domingo, 31 de julho de 2022

Luiz Werneck Vianna* - Completar a obra da democratização

Para observadores desatentos o apego irracional ao poder por parte de Bolsonaro quando todos e tudo lhe escapam do controle e comunicam em alto e bom som que chegou a hora do seu fim, aparenta sinais de loucura, de falhas cognitivas que escapam a uma percepção normal das circunstâncias a que está exposto, tanto no processo eleitoral que emite sinais irreversíveis de derrota nas urnas, como na rejeição manifesta pela opinião pública entre gregos e troianos, inclusive de largas fatias da elite, ao seu estilo de mando e de governo.

Mas há método nessa loucura, e que não recua do uso de qualquer expediente que evite a sua derrota final, em última instância até o de favorecer enfrentamentos que levem o país à beira de numa guerra civil. Bolsonaro e seu entorno imediato nunca esconderam seus propósitos do que entendiam como uma purificação política do país pela eliminação dos seus adversários, no limite, física (os trinta mil mortos tantas vezes mencionados publicamente), explícita na glorificação de militares torturadores na ditadura militar e na sua obsessão de defesa do regime do AI-5. Nesse sentido, converteu em uma política de Estado a difusão do culto às armas e a massificação da sua posse, e favoreceu a criação de milícias entre seus simpatizantes e sequazes.

Alberto Aggio* - Emerge a frente democrática

Precisamente no momento em que a mídia anuncia que as pré-candidaturas à presidência da República se oficializam nas suas respectivas Convenções, começa uma certa movimentação de alguns candidatos aparentemente em deriva rumo à candidatura Lula. A mídia registrou incomuns elogios de Ciro Gomes a Lula bem como giro ainda mais ostensivo de André Janones em direção ao líder petista e assim os vem interpretando.

Tais movimentações parecem indicar que o panorama eleitoral ainda não está de todo definido, mesmo que se veja nele um cenário pouco afeito a mudanças, com o embate se concentrando em Lula e Bolsonaro. Se alguma coisa se move na atual disputa, tudo indica que não será capaz de alterar os termos em que ela acabou se desenhando.

Mas algo de novo ocorreu nos últimos dias. Há pouca discordância de que o fato novo a se registrar foi a carta Estado de Direito Sempre, redigida por professores de Direito da USP, que causou um enorme impacto. A carta foi imediatamente traduzida como Carta em Defesa da Democracia, movimentou o cenário político e repercutiu na arena eleitoral. A Carta representa efetivamente um divisor de águas porque alterou o centro de gravidade da conjuntura política.

Míriam Leitão - Carta do Direito e a nova aliança

O Globo

Quando formam-se alianças, a democracia se fortalece, e esse é o sentido da Carta contra as ameaças autoritárias que rondam as eleições

Há um momento em que notas de grupos viram manifestos de alianças. Muda a natureza do movimento. Foi o que aconteceu nos últimos dias. A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros remete a um símbolo forte do passado e une pessoas diferentes entre si sob uma bandeira comum. As mesmas arcadas do Direito da USP que ouviram Goffredo da Silva Telles Jr. ouvirão Celso de Mello na defesa da democracia. Empresários, banqueiros, intelectuais, profissionais de diversas áreas se uniram num manifesto que na sexta-feira já ultrapassava 400 mil assinaturas. Outros documentos estão sendo preparados. A sociedade civil fez muito pelo fim da ditadura militar com atos como esses.

Só subestima o que está acontecendo quem não conhece a História ou não valoriza a força da democracia. Jair Bolsonaro diz que não entendeu as cartas pró-democracia e emendou: “Estão com medo do quê?” É difícil para o presidente entender o que seja um movimento de defesa da democracia. Ele não entende disso. E não é exatamente medo o que move os subscritores, é a certeza de que Bolsonaro representa um risco para as instituições do país.

Elio Gaspari - Em 1977, o SNI não entendeu a Carta

O Globo

O negócio daquela Carta, como a de hoje, era a democracia

Jair Bolsonaro e o doutor Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil da Presidência, disseram que o manifesto da Carta em Defesa da Democracia era coisa de banqueiros ressentidos pela popularização do Pix.

Seria ingenuidade supor que eles não entendem de banqueiros ou de política. Bolsonaro e Nogueira estão num palácio onde algum efeito sobrenatural tem a capacidade de distorcer a percepção da realidade.

No palácio, nada é o que é. Se cai um meteorito no Pará, isso pode ter sido jogada de alguma ONG.

A Carta de 2022 procura replicar o que teria sido o efeito da Carta ao Brasileiros que o professor Goffredo da Silva Telles leu numa noite de agosto de 1977, há 45 anos.

