terça-feira, 1 de janeiro de 2013

FELIZ 2013!


Boa sorte e juízo! - Eliane Cantanhêde

A nova leva de prefeitos que assume hoje traz uma lufada de otimismo à política brasileira. Inaugura o pós-mensalão e projeta o futuro. Corrupção sempre haverá, mas projeta-se uma fase de mais pudor na gestão pública.

A estrela da festa é Fernando Haddad, que chega à prefeitura mais importante do país por um empurrão decisivo dos 80% de popularidade de Lula, mas tem todos os atributos pessoais e vem adquirindo os políticos para fazer não apenas uma boa gestão em São Paulo, mas também abrir horizontes para o PT. Nova cara, nova esperança.

Há, ainda, promessas em diferentes regiões e de diferentes partidos, como Gustavo Fruet (PDT) em Curitiba, Geraldo Júlio (PSB) em Recife, Rui Palmeira (PSDB) em Maceió, assim como Clécio Luís (PSOL) na distante Macapá. Apenas exemplos de sangue novo, para revigorar o combalido corpo político brasileiro.

Tudo, porém, está só começando. Haddad passou pelo MEC, Fruet e Palmeira, de famílias políticas, foram deputados, Geraldo Júlio, cria de Miguel Arraes, foi secretário em Pernambuco, e Clécio Luís, professor da rede pública, era vereador. Mas é agora que vão enfrentar o seu grande desafio, uma espécie de BBB político. O futuro de cada um depende de erros e acertos nas prefeituras.

Há histórico de prefeitos que fizeram excelentes carreiras, mas não faltam exemplos dos que naufragaram para todo o sempre. O mais recente é a de Micarla de Sousa em Natal. Jovem, bonita, tida como inteligente, ela disputou e ganhou a prefeitura pelo charmoso PV. Foi um fracasso retumbante e sai do cargo escorraçada pela decepção popular.

Não é, obviamente, o que se deseja aos novos e promissores prefeitos, que emprestam boas caras, currículos respeitáveis e milhões de boas intenções às suas cidades e às expectativas de seus eleitores. Que estejam à altura delas, deles e do futuro.

Ótimo 2013!

Fonte: Folha de S. Paulo

Ano-novo - Tereza Cruvinel

Comecemos o ano com poesia, ainda que buscando a leitura política. “Os dias do futuro estão em frente a nós/ como uma longa fila de círios acesos/ Dourados, quentes, vivos, pequeninos círios/ Os dias do passado ficam para trás/ como triste fileira de apagados círios ”’(Konstantyn Kavafys). Somos todos feitos de tempo , de círios que não devem ser queimados em vão: as pessoas, as instituições, os países. Os últimos 20 anos foram bem aproveitados pelo Brasil. Hoje começa um ano-novo que vem com deficits, mas também com as condições para ser produtivo e manter o país na trilha dos avanços. Não haverá eleições, com suas tensões, interdições e fortes antagonismos. Novos prefeitos tomam posse hoje, herdando problemas , mas olhando para frente. A presidente e os governa-dores poderão se dedicar inteiramente à gestão, ainda que pensando em faturar eleitoralmente no ano que vem.

O Congresso, com as Mesas Diretoras renovadas, deve buscar o prestígio perdido. Este ano, o que o calendário exige é preparação para a Copa de 2014. Na economia, as medidas contra a crise externa já foram tomadas. A reação demorou, mas começou no fim de 2012. O crescimento foi baixo mas com o emprego e os salários fecharam em alta. A nova classe média se consolidou, fortalecendo o mercado interno. Esses são os elementos favoráveis a que o ano seja menos conturbado e mais produtivo para o Brasil. Mas há problemas e elementos nefastos e o dia é propício a recordá-los. Haverá crescimento este ano, garantem analistas céticos e economistas engajados. Mas, para crescer sustentavelmente, o foco no consumo terá que ganhar uma inflexão pró-investimento.

