Os comunistas e o
golpe de 1964
A defesa das
liberdades democráticas constitui o elo principal dessa luta. Inseparável de
todas as demais reivindicações constitui, por isso mesmo, a mais ampla e
mobilizadora, capaz de unificar e canalizar todos os movimentos
reivindicatórios para a ampla frente de combate à ditadura
O CC do Partido
Comunista Brasileiro se reuniu no corrente mês de maio e, tomando por base o
informe apresentado pela CE, fez uma análise da situação internacional, da
situação nacional e da atividade do Partido, no período decorrido desde sua
ultima reunião.
Assinala-se nesse
período, com o acontecimento marcante, o golpe militar reacionário de 1 de
abril do ano passado, com a conseqüente deposição do presidente João Goulart e
a instauração, no País, de uma ditadura reacionária e entreguista. Interrompeu-se assim, o processo democrático
em desenvolvimento. As forças
patrióticas e democráticas e, em particular, o movimento operário e sua
vanguarda – nosso Partido - sofreram sério revés. Modificou-se profundamente a situação
política nacional.
As conclusões a
que chegou o CC, após os debates, estão contidas na seguinte resolução:
As lutas do povo
brasileiro desenvolvem-se num quadro de uma situação internacional
caracterizada pelo fortalecimento das posições do socialismo, pelo Ascenso do
movimento nacional-libertador e do movimento operário internacional, pelo
crescimento das forças empenhadas na preservação e consolidação da paz mundial.
A política de paz
realizada pela União Soviética e demais países socialistas, apoiada em seu
avanço econômico, técnico e científico e inspirada no princípio da coexistência
pacífica, penetra cada vez mais fundo na consciência de todos os povos. Desenvolve-se com vigor o movimento de
emancipação nacional da Ásia, África e América Latina.
A conjuntura
econômica dos países capitalistas mais desenvolvidos mantém-se, em geral, em ascenso.
Aumenta o interesse, no campo capitalista, pela intensificação das relações
econômicas com os países do campo socialista, o que amplia as condições
objetivas da política de coexistência pacífica.
Mas, simultaneamente, e em conseqüência também do continuado agravamento
da crise geral do capitalismo, aguçam-se as contradições interimperialistas, que
se manifestam especialmente na disputa de mercado e se refletem, com maior
destaque, em posições assumidas pelo governo francês em sua política externa.
É nessa situação
que o imperialismo, particularmente o norte-americano, intensifica suas
atividades em diferentes regiões do mundo, empreendendo atos de agressão contra
os povos que lutam pela libertação nacional.
A situação internacional se agrava sensivelmente.
A intervenção no
Congo por parte das forças ianques e belgas; a repressão da ditadura portuguesa
às lutas do povo de Angola; a intervenção da Grã-Bretanha na Guiana Inglesa; as
provocações da República Federal Alemã em torno de Berlim e a tentativa de
organizar a Força Atômica Multilateral e criar um cinturão atômico nas
fronteiras dos países socialistas – todas essas medidas constituem não apenas violações
dos direitos dos povos, mas também novas ameaças à paz mundial.
Ante a firme
resistência do povo do Vietnã do Sul, dirigido pela Frente Nacional de
Libertação (Vietmin), o governo de Washington estende a sua agressão ao Laos e
ao Camboja, bombardeia o território da República Democrática do Vietnã (Vietnã
do Norte), ataca sua marinha mercante e de guerra. Para sufocar a luta do povo
dominicano contra a reação e para defender os interesses dos monopólios
ianques, desembarca tropas na República de São Domingos, utilizando a OEA para
dar cobertura a essa monstruosa agressão.
A intensificação
da agressividade do imperialismo norte americano expressa a orientação da
chamada “doutrina Johnson” de esmagamento pela força dos movimentos
democráticos e de libertação nacional. E
tem também o objetivo de provocar guerras locais e limitadas, para impedir a
distensão internacional, atendendo aos interesses dos círculos mais agressivos de
Wall Stret e do Pentágono. Tais ações
despertam, entretanto, os protestos e a revolta dos povos do mundo inteiro, inclusive
do povo dos Estados Unidos.
Contribuindo, assim, de um lado, para sério agravamento da situação
internacional, concorrem de outro lado, para desmascarar cada vez mais o
imperialismo norte-americano como opressor e explorador dos povos, como inimigo
da paz, despertando novas forças para a luta em defesa dos povos oprimidos e
contra as ameaças de nova guerra mundial.