Conceito de ‘trabalhador’ ficou no passado
O Globo
Fracasso do Primeiro de Maio é sinal de que
realidade econômica não é a que Lula e os sindicatos imaginam
O esvaziamento do ato das centrais sindicais
em comemoração ao 1º de Maio em São Paulo irritou o presidente Luiz
Inácio Lula da
Silva. Pouco
mais de 1.600 pessoas compareceram ao evento na quarta-feira, o
que fez Lula passar um pito em público nos organizadores. Eles não têm, porém,
como reverter as transformações da sociedade brasileira, que tornaram coisa do
passado o conceito de “trabalhador” tão caro a Lula e aos sindicatos — e que
estão na raiz do esvaziamento.
Um em cada quatro brasileiros hoje trabalha como autônomo ou por “conta própria”, na classificação do IBGE. Não tem patrão, muito menos vínculo com qualquer entidade sindical. Em dez anos, essa parcela da população cresceu de 20,8 milhões para 25,6 milhões. É certo que parte da tendência resulta da falta de opção de emprego, que leva muitos a fazer bicos para sobreviver. Mas é inegável o avanço de ocupações autônomas, como motorista ou entregadores de aplicativo, e da cultura do empreendedorismo. Isso fica evidente na proporção de trabalhadores por conta própria com CNPJ, que saiu de 24% em 2013 para 34% em 2023. São brasileiros que identificaram demandas de consumidores, viram oportunidades e abriram negócios.