O governo tomou medidas para modernizar e ampliar a infraestrutura, atraindo o setor privado para as parcerias. Mas faltam ainda iniciativas na área de inovação e tecnologia, o que exigirá mudanças drásticas na educação. As políticas sociais, o crédito e a distribuição de renda reduziram indiscutivelmente a pobreza e a desigualdade, mas a inflação nos espreita e, se tiver chance, pode devorar os ganhos obtidos pelos mais pobres. A união federativa resistiu a muitos solavancos desde a independência, mas o ano começa com a maioria dos municípios empobrecidos e disputas entre os estados e a União. Continuam irresolvidos problemas como a distribuição dos royalties do petróleo e dos recursos do FPE, a unificação das alíquotas do ICMS e a correção das dívidas estaduais, entre outros. Começa também o ano com disputas entre os Poderes, com o Judiciário avançando sobre os espaços normativos que o Congresso não ocupou. Por fim, há uma antecipada ansiedade com a disputa eleitoral de 2014. PT e PSDB, partidos polares do sistema, bem podiam se conter , sem deixar de se preparar para ela. O ano nos traz favores e desfavores mas, na balança, as condições permitem que a luz do círio seja bem queimada em 2013. Feliz ano-novo ao Brasil e aos brasileiros!

Preliminar

A reunião que o senador Aécio Neves teve após o Natal com os economistas Arminio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha, presente o ex-presidente Fernando Henrique, foi uma preliminar para a formulação de seu discurso na pré-campanha presidencial. Denúncias de corrupção e temas polêmicos, como aborto, darão lugar a crítica permanente aos pontos fracos da gestão Dilma. “ Aécio apresentará um projeto alternativo. O mercado e os investidores estão muito inseguros, médio e longo prazos, com alguns traços do governo, como o viés estatista e intervencionista e a incerteza regulatória. Isso não é bom para o Brasil” , diz o deputado Marcus Pestana, um dos arqueiros de Aécio.

Fonte: Correio Braziliense

Brasileiro segue otimista com economia

Datafolha mostra que, após um 2012 fraco, 44% acreditam em melhora neste ano, mas com inflação mais alta

Para 57%, situação econômica pessoal vai progredir; otimismo é menor entre aqueles de maior renda

Patrícia Campos Mello

SÃO PAULO - O "pibinho" não abalou as expectativas dos brasileiros.

Apesar do desempenho pífio da economia em 2012, com crescimento que deve ficar abaixo de 1%, quase metade dos brasileiros acredita que a economia do país vai melhorar nos próximos meses.

Esse otimismo moderado apareceu em pesquisa nacional feita pelo Datafolha em 13 de dezembro, em 160 municípios. Para 44% dos 2.588 entrevistados, a economia vai melhorar; 38% acreditam que ficará como está e 13% acham que vai piorar. Não opinaram 5%. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Em janeiro de 2012 -antes, portanto, do PIB decepcionante-, a percepção dos brasileiros sobre o futuro da economia era praticamente a mesma: 46% achavam que ia melhorar, 13% apostavam em uma piora e 37% acreditavam que ficaria igual.

Os brasileiros com renda entre cinco e dez salários mínimos são os mais otimistas: 48% apostam na melhora da economia. Os mais pessimistas são os de maior renda (mais de dez salários mínimos) -16% acreditam que a situação vai piorar. A renda dos 10% mais pobres da população foi a que mais cresceu entre 2001 e 2009.

Situação pessoal

Os entrevistados se mostram esperançosos quanto à sua situação econômica. A maioria, 57%, acha que sua situação pessoal vai melhorar, enquanto 31% acreditam que ela não vai mudar. Apenas 8% dizem que vai piorar.

O desemprego tampouco desperta preocupações. A taxa medida pelo IBGE ficou em 4,9% em novembro, a menor para o mês desde 2002.

Segundo o Datafolha, 33% dos brasileiros acham que o desemprego vai diminuir; 31%, que vai ficar como está, e 33%, que vai subir -resultado semelhante ao da pesquisa de janeiro.

Mas o brasileiro se mostra mais receoso em relação à inflação, que deve ficar acima do centro da meta de 4,5% em 2012. Segundo última pesquisa do Banco Central de 2012, a estimativa de mercado é que o IPCA feche o ano em 5,71%. Segundo o Datafolha, 44% das pessoas acham que a inflação vai subir; 13%, que vai diminuir, e 37%, que vai ficar como está.

