóstico é indiscutível — gastos descontrolados, prevenção contra o setor privado, descuido com a inflação etc.

Mas é certo que, por melhor que seja a equipe, se o governo não conseguir o necessário apoio no Congresso para aprovar medidas essenciais à superação da crise — inclusive, emendas constitucionais —, o Brasil será mantido na pasmaceira. Na melhor hipótese, passará uma longa estagnação.

Um pouco de luz nos cenários – Editorial / O Estado de S. Paulo

O otimismo deve continuar distante, mas há sinais de melhora das expectativas, um ingrediente essencial para o sucesso de qualquer plano de recuperação da economia. Dois sinais positivos, embora ainda fracos, foram detectados em sondagens da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Executivos da indústria estão mais confiantes em relação aos negócios e consumidores baixam suas previsões de inflação, embora ainda esperem uma forte alta de preços durante mais um ano.

No mercado, economistas do setor financeiro e de consultorias projetam inflação ainda alta neste ano e condições muito ruins de produção, mas com possibilidade de modesta expansão em 2017. Nada de grande entusiasmo, portanto, mas o governo poderá transformar essa pequena melhora de humor num importante reforço para sua política, se for capaz de avançar, em pouco tempo, na redefinição da política econômica.

Desemprego crescente pode dificultar reforma trabalhista – Editorial / Valor Econômico

O ministro da Fazenda do governo interino, Henrique Meirelles, disse que o desemprego pode chegar a 14% se nenhuma medida for tomada para deter o crescimento explosivo da dívida pública, de modo a restaurar a confiança e reativar a economia. No entanto, o desemprego já superou o nível temido pelo ministro em várias partes do país. A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, feita pelo IBGE, mostrou que o desemprego chegou a 10,9% no trimestre terminado em março, nada menos do que três pontos acima dos 7,9% do mesmo período de 2015. O percentual significa 11,1 milhões de desempregados no país para uma população ocupada de 90,6 milhões, com 23,1 milhões trabalhando por conta própria.

Em três Estados o desemprego já supera os 14% de Meirelles, provavelmente pela dependência dos investimentos e transferências federais e características econômicas. Na Bahia, a desocupação chegou a 15,5%, o que significa 3,2 milhões de desempregados, quase 30% do total do país. No Rio Grande do Norte e no Amapá é de 14,3%. Em São Paulo, o desemprego está acima da média nacional, em 12%, e o mesmo acontece em Minas Gerais, com 11,1%. Na outra ponta estão Estados do Sul, com desemprego de 6% em Santa Catarina e 7,5% no Rio Grande do Sul.

Mercosul-União Europeia - Rubens Barbosa*

- O Estado de S. Paulo

Depois de mais de 15 anos, no último dia 11, o dia em que o governo do PT foi afastado do poder pelo Senado, iniciou-se finalmente a negociação entre o Mercosul e a União Europeia (UE), com troca de oferta de bens, serviços e investimentos.

Do lado europeu, a decisão não foi sem percalços. Durante um bom tempo, alguns países conseguiram adiar a decisão. Em 29 novembro de 2015, em reunião da Comissão Europeia, três países, França, Irlanda e Hungria, com apoio discreto da Lituânia, da Polônia e da Estônia, manifestaram-se contra o início dos entendimentos com o Mercosul. O apoio da Alemanha e do Reino Unido foi o que propiciou a prevalência da maioria.

Nossa história em quadrinhos - Arnaldo Jabor

- O Globo

A mão de Marinho embolsa três mil reais. Lula e Dilma sujam as mãos de petróleo (em todos os sentidos). A mão de Marinho apontando para o mensalão. Jefferson cantando ópera. Jefferson e Dirceu em duelo no Congresso: “Sai, Dirceu”. Lula dá entrevista em Paris, sem saber de nada.

Erenice Guerra ri com todos os dentes na Casa Civil. Carlos Lupi, ex-faxinado, beija a mão de Dilma: “Eu te amo, Dilma!”. O olho roxo de Jefferson. Mantega sorrindo: “Temos uma nova matriz econômica”. Flash para a frente: 11 milhões de desempregados marcham pelas caatingas e pelos pampas. A refinaria de Pasadena, lata velha enferrujada com dístico: O Petróleo É Nosso (i.e. do PT). A folha de papel que Dilma não leu – preço: 1 bilhão e 200 milhões de dólares.