Que
pelo menos se comprometam a respeitar o jogo democrático; se ocupem de defender
nossos interesses, como povo e como cultura; e tenham a capacidade de decidir,
qualidade que é indispensável nos regimes presidencialistas. Talvez esta seja a
crítica mais geral que se possa fazer a quem ganhou as últimas eleições. Têm-se
a impressão de que o eleito foi “uma família”, e não seu chefe. E que este às
vezes se cerca mal. E talvez fique, em certos momentos, menor do que a cadeira
que ocupa.
Se
dentre os candidatos houver um ou dois capazes de cumprir esses requisitos, o
barco retornará a andar. O País, nesse sentido, é mesmo grande: é só mostrar o
rumo que ele caminha. Isso, se não serve de consolação, pelo menos explica como
foi possível chegar aonde chegamos. Com muitas mazelas, é certo, mas caminhando
para melhorar as condições de vida. Por enquanto, não de todos, mas talvez de
boa parte. Está passando da hora de querer que seja pelo menos a condição de
vida da maioria. E venha quem vier, se não enveredar pelo caminho do
crescimento econômico e de mais renda para muitos, que encontre, se não a
oposição – que seria salutar –, pelo menos o desprezo da maioria.
*Sociólogo, foi presidente da República. ‘Hora de decisão’, O Globo/O Estado de S. Paulo, 2/5/2021.