O Globo
Está cada vez mais claro que havia um golpe
sendo tramado nos bastidores do governo Bolsonaro, muito além das bravatas
públicas que visavam a criar um clima institucional instável
A cada minuta de decreto que se descobre
nos esconderijos dos principais assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro,
mais fica claro que havia um golpe sendo tramado nos bastidores do governo,
muito além das bravatas públicas que visavam a criar um clima institucional
instável. O julgamento de Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no
final do mês, que poderá torná-lo inelegível, será influenciado por esses novos
fatos.
O celular do ex-chefe de gabinete
presidencial tenente-coronel Mauro Cid continha diversos rascunhos de decretos
de convocação das Forças Armadas para garantir “a lei e a ordem”. A partir daí,
tudo poderia acontecer. Anteriormente, já fora encontrado na casa do
ex-ministro da Justiça Anderson Torres um decreto de “estado de emergência”,
que ele alega não ter a menor importância.
Teria sido alguém, não identificado, que sugerira, sem ter sido solicitado. Pela narrativa do governo de então, todo mundo oferecia planos golpistas a todo mundo, e ninguém sabe por que isso acontecia. A cada nova descoberta, cresce a certeza de que, se Bolsonaro tivesse sido reeleito, estaríamos hoje mais próximos de um golpe do que nunca, pois, assim como Lula está convencido de que ganhou a eleição por seus belos olhos, Bolsonaro teria muito mais razão para isso, já que o Congresso eleito majoritariamente pende para seu lado.