Fonte: Folha de S. Paulo

Perspectivas de emprego para 2013 - José Pastore

Em relação a muitos países, o Brasil tem sido um verdadeiro oásis em matéria de emprego. Enquanto os espanhóis amargam um desemprego de 25%, entre nós, a taxa é menor do que 5%. No Brasil, o quadro dos últimos anos tem sido o de falta de mão de obra.

Mas o que dizer de 2013? Confesso estar preocupado, especialmente, com o comportamento do emprego industrial. A geração de novos postos de trabalho nesse setor está em ritmo muito lento. Em alguns segmentos, já começa a haver perda de empregos, como é o caso da construção civil.

As indústrias brasileiras vêm perdendo competitividade a passos largos. No que tange ao fator trabalho, o Brasil apresenta um dos mais altos custos unitários do mundo em decorrência de aumentos explosivos da remuneração, da baixa produtividade e do avassalador intervencionismo das leis e da Justiça do Trabalho no campo trabalhista. Resumo: a disparada do custo do trabalho brasileiro já assusta os investidores. A tais problemas se somam os entraves sistêmicos já conhecidos - ineficiência da logística, tributos e burocracia sufocantes, regulação imprevisível, educação de baixa qualidade e minguados investimentos em inovação. A lista é enorme e, no conjunto, pesa muito mais do que a crise externa na determinação da baixa competitividade das nossas indústrias. Tanto que vários dos nossos concorrentes estão se saindo melhor do que o Brasil, a despeito da crise externa.

Nos últimos meses alastrou-se a percepção de que o Brasil deixou de ser a bola da vez por ser pouco competitivo, em especial, na indústria. Com o descasamento acelerado entre o custo do trabalho - que explode - e a produtividade - que permanece estagnada -, é difícil visualizar um cenário de crescimento sustentável no campo do emprego industrial em 2013. Ao contrário, podemos ter perdas. Há notícias indicando que algumas empresas já vêm promovendo demissões em massa. Há também as que transferiram suas operações para o exterior.

O comércio e os serviços ainda respondem por um bom volume de empregos graças ao crescimento da massa salarial que leva muitas pessoas a consumir. Mas mesmo nesses setores há segmentos preocupantes. Os bancos iniciaram um período de dispensa de funcionários que tende a se acentuar em 2013. A elevação da inflação e o endividamento crescente fazem os recém-chegados à classe média reverem seus planos de consumo, o que deve afetar o comércio e os serviços neste próximo ano.

Não quero exagerar. Mas, em algum ponto, o fraco desempenho da indústria e do setor financeiro afetará o agregado, trazendo a geração de postos de trabalho para cerca de 1,2 milhão em 2013 - bem inferior aos anos em que o Brasil era realmente uma usina de empregos, como em 2010, quando o País abriu quase 3 milhões de novas oportunidades.

O quadro só não é de alarme porque a proporção de pessoas dispostas a trabalhar vem diminuindo por força da queda da taxa de natalidade ocorrida há décadas. Ademais, os jovens estão retardando a entrada no mercado de trabalho e os idosos estão antecipando a saída. Os três fenômenos concorrem para uma redução dos que se oferecem para trabalhar, contribuindo, assim, para baixar a taxa de desemprego.

As medidas de estímulo, apesar de estarem na direção certa, ainda não produziram os efeitos esperados para elevar a competitividade do setor industrial. Aumentar os investimentos e melhorar a sua qualidade são cruciais. Bem o contrário do que ocorreu em 2012, quando os investimentos industriais reduziram 28% em relação a 2011, que por sua vez já haviam encolhido, quando comparados com 2010.

Em suma, penso que 2013 será marcado por um baixo crescimento do emprego em decorrência da deterioração do mercado de trabalho do setor industrial e dos seus reflexos. Não será um ano catastrófico, mas estará longe do céu de brigadeiro usufruído nos últimos tempos.

