“A democracia exige paciência, tolerância, dá muito trabalho e nunca resolverá todos os problemas humanos. Mas oferece caminhos para soluções baseadas na argumentação embasada e posta à prova pelo diálogo e pelo voto constante. No começo do século 20, alguns pensadores se colocaram contra essa concepção política. Carl Schmitt criticava a lerdeza dos Parlamentos e dizia que o soberano tinha de ter mais poder para o povo realizar-se nele. Outro escritor de menor calibre viu a solução mágica nos pensamentos do "homem comum", e odiava intelectuais e a imprensa. Foi com esse discurso que ele chegou ao poder na Alemanha. Deveríamos nos lembrar disso quando acompanhamos o debate político atual.”
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*Fernando Abrucio, doutor em ciência política pela USP e coordenador do curso de administração pública da FGV-SP. ‘Discurso mágico contra a democracia’. Valor Econômico | Eu &Fim de Semana, 10/2/2017.