quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Opinião do dia – Arnaldo Jardim

O buraco é muito maior do que se imagina na medida em que o atual governo toma pé da situação da economia brasileira e da administração pública, que revela o descalabro deixado pelo governo do PT.

O número de 12 milhões de trabalhadores desempregados no Brasil é um símbolo disso, além é claro do enorme desarranjo deixado no setor produtivo.
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Arnaldo Jardim é deputado federal licenciado (PPS-SP) e secretário de Agricultura de São Paulo, no Portal do PPS

Ministro do STF defende freio à Lava Jato; procurador reage

O cemitério está cheio desses heróis’, diz Gilmar Mendes sobre procuradores da Lava Jato

• Ministro do Supremo Tribunal Federal reage a vazamento de informações sobre delação de empreiteiro que atinge seu colega da Corte, Dias Toffoli, e alerta que 'quando há concentração de poderes cometem-se abusos'

Fausto Macedo e Julia Affonso – O Estado de S. Paulo

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, disse nesta terça-feira, 23, que ‘é preciso colocar freios’ na atuação dos procuradores da República. Ele não citou nomes, mas se referiu diretamente a procuradores da Operação Lava Jato.

A fala do ministro é a mais contundente manifestação já disparada por um membro da Corte máxima contra os procuradores.

Gilmar Mendes se revela indignado com o que classifica de vazamento de informações sobre a delação do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS.

O executivo, segundo a revista Veja, revelou detalhes de uma obra na residência do ministro do STF Dias Toffoli, ex-advogado do PT e amigo de Gilmar Mendes. A obra teria sido realizada pela OAS, alvo da Lava Jato por cartel e corrupção na Petrobrás.

Para Gilmar, o vazamento seria um ‘acerto de contas’ de procuradores porque Toffoli os teria contrariado ao mandar soltar o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento) e ‘fatiado’ a investigação sobre a senadora Gleisi Hoffman (PT/PR) na Lava Jato.

‘É um estelionato delacional’, diz Janot sobre suposta citação a Toffoli

• Procurador-geral da República afirma que jamais chegou ao Ministério Público qualquer menção ao ministro do Supremo Tribunal Federal

Fausto Macedo, Julia Affonso e Ricardo Brandt – O Estado de S. Paulo

O procurador-geral da República Rodrigo Janot afirmou nesta terça-feira, 23, durante reunião do Conselho Nacional do Ministério Público que não existe na negociação de delação premiada do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, qualquer citação ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Posso afirmar, peremptoriamente, que esse fato não foi trazido ao conhecimento do Ministério Público, esse pretenso anexo jamais ingressou em qualquer dependência do Ministério Público. Portanto, de vazamento não se tratou”, afirmou Janot.

A manifestação do procurador ocorreu logo depois de entrevista do ministro Gilmar Mendes, do STF, ao Estadão. O ministro atacou duramente a força-tarefa da Operação Lava Jato, atribuindo à Procuradoria vazamento da suposta revelação do empreiteiro envolvendo Dias Toffoli em uma obra da OAS em sua residência.

“É um estelionato delacional”, disse Janot. “Trata-se de um fato que um meio de comunicação (Revista Veja) houve por bem publicar. Ou se trata de um fato que alguém vendeu como verdadeiro a esse meio de comunicação e isso escapa de minha possibilita de análise. Reafirmo que não houve nas negociações, pretensas negociações de colaboração dessa empreiteira nenhuma referência, em anexo nenhum, fato enviado ao Ministério Público envolvendo essa alta autoridade judiciária.”

Gilmar e Janot entram em atrito

Procurador-geral da República, Rodrigo Janot nega que MP tenha vazado informações contra o ministro do Supremo Dias Toffoli; a acusação fora feita pelo ministro Gilmar Mendes, que falou em “abuso de autoridade”

Referência a ministro do STF causa atrito entre Gilmar e Janot

• Procurador-geral nega que MPF tenha sido responsável por vazamento de acordo de delação

Jailton de Carvalho e Carolina Brígido - O Globo

-BRASÍLIA- A divulgação de suposta proposta de delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro citando o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), provocou ontem um confronto verbal entre o ministro Gilmar Mendes e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em entrevista à tarde, Gilmar Mendes acusou o Ministério Público de ter vazado trechos do pré-acordo de delação de Pinheiro na Operação LavaJato com o objetivo de constranger Toffoli, e cobrou a punição dos responsáveis. Segundo a revista “Veja” desta semana, em um dos anexos do pré-acordo de colaboração, o presidente da OAS teria citado Toffoli.