Valeria a pena que Nogueira e seus colegas palacianos relessem o que escreveu o falecido Serviço Nacional de Informações, analisando a cena do largo de São Francisco:

“A Carta aos Brasileiros

A leitura da “Carta aos Brasileiros” feita pelo Professor Goffredo da Silva Telles, dia 8 de agosto de 1977, no pátio interno da Faculdade de Direito da USP, como parte dos festejos comemorativos do sesqüicentenário da implantação dos cursos jurídicos no BRASIL deu a impressão, à primeira vista, de que se tratava de um ato oficial organizado pela Direção da Faculdade, em comemoração a mais um aniversário de sua fundação.

Na verdade, o documento em apreço, de mera conotação política, não teve apoio maciço da Congregação da referida Academia de Direito, senão de minoria inexpressiva, conquanto ativa.

É da entrevista do Diretor da Faculdade a afirmação: ‘A leitura (da Carta) era um ato político e pessoal do Professor Goffredo e, por isso, a permissão para uso do salão só poderia ser dada pela Congregação, mas o pedido não foi feito’.

A ‘Carta aos Brasileiros’ está recebendo a adesão de professores de outras escolas de Direito e de muitos advogados de São Paulo e de outros estados. No entanto, ela não está merecendo a adesão irrestrita nem sensibilizou a opinião pública, como esperavam seus autores. Alguns políticos de conhecida formação liberal se recusaram a assiná-la, sob os mais variados argumentos. (...) O presidente seccional da OAB em São Paulo deixou de assinar a ‘Carta’ por considerá-la um documento elaborado por iniciativa isolada.”

O SNI não havia entendido nada. O negócio daquela Carta, como a de hoje, era a democracia.

Como ensinou Mark Twain, a história não se repete, mas rima.

Bernardo Mello Franco - Discurso vencido

O Globo

Na contramão dos fatos, Bolsonaro insiste em dizer que acabou com a corrupção. Para 73%, esse discurso já estourou o prazo de validade

No último dia da campanha de 2018, Jair Bolsonaro não saiu de casa. Limitou-se a fazer uma aparição nas redes sociais. Com a vitória garantida, o capitão repetiu seu número preferido: prometeu combater a corrupção e acabar com o loteamento de ministérios e estatais.

“O que está em jogo não é a democracia, não. O que está em jogo é a perpetuação dessa máquina podre que nós temos aí, que vive da corrupção”, pontificou. “O que está em jogo é a corrupção, são os grupos que não querem sair de lá porque vivem mamando nas tetas do Estado”.

O discurso de Bolsonaro estava amparado em pesquisas. Depois de quatro anos de Lava-Jato, a corrupção aparecia no topo das preocupações dos brasileiros. No sétimo mandato de deputado, o capitão conseguiu fazer mágica e se vender como um outsider. A aliança com o juiz Sergio Moro, que aceitou abandonar a magistratura para virar ministro, deu o toque final no personagem.

Alessandra Ribeiro e Rafael Cortez* - É a política e a economia, estúpido!

O Globo

A melhor situação econômica não basta para evitar riscos democráticos

‘É a economia, estúpido’. O uso da frase do estrategista de campanha do Partido Democrata, James Carville, no início de 1992 tornou-se comum nas análises eleitorais mundo afora.

A racionalidade por trás da afirmação é razoavelmente simples: cenário econômico tem peso relevante no comportamento dos eleitores, tornando a disputa presidencial uma avaliação do desempenho do governo na condução da economia. Uma economia que cresce significaria vitória do candidato à reeleição, independentemente das variáveis políticas, tais como natureza do sistema de partidos, perfil dos candidatos ou estrutura de campanha. Seria tão poderosa que, no limite, ela também produziria estabilidade política.

Os últimos anos, porém, foram marcados pela “redescoberta da política”, invertendo a relação entre economia e política. A análise das regras do jogo e das escolhas dos tomadores de decisão passou a ter impacto decisivo no comportamento das economias. A crise política nos países avançados, decorrente da crise sistêmica de legitimidade das organizações partidárias tradicionais, mostrou que o risco político não era apenas problema de países periféricos. A melhor situação econômica não basta para evitar riscos democráticos e episódios de violência política.

Dorrit Harazim – Penitências

O Globo

Pedidos oficiais de desculpas são registros civilizatórios essenciais para o conhecimento de quem somos

A História está coalhada de memoráveis pedidos de desculpas públicas, moldadas por graus variáveis de sinceridade e intento de reparação. Pena que só vez por outra essas penitências oficiais por atos cometidos por (a)gentes do passado conseguem ser confrontadas com situações presentes. No âmbito de nossas relações pessoais, é fácil: a sinceridade de uma jura de não repetição do erro é perfeitamente auditável por quem sofre o abuso. Basta aguardar os dias seguintes. Mais difíceis e complexos de avaliar são os pedidos oficiais de desculpas por crimes deliberadamente enterrados na História por uma instituição, governo ou nação. Ainda assim, são registros civilizatórios essenciais para o conhecimento de quem somos.