José Pastore, professor de Relações do Trabalho da FEA-USP. É membro da Academia Paulista de Letras,

Fonte: O Estado de S. Paulo

Em busca do tempo perdido – Miriam Leitão

Em 2013 a presidente Dilma Rousseff terá seu ano decisivo. No terceiro ano de governo ela tentará deslanchar o crescimento para ter mais um mandato no Planalto. O crescimento medíocre do primeiro biênio e a inflação em patamar alto só não corroeram sua popularidade porque o consumo tem sido turbinado pelo crédito. Mas sua imagem de gerente perdeu consistência.

Na área internacional a incerteza terá como foco os Estados Unidos. A Europa tentará a difícil tarefa da construção das bases da união bancária, mas o continente passará o ano em recessão. A China pode crescer um pouco mais, mas não volta ao patamar de dois dígitos de alguns anos atrás. A crise política americana produzirá novos eventos de ameaça à recuperação.

O mundo pode não prejudicar muito o Brasil, mas não ajudará, como fez de 2003 a 2007 no governo Lula. Não se espera um novo boom de commodities, no máximo que o minério de ferro não caia abaixo do nível de 2012.

Aqui dentro há chances razoáveis de um ano com um PIB mais forte. Ontem, a média das projeções do mercado confirmaram os 3,3%, o que não quer dizer nada porque eles erraram muito em 2012, mas depois de dois anos de baixo crescimento, há o efeito até estatístico de recuperação. O crescimento não poderá contar apenas com o aumento do endividamento das famílias, porque esse processo está se esgotando. Houve no ano passado preocupação com o excesso de comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas. Muito devedor ainda está encalacrado. A relação crédito-PIB saiu de 25% para 52% em dez anos. Como os juros do crédito ao consumo continuam altos, os níveis de crédito-PIB de outros países não são parâmetro para nós.

O investimento público tem que ser maior e mais eficiente. Como recentemente disse o ex-presidente do BC Armínio Fraga, adianta pouco usar o investimento público na construção de pirâmides. O governo tem que ser capaz de fazer as apostas certas e mais racionais em projetos que realmente aumentem a competitividade do Brasil e eliminem gargalos.

A inflação deve permanecer alta, mas haverá alguns pontos de redução. Os alimentos não devem subir tanto, porque no ano passado o aumento foi em parte pela seca nos Estados Unidos. Eventos extremos de clima têm se repetido ano a ano, mas não se espera algo como a perda de grande parte das lavouras de soja, milho e trigo nos Estados Unidos. Mesmo assim, a inflação de alimentos, que ficou em 10% em 2012, permanecerá forte. A de serviços pode cair, porque o reajuste do salário mínimo será em percentual menor. E há ainda a queda dos preços de energia. Esse efeito será em parte neutralizado pelo reajuste da gasolina.

O governo tentará fazer algo mais forte para impulsionar a retomada do crescimento porque sabe que este ano é fundamental para os projetos do PT de permanecer no governo, seja com Dilma ou Lula.

O ano mais fácil de qualquer governo é sempre o primeiro e Dilma o perdeu. O governo parou nas sucessivas denúncias de corrupção que derrubaram sete dos seus ministros. Na economia foi preciso conter a inflação que refletiu os excessos de gastos eleitoreiros de 2010 e que bateram em 2011. Todas as previsões eram de recuperação do crescimento no ano passado, mas o país ficou estagnado.

A presidente Dilma tem cada vez menos entusiastas dos seus métodos de gestão. Tem muita decisão que depende apenas da sua atuação e fica estacionada em sua mesa. Bom gerente decide com agilidade. A política econômica é dominada pelo pacotismo que gera mais incerteza do que estímulo. É adepta dos projetos de impacto, como os do governo militar, mas sem ligação com as urgências do país, como o trem-bala. É lenta em decisões como a da privatização do Galeão que consumiu dois anos de hesitação.

Nesses dois anos que faltam para o fim do mandato, Dilma terá que superar seus erros gerenciais e focar no investimento público, se quiser melhorar seu desempenho na área econômica. Ao mesmo tempo terá que ter mais cuidado com a área fiscal. As contas finais não chegaram, mas até agora há risco de não cumprimento das metas de 2012 e o governo tem comprometido demais os bancos públicos em financiamento que não terá retorno garantido, principalmente Caixa e Banco do Brasil. Fazer bolha é fácil. O ano precisará ser de crescimento com boa gerência.

