quarta-feira, 20 de junho de 2018

Opinião do dia: Roberto Freire

Estou empenhado em fazer valer o indicativo aprovado no PPS de apoio a Geraldo Alckmin


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Roberto Freire é presidente nacional do PPS, O Globo, 20/6/2018

Vera Magalhães: Temer: ônus e bônus

- O Estado de S.Paulo

Tucanos (e também democratas, virtuais apoiadores de Alckmin) se dividem sobre a conveniência de uma aliança com o emedebista

A mais controversa questão hoje no quartel-general de Geraldo Alckmin é se vale a pena ou não ter o apoio formal do MDB ao tucano. O partido de Michel Temer, por sua vez, quer evitar rifar seu pré-candidato antes da hora para ficar “na esquina esperando” por uma conversa com os tucanos em situação inferior, em vez de fazer valer sua condição de um dos maiores partidos do País.

Foi por isso que o presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), se apressou em colocar a bola no chão, dizer que não tem nenhuma conversa marcada com Marconi Perillo e referendar a pré-candidatura de Henrique Meirelles. “Junho é o primeiro tempo da partida. O segundo tempo é julho. O jogo só termina depois do segundo tempo. Até lá, todos os partidos têm de procurar ganhar”, diz ele à coluna, aproveitando o espírito de Copa.

Tucanos (e também democratas, virtuais apoiadores de Alckmin) se dividem sobre a conveniência de uma aliança com Temer. Quem advoga por ela elenca a capilaridade do partido no Brasil, seu tempo de TV e a força de máquinas de prefeituras e governos como prós capazes de superar o desgaste da impopularidade de Temer. Quem rechaça essa aliança diz que a toxicidade do presidente é tal que nem essa estrutura compensaria o estrago que ele é capaz de causar.

Diante do desconforto com essa espécie de leilão às avessas de seus preciosos ativos, o MDB recolheu os flaps e vai deixar Meirelles seguir com o script de pré-candidato. “Conversa agora é para pavimentar uma relação lá para a frente, não pode ser vista como a busca de capitulação”, diz Jucá, que agora vai recolher o time para a retranca.

Bruno Boghossian: Sinuca na esquerda

- Folha de S. Paulo

À direita, partidos estudam ocupar espaço para enfraquecer petistas no segundo turno

Além de desorientar a direita, o flerte inesperado entre o bloco liderado pelo DEM e Ciro Gomes (PDT) tem potencial para jogar a esquerda em uma sinuca nesta eleição. Em fase inicial, as negociações confundem as bússolas partidárias e podem estreitar os caminhos do PT na corrida presidencial.

Siglas historicamente conservadoras decidiram negociar com Ciroporque enxergam uma chance de deslocar os petistas na disputa. Para dirigentes dessas legendas, a força de suas máquinas políticas ajudaria o pedetista a superar o candidato que substituirá Lula quando seu nome for barrado pela Justiça Eleitoral.

Caciques do PT resistem a uma aliança com Ciro por enquanto, mas admitem que apoiarão o pedetista se ele avançar ao segundo turno. DEM, PP e companhia estudam se antecipar e ocupar esse espaço.

Rosângela Bittar: Toffoli governará com o colegiado

- Valor Econômico

Existem várias divisões no STF, se olhar além da Lava-Jato

É como implicar com a modelagem feita por especialistas no cabelo do Neymar: aquelas ondas descoloridas na ponta não lhe tiram um pingo da força do chute, ao contrário, não se pode negar que ficou bonito, além do fato de que os brasileiros gostam de parecer os louros europeus do "football". Não se deve valorizar em demasia o currículo do ministro Antonio Dias Toffoli, o que se faz para depreciá-lo, enfatizando, como se tem feito desde que assumiu uma cadeira do Supremo Tribunal Federal, à exaustão, o fato de ter sido reprovado em dois concursos públicos.

Isso é o passado. O presente é que o ministro está no lugar certo na hora certa: em setembro assumirá a presidência do STF, para onde foi indicado pelo governo, sabatinado pelo Senado e nomeado por Lula. Seu direito de presidir um Poder da República está intacto e, como tal, pode ser o terceiro na linha sucessória do presidente da República.

Toffoli tem se abrigado muito bem no silêncio. Não quer sentar-se na cadeira de presidente do STF antes da hora pois, apesar de ser sua por convenção e estatuto, a liderança da Corte tem que passar por alguns formalismos, como uma eleição com votos dos ministros.

Faltam menos de três meses para assumir o cargo que lhe cabe por rodízio, sendo vice-presidente, mas se recusa a antecipar planos, opiniões, considerações ou mudanças que imprimirá ao funcionamento da Corte. "Vice não fala, vice não opina, vice tem apenas que ter juízo", diz, para recusar entrevista. Discrição que vem administrando há mais de um ano, e bem pois não se ouvem controvérsias em torno de suas opiniões mundanas, fora dos artigos e incisos.

É difícil, mas não foi impossível, reunir fragmentos de conversas prospectivas com colegas e auxiliares em que já deixou antever um pouco mais do que pensa sobre o funcionamento do Supremo.

Assim, se sabe que Toffoli prepara uma mudança de mecanismos e procedimentos que, sendo aparentemente superficiais e meramente administrativos, podem se revelar inovadores.

Gostaria, por exemplo, que o STF funcionasse como um colegiado mesmo, abolindo decisões de cima para baixo, de seu presidente, para tomar caminhos que todos achem adequados.