Justiça afasta deputados do DF acusados de cobrar propinas

• MP investiga se funcionários da Câmara Legislativa destruíram provas

Renata Mariz - O Globo

-BRASÍLIA- Por determinação da Justiça, a presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Celina Leão (PPS), e três deputados que integram a Mesa Diretora foram afastados ontem dos cargos de direção da Casa e prestaram depoimento ao Ministério Público do DF e à polícia. Eles são suspeitos de cobrar propina em um suposto esquema de desvio de verbas de emendas parlamentares destinadas à Saúde, revelado pelo GLOBO na última semana.

Ao todo, 14 mandados de busca e apreensão foram cumpridos pelo MP em conjunto com a Polícia Civil nos gabinetes e residências dos envolvidos durante a operação, batizada de Drácon. Os agentes recolheram computadores, documentos físicos, mídias, cofres, joias e R$ 16 mil em espécie. O MP investiga também a denúncia de que servidores retiraram documentos e computadores da presidência da Câmara, nos últimos dias, para destruir provas.

Depoimentos espontâneos
Além dos deputados distritais que faziam parte da cúpula do Legislativo, a operação teve como alvo o deputado Cristiano Araújo (PSD), o servidor Alexandre Braga, o ex-diretor do Fundo de Saúde do DF Ricardo Cardoso e o ex-secretário-geral da Câmara Valério Neves, que foi preso na Operação Lava-Jato e hoje está solto.

Dilma cita Getulio e Jango e diz: ‘Luta não tem data para terminar’

• Petista participa de ato às vésperas de julgamento, sem a presença de Lula

Sílvia Amorim e Sérgio Roxo- O Globo


-SÃO PAULO- Às vésperas do início do julgamento do impeachment, a presidente afastada, Dilma Rousseff, citou o suicídio de Getulio Vargas e o exílio de João Goulart, e disse a apoiadores em São Paulo que continuará lutando.

Sem o ex-presidente Lula ao seu lado, ela participou de um ato da Frente Brasil Popular contra o impeachment.

— Não renunciei porque hoje existem espaços democráticos neste país. Eles (oposição) não obrigaram a me suicidar como obrigaram o Getulio nem me fizeram pegar um avião para o Uruguai como fizeram com o Jango. E sabe por quê? Porque tem uma democracia aqui que lutamos para construir —disse. — Temos que saber que esta luta não tem data para terminar.

Notas fiscais de gráfica agravam situação de Dilma

• Gasto de R$ 324 mil não foi incluído nas contas da reeleição, constata perícia do TSE; Temer pode herdar processos

André de Souza - O Globo

BRASÍLIA - Peritos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) identificaram divergências entre a prestação de contas da campanha à reeleição da presidente afastada, Dilma Rousseff, e a contabilidade da gráfica Focal, que prestou serviços à candidata. Em 21 de outubro de 2014, a empresa emitiu uma nota fiscal de R$ 324 mil não registrada na prestação de contas de Dilma. Mas a gráfica, sobre a qual pesa a suspeita de ser apenas uma empresa de fachada, registrou ter recebido essa quantia em espécie.

Além disso, mais quatro notas fiscais, no valor total de R$ 591 mil, foram canceladas porque não houve prestação de serviço. Apesar do cancelamento e de tais despesas não terem sido registradas pela campanha de Dilma, a Focal as incluiu em sua contabilidade.
As notas fiscais foram emitidas em outubro de 2014 e canceladas em fevereiro de 2015, após Dilma ter sido reeleita e empossada novamente. Os peritos do TSE não identificaram registros de estorno ou devolução dos recursos.

Ao todo, a campanha de Dilma registrou ter pagado R$ 24 milhões à Focal na campanha de 2014. Os valores divergentes observados na perícia totalizam R$ 915 mil. O laudo dos peritos do TSE ainda registra problemas na contabilidade de outras duas gráficas: VTPB e Rede Seg. Juntas, as três empresas receberam cerca de R$ 53 milhões da campanha.

Os peritos constataram falta de estrutura, capital ou funcionários nas empresas para dar conta dos serviços contratados. O advogado da campanha de Dilma, Flávio Caetano, negou irregularidades. Em nota, disse que as conclusões da perícia são “absolutamente contraditórias e inconsistentes”.

A perícia foi determinada em abril pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, corregedora do TSE, e entregue ontem a ela. A auditoria será anexada no conjunto de provas das quatro ações que pedem a cassação da chapa vitoriosa, relatadas pela corregedora. Se o impeachment de Dilma for confirmado, o presidente interino, Michel Temer, que foi vice na chapa, herdará todos os processos.