Fonte: O Globo

O que pensa a mída - Editoriais dos principais jornais do País

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Criador do PSD concentra foco

Artur Rodrigues

Gilberto Kassab trocará o helicóptero que usava diariamente para ir aos eventos da Prefeitura pelo avião. Na ponte aérea entre São Paulo e Brasília, deve preparar o caminho para a disputa das eleições dos governos dos Estados por candidatos do Partido Social Democrático. Entre os pleiteantes da sigla, deve estar o próprio Kassab, no páreo para o Palácio dos Bandeirante.

Até 2014, Kassab passará quase 100% do tempo fazendo o que fez com mais eficiência nos últimos anos: política. Após sete anos de mandato, ele saiu da Prefeitura com a pior avaliação desde Celso Pitta - 42% dos paulistanos classificaram a gestão como ruim ou péssima, enquanto 27% disseram que foi boa ou ótima, segundo o Ibope. No entanto, o recém-criado Partido Social Democrático (PSD) firmou-se como a quarta força política do País, com 494 prefeitos eleitos, atrás só dos poderosos PMDB, PSDB e PT.

Nos primeiros dias de janeiro, ele volta para a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde se formou em Engenharia, para dar início à criação de um núcleo de estudos voltado à gestão de cidades. "Depois, na segunda quinzena de janeiro faço palestra sobre desenvolvimento urbano em Abu Dhabi (nos Emirados Árabes Unidos)", diz.

O descanso de verdade deve vir só em fevereiro. "Viajo para Nova York com uma sobrinha que vai iniciar o MBA. Vou acompanhá-la, aproveito e descanso."

Já visando o governo do Estado, Kassab terá de trabalhar para ganhar votos no interior, onde o governador Geraldo Alckmin (PSDB) é bastante popular. "Apesar de eu ter nascido em São Paulo, sempre atuei mais no interior", garante.

Dilma. No plano federal, o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), segundo ele, é o mais provável. Ele deve garantir o primeiro ministério do PSD, o que vai cuidar das pequenas e médias empresas. Pelos planos de Kassab, quem assumirá a carga é o vice-governador, Guilherme Afif Domingos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Mercado vê PIB abaixo de 1% em 2012 e eleva inflação

Expectativa para 2013, no entanto, foi mantida em 3,3%

SÃO PAULO — O mercado encerrou o ano estimando pela primeira vez que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano ficará abaixo de 1%, ao mesmo tempo em que elevou pela quarta semana seguida sua projeção para a inflação em 2012, mostrou pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira. Os analistas consultados preveem agora que o PIB terá uma expansão de 0,98% neste ano, ante expectativa de 1% na semana anterior. Mas a perspectiva para 2013 foi mantida em 3,3%.

Em relação à inflação, os analistas preveem agora que a taxa medida pelo IPCA terá chegado a 5,71% em 2012, ante 5,69% na semana anterior. Já a expectativa para a inflação em 2013 é de alta de 5,47%, inalterado ante a semana anterior. O Banco Central já reduziu sua previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano a 1 por cento, ante 1,6% estimado anteriormente. Ao mesmo tempo, elevou a perspectiva para a inflação neste ano a 5,7% e reduziu a projeção para 2013 a 4,8%.

A pesquisa Focus desta segunda-feira mostrou ainda que os analistas mantiveram a previsão de que a Selic encerrará 2013 nos atuais 7,25%, mesmo percentual estimado para a taxa básica de juros em janeiro.

Fonte: O Globo

Cabral põe Pezão na rua para garantir continuidade no Rio

Vice-governador deve disputar a eleição estadual só daqui a dois anos, mas já conta com ajuda de profissionais

Alfredo Junqueira

RIO - O torneiro mecânico Darcy Souza, 86 anos, não acreditava muito nas chances de seu filho, Luiz Fernando, na disputa de sua primeira eleição à Câmara Municipal de Piraí, pequena cidade no interior do Rio de Janeiro, em 1982. Para ajudá-lo, resolveu fazer uma graça com os vizinhos inspirando-se na principal característica física do filho. Pegou uma tábua de madeira e talhou um pé enorme. Escreveu "Luiz Fernando Pezão" e o número do garoto na disputa, pendurando a peça publicitária improvisada no bar mais frequentado do bairro.

