- Eu & Fim de Semana | Valor Econômico
Primeiros dias de Bolsonaro já começam a exibir rachaduras
Impecável o mapeamento proposto por Fernando Abrucio das forças que mais determinarão o desempenho do novo governo ("Quando o maior inimigo são os aliados", no Valor do último dia 21). Classificação que certamente demandará ajustes, assim que for possível saber quais das já visíveis tensões internas tenderão a se cristalizar. Poucas dessas forças são coesas e algumas já começam a exibir rachaduras. Mas, por enquanto, os principais vetores são mesmo os sete retratados por Abrucio. Em ordem alfabética: BBB, filhos, Guedes, Moro, Mourão, Onyx e PSL.
Serão os descompassos e atritos entre eles que mais darão trabalho e dores de cabeça ao presidente, enquanto as oposições de esquerda e de centro continuarem atordoadas pelo nocaute sofrido em outubro. Daí ser fundamental ir um pouco além, discutindo também quais poderão ser as mais prováveis alianças entre os sete esteios.
Há consistentes identificações entre trincas que poderão gerar dois aguerridos blocos polares. De um lado, BBB-filhos-PSL; de outro, Guedes-Moro-Mourão. Cenário que até poderia oferecer um confortável papel de fiel da balança aos mais antigos aliados políticos do bolsonarismo, sob a batuta de Onyx. Todavia, os primeiros dias de governo sugerem o contrário: como bombeiros, só agravam as disputas ao se comportarem como baratas tontas.
Na Esplanada dos Ministérios, é evidente que a segunda trinca surge amplamente majoritária, pois abrange toda a Economia (inclusive Banco Central), CT&I, Defesa, Justiça, Segurança Institucional e mais duas secretarias: Geral e de Governo. Talvez também Infraestrutura, Desenvolvimento Regional, Minas, Turismo, AGU e CGU. Já a primeira só conta com Agricultura, Educação, Meio Ambiente, Mulher e Relações Exteriores, com boas chances de também arrastar Cidadania e Saúde.