Isso significa, por exemplo, que não terão mais lugar na Corte os pitos que o ministro Luís Roberto Barroso tem dado aos seus pares, como acabou de fazer no caso de seu voto vencido na questão da condução coercitiva. A pretexto de defender a Lava-Jato, Barroso explicou a decisão da Corte como sendo uma "manifestação simbólica daqueles que são contra o aprofundamento das investigações". Para, em seguida, acrescentar o oposto sobre a mesma decisão: "A condução coercitiva era uma nota de pé de página nesse contexto, portanto não acho que essa mudança seja relevante Acho que foi mais uma manifestação simbólica daqueles que são contra o aprofundamento das investigações", disse durante o seminário "E agora, Brasil?", realizado por "O Globo". E a alfinetada, conclusiva, segundo reportagem de Marcos Grillo e Miguel Caballero: "Essa votação teve só um papel simbólico que, por seis votos a cinco, de certa forma, se enviou uma mensagem de menos apoio a esse processo de transformação do Brasil".

Banqueiros pressionam Meirelles a desistir de candidatura ao Planalto

Representantes de Bradesco, Itaú e BTG expressaram preocupação com desempenho nas pesquisas

Marina Dias | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A resistência à candidatura de Henrique Meirelles (MDB) ao Planalto ultrapassou as fileiras de seu partido e chegou ao terreno em que o ex-ministro da Fazenda costumava circular com mais destreza: o mercado.
Empresários e investidores —antes entusiastas de uma eleição com o nome de Meirelles nas urnas— agora pressionam para que ele desista de concorrer à Presidência.

Nas últimas semanas, três dos principais banqueiros do país, Luiz Carlos Trabuco Cappi (Bradesco), Roberto Setúbal (Itaú) e André Esteves (BTG), conversaram com aliados do ex-ministro e manifestaram preocupação com os rumos da economia desde que ele deixou a Fazenda, em abril.

Desde então, enumeram, o dólar disparou, a previsão do PIB caiu (de 2,5% para 2%) e houve redução significativa dos investimentos privados.

O cálculo de quem detém boa parte do dinheiro no Brasil é pragmático: Meirelles está estacionado nas pesquisas, com 1% das intenções de voto segundo o Datafolha, e ainda não conseguiu se mostrar eleitoralmente viável, nem mesmo dentro de seu partido.

Investidores e empresários se dividem quanto ao que desejam para o ex-ministro, caso ele desista de disputar as eleições: uns defendem que seja vice na chapa de um candidato mais bem colocado, como Geraldo Alckmin (PSDB), outros o querem disponível para assumir a Fazenda no próximo governo. Há ainda quem peça para que ele volte ao comando da equipe econômica.

Jobim comunica a Meirelles que não será candidato em outubro

Por Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim tirou 30 dias de férias do banco BTG Pactual, embarcou em uma longa viagem a Europa, a fim de evitar especulações sobre eventual candidatura ao Planalto, mas mantém atenção na campanha presidencial: pelo WhatsApp, ele informou o pré-candidato do MDB, Henrique Meirelles, que não é candidato em outubro e não autorizou nenhuma conversa sobre seu nome.

As especulações em torno do nome do ex-ministro do Supremo ganharam corpo depois que foi confirmada sua filiação ao MDB, no último dia do prazo para os candidatos a candidato, no dia 7 de abril. Primeiro surgiram conversas no MDB gaúcho, estimuladas pelo ministro Osmar Terra (Desenvolvimento Social). Setores do PSDB também passaram a olhar novamente a possibilidade de uma aliança com o MDB, a fim de tentar reunir o centro em torno de uma única candidatura ao Planalto.

Neste desenho, o MDB indicaria Jobim para ser candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo pré-candidato Geraldo Alckmin. A costura é considerada difícil, pois se Jobim não concorda em ser candidato a presidente pelo MDB, não teria porque aceitar uma vice do PSDB, muito embora seja considerado, no partido, como sendo um emedebista com alma tucana.

A mensagem de Jobim a Meirelles tem três pontos: no primeiro, diz que não é candidato; no segundo, desautoriza qualquer conversa em relação à sua candidatura; por fim, que ele, Jobim, não faria nenhum movimento no sentido de ser candidato sem antes falar com o ex-ministro da Fazenda. Meirelles e Jobim são amigos e as duas famílias mantêm boa relação. Mas este último item é visto entre dirigentes partidários como uma maneira de deixar a porta aberta para eventual candidatura.

A discussão em torno do nome de Jobim reflete as dificuldades pelas quais passa Henrique Meirelles para confirmar seu nome na convenção partidária, a ser realizada no fim de julho. O primeiro desafio do ex-ministro da Fazenda é se mexer nas pesquisas eleitorais, nas quais se encontra estacionado na faixa de 1% das intenções de voto. Isso já seria um problema para o candidato de um governo impopular como o do presidente Michel Temer, mas a desaceleração da retomada do crescimento econômico começa a pesar negativamente.

Deputado do DEM chama Ciro de ‘prostituto de partido’

Em BH, pedetista é vaiado e esbraveja: ‘Escuta, senão me retiro’, disse, ao abandonar evento

- O Globo

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- O pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, começou a sofrer um revés por conta do novo deslize verbal desferido contra um político do DEM, partido com quem tem flertado para uma aliança eleitoral. Ontem, o vice-líder do DEM na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), usou a tribuna do plenário para atacar Ciro, em defesa de Fernando Holiday (SP), vereador do seu partido acusado pelo pedetista de ser um “capitãozinho do mato”.

Sóstenes citou a ampla lista de partidos pelos quais Ciro já passou e o chamou de “prostituto de partido”. O deputado diz que democratas preparam uma ofensiva contra ele.

— É público e notório que esse pretenso candidato à Presidência, além de ser racista e homofóbico, tem como prática chamar as pessoas de termos pejorativos. Ele é um prostituto de partido. Esse homem gosta de atacar a honra alheia.