Temer procura senadores para aprovar impeachment

• Levantamento mostra que 51 parlamentares já se declaram a favor do afastamento de Dilma Rousseff

O presidente interino, Michel Temer, reforçou ontem o contato com senadores, especialmente do Nordeste, para tentar garantir a aprovação final do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Levantamento feito pelo GLOBO mostra que a maioria continua favorável ao impedimento da petista. O julgamento final começa amanhã e deve durar sete dias. Dos 81 senadores, 51 declararam que votarão a favor do impeachment, 19 disseram que votarão contra e 11 não quiseram se manifestar ou não foram encontrados. Para sacramentar o impeachment, são necessários 54 votos. Ontem, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que comandará o julgamento final no Senado, rejeitou mais um pedido da defesa e manteve para amanhã o início do rito de conclusão do processo.

Temer recebe senadores às vésperas da sessão

• Entre os seis parlamentares que foram ao Planalto, três confirmam que votarão pela condenação de Dilma

Cristiane Jungblut e Renan Xavier - O Globo

-BRASÍLIA- A dois dias do início do julgamento final do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado, o presidente interino, Michel Temer, recebeu ontem seis senadores, cinco deles do Nordeste, no Palácio do Planalto. Todos votaram pelo afastamento da petista no último dia 10, quando o plenário da Casa aprovou, por 59 votos a 21, o parecer da comissão especial de impeachment no Senado, o que a tornou ré. O temor do Planalto é que os senadores da região, reduto eleitoral do PT, acabem mudando de voto.

Três deles ainda não confirmam se continuarão contra Dilma na votação final: Edison Lobão (PMDB-MA), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Roberto Rocha (PSB-MA). Os demais — Ciro Nogueira (PP-PI), Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e Eduardo Amorim (PSC-CE) — afirmaram que se decidiram pelo impeachment.

Contra mudanças de voto, Temer faz ofensiva sobre senadores nordestinos

Gustavo Uribe, Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A dois dias do início da fase final do processo de impeachment, o presidente interino, Michel Temer, abriu espaço na sua agenda nesta terça-feira (23) para receber senadores nordestinos que têm evitado se posicionar publicamente sobre a votação que definirá o destino da presidente Dilma Rousseff.

No final desta manhã, o peemedebista recebeu em audiência Edson Lobão (PMDB-MA), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Roberto Rocha (PSB-MA). Os dois últimos não têm declarado seus votos na fase final.

Os três maranhenses também estão na mira do Palácio do Alvorada na tentativa de evitar um placar de 54 votos favoráveis ao afastamento definitivo da petista. Na votação da pronúncia, os três votaram pelo prosseguimento do processo de impeachment.

PT rejeita plebiscito sobre novas eleições, proposto por Dilma

Catia Seabra – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A cúpula do PT rejeitou, por 14 votos a 2, a proposta apresentada pela presidente afastada, Dilma Rousseff, pela convocação de plebiscito sobre antecipação de eleições no Brasil. Reunida nesta terça-feira (23), a Executiva Nacional do partido votou contra a publicação de um documento que endossaria a sugestão de Dilma.

Foi a primeira vez que o comando do PT se manifestou formalmente sobre a proposta. A emenda –apresentada pelo secretário de Formação do PT, Carlos Henrique Árabe– reproduzia um trecho da carta de compromissos divulgada por Dilma na tentativa de reverter a tendência pelo impeachment no Senado.

E sugeria uma declaração do partido em favor do plebiscito.

"O PT apoia a afirmação da presidenta Dilma na sua carta histórica ao povo: 'Estou convencida da necessidade e darei meu apoio irrestrito à convocação de um plebiscito, com o objetivo de consultar a população sobre a realização antecipada de eleições, bem como sobre a reforma política e eleitoral'", dizia o texto que foi rejeitado.

Em SP, Dilma critica política econômica de Temer

Estevão Taiar – Valor Econômico

SÃO PAULO - As críticas unânimes e contundentes à política econômica adotada pelo presidente interino Michel Temer marcaram evento em apoio à presidente afastada Dilma Rousseff realizado ontem à noite, em São Paulo. O encontro, organizado por centrais sindicais e movimentos sociais, contou com a presença da própria Dilma, recebida por centenas de pessoas, entre trabalhadores, militantes, intelectuais, políticos e até moradores de outros países, carregando bandeiras da Venezuela e do México.