O filho do seu Darcy se elegeu vereador, depois faturou duas disputas à Prefeitura de Piraí (1996 e 2000), virou secretário estadual e desde 2007 é vice-governador. Principal gestor da administração fluminense, foi ungido pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) como candidato a sua sucessão em 2014.

Responsável pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Rio, tem excelente trânsito no governo federal e chegou a ser cotado para assumir um ministério no início da administração Dilma Rousseff - que o adora.

Apesar do currículo, Pezão - 57 anos e calçado nº 47/48 - ainda é um ilustre desconhecido. Lançado por Cabral em 2010, a viabilidade eleitoral dele ainda é vista com desconfiança até por peemedebistas.

Campanha. Para tentar reverter o quadro, Cabral e Pezão colocaram a chamada pré-campanha na rua depois do 2.º turno das eleições municipais. Os tempos do marketing amador do pai ficaram para trás e, desde o início de novembro, o vice-governador passou a ser tutelado por profissionais do pacote de comunicação de Cabral.

A FSB Comunicações assumiu sua assessoria de imprensa e o publicitário e antropólogo Renato Pereira, dono da Prole Gestão de Imagem e estrategista das campanhas vitoriosas de Cabral e do prefeito Eduardo Paes (PMDB), já atua como consultor informal da candidatura.

As duas empresas prestam serviço para a administração estadual. A FSB recebe R$ 18 milhões anuais para cuidar da assessoria de imprensa do governo - incluindo a vice-governadoria. Já a Prole faz parte da PPR - Profissionais de Publicidade Reunidos, uma das seis agências que administram a propaganda institucional do Estado - cujos gastos somaram R$ 206 milhões em 2011.

A espontaneidade de Pezão passou a ser regulada, e ele praticamente sumiu do noticiário. A quase dois anos da disputa eleitoral, a prioridade é evitar desgastes. Até porque o vice-governador terá dois adversários experientes em pleitos ao estilo vale-tudo: o ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho (PR) e o senador Lindberg Farias (PT).

Em pelo menos duas ocasiões este ano, por exemplo, o vice-governador fez questão de fazer elogios a Delta Construções - empreiteira que mais faturou em obras com a administração Cabral e que se tornou alvo de todo tipo de suspeita depois que a Polícia Federal revelou, na Operação Monte Carlo, as relações de sua diretoria com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

"Ela (Delta) é uma empresa agressiva e por isso tem mais contratos", defendeu Pezão, no fim de abril, dias antes de Garotinho divulgar em seu blog fotos e vídeos de Cabral em companhia do dono da construtora, Fernando Cavendish, e de secretários de Estado em festas e restaurantes de luxo pela Europa.

Imagem. Pezão recusou-se a dar entrevista ao Estado. Segundo sua assessoria, a prioridade neste momento é a agenda de entrega de obras do governo.

O desempenho de Pezão em 2014 depende totalmente da avaliação de Cabral pelo eleitorado - afirmam integrantes da equipe da dupla. O desastre na imagem do governador provocado pelo escândalo Cachoeira-Delta e as fotos dele com Cavendish está sendo revertido, segundo dados de pesquisas internas aos quais o Estado teve acesso.

As avaliações de "ótimo" e "bom" de Cabral somavam 53% antes do escândalo. Despencaram para 34% após a divulgação da fotos. Na reeleição de Paes, em outubro, esse número chegava a 45%. Em novembro, subia para 48%.

Com a recuperação do governador, Pezão será apresentado ao eleitorado como representante do que será chamado de "Renascimento do Rio", numa clara comparação entre as gestões Cabral e as do casal Anthony e Rosinha Garotinho, ressaltando a pacificação de favelas, investimentos em infraestrutura e os grandes eventos esportivos.

Embora o PMDB do Rio ainda conte com uma pressão do PT nacional para abater novamente a candidatura de Lindberg, como ocorreu em 2010, a equipe que prepara Pezão também articula uma estratégia para tentar neutralizar o carisma do petista. Para isso, vai reforçar a imagem do vice-governador como político dotado de três elementos de capacidade pessoal "fundamental": diálogo, realização e liderança.