Também ontem, Ciro se envolveu em nova polêmica. Desta vez, num bate-boca com a plateia de um evento em Minas Gerais. Em pé em cima de um palco montado para receber convidados do 35º Encontro Mineiro de Municípios, em Belo Horizonte, Ciro esbravejou enquanto era vaiado.

— Escuta, senão eu me retiro — disse Ciro, duas vezes. — Eu não sou demagogo, eu quero governar o Brasil para restaurar a autoridade dessa essa baderna em que se transformou o país.

Diante do mal-estar, Ciro explicou, ainda em cima do palco, que estava tratando de temas econômicos, quando foi perguntado pela segunda vez sobre um mesmo assunto.

— Eu estava respondendo que a carga tributária subiu de 27,5% para 36% do PIB (...), e fui interrompido na resposta para, em seguida, me perguntarem a mesma coisa. Vocês acham isso razoável? — indagou.

O moderador, então, informou que Ciro teria cinco minutos para responder a outras perguntas: — Eu abro mão. Diante da resposta, o moderador perguntou quais eram as considerações finais: — Muito obrigado a todos — disse, deixando o palco.

Tumulto marca passagem de pedetista por BH

Por Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico

BELO HORIZONTE - O que era para ser um evento cotidiano da pré-campanha presidencial de Ciro Gomes (PDT) se transformou ontem em um bate boca com gritos, vaias, nervosismo e uma saída de cena inesperada do pedetista. O episódio ocorreu à tarde em Belo Horizonte durante um evento com prefeitos de centenas de cidades de Minas Gerais organizado pela Associação Mineira de Municípios.
Ciro era um dos cinco presidenciáveis que se alternariam no palco armado em um espaço de eventos no estádio do Mineirão. Alvaro Dias (Podemos) foi o primeiro a falar. O pedetista subiu ao palco depois dele. Parecia descontraído. Chegou a apresentar o pré-candidato ao governo de Minas, Marcio Lacerda (PSB) como "vice-presidente, quer dizer o futuro governador", no que soou uma gafe fingida em meio a várias especulações sobre quem será seu vice e sobre uma aliança com o PSB.

Ciro usou os minutos iniciais para falar da importância que dá à recuperação da indústria e arrancou aplausos dos prefeitos quando falou do aumento das demandas impostas às prefeituras e a escassez que elas têm de recursos. Citou matéria publicada no Valor de ontem ao falar que a receita atual dos municípios equivale às de 2012, apesar do aumento dos gastos.

O apresentador pediu que ele concluísse e fez a primeira pergunta sobre repartição da arrecadação entre União, Estados e municípios. O pré-candidato falava de sua proposta de reforma fiscal quando foi interrompido pela segunda vez pelo apresentador, que pediu que ele concluísse.

"Isso é um absurdo, você não acha, não? Eu acho francamente um verdadeiro absurdo", disse Ciro. "Conclusão, por favor", repetiu o mediador. "Estamos falando de um assunto absolutamente sério. Eu não gosto de conversa fiada e eu preciso que a população conheça...", continuou o candidato, aplaudido.

Mas daí em diante, houve gritos contra ele da plateia. E ao ouvir a segunda pergunta - também sobre partilha de arrecadação - Ciro afirmou que tentava explicar seu ponto de vista quando foi interrompido. Vieram gritos e aplausos. Começou o que pareceu um bate-boca entre ele e alguns participantes na plateia: "Vamos respeitar, por favor. Eu sou convidado de vocês." E sob gritos, gritou ao microfone: "Cadê o Bolsonaro, teu candidato, por que é que ele não veio?"

Foi aplaudido e tentou retomar o que seria uma continuação de sua resposta sobre arrecadação. Mas os gritos da plateia prosseguiam. "Agora, repare, eu estava explicando. Escuta, escuta, escuta, se não eu me retiro", disse Ciro já alterado aos prefeitos. "Escuta se não eu me retiro. Eu não sou demagogo. Eu quero governar o Brasil é para restaurar a autoridade dessa baderna que está acontecendo no nosso país. Quero consertar o Brasil restaurando a autoridade." Já não havia mais clima quando lhe foi dado mais cinco minutos para considerações finais. Ele disse apenas um "muito obrigado a todos" e se levantou sob vaia.

Os pré-candidatos que o sucederam no palco cumpriram o script diante da plateia de prefeitos. Paulo Rabello (PSC), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB) prometeram ações que melhorariam as gestões municipais, falaram em crescimento e geração de empregos.

Cúpula do DEM reúne-se hoje com Alckmin em Brasília

Por Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - Por pelo menos mais três semanas a cúpula do DEM não dará sinais sobre qual candidatura à Presidência da República apoiará, caso o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), realmente desista de participar da corrida presidencial. Maia e aliados jantaram ontem com o pré-candidato do PDT ao comando do Palácio do Planalto, Ciro Gomes, mas tomará café da manhã hoje com o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.

Com o apoio de PP e Solidariedade, o partido presidido pelo prefeito de Salvador, ACM Neto decidiu que seguirá tocando conversas paralelas - o que inclui ainda o pré-candidato do Podemos, senador Alvaro Dias.

Entusiasta de uma aliança com o PSDB, caso Maia realmente deixe a disputa presidencial, o líder do DEM na Câmara, Rodrigo Garcia (SP) - cotado para compor a chapa encabeçada por João Doria, do PSDB, ao governo de São Paulo - afirmou que as conversas paralelas fazem parte da liturgia eleitoral e descartou que o martelo possa ser batido neste mês. Nos bastidores, caciques do DEM defendem que será necessária uma conversa objetiva com o nome escolhido para definir quais espaços serão ocupados pelo DEM no futuro governo, o que deve levar, segundo estimativas internas, no mínimo mais três semanas.