Ibope: no Rio, Crivella sai na frente

Pesquisa do Ibope divulgada pela TV Globo mostra que a disputa pela prefeitura do Rio está indefinida, com Marcelo Crivella (PRB) liderando com 27%. Freixo (PSOL) e Flávio Bolsonaro (PSC) aparecem com 12% e 11%, seguidos por Jandira (PCdoB) e Pedro Paulo (PMDB), com 6% cada.

Ibope: Crivella lidera no Rio, seguido por Freixo e Bolsonaro

• Candidato do PRB tem também a mais alta rejeição, junto com Jandira

Ruben Berta e Juliana Castro - O Globo

A primeira pesquisa do Ibope, encomendada pela Rede Globo, mostra o candidato do PRB, Marcelo Crivella, na frente na disputa pela prefeitura do Rio. De acordo com o levantamento, realizado entre os dias 20 e 22 de agosto com 805 eleitores, Crivella aparece com 27% das intenções de voto. Em seguida, vêm Marcelo Freixo (PSOL), com 12%; Flávio Bolsonaro (PSC), com 11%; Jandira Feghali (PCdoB) e Pedro Paulo (PMDB), com 6%; Indio da Costa (PSD), com 5%; Osorio (PSDB), com 4%; Alessandro Molon (Rede), com 2%; e Carmen Migueles (Novo) e Cyro Garcia (PSTU), com 1%. Afirmaram que votariam em branco ou anulariam o voto 20% dos entrevistados. Outros 5% não sabiam ou não responderam.

Os candidatos com maior rejeição são Marcelo Crivella (35%) e Jandira Feghali (35%). Na sequência, aparecem Pedro Paulo (33%), Flávio Bolsonaro (31%), Marcelo Freixo (25%), Cyro Garcia (22%), Indio da Costa (21%), Osorio (20%), Alessandro Molon (18%) e Carmen Migueles (18%). Ainda houve 1% que disse que votaria em qualquer candidato ou que não rejeita nenhum; e 7% não sabiam ou não responderam.

Em SP, Russomanno à frente e Marta em 2º

• Haddad, Erundina e João Doria estão empatados com 9% das intenções de voto

- O Globo

SÃO PAULO - O deputado federal Celso Russomanno (PRB) lidera a corrida eleitoral à prefeitura de São Paulo com 33% das intenções de voto. De acordo com pesquisa do Ibope divulgada ontem, a senadora Marta Suplicy (PMDB) aparece em segundo lugar, com 17%. O Ibope, contratado pela TV Globo e pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, ouviu 805 eleitores da capital entre os dias 19 e 22 de agosto. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Atrás de Russomanno e Marta aparecem empatados, em terceiro lugar na disputa, o prefeito Fernando Haddad (PT), a deputada federal Luiza Erundina (PSOL) e o empresário João Doria Jr. (PSDB), todos com 9%. Em seguida, estão o deputado federal Major Olimpio (SD), com 2%; e empatados com 1% Levy Fidelix (PRTB), Ricardo Young (Rede), João Bicó (PSDC) e Altino Melo (PSTU). O candidato Henrique Áreas (PCO) não pontuou. Brancos e nulos são 13%. Não sabem ou não responderam, 4%.

A pesquisa também avaliou a rejeição dos 11 candidatos na disputa da maior cidade do país. Haddad aparece com o quadro mais negativo, com 52% de rejeição. É seguido por Marta, 35%; Luiza Erundina, 25%; Celso Russomanno, 24%; Levy Fidelix, 22%; João Doria, 12%; Major Olimpio, 8%; Altino, 7%; João Bicó, 7%; Henrique Áreas, 5%; Ricardo Young, 5%. Não souberam ou não opinaram 8% dos entrevistados.

A administração de Haddad também foi avaliada. Apenas 13% a consideram ótima ou boa, outros 30% consideram regular e 57% falaram que é ruim ou péssima. Segundo o Ibope, 76% desaprovam a forma como petista vem administrando o município, 19% a aprovam. Outros 5% não sabem ou não responderam. A pesquisa foi registrada no TRE-SP sob o protocolo SP-07072/2016.

Tucano lidera em BH
Em Belo Horizonte, o candidato do PSDB, deputado estadual João Leite, lidera com 21% das intenções de voto. Em segundo lugar aparece Alexandre Kalil (PHS), com 11%. Em terceiro está Luís Tibé (PTdoB), com 6%, seguido por Eros Biondini (PROS) e Vanessa Portugal (PSTU), ambos com 5%. Délio Malheiros (PSD), Maria da Consolação (PSOL), Reginaldo Lopes (PT) e Sargento Rodrigues (PDT) têm 3% cada; e Marcelo Álvaro Antonio (PR) e Rodrigo Pacheco (PMDB), 2%. Votos brancos e nulos somaram 20%. Não sabem ou não responderam, 16%.

