Lula deve ao país programa urgente de controle de gastos
O Globo
Ao procrastinar apresentação de medidas
sugeridas por Haddad, ele só contribui para semear mais incerteza
Passada uma semana de debates sobre o pacote
de controle de gastos prometido pelo governo, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva continua a demonstrar resistência. Não faltam estudos e simulações feitas
pelas equipes dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento,
Simone Tebet. Lula já dispõe faz tempo de todas as informações necessárias para
tomar decisões. Infelizmente, continua a procrastinar. Promoveu uma romaria de
ministros ao Planalto, sabendo que ninguém abriria mão do próprio orçamento.
Com isso, só contribui para semear ainda mais incerteza e corroer o que ainda
resta da credibilidade de seu governo diante dos agentes econômicos.
Os ministros se esmeram no festival de lamúrias e populismo. Luiz Marinho, do Trabalho, ameaçou pedir demissão, buscou apoio das centrais sindicais e bateu pé contra mudanças sugeridas para seguro-desemprego e abono salarial. Outro a falar em deixar o governo foi Carlos Lupi, da Previdência. Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, negou mudanças no Bolsa Família— que jamais foram cogitadas — e no Benefício de Prestação Continuada (BPC), voltado a deficientes e idosos de baixa renda. Os titulares da Saúde (Nísia Trindade) e da Educação (Camilo Santana) também se encarregaram de deixar claro que resistirão a cortes em suas pastas.