Com a ideia de adiar ao máximo a decisão final, o DEM pretende garantir o comando do Congresso na próxima legislatura, além de fortalecer palanques regionais, como no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em Goiás.

Ainda que mantenha interlocução com Ciro, Alckmin e Alvaro, Maia tem recebido dos aliados o diagnóstico de que apostar na aliança histórica com os tucanos ainda angaria mais simpatia entre os correligionários do que outras parcerias menos convencionais. A resistência de parte dos aliados a Alckmin está muito mais ligada ao desempenho pouco empolgante do ex-governador de São Paulo nas pesquisas mais recentes.

Ciro, por outro lado, criou outro mal-estar com o DEM na véspera do jantar, ao chamar o vereador Fernando Holiday de "capitãozinho do mato". A postura repercutiu ontem no plenário da Casa. Ignorando o flerte entre o DEM e o pedetista, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) foi à tribuna da Câmara e, utilizando o tempo de discurso do partido, chamou Ciro de caloteiro, "prostituta de partidos", racista e homofóbico.

Alckmin dispara contra Bolsonaro

'Nem sequer vai pro segundo turno', alfinetou

Lucas Ragazzi | O Tempo (MG)

BELO HORIZONTE- O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin negou que sua campanha esteja “estagnada”. “Está tudo muito cedo ainda, tem gente falando que vai ser candidato, mas, vai chegar na hora, não vai ser”, disse o tucano. Ele também se mostrou confiante de que vai ultrapassar o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) nas intenções de voto. “Bolsonaro nem sequer vai pro segundo turno”, alfinetou.

Alckmin chamou atenção ao ser recepcionado de forma efusiva por boa parte dos presentes – a maioria, vereadores do interior e militantes do partido. Questionado sobre a atuação do senador Aécio Neves (PSDB) em sua campanha, Alckmin negou que Aécio tenha papel forte na coordenação.

“O Aécio é senador por Minas Gerais, ele vai decidir o que ele há de fazer. Não há julgamento da Justiça ainda, cabe a ele decidir se será candidato. Mas não há um protagonismo político no momento. Ele já deixou a presidência do partido”, disse.

Geraldo Alckmim: PPS é um partido importante e de grande credibilidade

- Portal do PPS

O ex-governador de São Paulo e pré-candidato à presidência da República, Geraldo Alckmim (PSDB), disse que o PPS é um partido de grande importância e reconhecido nacionalmente como uma das melhores legendas do País. Ele também destacou a importância política do presidente Roberto Freire e adiantou as principais propostas de campanha.

“Sempre estivemos juntos no governo de São Paulo. O PPS teve uma participação importante e é um partido de grande credibilidade. Reconhecidamente como um dos melhores partidos, estaremos juntos para trabalhar muito pelo Brasil”, disse.

Ao falar sobre Freire, o pré-candidato destacou que o presidente do PPS é integro e representa um dos melhores quadros da política nacional. “Roberto Freire é um dos melhores quadros da política brasileira. Senador, deputado e ministro. Ele é um homem público exemplar pela sua integridade e pelo seu compromisso com o Brasil”, afirmou.

Dobrar a renda
Geraldo Alckmim também falou sobre as suas principais propostas caso vença as eleições para presidente da República em outubro. Segundo ele, a sua gestão será focada na retomada do crescimento, do emprego e estabelecerá como meta dobrar a renda do brasileiro.

“Nossa proposta para o Brasil é o emprego, renda e a retomada do crescimento. Esse é o grande desafio, o de fazer a abertura comercial e criar uma agenda de competitividade, com educação básica de qualidade. Reduzir o custo do dinheiro com a reforma do sistema bancário, investir na ciência, tecnologia e inovação, Inserindo o Brasil na política internacional. Esse é o caminho. Nós temos a meta de dobrar a renda do brasileiro”, adiantou.

Porteira fechada

Poder em jogo | O Globo

Partidos cobiçados por todos os candidatos ao Planalto do chamado “centro”, DEM, PP, PR, Solidariedade e PRB decidirão juntos a quem darão apoio na eleição presidencial, afirmou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

Negociam com o bloco Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos). Há duas condições impostas ao escolhido: a vaga de vice e o apoio à reeleição de Rodrigo Maia, em 2019, para presidente da Câmara. Hoje, a tendência é uma aliança com Alckmin, mas a decisão ficará para o fim de julho.

Caso a parceria ocorra com Ciro, o PR ficará de fora, por desavenças entre Ciro Gomes e o comandante do partido, Valdemar Costa Neto. Para os candidatos, o ativo mais valioso são os cerca de seis minutos que esses partidos dispõem no horário de propaganda na TV. E uma bancada que hoje soma 165 deputados, essencial para a aprovação de reformas. Hoje, o namoro prossegue, com um encontro entre Ciro Nogueira e o ex-governador Marconi Perillo, coordenador da campanha tucana.

MDB define prazo para Meirelles se viabilizar

Coluna do Estadão |O Estado de S. Paulo.

Dirigentes do MDB têm falado com mais frequência em abandonar a candidatura de Henrique Meirelles ao Palácio do Planalto caso ele não cresça nas pesquisas até a convenção do partido, que dever ocorrer entre o final de julho e o início de agosto. Uma meta estipulada por emedebistas é o ex-ministro da Fazenda, até a reunião do partido que tomará a decisão, encostar no tucano Geraldo Alckmin. O presidenciável do PSDB aparece com 6% e 7% no último Datafolha, a depender do cenário pesquisado. Meirelles, tem 1% das intenções de votos.