Pezão ainda contará com uma extensa agenda de inaugurações de obras sob sua responsabilidade para tentar decolar até 2014, como a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo, o Arco Metropolitano e novas intervenções em favelas e comunidades carentes.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Cotado para governo é réu em cinco ações por improbidade

Inquérito também apura se vice beneficiou família da mulher ao ter desapropriado imóvel em cidade do interior do Rio

Desde setembro de 2006, o vice-governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão está instalado num apartamento no Leblon, bairro mais valorizado da zona sul do Rio, comprado por sua mulher, a economista Maria Lucia Cautiero Horta Jardim.

Certidão do 2.º Ofício de Registro de Imóveis mostra que faltando pouco menos de um mês para a primeira eleição de Cabral, Maria Lucia pagou R$ 315 mil pelo imóvel. Atualmente, um apartamento similar na área vale pelo menos quatro vezes mais.

O documento também mostra que o imóvel foi colocado em indisponibilidade pela Justiça Federal em cinco ocasiões. Pezão reverteu a decisão em instâncias superiores. O vice-governador é réu em cinco ações que tramitam na 1.ª Vara Federal de Barra do Piraí por improbidade administrativa supostamente cometida durante suas gestões na cidade vizinha de Piraí. Nos processos, o Ministério Público Federal alega que a máfia das sanguessugas atuou na cidade vendendo ambulância superfaturada para a prefeitura. Pezão nega todas as acusações.

Um outro imóvel é fonte de preocupação para o vice-governador. Em 29 de janeiro de 2010, numa das muitas vezes em que assumiu a administração durante viagens de Cabral ao exterior, Pezão assinou decreto desapropriando um imóvel de parentes de Maria Lucia em Barra do Piraí.

O Estado do Rio pagou R$ 470 mil pela casa, cujo preço de mercado era avaliado em torno de R$ 300 mil. Até o fim de dezembro, o local ainda estava em obras para receber a sede da Procuradoria-Geral do Estado na cidade.

O caso virou um inquérito civil na 2.ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Cidadania de Barra do Piraí, que apura eventuais irregularidades no processo. O caso foi revelado pela revista Época, para qual Pezão disse que não sabia que a pertencia à família de sua mulher. "Eu não misturo assuntos de Estado com a família", afirmou o vice-governador, na ocasião. / A.J.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Vice ganhou espaço na política com Garotinho

Ao final de seu segundo mandato como prefeito de Piraí, Luiz Fernando Pezão foi levado por Garotinho para ocupar a Subsecretaria de Governo durante a gestão Rosinha Garotinho (2003/2006). Posteriormente, assumiu a pasta como titular. Foi o início de sua ascensão na política regional.

Em pouco tempo, Pezão passou a frequentar reuniões do núcleo político dos Garotinho. Tornou-se íntimo e nome de confiança do casal - que na época era aliado do atual governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

Quando começaram as negociações para a composição da chapa que sucederia Rosinha na eleição estadual de 2006, Garotinho impôs Pezão como vice.

Cabral, na época senador, não gostou. Argumentava que não poderia ter como vice um ex-prefeito de uma cidade que tinha apenas 15 mil eleitores. Preferia Antonio Francisco Neto, que era secretário de Receita e ex-prefeito de Volta Redonda (200 mil eleitores), ou Nelson Bornier, deputado federal e ex-prefeito de Nova Iguaçu (490 mil eleitores).

Vencedor da eleição, Cabral rompeu com Garotinho no período de transição, em dezembro. Pezão fez o mesmo semanas depois. Rapidamente, o vice-governador conquistou a confiança de Cabral e tornou-se peça fundamental de sua administração.

Garotinho nunca perdoou o que chama até hoje de traição do aliado. Em seu blog, não o poupa Pezão de críticas e ofensas. Em 2014, em palanques opostos, os dois devem protagonizar os momentos mais polêmicos da campanha eleitoral, com trocas mútuas de acusações. / A. J.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Coral Mocambo - Evocação Nº 1

Receita de Ano Novo - Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.