Cabe ao Congresso repelir pacote anti-Supremo
O Globo
Medidas absurdas almejam vingança contra
Corte. Numa democracia, divergências se resolvem pelo diálogo
É descabido, além de flagrantemente
inconstitucional, o pacote sobre o Supremo Tribunal Federal (STF)
aprovado na quarta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ ) da
Câmara. A iniciativa, tomada três dias depois do primeiro turno das eleições
municipais, inclui duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs) e dois
Projetos de Lei, todos com o objetivo indisfarçável de reduzir o poder do STF.
Uma das PECs limita decisões individuais de
ministros da Corte, com o intuito de impedir que um único magistrado suspenda
leis ou atos dos presidentes da Câmara ou do Senado. A outra dá poder ao
Parlamento para sustar decisões do Supremo “que extrapolem os limites
constitucionais”. Trata-se de rematado absurdo. Juristas afirmam que o texto é
inconstitucional, por atentar contra a independência dos Poderes. Ministros do
STF dizem reservadamente que será derrubado em caso de questionamento na
Justiça.
A CCJ aprovou também um Projeto de Lei que cria outros cinco crimes de responsabilidade para ministros do STF. Com isso, chegariam a dez as hipóteses para impeachment de integrantes da Corte. O texto impõe ainda que a mesa do Senado responda em até 15 dias a pedidos de impedimento (hoje não há prazo). Outro projeto dá ao plenário do Senado o poder de decidir sobre a abertura de processo, atualmente nas mãos do presidente.