» Tu mesmo. Uma ala do MDB garante que a legenda não terá outro candidato ao Planalto em substituição a Meirelles. Nesse cenário, cada um ficará livre para apoiar quem quiser.

» Plano B. Outro grupo faz de tudo para emplacar Nelson Jobim. O nome do exministro também agrada a tucanos, que o veem como uma boa opção de vice na chapa de Geraldo Alckmin. Entre ele e Meirelles, ficam com o primeiro, por não estar associado ao governo.

» Assunto fixo. Apesar do flerte, o PSDB resiste a fechar uma aliança formal com o MDB. Acha que Alckmin perderia tempo tendo de explicar a união com o partido que comanda um governo impopular.

» Pragmáticos. Os tucanos pensam assim: se no primeiro turno, o MDB ajuda Alckmin a aumentar o tempo de propaganda na TV, no segundo essa vantagem desaparece, já que os dois candidatos terão o mesmo espaço. Fica só o ônus.

» Pós-jogo. As avaliações dos tucanos não impedem as conversas. Michel Temer vai num evento sexta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, em que estarão Geraldo Alckmin, João Doria e o candidato ao governo de São Paulo, Paulo Skaf.

» Lá vem ele. As especulações em torno de uma dobradinha entre Marina Silva (Rede) e Roberto Freire (PPS) na disputa presidencial levaram tucanos a compararem o líder do PPS com João Doria (PSDB).

» Enxaqueca. “Como o Doria, o Freire vive nos dando trabalho. Já inventou o Luciano Huck, agora é a Marina...”, alfineta um tucano. Hoje, o PPS é Alckmin.

Em campanha, Alckmin usa frases de efeito iguais do Nordeste ao Sul

Tucano cumpriu agenda em 23 cidades desde que se afastou do governo de São Paulo, em abril

Thais Bilenky | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Nos 74 dias transcorridos desde que deixou o governo de São Paulo para disputar a Presidência da República, Geraldo Alckmin (PSDB) foi a 23 cidades diferentes (a algumas delas mais de uma vez), mas frases feitas foram repetidas em destinos os mais variados.

As viagens são agendadas sem um critério particular. Questionada sobre como monta o roteiro do presidenciável, a campanha disse que Alckmin viaja para atender a convites ou pela avaliação política da necessidade de fazer articulação em determinada região.

Tanto assim que, neste início de junho, o presidenciável subiu e desceu no mapa do Brasil várias vezes.

Foi ao Nordeste (Bahia) num dia, desceu ao Sudeste (Espírito Santo) no outro. Voltou ao Nordeste (Sergipe) e na sequência ao Sudeste (Minas), tudo no intervalo de cinco dias.

Alckmin gosta de mencionar que viaja em avião de carreira, e por isso sai mais cedo e demora mais para chegar a seu destino. Alguns auxiliares argumentam que, se fretar aeronave particular, terá mais agilidade no deslocamento e otimizará o tempo.

Mas o tucano prefere pegar a fila do aeroporto sempre que o percurso permite.

A insistência se observa também na forma como prepara suas aparições públicas.

Colaboradores relatam pouca disponibilidade do pré-candidato em acolher sugestões de discursos.
Costuma preferir as fórmulas testadas. Daí falas muito parecidas para públicos muito distintos.

De São Luís a Novo Hamburgo (RS), com escalas em Salvador, Teresina, Poços de Caldas (MG) e Florianópolis, o tucano falou das implicações de "o Brasil ter se tornado um país caro".

"Não tem investimento. Há um mar de obras paradas. Ou muda isso ou vai continuar na decadência econômica", afirmou, por exemplo, na capital baiana, no início de junho.

Em 2013, já havia registro da mesma declaração ser proferida pelo então governador paulista, que buscaria com sucesso a reeleição.

Em 2014, repetiu a frase em Ribeirão Preto (SP), ao lado do então candidato a presidente pelo PSDB, Aécio Neves.

Em setembro de 2017, já cotado para disputar a Presidência, ele voltou à fórmula durante uma agenda como governador na capital paulista.

Outra tecla em que Alckmin bate é o problema que virou o "sistema pluri, multipartidário" brasileiro.

"Hoje você tem 35 partidos no Brasil. Não há 35 ideologias diferentes, então o que temos são pequenas e médias empresas financiadas com dinheiro público", repete desde, pelo menos, abril de 2017.

Só nos últimos dois meses, públicos distintos ouviram essa mesma formulação no Rio de Janeiro, Niterói, Florianópolis, Novo Hamburgo, Vitória, Sergipe e Teresina.

Comandante do Exército encontra-se hoje com Fernando Haddad

Por Carla Araújo e Andrea Jubé | Valor Econômico

BRASÍLIA - O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, reuniu-se nos últimos dias com nove pré-candidatos à Presidência da República. Hoje consta da agenda uma audiência ao ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, coordenador do programa de governo da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba há mais de dois meses.

A assessoria de Lula diz que Haddad vai se reunir com o general na qualidade de "representante da campanha" do ex-presidente. Apontado como um dos "planos B" do PT, Haddad é um dos petistas a transitar em todas os círculos. O PT tem reafirmando que registrará a candidatura de Lula no dia 15 de agosto, prazo final do calendário eleitoral.

Os encontros começaram com o senador Alvaro Dias (PR), pré-candidato pelo Podemos, no dia 23 de maio. Depois Villas Bôas reuniu-se com os pré-candidatos Rodrigo Maia (DEM), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB) Paulo Rabello de Castro (PSC) Marina Silva (Rede), Aldo Rebelo (SD), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB).