O Ibope ouviu 805 pessoas entre os dias 18 e 21 de agosto. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TRE-MG sob o protocolo MG-04289/2016.

Corrente articula Lula no comando do PT

• Ala majoritária manobra para que ex-presidente seja apresentado como nome à presidência do partido em encontro previsto para 2017

Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo

Integrantes da corrente majoritária do PT, Construindo um Novo Brasil (CNB), articulam a condução do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comando do partido. Reunida em São Paulo nesta terça-feira, 23, a Executiva Nacional da legenda decidiu adiar de dezembro deste ano para março de 2017 o Encontro Nacional Extraordinário, no qual deve ser discutida a abreviação do mandato da atual direção da sigla.

A manobra, encabeçada pela CNB, abre caminho para a chamada “solução Lula” na presidência do partido, hoje comandado por Rui Falcão. A ideia é ganhar tempo para viabilizar a proposta, barrar o avanço das correntes de esquerda que se uniram no movimento Muda PT – que inclui ainda parte expressiva da bancada no Congresso Nacional – e evitar um racha na legenda.
Segundo dirigentes petistas, Lula está ciente da articulação, mas ainda não disse se aceitaria a indicação. Não é a primeira vez que o nome do líder máximo do PT surge como alternativa para presidir a sigla. Nas outras vezes, ele havia recusado.

Agora, avaliam petistas, a situação é diferente. Acossado pela Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobrás, Lula poderia exercer a direção partidária independentemente de decisões da Justiça e teria também uma agenda sólida de repactuação do PT e estrutura material para viajar pelo País se preparando para uma possível candidatura à Presidência da República em 2018.

A reunião desta terça-feira foi marcada por cobranças. Falcão pediu explicações ao secretário de Formação, Carlos Árabe, da Mensagem, sobre questionamentos feitos na imprensa, e líderes da CNB insinuaram que o objetivo real das críticas da esquerda é preparar o desembarque do partido.

A Mensagem negou e disse que o objetivo da corrente é ganhar o controle do partido. O Muda PT distribuiu um texto, depois da reunião, defendendo a manutenção da data do encontro. Líderes da esquerda petista admitem que a “solução Lula” os deixaria na defensiva.

Dilma. A Executiva Nacional do PT negou ainda apoio à proposta da presidente afastada Dilma Rousseff de um plebiscito para realização de novas eleições presidenciais. Dilma fez a sugestão na Carta aos Senadores lançada na semana passada. A Mensagem apresentou uma emenda que reproduzia o texto de Dilma, mas obteve apenas dois votos entre 15 integrantes da Executiva que participaram da reunião.

Indagado sobre a divergência entre partido e a presidente afastada sobre o tema, Falcão desconversou. “A questão está posta por ela. Ela se dispõe, voltando à Presidência, a propor a convocação de um plebiscito. Cabe ao Senado, por maioria simples, convocar um plebiscito”, disse ele, que já se manifestou contra a proposta de Dilma.

Reajuste do STF ameaça dividir aliados de Temer

• PSDB e DEM falam até em retirar apoio caso aumento seja aprovado

Partidos da base aliada cobram do Palácio do Planalto decisão firme sobre projeto que elevará salários do Judiciário e terá impacto de R$ 5 bilhões ao ano; Caiado chega a chamar de farsa

A decisão do PMDB de apoiar o aumento salarial para ministros do Supremo, que deve custar R$ 5 bilhões ao ano, abalou a base do governo Michel Temer. No PSDB e no DEM, líderes fizeram cobranças públicas e chegaram a falar em abandonar o Planalto, caso não adote uma posição firme contra o aumento. “Não é possível que haja dois governos, um para fazer bondade e outro para ficar com o ônus da decisão”, disse o senador Aécio Neves (PSDB). O líder do DEM, Ronaldo Caiado, foi enfático: “Não vou participar dessa farsa.”

Desajuste na base

• Aumento salarial do STF divide aliados do governo; PSDB e DEM ameaçam retirar apoio

Júnia Gama e Maria Lima - O Globo

BRASÍLIA- Um relatório paralelo do PMDB pela aprovação do aumento salarial para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o endosso de senadores aliados, inclusive do vice-líder do governo, a um pedido de urgência na tramitação do projeto abriram ontem uma crise na base parlamentar do presidente interino, Michel Temer. As principais lideranças de PSDB e DEM cobraram publicamente o Palácio do Planalto a se posicionar de forma clara sobre o tema, inclusive sob pena de abandonarem a base.