Janio de Freitas – O medo que ameaça

Folha de S. Paulo

Presidente apela ao golpismo diante da derrota que se anuncia

Bolsonaro já está convencido de que não se reelege, e tem medo. Há dois meses até a eleição, tempo que não levaria um candidato esperançoso a providências de desespero.

Paulo Guedes e outros estão acionados em duas linhas avançadas. Uns têm feito sondagens nos tribunais superiores sobre possível contenção dos processos criminais de Bolsonaro.

Outros são portadores de propostas em que atitudes positivas de Bolsonaro e o encerramento dos processos se compensariam.

Mesmo que parte do Supremo Tribunal Federal argumente com a conveniência de instituições pacificadas e eleições tranquilas, não há sinal de maioria aberta a acordo.

Muniz Sodré* - Ditaduras moleculares

Folha de S. Paulo

A realidade de 2 milhões de pessoas no Rio de Janeiro é dependência das milícias

Como a imagem num holograma, que tem a informação do todo em cada uma de suas partes, pequenos relatos individuais não raramente expõem problemas de grande magnitude social. Assim é que um jovem universitário, morador de uma das grandes favelas cariocas, embora exultante pela oportunidade que lhe oferece o sistema público, me faz saber de seus percalços para cumprir tarefas. Há primeiro a distância e a precariedade do transporte.

Há, sim, as vantagens híbridas do online. E aí se revela outra ordem de dificuldades, pois a rede não funciona bem onde ele mora, e não há reclamação ou alternativa possíveis: o serviço é controlado por traficantes.

Hélio Schwartsman - Na Covid, Deus dá lição de biologia

Folha de S. Paulo

O vírus nos mostra o poder da seleção natural mediante variação

Não acho que Deus exista, mas admitamos, para fins de argumentação, que ele seja real e interfira no mundo. Existem vários modos de fazê-lo. Há desde o superativismo divino, no qual nem uma pedra rola sem autorização do criador, até o deísmo, pelo qual o demiurgo criou o universo com suas leis naturais e foi descansar num longo "shabbat", que já dura 14 bilhões de anos.

pandemia de Covid-19 traz dificuldades para os partidários da primeira concepção, já que nos obrigaria a ver Deus como um cara malvado. Se tudo depende de decisão do criador, então ele é o culpado pelos 6 milhões de óbitos até aqui registrados. Não daria nem para condenar Bolsonaro por suas omissões, já que elas seriam parte do plano divino.

Vinicius Torres Freire – Salário a preço de liquidação

Folha de S. Paulo

Inflação e desemprego caem até outubro, mas emprego precário é problema para governismo

índice de infelicidade é uma medida muito simplesinha de mal-estar econômico, mas diz alguma coisinha sobre o prestígio dos governantes. É a soma da taxa de inflação com a taxa de desemprego, uma ideia do economista americano Arthur Okun (1928-1980).

Em geral, também a popularidade de presidentes brasileiros varia com esse índice de infelicidade ou sofrimento ("misery index").

O índice de sofrimento econômico começou a cair por volta de março e deve baixar ainda mais. Parece plausível que a popularidade de Jair Bolsonaro (PL) tenha saído do fundo do poço, a partir do início do ano, por causa do aumento do número de pessoas com algum trabalho.

Como qualquer outra explicação simplesinha, o recurso apenas ao índice de sofrimento dá em besteira grande. Mas não convém desprezar as manhas e os efeitos da inflação e do emprego na conversa política.

Eliane Cantanhêde - Cobertor curto

O Estado de S. Paulo

Lula foca no voto útil, Bolsonaro sobe daqui, cai dali e fica no elas por elas, ou no eles por elas

O presidente Jair Bolsonaro sofre da síndrome do cobertor curto na eleição: quando melhora daqui, piora dali e essa soma zero é a favor do ex-presidente Lula, que atravessa toda a campanha numa dianteira confortável e está com 14 pontos de vantagem, segundo o Agregador de Pesquisas do Estadão, com a possibilidade, difícil, não impossível, de vitória em primeiro turno.

Bolsonaro foi de 19% para 24% entre os nordestinos, pelo Datafolha, mas está 35 pontos atrás de Lula no Nordeste e 15 pontos no Sudeste e as duas regiões reúnem 70% do eleitorado brasileiro. Ele também ganhou seis pontos entre as mulheres, mas perdeu quatro entre os homens. Ficou elas por elas, ou eles por elas.