Nos bastidores, fontes do governo alertam para o temor de autoridades das três Forças quanto à "politização" da instituição em meio ao processo eleitoral, e com o que pode sobrevir do resultado das urnas.

O grande mal e a grande vilã: Editorial | O Estado de S. Paulo

Em entrevista ao Estado, o ex-diretor da Polícia Federal (PF) Leandro Daiello disse que “o que tinha de papel e dados digitais na polícia quando eu saí era suficiente para quatro ou cinco anos de operações”. Leandro Daiello, que esteve à frente da PF de janeiro de 2011 a novembro de 2017, dá a entender assim que as grandes operações policiais dos últimos anos não deverão acabar tão cedo. Haveria tanta corrupção a ser investigada que não seria possível o País voltar ao seu leito de normalidade nos próximos anos.

Leandro Daiello fala em “quatro ou cinco anos de operações”. Outros, mais impetuosos, entendem que tal estado de coisas não deve ter prazo para terminar. Com isso, dão mostras de uma visão um tanto peculiar do País, na qual tudo deveria se submeter ao que chamam de “combate à corrupção”.

Ainda que faltem evidências empíricas à tese de que a corrupção é o principal problema do País, sua simplicidade, repleta de certezas, atrai cada vez mais adeptos, como mostram as pesquisas de opinião. A ideia central é simplista: a corrupção não é apenas o maior problema nacional, mas também a matriz de todas as mazelas do País.

A corrupção é, assim, transformada no grande – e, a rigor, no único – inimigo que merece ser combatido. Bastaria aniquilá-lo para que todos os outros problemas do País tivessem um novo e promissor encaminhamento. E o inverso também é válido: enquanto a corrupção não fosse extinta, não haveria possibilidade de uma melhora efetiva do País, por mais que pudesse haver avanços em outras áreas. Tudo seria inútil enquanto o grande mal não fosse vencido.

Padrão colonial no setor de petróleo: Editorial | O Globo

A produção cresce, faz o país passar o Kuwait, mas os desmandos ocorridos na Petrobras forçam a exportação da matéria-prima e a importação de combustíveis

A rara conjugação de intervencionismo estatal, dirigismo, incompetência e corrupção constrói, no setor de petróleo, uma situação clássica de país subdesenvolvido. Ou seja, embora chegue à posição de nono maior produtor de petróleo do mundo, com 3,2 milhões de barris diários, o Brasil deverá ser um dos cinco maiores importadores de combustíveis. Exporta matéria-prima, importa o produto manufaturado, como nos sistemas coloniais.

Por paradoxal que seja, as políticas que resultaram neste quadro degradante foram acompanhadas, nos governos Lula e Dilma, por bravatas nacionalistas e brados de independência em relação ao “imperialismo” e ao mundo. Não deu certo, aconteceu o contrário.

Era previsível. Sabia-se, desde que começaram as descobertas de reservas na camada do pré-sal, principalmente nas costas paulista e fluminense, que a Petrobras aumentaria bastante a produção. Tornou-se óbvio que o parque de refino precisaria ser ampliado.

Não que todo o petróleo produzido tenha de ser refinado no próprio país. A depender do seu tipo, deve-se exportá-lo. Há estratégias de combinação de exportações e importações de óleo, a depender do seu tipo e da adequação técnica do parque de refino. Mas o estatismo dirigista que tomou conta da Petrobras, paralelamente à corrupção sistêmica, com Lula e Dilma, impediu a definição e execução de um programa estratégico eficiente para o processamento do óleo do pré-sal.

Medos globais: Editorial | Folha de S. Paulo

Novas ameaças de Trump ao comércio com a China elevam a instabilidade aos mercados financeiros

Ainda são incertos os efeitos da ofensiva de Donald Trump contra o livre comércio, que afronta também a racionalidade econômica e o direito internacional. Já há o bastante, porém, para transtornar os mercados financeiros e abater as perspectivas do crescimento mundial, incluindo o brasileiro.

Na semana passada, os EUA passaram a cobrar impostos de importação mais altos sobre US$ 50 bilhões (R$ 187 bilhões) em produtos da China, que respondeu na mesma moeda. Na segunda (18), o republicano voltou à carga: ameaçou impor tarifas mais altas sobre outros US$ 200 bilhões (R$ 749 bilhões).

A consequência prática de tais escaramuças na economia americana —cujo PIB passa dos US$ 18 trilhões (R$ 67 trilhões)— ainda é pequena. Além do mais, apesar da retórica belicosa, as transações entre as duas potências aumentam sem parar, assim como o saldo em favor do país asiático.

No entanto Trump tumultua o mundo. Em primeiro lugar, cria incerteza, e o investimento tende a se retrair. Segundo, cresce a volatilidade nos negócios financeiros, o que gera mais especulação e, agora, perdas de patrimônio.

Argentina espera o dinheiro do FMI para sustentar o peso: Editorial | Valor Econômico

Com contas públicas desordenadas, déficit em conta corrente e baixas reservas, a Argentina sofre em busca do equilíbrio. Desde abril, o peso perdeu um quarto de seu valor e o governo acertou às pressas um programa stand by com o Fundo Monetário Internacional, que lhe dará o direito de sacar, em etapas, US$ 50 bilhões. A primeira parcela, de US$ 7,5 bilhões, deve ser aprovada hoje em reunião do board do Fundo e será o primeiro anteparo para o peso, que tem oscilado muito, em geral com viés de baixa.