Reajuste de servidores fica para depois do impeachment

Por Vandson Lima, Thiago Resende, Carolina Oms, Cristiane Bonfanti e Robson Sales – Valor Econômico

BRASÍLIA e RIO - Principais partidos da coalizão governista, PMDB e PSDB partiram para o confronto em relação aos reajustes do funcionalismo. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), relator da proposta, deu parecer contrário ao aumento para os ministros do STF, que provoca um "efeito cascata" para uma série de outras carreiras. Valdir Raupp (PMDB-RO), homem da confiança de Michel Temer, apresentou voto em separado a favor do reajuste.

Essa decisão revoltou os tucanos. "O PSDB não vai arcar sozinho com o ônus de ser governo", disse o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB). Presidente da sigla, Aécio Neves (MG) reiterou o desconforto: "Não é possível que haja dois governos, um para fazer bondade e outro para ficar com o ônus". Diante do impasse, foi feito um pedido de vista coletivo e a discussão só será retomada após o impeachment.

Disputa prejudicial - Merval Pereira

- O Globo

Não tem o menor sentido a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de cancelar as negociações para a delação premiada dos executivos da empreiteira OAS pelo que chamou de “estelionato delacional”, ou seja, a divulgação de um documento com insinuações contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli que não foi apresentado oficialmente.

Tamanha falsidade mereceria uma investigação aprofundada, não o fim das negociações. Agindo assim, Janot está ajudando quem “plantou” essas acusações na revista “Veja” justamente, ao que tudo indica, para criar um clima antagônico entre o Ministério Público e o Supremo.

Não parece lógico que a própria OAS tenha interesse em estragar sua delação, pois, se fosse assim, bastaria que se recusasse a fazê-la. E também não faz sentido a desconfiança de Janot de que a empreiteira vazou a falsa delação para obrigar o Ministério Público a aceitar suas bases na negociação.

Indignação de ocasião – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

A crise entre o Ministério Público e o Supremo alcançou um novo patamar nesta terça (23). A água que esquentava desde o fim de semana atingiu o ponto de ebulição. Coube ao ministro Gilmar Mendes soprar o apito. Ele atacou os procuradores da Lava Jato, a quem acusou de vazar uma pré-delação para constranger o tribunal.

Gilmar abriu o verbo depois de a operação esbarrar na proximidade entre o empreiteiro Léo Pinheiro e o ministro Dias Toffoli. Ele sugeriu à colunista Mônica Bergamo que os procuradores seriam movidos a "delírios totalitários". "Me parece que [eles] estão possuídos de um tipo de teoria absolutista de combate ao crime a qualquer preço", afirmou.

Bendita pindaíba - Dora Kramer

- O Estado de S. Paulo

O veto ao financiamento por parte de pessoas jurídicas é a pedra de toque das eleições municipais de outubro, uma dura e inédita prova para os meios e modos adotados por partidos e candidatos nas campanhas ao longo das últimas décadas e um “test-drive” para as disputas eleitorais daqui em diante.

No sentido figurado, a expressão “pedra de toque” refere-se à maneira de se avaliar ou aferir alguma coisa. No sentido literal significa o uso de um elemento mineral (rocha escura) para qualificar a pureza dos metais. Misturados os conceitos, chegamos ao nosso tema de interesse: a depuração da metodologia político-eleitoral a partir de modificações pontuais na legislação, ainda que não se tenha feito a celebrada reforma política.

De cara com o eleitor - Luiz Carlos Azedo

• O PT será vidraça até onde faz oposição, porque o desgaste da Lava-Jato e da crise atinge seus candidatos mais competitivos

- Correio Braziliense

De nada adiantam a narrativa do golpe e o “Fora, Temer!” para o PT nas eleições municipais. A legenda entra na disputa eleitoral enfraquecida, com a possibilidade de eleger menos da metade do número atual de prefeitos. As baixas começaram antes mesmo da disputa eleitoral. Dos 619 petistas vencedores das últimas eleições municipais em todo o país, 69 já haviam deixado a legenda no ano passado. Somente em São Paulo, o PT perdeu a 20 de 73 prefeitos. No Nordeste, viu a saída do único prefeito de capital: Luciano Cartaxo, de João Pessoa, que migrou para o PSB.