Se o presidente melhorou um tantinho entre os de menor renda, Lula compensou entre os mais ricos. E, se Bolsonaro é o preferido dos evangélicos (43% a 33%), Lula é o dos católicos, com margem bem maior (52% a 25%), e tem 51% dos espíritas.

Luiz Carlos Azedo - Lula explora favoritismo para ampliar alianças

Correio Braziliense / Estado de Minas

Não há relação direta do descolamento do establishment empresarial e jurídico em relação a Bolsonaro com o apoio desses segmentos a Lula, mas manifestos abrem espaços para o petista

Os manifestos em defesa da democracia, das urnas eletrônicas, da Justiça Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal (STF) — um deles articulado por ministros aposentados da Corte, professores e alunos da tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP); o outro, pela poderosa Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), com apoio da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP) e da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) — sinalizam um grande movimento de placas tectônicas na política brasileira.

Representam a reação da sociedade civil à narrativa golpista de Jair Bolsonaro (PL), principalmente depois da reunião com diplomatas de cerca de 70 países, na qual levantou suspeitas sobre o sistema eleitoral e atacou os ministros do Supremo Luís Roberto Barroso, Édson Fachin e Alexandre de Moraes. O fato de o presidente ter anunciado a intenção de convocar uma manifestação para o 7 de setembro, dia do Bicentenário da Independência, com o propósito de confrontar o Supremo, no domingo passado, na convenção eleitoral do PL, deu mais repercussão aos manifestos, que podem chegar a um milhão de assinaturas de personalidades dos mundos jurídico, empresarial, acadêmico, científico e artístico.

A 63 dias do primeiro turno das eleições, os dois manifestos sinalizam um realinhamento de forças políticas e sociais de muita envergadura, cujas consequências eleitorais não estão ainda definidas, mas revelam o profundo isolamento político de Bolsonaro, dos generais que o cercam e dos políticos do Centrão que controlam o Orçamento do governo. O inegável prestígio popular, que mantém uma base eleitoral bastante resiliente, e o peso da utilização da máquina governamental para desequilibrar a eleição a seu favor, por meio da aprovação da PEC da Eleição, não vêm sendo suficientes para reduzir os índices de rejeição de Bolsonaro, o que mantém a polarização e a radicalização políticas, mas não a sua expectativa de poder.

Cristovam Buarque* - Um Ministro da Educação de Base

Blog do Noblat / Metrópoles

O governo federal como o responsável pela educação de base das crianças brasileiras

A ideia de o governo federal adotar responsabilidade sobre a educação de base das crianças brasileiras, está explicitada no programa de governo do Ciro Gomes. Em sua entrevista à Globo News, a Senadora Simone Tebet também levantou a possibilidade de a educação de base ser uma função de todo o Brasil. 

Desde a eleição de 2006, os candidatos à presidência não explicitavam estratégias neste sentido, e aparentemente apenas estes candidatos demonstram esta concepção; os demais parecem aceitar a ideia de que o atual sistema municipal é capaz de permitir o salto na educação de base; ou consideram que este salto é desnecessário e basta facilitar o ingresso no ensino superior, mesmo com a educação de base sem qualidade. 

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões

Democracia sempre

Folha de S. Paulo

Sociedade reage e expressa adesão incondicional aos valores democráticos e repúdio ao golpismo

Os manifestos em articulação na cidadania e entre associações da iniciativa privada contra as ameaças golpistas do presidente da República reforçam e renovam, na sua origem, os compromissos fundadores do pacto democrático nacional.

A carta organizada por ex-alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, endossada a esta altura por centenas de milhares de subscritores, aciona o vínculo primordial do regime das liberdades, inscrito na Carta de 1988.

"Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição." As eleições periódicas, porque cruciais para essa transferência condicionada de poder, não podem ser objeto de alteração na lei fundamental.

O texto menciona a trajetória de respeito aos resultados eleitorais e de transições ordeiras que já avança pela quarta década. Enfatiza o ganho de confiabilidade representado pela votação eletrônica, sobre a qual jamais foi comprovada fraude em mais de 25 anos de emprego.

Ao reduzir drasticamente os votos inválidos, a urna digital cumpriu na prática a promessa da Nova República de incluir no exercício rotineiro da soberania popular os brasileiros menos instruídos.

confiança no sistema de votação, segundo pesquisa do Datafolha concluída nesta quinta (28), abrange 79% dos eleitores, sendo francamente majoritária (69%) entre os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que vilipendia as urnas e a Justiça diariamente.

Convite | Lançamento do livro - O mundo é uma escola ( Cristovam Buarque)

 


Poesia | Ascenso Ferreira - Trem de Alagoas / Noturno / Cabra Cabriola

Música | Teresa Cristina & Zezé Gonzaga - Barracão (Luiz Antônio e Oldemar Teixeira Magalhães)