O presidente Mauricio Macri trocou o presidente do Banco Central, Federico Sturzenegger e em seu lugar colocou Luis Caputo, que ocupava o ministério das Finanças. Caputo lançou na segunda-feira uma primeira bateria de ações para conter a alta do dólar, com relativo sucesso. A moeda se valorizou 2,2% no dia, mas a bolsa derreteu, com queda superior a 8%. O novo presidente do BC atacou em duas frentes. Numa, angariou US$ 700 milhões ao reduzir o limite da exposição líquida dos bancos em moeda estrangeira de 10% para 5%. Depois fez leilão de dólares (US$ 400 milhões) após o fechamento do mercado, para repor o desencaixe dos bancos ao longo do dia - eles compraram um pouco mais da metade, apenas.

Vinicius Torres Freire: Trump, o Nero Laranja, volta a atacar

- Folha S. Paulo

Líder da desumanidade parece desembestado a ponto de programar um conflito internacional

Donald Trump é uma inspiração para a escória política do mundo, para a extrema direita francesa, brasileira ou italiana; para nacionalistas, racistas, autoritários e desumanos em geral.

Sua política econômica ignorante pode causar danos domésticos, que talvez ricocheteiem pelo mundo, dado o peso dos Estados Unidos. Havia dúvidas sobre sua capacidade de provocar um conflito internacional. O primeiro teste começa em duas semanas, quando em tese passa a valer o aumento de imposto de importação sobre produtos chineses.

No entanto, os danos das escaramuças comerciais já começam a se espalhar pela finança do mundo. Além do mais, Trump ameaçou imposto extra sobre 86% das exportações chinesas, caso a China não se renda.

Em si mesmos, o aumento de tarifas e a retaliação chinesa não são lá grande coisa. Trump prometeu prejudicar importações no valor de US$ 50 bilhões, mas a partir do dia 6 de julho o imposto afeta apenas US$ 34 bilhões. A retaliação chinesa é equivalente. No total, trata-se de 10% do comércio entre os dois países (de US$ 654 bilhões), que juntos têm um PIB de US$ 30 trilhões (o do Brasil é de US$ 2 trilhões).

Mas o confronto não para por aí.

O governo Trump prometeu anunciar nos próximos dias restrições a investimentos chineses nos Estados Unidos, além de sanções contra indivíduos e empresas. Diante da promessa da China de retaliar olho por olho, Trump pediu estudos de sobretarifas que afetem outros US$ 200 bilhões de exportações chinesas. Em caso de novo revide chinês, sobre mais US$ 200 bilhões.

Míriam Leitão: Risco da guerra comercial

- O Globo

O governo americano escolheu um caminho que é um tiro no seu próprio pé. Se ele fosse o único a se ferir, não haveria problema. Mas sempre que há uma guerra comercial todos perdem. Para o Brasil, o confronto entre Estados Unidos e China significa a briga entre os nossos dois maiores parceiros. O protecionismo quando se generaliza reduz o crescimento mundial e espalha prejuízos.

A Casa Branca disse que na opinião do presidente Donald Trump a China tem mais a perder e que serão os chineses que piscarão primeiro. É assim, com essa superficialidade, que Trump vê a intrincada questão comercial. A escalada foi rápida. Na sexta-feira passada o escritório comercial da Casa Branca anunciou que seriam impostas tarifas sobre exportações chinesas no valor de US$ 50 bilhões. Como os chineses disseram que iriam retaliar, a ameaça agora é de atingir US$ 450 bilhões. Em situações como essa, os investidores fogem de ativos de risco e compram ouro e moedas como o dólar e a libra esterlina, considerados reservas de valor. Para o Brasil, a situação é ainda mais delicada porque o país está vivendo uma crise interna.

A economista Monica de Bolle, diretora do programa de Estudos Latino-Americanos e de Mercados Emergentes da SAIS/Johns Hopkins, nos EUA, chama a atenção para o fato de que o Brasil pode ser obrigado a escolher um lado na disputa. Ela lembra que o vice-presidente americano, Mike Pence, fará uma visita ao país na próxima semana e que esse assunto poderá ser abordado na pauta.

— Entre portas fechadas, o governo brasileiro poderá sofrer pressão dos americanos. Temos uma guerra comercial escalando entre os nossos dois principais parceiros — diz Monica.

José Augusto de Castro, presidente da AEB, dá a dimensão do que está acontecendo:

— Os Estados Unidos são o maior importador do mundo e a China, o maior exportador. Por aí se pode ver a dimensão da briga. Se as sobretaxas forem de fato adotadas, haverá menos comércio, menos demanda e isso derruba os preços das commodities.

Monica De Bolle: O medo de flutuar

- O Estado de S.Paulo

O excesso de zelo do Banco Central não se justifica pela ótica do risco de uma crise externa, hoje quase nulo

Há pouco mais de duas semanas, em meio à forte turbulência nos mercados locais, o Banco Central corretamente anunciou que não mudaria a política de juros para conter a desvalorização do real. Ao mesmo tempo, anunciou o aumento das operações de swap cambial para frear a volatilidade e a disparada da moeda americana. De lá para cá, a autoridade monetária brasileira já fez cerca de 25% do ápice do montante de operações dessa natureza durante o governo Dilma. Por que o Banco Central brasileiro tem tanto medo de deixar a moeda flutuar, conforme exige o regime que constantemente reafirmamos ter?

Primeiramente, a usual digressão sobre os swaps cambiais. Nessas operações, o Banco Central oferece aos investidores o pagamento da oscilação do dólar adicionado um prêmio, enquanto o investidor se compromete a pagar ao BC a variação das taxas de juros durante o período de validade do contrato. No fim do contrato, as duas partes trocam os rendimentos e, caso o dólar tenha oscilado mais do que os juros, os investidores recebem proteção cambial enquanto o Banco Central assume o custo dessa proteção.