Na disputa deste ano, o PT lançou 23.599 candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, uma queda de 47,2% em relação ao total de postulantes petistas em 2012, ano da última eleição municipal. Nas eleições passadas, a legenda estava atrás apenas do PMDB em número de candidatos, disputando o poder em 1.901 municípios. Agora, tem candidatura própria em 992 cidades, num universo de mais de 5 mil municípios.

Lá vêm os noivos - Rosângela Bittar

• O reino por um nome novo, com biografia e traquejo político

- Valor Econômico

Passado o impeachment, não resta a mais pálida dúvida: a sucessão presidencial assumirá o protagonismo que os limites da interinidade conseguiram evitar. A eleição municipal, no proscênio agora, é jogo armado de conclusão rápida; e o governo de dois anos e meio, interregno até a presidencial, tem seus traços definidos e suficiente para realizá-los, ainda que no seu mínimo, de forma concomitante com a campanha maior. Assim, ao contrário do que imaginam os crédulos, não é a sucessão que vai atrapalhar o governo; é o governo, eleições e o que mais vier que não vão atrapalhar a sucessão.

Precisa-se de uma oposição - Elio Gaspari

• Dilma será deposta, Lula está nas cordas, acabou-se o ciclo de poder do PT, e ninguém sabe para onde ele vai

- O Globo

Começa amanhã o julgamento de Dilma Rousseff. Ela será condenada. Os julgamentos que decidem o destino dos presidentes são políticos. Formalmente, Dilma será deposta pelo desembaraço de sua contabilidade criativa, mas sempre será repetida a frase da senadora Rose de Freitas, líder do governo de Michel Temer no Senado: “Na minha tese, não teve esse negócio de pedalada, o que teve foi um país paralisado, sem direção e sem base nenhuma para administrar”.

Pura verdade, que pode ser contraposta a outro julgamento de impeachment de um presidente, o de Bill Clinton em 1999. Ele era acusado de práticas mais simples, comuns e disseminadas do que as “pedaladas fiscais”. Uma pessoa pode não entender de contabilidade pública, mas entende o que a estagiária Monica Lewinsky fazia com o presidente dos Estados Unidos na Casa Branca. Clinton foi absolvido porque o país não estava paralisado, e a renda per capita dos americanos cresceu enquanto a dívida pública encolheu. Com Dilma, aconteceu o contrário. Todo mundo sabia o que Clinton fez e, apesar disso, achou-se que deveria continuar. No caso de Dilma, não se sabe direito o que eram as pedaladas, mas acha-se que ela deve ir embora.

O lorotário da ‘presidenta’ - José Nêumanne

• De lorota em lorota, Dilma tenta adiar o ostracismo o quanto pode à custa da Nação

- O Estado de S. Paulo

O comparecimento da presidente afastada, Dilma Rousseff, ao julgamento de seu impeachment foi agendado e ela tratou na semana passada com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), do rito a ser adotado na sessão. Foi-lhe atribuída a intenção de reverter a crônica da condenação anunciada com um discurso capaz de constranger oito dentre os julgadores, que foram seus ministros, a votar por sua volta, depois de terem aprovado a pronúncia dela na votação anterior. Eles figuraram entre os 55 favoráveis a seu afastamento, e não entre os 21 que decidiram paralisar o processo, menos da metade dos 43 necessários (metade mais um).

O crítico severo poderá achar destemperado o gesto, o que condiz com seu temperamento tempestuoso. Mas é contrário a todas as leis da probabilidade e da lógica. Pois é Dilma a maior responsável pelo calvário que ela mesma, seu criador, Luiz Inácio Lula da Silva, e o Partido dos Trabalhadores (PT), de ambos, estão vivendo neste agosto de seu desgosto. Em março de 2014 o Estadão publicou documentos, até então inéditos, revelando que em 2006, quando era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, ela aprovou a compra onerosa de 50% de uma refinaria da belga Astra Oil em Pasadena, no Texas (EUA). Divulgada a notícia, explicou a discutível decisão dizendo que só a apoiou por ter recebido “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. Sua primeira manifestação pública sobre o tema foi chamada, e com toda a razão, de “sincericídio”.

No meio das dívidas - Míriam Leitão

- O Globo

O balanço das empresas na bolsa mostra que o endividamento das companhias mais do que dobrou desde 2010. Elas passam por um período de ajuste, o que dificulta os investimentos e as contratações. A boa notícia é que, entre as famílias, os dados do Banco Central indicam que as dívidas recuaram ao menor patamar desde junho de 2012. Isso pode estimular novamente o consumo e ajudar na recuperação.

Desde o pior momento, o endividamento total das famílias brasileiras, em relação à renda de um ano, caiu de 46,39%, em abril do ano passado, para 43,38%, em maio deste ano (vejam o gráfico). Isso mostra que os brasileiros estão conseguindo reequilibrar suas finanças, apesar do desemprego e da inflação. O consumo está em queda, mas a renda disponível está sendo usada para a redução do endividamento. Se a conta for feita sem a dívida imobiliária, o ajuste é maior: caiu para 24,83% da renda, patamar mais baixo desde outubro de 2007.

Concessões de infraestrutura vão demandar sintonia fina- Editorial / Valor Econômico

O ministro dos Transportes, Mauricio Quintella, disse na semana passada ao Valorque a primeira reunião do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), a ser realizada em setembro, vai definir a carteira de concessões e privatizações do governo de Michel Temer. Ainda neste ano devem ser licitados quatro aeroportos, os de Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS) e Salvador (BA). Devem ficar para o ano que vem as rodovias, a BR-364/365 (GO/MG), a Concepa (BR-290/RS) e a prorrogação do contrato da Nova Dutra; e, no segundo semestre, as ferrovias Norte-Sul e a Ferrogrão. Há ainda projetos na área de portos, o terminal de passageiros do Recife, o de fertilizantes de Paranaguá, o Tecon de Salvador, dois terminais para combustíveis em Santarém, e o terminal de trigo do Rio; e, no segmento ferroviário, a renovação da malha paulista.

Dois pesos – Editorial / Folha de S. Paulo

Causa inquietação que chegue ao ponto a que chegou, em termos de repercussão, o caso da pré-delação da Lava Jato que menciona o ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Mais, ainda, que evolua para uma crise permeada de desacertos entre o Supremo e a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Foi por meio de mais um vazamento de informação que veio a público, em reportagem da revista "Veja", a menção ao ministro em tratativas para acordo de delação entre a PGR e Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS. O conteúdo vazado, contudo, por sua insignificância aparente, tem mais de denúncia vazia do que de escândalo para abalar a República.

Dias Toffoli, indicado ao STF pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria mencionado, em conversa com o executivo, problemas de infiltração em imóvel seu. Funcionários da OAS fizeram vistoria e indicaram empresa especializada, que fez o reparo, devidamente pago pelo próprio ministro.

Liberdade de expressão em jogo nos debates eleitorais – Editorial / O Globo

• O STF precisa mediar conflitos em torno das regras para os programas com base no interesse público, e sem relegar a plano inferior a representatividade dos candidatos

Peculiaridades brasileiras fazem com que a cada dois anos, quando há eleição, os balcões da Justiça Eleitoral fiquem abarrotados de demandas. Há várias explicações para isso. Entre elas, o viés intervencionista extremo com que juízes interpretam leis específicas, algumas delas descabidas, diante de preceitos constitucionais.

É um tal emaranhado regulatório que permite interpretações que afrontam o direito do cidadão de ter amplo acesso às propostas dos candidatos mais representativos. Torna impossível se atingir o objetivo de qualquer discussão democrática ordenada: esclarecer o eleitor.

Uma decisão acertada – Editorial / O Estado de S. Paulo

A decisão do presidente em exercício Michel Temer a respeito da questão dos aumentos de salário do funcionalismo público é um avanço, não um recuo, como muitos interessados na expansão dos gastos públicos querem fazer crer. Os aumentos aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao procurador-geral da República e aos defensores públicos já foram aprovados na Câmara dos Deputados, mas a liderança do governo no Senado e os articuladores políticos do Planalto foram instruídos por Temer a segurar a votação na Câmara Alta. Definitivamente, não é hora, num momento de crise aguda em que mais sacrifícios serão exigidos dos brasileiros, de contemplar servidores públicos como os ministros do STF com aumentos salariais.

Nas atuais circunstâncias, o reajuste para o topo do funcionalismo será considerado um abuso praticado por quem teria a obrigação de dar exemplo de responsabilidade e austeridade e auferido por quem deveria demonstrar preocupação e solidariedade com os milhões de brasileiros que perderam – e ainda perdem – seus empregos ou têm seus salários, se não diminuídos, congelados. Tal solidariedade deveria se materializar na espontânea e clara concordância com o adiamento do ajuste para ocasião mais oportuna. Ao contrário, é egoísmo e avidez que se veem na forte pressão exercida sobre o Planalto em defesa do aumento de proventos que, no caso do STF, já são o teto da folha salarial do serviço público.

Afinal – Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.

Naquelamesa - Zélia Duncan, Hamilton de Holanda e Nilze Carvalho