O fenômeno ‘Bolsodoria’

Efeito anti-PT faz eleitores de Doria em SP preferirem Bolsonaro no lugar de Alckmin

Silvia Amorim | O Globo

-SÃO PAULO E BRASÍLIA- Além do distanciamento político com o ex-prefeito João Doria (PSDB), um outro embaraço desponta com potencial de dificultar a situação do presidenciável tucano Geraldo Alckmin e seu palanque duplo em São Paulo. No maior colégio eleitoral do país começa a se desenhar o voto “Bolsodoria” — eleitores que declaram voto no pré-candidato do PSDB ao governo paulista e, ao mesmo tempo, no précandidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL).

Assim como ocorreu em 2006 em Minas Gerais, quando o fenômeno “Lulécio” — voto em Lula para presidente e Aécio Neves para governador — (leia quadro ao lado) ajudou a tirar Alckmin do páreo pela Presidência da República, surge na campanha alckmista a suspeita de que o voto “Bolsodoria” possa comprometer o empenho do PSDB paulista na campanha de Alckmin. O desempenho do presidenciável tucano em São Paulo é considerado chave para que ele alcance o segundo turno.

Alckmin está empatado com Bolsonaro em São Paulo com cerca de 15% das intenções de voto. No estado que governou por 13 anos, o tucano calcula que precisará obter 30%, no mínimo, no primeiro turno para ter chance de vitória.

O discurso anti-PT, marca registrada de Doria e Bolsonaro, é apontado como a maior razão para o fenômeno “Bolsodoria”. O ex-prefeito é disparado a preferência número 1 dos que declaram voto em Bolsonaro em São Paulo. Trechos não divulgados de uma pesquisa Datafolha feita em abril mostram que, em vários cenários, os apoiadores do presidenciável do PSL aparecem em maior quantidade entre o eleitorado de Doria do que os simpatizantes de Alckmin. A fatia dos bolsonaristas representa de 20% a 23% do eleitorado do tucano, enquanto a dos alckmistas, de 18% a 23%.

“EU NÃO SOU CONHECIDO NO BRASIL”, DIZ ALCKMIN
O fantasma do voto “Bolsodoria” soma-se a um quadro que já é de dificuldades para a pré-candidatura de Alckmin. Em sua própria casa, o presidenciável tem o palanque mais problemático. Na verdade, são dois. Alckmin se omitiu na disputa entre dois partidos de sua base, PSDB e PSB, e agora tem dois pré-candidatos ao governo paulista em guerra — Doria e o governador e candidato à reeleição, Márcio França (PSB).

Fernando Gabeira: A corrida atrás da bola

- O Globo

Nem todos os brasileiros são malandros e nem todos os russos são preguiçosos

No meu plano de trabalho, só tocaria neste tema ao final da Copa. Acontece que ele acabou surgindo no Brasil. Miranda deveria ou não cair para que o gol da Suíça fosse anulado? Faltou malandragem?

O lendário personagem nacional Macunaíma reaparece e me dá chance de mostrar que essa figura, de alguma maneira, não é estranha aos russos. Eles têm seu Macunaíma. Não veio de lendas indígenas, mas de um romance escrito em 1859 por Ivan Gonchárov: “Oblómov”.

Na verdade, o personagem russo não tem a esperteza de Macunaíma. O traço que os une fortemente é a preguiça. Oblómov era um nobre que apenas se movia da cadeira para a cama e se recusava a fazer outra coisa, além de pensar. Seu símbolo era o roupão, assim como a rede era o de Macunaíma.

O oblomovismo chegou a ser descrito como um problema nacional. O próprio Lênin manifestava-se sobre ele em seus discursos, advertindo que era impossível construir um país com a preguiça de Oblómov. Traduzindo o discurso para um português mais coloquial, creio que estava pedindo apenas o que o saudoso Hugo Carvana dizia nos seus filmes: vai trabalhar, vagabundo.

Luiz Gonzaga: Vem morena

Joaquim Cardozo: A Escultura folheada

Aqui está um livro
Um livro de gravuras coloridas;
Há um ponto-furo. um simples ponto
simples furo
E nada mais.

Abro a capa do livro e
Vejo por trás da mesma que o furo continua;
Folheio as páginas, uma a uma.
- Vou passando as folhas, devagar,
o furo continua

Noto que, de repente, o furo vai se alargando
Se abrindo, florindo, emprenhando,
Compondo um volume vazio, irregular, interior e conexo:
Superpostas aberturas recortadas nas folhas do livro,
Têm a forma rara de uma escultura vazia e fechada,
Uma variedade, uma escultura guardada dentro de um livro,
Escultura de nada: ou antes, de um pseudo-não;
Fechada, escondida, para todos os que não quiserem
Folhear o livro.

Mas, prossigo desfolhando:
Agora a forma vai de novo se estreitando
Se afunilando, se reduzindo, desaparecendo/surgindo
E na capa do outro lado se tornando
novamente
Um ponto-furo, um simples ponto
simples furo
E nada mais.

Os seres que a construíram, simples formigas aladas,
Evoluíam sob o sol de uma lâmpada
Onde perderam as asas. Caíram.
As linhas de vôo, incertas e belas, aluíram;
Mas essas linhas volantes, a princípio, foram
se reproduzindo nas folhas do livro, compondo desenhos
De fazer inveja aos mais “ sábios artistas”.
Circunvagueando, indecisas nas primeiras páginas,
À procura da forma formante e formada.
Seus vôos transcritos, “refletidos” nessas primeiras linhas,
Enfim se aprofundam, se avolumam no vazio
De uma escultura escondida, no escuro do interno;
Somente visível, “de fora”, por dois pontos;
Dois pontos furos: simples pontos
simples furos
E nada mais.